Aprendendo a usar máscaras.

Não sei como estão as coisas na República das Bananas, mas, em países civilizados, decidiu-se que o uso de máscara por toda a população passa a ser uma medida preventiva válida contra o Coronavírus. A orientação anterior era para que apenas pessoas doentes utilizem, de modo a evitar o risco de contágio. Porém, a coisa saiu do controle de tal forma que somos todos doentes em potencial, e provavelmente assintomáticos.

Por isso, a internet está cheia de tutoriais sobre como usar a máscara de forma correta. Não iríamos nos prestar a chover no molhado, não é mesmo? Por isso hoje trazemos uma lição didática partindo do desfavor, do erro, do que não fazer. Como não usar uma máscara, estrelando, o garoto propaganda do Covid-19, Bolsonaro.

Não me ocorreria ser necessário destacar este ponto, mas, uma imagem vale mais do que mil palavras: o objetivo da máscara é cobrir por completo o nariz e a boca. Não os olhos, não a testa, não a região escrotal. Ela deve cobrir perfeitamente, sem áreas levantadas, por onde entre ar, do começo do nariz (logo abaixo da área que fica entre os olhos) até tapar por completo o queixo. Nada de deixar áreas abertas na lateral, ela deve vedar a região como uma focinheira.

Roga-se não dar essa levantadinha marota na máscara na hora de respirar. Sabemos que facilita a respiração, mas estraga todo o trabalho de filtragem do ar. Bote a máscara, ajuste-a ao seu rosto e não mexa mais nela. E, já que estamos aqui, nunca deixe seu cabelo chegar nesse grau de oleosidade, compre um shampoo adequado e faça a higiene diária com capricho.

Novamente, teremos que chover no molhado: não tire a máscara para falar. Mesmo que sua língua seja presa, mesmo que sua dicção seja ruim, mesmo que você não consiga pronunciar de forma compreensível a palavra “Cloroquina”, use a máscara ao falar, pois é justamente nesse momento que perdigotos, ainda que microscópicos, podem voar da sua boca.

Estudos mais recentes indicam que as partículas podem voar a uma distância de até 8 metros e infectar alguém, ou se depositar em uma superfície onde ficarão por dias, que pode ser tocada por outra pessoa e infectá-la da mesma maneira. A máscara não deve ser removida em hipótese alguma, a menos quando for a hora de trocá-la, que, no caso de máscaras caseiras, deve ser de duas em duas horas, ou quando ela estiver úmida.

Bem, peço perdão mais uma vez, mas é preciso acompanhar as fotos didáticas: usem máscara. Sim, eu sei, obviedades… mas quando o chefe da nação dá um exemplo errado, somos obrigados a dizer o óbvio para corrigir. Saiu de casa? Use máscara. É bom para você (apesar de não filtrar 100% o Coronavírus a menos que seja a N95, estudos recentes dizem que oferece alguma proteção parcial) e é bom para os outros (se você estiver contaminado e assintomático, as chances de que contagie alguém são menores).

Máscara não é só para eventos onde a imprensa vai te fiscalizar, máscara é pra ser usada no momento em que você colocou o pé para fora de casa. Sim, máscara incomoda, até machuca o rosto, mas tudo isso é melhor do que adoecer quando os leitos de UTI já estão começando a ficar lotados, não é mesmo? No começo é muito desconfortável, mas depois você se acostuma.

Além de usar máscara, é importante não espirrar ou tossir nas mãos, pois usamos as mãos para muitas tarefas, então, se você despeja nelas um carregamento de Coronavírus, vai repassá-lo para todos os lugares onde encostar naquele dia. Além disso, sua mão não é capaz de conter todos os perdigotos e o ar que sai com uma violência considerável em caso de tosse e espirro. É como colocar o dedo em uma mangueira, fazendo o jato dágua sair difuso.

O correto é espirrar ou tossir na dobra interna do braço com o cotovelo, estilo Drácula escondendo o rosto na capa. Se estiver com as mãos ocupadas, por exemplo, se segurando no transporte público, recomendamos que encarne o drácula total, se pendure pelos pés no teto e depois tussa no braço.

Bem, parece necessário explicitar que, além de usar máscara, tossir e espirrar no braço e não contaminar sua mão, devemos também pedir para que você não limpe ranho, meleca, coriza (ou qualquer outro nome educado que você queira usar) na mão e, logo depois, cumprimente alguém. Na verdade, acredito que é algo que não se deva fazer nunca, por questões de educação básica.

Muita gente minimiza a secreção que sai do seu nariz dizendo “é água, é apenas água”. É água? Então bebe, filho da puta! E mesmo que você não seja um porco do caralho e não limpe ranho na mão, não se deve cumprimentar a mão de ninguém, por mais limpa que você ache que está a sua mão. É preciso evitar qualquer contato físico, sobretudo com estranhos. Como já dissemos, é possível que ocorra contaminação em até 8 metros de distância.

Quem disse que o Presida não serve para nada? Serve sim, ele é um ótimo exemplo do que não fazer!

Para dizer que não sabe se chora ou ri, para dizer que está com vergonha alheia ou ainda para dizer que o apelido Pandemito se justifica: sally@desfavor.com

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Comments (8)

  • Innen Wahrheit

    Oi Sally,

    O que você acha do diclorodifeniltricloroetano? Parece que hoje haverá um pronunciamento oficial a respeito…

  • “Bote a máscara, ajuste-a ao seu rosto e não mexa mais nela.” E quem tem algum padecimento alérgico crônico, v. g., rinite? Permitir que a secreção se acumule?

  • hahaah, estava sentindo falta deste tipo de coisa.
    Esta semana estive na rua e vi várias pessoas de máscara. Até a caixa do supermercado estava usando um daqueles face shield.
    Mas já está virando bagunça por aqui, até engarrafamento tem. O pessoal está desfilando na rua mesmo.
    Tem bar, loja de bolos e loja de doces (dessas que vendem biscoitos, balas, chocolates) abertas. Desde quando isso são coisas essenciais eu não sei. Camelôs montando suas barraquinhas para vender bolsas e roupas. Pessoas na porta do supermercado pedindo, e olha que tinha policiais próximos.

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