FAQ: Coronavírus – 60

O que é a quinta dose bivalente? É seguro?

A vacina bivalente é uma vacina contra covid-19 que tem a proteção regular, que todas as outras vacinas têm, e uma proteção especial contra as novas variantes.

Essa vacina de chama “bivalente” justamente por conter essa dupla proteção: em sua composição tem um “pedacinho” (papo técnico: proteína spike) do coronavírus padrão e um pedacinho da variante Ômicron.

O que se espera é que essa vacina gere uma proteção maior, uma vez que ela “treina” nosso organismo contra diferentes variantes do coronavírus. Testes em laboratório mostram que de fato a proteção é maior e a vacina é totalmente segura.

E ponham uma coisa na cabeça: não é uma “nova vacina”, que precise de todas as fases de teste novamente. um carro, se você troca uma roda, continua sendo um carro. Não tem que fazer estudos sobre seu funcionamento por ter trocado um pneu. Um carro funcionará da mesma forma: acelerador acelera e freio para, mesmo que seja trocado um pneu.

Com a vacina vale a mesma coisa: o princípio dela já está amplamente testado e aprovado, portanto, nada a temer. Se tiver que substituir os pedacinhos de vírus por novos vírus, continuar sendo o mesmo mecanismo de vacina. Seu cachorro não vira um gato quando corta a unha, seu bolo não deixa de ser bolo quando você coloca uma calda de chocolate, seu lábio não deixa de ser seu lábio quando você passa batom.

Portanto, nem essa nem qualquer outra são ou serão uma “vacina experimental”. Nenhuma vacina experimental é liberada para aplicação massiva na população, não existe a menor possibilidade disso acontecer. É uma vacina com o mesmo princípio usado por muitas outras que todo mundo toma de boa, então, não existe o menor motivo para preocupação.

E isso serve não apenas para vacina contra covid, mas para qualquer vacina: se chegou no seu braço é sinal de que a vacina já passou por todos os testes de segurança possíveis e imagináveis, foi analisada pelo laboratório, pelo governo (que por sinal é declaradamente anti-vacina, então, se houvesse um mínimo risco, teriam barrado) e já foi aplicada em milhares de pessoas.

“Ain mas a talidomida”. Foi um incidente que aconteceu meio século atrás, não foi com toda a população mundial e não foi vacina. E se aprendeu com isso, estabelecendo novos protocolos de segurança. Pode ter certeza de que não há o menor interesse em distribuir uma vacina que mate ou cause efeitos colaterais massivos, a empresa que fizer isso vai falir e ter um prejuízo monstruoso, não com indenizações, mas por perder toda a tecnologia na qual investiu para estar no mercado. Ninguém quer isso, mas quem menos que isso é um laboratório: ter seu nome desacreditado e ir à falência.

Então, se estiver disponível, pode tomar sem medo, essa ou outra vacina. Nada de ruim vai acontecer, assim como nada de ruim aconteceu com as vacinas anteriores.


Esse remédio que a ANVISA autorizou vender em farmácia, tem que tomar quando?

Quando você for rico, pois o tratamento custa cerca de 530 dólares, que seria algo em torno de 3 mil reais.

Falando sério, a ANVISA aprovou, por unanimidade a venda do medicamento Paxlovid, fabricando pela Pfizer. Farmácias poderão vender, desde que com prescrição médica – e eu espero de coração que o medicamento seja distribuído para o SUS. Há previsão de distribuição para o SUS, mas, sabe como é o fator Brasil.

Ele é indicado para adultos que tenham contraído covid-19 e apresentem risco de progressão para um quadro clínico grave, ou seja, pessoas que, por sua condição atual, tem grandes chances de sofrer complicações, cujo organismo provavelmente não poderá combater bem o vírus.

Além de reduzir os casos graves, evitando hospitalização e mortes, também reduz as chances de desenvolver covid longa e sequelas. Sabe aquela pessoa que por algum motivo está com a saúde debilitada, que todo mundo pensa “essa aí, se pegar covid, já era”? Então. É para essa pessoa.

Ele deve ser tomado ANTES que o quadro fique grave, pois seu mecanismo de funcionamento não é “matar” o vírus e sim impedir que ele consiga invadir muitas células do corpo. Portanto, utilizá-lo uma vez que ele já invadiu muitas células do corpo não seria produtivo.

Para que funcione, o ideal é que o paciente tome o remédio entre o primeiro e o quinto dia de infecção – e quanto antes tomar, melhor. Então, não é para esperar a coisa piorar e aí tomar o remédio. Vai ser bem complicado convencer o brasileiro a pagar tão caro por um remédio para “uma pessoa que está bem”, mas é preciso conscientizar a todos: tem que ser usado quando a pessoa ainda está bem, depois que ela está mal, não adianta.

“Mas Sally, como vou saber se a pessoa vai evoluir mal? Em que casos comprar?”. Sabemos que pessoas com comorbidades, com sistema imune comprometido ou com qualquer outra condição que a torne mais vulnerável ao vírus. Certeza só teremos esperando para ver, mas aí seria tarde demais, por isso, meu conselho para você é: se for grupo de risco e puder tomar, tome.

Repito: tem que tomar assim que descobrir que está com covid-19. Serve para prevenir, não para remediar. Então, se uma pessoa cujo organismo tem menos condições de se defende do vírus (idosos, obesos, cardíacos, diabéticos, pessoas que fazem quimioterapia e toda aquela lista de grupo de risco que vocês conhecem) positivar, tomar vai reduzir as chances de internação, morte e sequelas.

“Mas Sally, minha bisavó de 99 anos pegou covid mas tomou todas as vacinas e está ótima de saúde, será que precisa?”. O sistema imune de uma pessoa de 99 não funciona bem, não importa o quão saudável ela esteja, tem boas chances que a resposta imune que ela fez com a vacina não gere uma proteção tão boa como gerou em você. Se fosse minha bisavó e eu pudesse, eu daria. Procure saber como conseguir esse remédio pelo SUS, se for o caso. Se você tiver condições de comprar, basta um pedido médico.

Sinceramente, espero que exista alguma campanha para conscientizar o brasileiro de duas coisas: 1) quem é grupo de risco e 2) tem que tomar antes de piorar, pois faz parte da cultura nacional nunca achar que a pessoa vai piorar só procurar um médico quando a pessoa está passando muito mal. Se já estiver grave, o Paxlovid não vai ajudar. Tem que tomar quando ainda está sem sintomas, ou ao menos sem sintomas fortes.

Vou fazer a minha parte aqui e tentar mostrar uma comparação boba: se você quer evitar que traças comam as roupas do seu armário, deve espalhar inseticida ANTES das traças entrarem no armário. Não adianta que as traças entrem, comam todas as roupas e que você jogue inseticida depois. Mesmo que você jogue inseticida e elas morram, já era, o dano às suas roupas está feito e não poderá ser desfeito, você vai perder as roupas.

A importância de usar antes de desenvolver um quadro grave está inclusive no protocolo de tratamento com o remédio: ele não é indicado para tratar casos que já são considerados graves ou em pacientes que já estão hospitalizados por causa da doença. Portanto, vou me repetir mais uma vez: assim que receber o diagnóstico, tem que tomar, antes dos sintomas. E isso é especialmente importante para pacientes do SUS, que só procuram atendimento quando estão mal. É um medicamento preventivo, não esperem ficar mal.

Pessoas vacinadas podem tomar o Paxlovid. Via de regra, um vacinado tem uma boa resposta imune contra o vírus, mas, como já dissemos, em algumas condições é possível que vacinados não consigam fazer uma boa resposta imune, como por exemplo no caso de idosos ou imunossuprimidos.

Contudo, o medicamento não deve ser usado de forma “preventiva” no sentido de tomar sem estar com covid. É um remédio, não é bala. Isso quer dizer que se você teve contato com alguém que está contaminado, não deve tomar Paxlovid na hora, só deve tomar se você testar positivo. Considerando o preço, acho que ninguém nem vai pensar em fazer uma coisa dessas, mas é sempre bom deixar claro.

Para terminar, o uso de Paxlovid é recomendado pela Organização Mundial da Saúde e muitos países já o estão utilizando sem problemas, países que tem controle muito mais rigoroso do que o Brasil em matéria de medicação: EUA, Canadá, China, Austrália, Japão e Europa, para citar alguns.

Você não tem bola de cristal, na dúvida, se existe algum fator que possa ter comprometido sua resposta imune, e se você puder, tome Paxlovid. Se esperar para ver se a doença vai ficar grave ou não, pode ser tarde demais para tomar.


Encontraram uma nova variante no Brasil, o que isso significa?

Uma não, mais de uma. Significa que o Brasil não aprendeu nada. Continuam circulando quando é momento de levar uma vida temporariamente mais recolhida. Continuam sem usar máscara. Continuam cometendo os mesmos erros desde 2020.

Ao que tudo indica, não são variantes que tenham potencial para desgraçar a vida de ninguém. Parecem ser muito similares às que circulam atualmente, ou seja, não são capazes de escapar por completo às vacinas nem de causar mais mortes.

Mas isso é um alívio relativo: não foi desta vez, mas o risco existe.

O vírus continua tendo passe livre para circular e continua mutando. Pode ser que um dia tenhamos o azar de encarar uma mutação que realmente cause transtornos, que torne a vacina ineficiente, que aumente o número de mortes. E quanto mais deixarmos o vírus circular, maiores são as oportunidades dele sofrer mutações.

Então, não parece haver nada preocupante agora, mas o comportamento do brasileiro por si é preocupante e gera riscos para o mundo todo. Ainda assim, muita gente ainda tem a mentalidade obtusa de pensar que se não deu problema até agora, nunca vai dar.

Encontre o erro de lógica nesta frase: “andei de carro um monte de vezes sem cinto de segurança e não morri, portanto, cinto de segurança não é necessário”. Pois é, vale o mesmo para covid-19 e suas variantes.

Dessa vez não gerou um problema grave, mas em outras vezes pode gerar. Não está no nosso controle quando e como o vírus vai mutar, portanto, seria muito legal não dar tanta oportunidade para que ele o faça.

Quanto mais contágios, mais mutações. Quanto mais mutações mais chances do vírus mudar para algo que realmente pode nos trazer problemas. Por isso, se você quer fazer a sua parte, não deixe o vírus circular.

Para isso não é preciso lockdown, basta tomar todas as doses de reforço da vacina, usar máscara quando sair de casa e não frequentar aglomerações durante os períodos de pico da pandemia. Não é tão difícil, é?


Tomei todas as vacinas, mas tenho pavor de agulha. Alguma chance de ter uma vacina inalável?

Sim. Já existe duas vacinas inaláveis, mas você ainda vai ter que esperar um pouco para ter acesso a elas.

Uma é a Covidencia Air, fabricada pela chinesa CanSinoBio. Porém, ainda faltam dados para confirmar o quanto essa vacina protege. Já foram realizados todos os testes de segurança e sim, ela é segura, mas ainda não se sabe se ela protege menos, mais ou tanto quanto a injetável.

A outra é do laboratório indiano Bharat Biotech, criador da vacina injetável Covaxin. O laboratório desenvolveu uma vacina nasal, com nome provisório de BBV154, que já completou todos os testes necessários para entrar no mercado e no momento aguarda apenas aprovação das autoridades em saúde.

Não devem demorar a chegar ao mercado, já ao Brasil… Se te serve de consolo, pense da seguinte forma: quem não está vacinado e pega uma nova variante tem mais chances de ter um caso grave e precisar de internação hospitalar e, em um hospital, a coisa que mais fazem é te furar, nem que seja para coletar sangue. Então, tomar a vacina é a forma mais fácil de evitar ser ainda mais espetado.

Quando a vacina inalável chegar ao Brasil prometo que volto aqui para falar dela, de quando estará disponível e detalhes do seu funcionamento, ok?

Para dizer que eu sou capacho do Bill Gates, para dizer que um advogado alemão vai provar que os dados da pandemia foram exagerados ou ainda para dizer que vai ser tranquilo no comentários pois tiozão conspiracionista tá focado em desacreditar as urnas agora: sally@desfavor.com

Se você encontrou algum erro na postagem, selecione o pedaço e digite Ctrl+Enter para nos avisar.

Etiquetas: ,

Comments (6)

  • Alguém Quando sabe se covid pode dar gosto metálico na boca? Quando o covid deu uma pausa eu deixei de andar de máscara em ônibus, então peguei um negócio na garganta que parecia que tinham giletes cortando uns 3 dias, depois passou mas fiquei com gosto metálico na boca umas 2 semanas. Foi bizarro!

  • Encontraram uma nova variante no Brasil, o que isso significa?
    Uma não, mais de uma. Significa que o Brasil não aprendeu nada. Continuam circulando quando é momento de levar uma vida temporariamente mais recolhida. Continuam sem usar máscara. Continuam cometendo os mesmos erros desde 2020.

    Só esse trecho – e especialmente a última frase – já é para fazer a gente desanimar… Não bastou a quantidade absurda de mortos? Não bastou ver os sobreviventes sofrendo com tantas seqüelas? Não bastou a reviravolta toda que aconteceu no mundo nesses últimos anos? Não bastou a perda de entes queridos? O que mais será que ainda tem que acontecer para a BMzada enfim se mancar de que isso tudo não é brincadeira?

  • Nunca tinha ouvido falar nisso de “vacina inalável”. Mesmo não tendo medo de agulhas e injeções, eu creio que será uma coisa boa. Só é pena que ainda deve demorar a chegar por aqui…

    • Há vários medicamentos inalaveis, pra tu ter ideia, existe até insulina inalavel, mas custa bem mais caro, e não é tão eficaz quanto a injetável.

  • Do jeito que funciona a passo de lesma, essa vacina bivalente vai ficar disponível pra minha faixa de idade no final do ano que vem, depois que o covid já mutou 10x.

Deixe um comentário para Anônimo Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Relatório de erros de ortografia

O texto a seguir será enviado para nossos editores: