Desfavor Bônus: Dia do Axé.
| Sally | Desfavor Bônus | 76 comentários em Desfavor Bônus: Dia do Axé.

Hoje é feriado nacional na República Impopular do Desfavor: Dia do Axé. Está lá no nosso calendário, pode conferir. Poderia falar de mil coisas, mas decidi que neste primeiro ano educarei a população, para apenas nos próximos me aprofundar.
Frequentemente vejo fãs de MPB tirando onda com axé, acho irônico. Falam que as letras são ruins, que a música é ruim. Não acho Muda a estampa, a roupagem o estigma social, só isso. Vamos comparar algumas letras e quero que me respondam com toda sinceridade, se não é questão meramente publicitária. A mesma letra colocada na voz de um cantor tido como bom massificada em trilha sonora de novela e “jabazeada” em rádio seria um sucesso ou então o inverso, a letra de um suposto cantor conceituado quando colocada em axé seria execrada, taxada de medíocre e ignorante.
Vamos começar falando desta música, chamada “Mundo Cão”. Supondo que ela tivesse sido composta e gravada por algum ícone da MPB brasileira, um daqueles homens pouco machos ou uma daquelas mulheres excessivamente machos quaisquer, fosse tema de novela global e fosse divulgada de forma exaustiva, duvido que não fosse sucesso, ou até mesmo um “hino”, como foi “Que país é esse?” do Legião Urbana. Se o cantor em questão fosse onipresente em programas de televisão dominicais, se sua música tocasse sem parar em rádio e se virasse trilha sonora de um filme nacional, duvido que não seria aclamada, elogiada e regravada.
As encostas vão caindo
Tudo desabando
E o povo vai morrendo
E ninguem esta ligado
Inscricao para trabalho
Em algum orgao publico
Voce paga a sua taxa
E eles comem tudo
Mas que pais esse estou entregue as feras
Ninguem resolveu o caso dos sem terras
E esse bombardeio de regioes
O país já esqueceu daquele sete anoes
Mas que mundo é esse
É um mundo cão
Você paga seus impostos
E não vê solução
Por isso povo brasileiro vamos protestar
De uma forma correta, sem violência
Vendo a pessoa certa
Pra você votar
Eu quero mais saúde, mais educação
Mais divisão de renda, mais alimentação
SE. Se tivesse sido composta e gravada por Chico Buarque, Caetano Veloso, Djavan ou qualquer outro de suposto alto conceito. Porque assim como a roupa, o brasileiro escolhe a música pela marca. Coisa de quem não tem certeza do próprio bom gosto e precisa de uma garantia de estar bem vestido: compra a marca tal porque sabe que é socialmente aceita. Quem se veste bem não tem pudor em escolher peças de roupa interessantes das mais diversas fontes, porque tem bom gosto, porque sabe combiná-las, porque sabe usá-las (e a meu ver, são pessoas muito mais interessantes e bem vestidas).
Para você que não sabe, a música acima é música baiana ou axé, como queira chamar. É do Olodum. Para você que não sabe, Olodum tem os melhores percussionistas do Brasil e seus arranjos são aclamados internacionalmente. Fazem um tipo de música único, admirado por pessoas que entendem de música no mundo todo. Michael Jackson, que de música e arranjos entendia, se apaixonou de tal forma que fez questão de gravar um clipe com o Olodum. Quando esteve no Pelourinho, onde se localiza a quadra do Olodum, chorou ao ouvi-los tocar e disse que nunca tinha visto coisa igual. O mesmo aconteceu comigo: nada no mundo se compara com a percussão do Olodum.
Além de competentes e únicos, a banda é engajada em diversos movimentos sociais, como por exemplo na luta pelos direitos humanos. Não são músicos vazios. Tem escolinhas que ensinam a crianças carentes e vários projetos interessantes. Quem for a Salvador e não tiver medo de morrer (porque o Pelourinho à noite está em uma vibe meio cracolândia), não deixe de ir a um ensaio do Olodum. É relativamente caro mas vale cada centavo.
O Olodum surgiu em 1979, criado por moradores do Pelourinho, em Salvador, que eram excluídos do carnaval oficial da cidade, com o objetivo de criar um carnaval próprio que eles também pudessem pular. Estas pessoas, de origem muito humilde, formaram músicos de renome com qualidade musical atestada e reconhecida pelo mundo todo. Apesar da marginalização, da precária instrução e de todas as dificuldades, eles conseguiram criar letras com poder de questionamento e reflexão que muito filho de papai dono de gravadora não criou. Assistir a um ensaio do Olodum no Pelourinho é uma experiência ÚNICA.
Primeiro você vai lá e vê, depois você diz que não gostou. Não existe nada parecido com aquilo no mundo. Pessoas que tocam de forma primorosa sem ter recebido qualquer ajuda para isso. Tocam porque tem o dom, porque tem dedicação, porque tem força de vontade. Fizeram seu nome sem auxílio, sem divulgação. Muito pelo contrário, sempre pesa a propaganda negativa: música que vem da Bahia “é baixaria”, é “ralar na boquinha da garrafa” e axé “não presta musicalmente”.
Agora eu pergunto, se fosse o Olodum a compor uma música chamando uma estátua de “Mulher sem orifício”, iam falar O QUE? “Bando de pobres baixo nível pervertido, axé é mesmo uma putaria”. E se tivessem composto uma música cujo refrão é “Eta, eta eta eta, é a lua é o sol, é a luz de Tieta eta eta” iam falar O QUE? “Bando de semi-analfabetos que não sabem nem falar direito, quanto mais rimar, isso não é rima, isso não é música”. Porque o bacana é meter o pau no axé mesmo sem conhecer. E mais bacana ainda é achar que qualquer coisa da MPB é licença poética. Tem dó, crianças que comiam ratos na infância fazem melhor que muito playboy criado a filé e batata frita.
Vamos ver mais uma letra de música. Esta música foi composta para as vítimas do desabamento do Morro do Bumba, no Rio de Janeiro e se chama “Firme e forte”. Se tivesse sido composta por um cantor socialmente aceitável, teria virado tema de documentário, teria virado carro-chefe de show/tributo para arrecadar dinheiro para as vítimas e sua letra teria virado estampa de camiseta.
Na encosta da favela “tá” dificil de viver,
e além de ter o drama de não ter o que comer.
Com a força da natureza a gente não pode brigar
o que resta pra esse povo é somente ajoelhar,
e na volta do trabalho a gente pode assistir.
Em minutos fracionados a nossa casa sumir
Tantos anos de batalha junto com o barro descendo
E ali quase morrer é continuar vivendo.
Teria. Se não fosse da banda baiana Psirico. Precisou uma banda baiana se sensibilizar com um desastre ocorrido no Rio de Janeiro, porque aqui ninguém liga para o fato do Poder Público ter colocado pessoas para morar em cima de um lixão e ter cobrado IPTU delas como se nada, até que a comunidade toda foi pelos ares e ainda levaram a culpa com comentários como “ficam invadindo terreno, dá nisso”. Vamos falar umas verdades? No geral, a causa do carioca não é a igualdade social, a causa do carioca é a maconha mesmo. “Legalize já, legalize já, porque uma erva natural não pode te prejudicar” (come cicuta então, filho da puta). ISSO estampa camiseta.
Culpa de todos nós. Quem vai para Salvador no carnaval e fica pulando feito um bicho no cio atrás do Chiclete com Banana ou do Asa de Águia deve achar que na Bahia não tem música que preste. Pudera, não vão até lá atras de música, a música é um mero pano de fundo para pegação.
Queria ver se o Psirico (Ave Marcio Victor!) tivesse feito uma música sobre o homem aranha, por exemplo: “Eu adoro andar no abismo, numa noite viril de perseguição, saltando entre os edifícios, vi você (…) Me joguei de onde o céu arranha, Te salvando com a minha teia, Prazer! Me chamam de Homem-Aranha, Seu herói!…”. Chamariam de idiota. Francamente, se é para falar em super-herói, eu prefiro o “Foge foge, Mulher Maravilha, Foge foge com Superman”, porque ao menos tem senso de humor. Se esta musiquinha sobre Homem Aranha fosse do Psirico chamariam a banda de medíocre, ridícula, sem conteúdo, daí para baixo.
Queria ver se o Psirico compusesse músicas ridículas e sem nexo com trechos como “Açaí, guardiã, zum de besouro um imã, branca é a tez da manhã” ou “Tudo que Deus criou pensando em você, fez a Via Láctea fez os dinossauros”. Iam dizer O QUE? Diriam que são idiotas, semi-analfabetos, imbecilóides etc, etc. E se o Psirico fizesse múscias sobre animaizinhos, tipo “Gosto muito de te ver leãozinho, caminhando sob o sol” ou “Sou o seu bezerro, gritando mamãe”. Falariam O QUE? Que são idiotas, que tem que cantar no Zoo, que axé só tem letra simplória.
Márcio Victor, o vocalista do Psirico, que mesmo baiano, só merece aplausos. Não só se comoveu com a tragédia do Bumba a ponto de fazer uma música, como mesmo tendo nascido como ele mesmo diz “preto, pobre e favelado”, deu lição de cidadania quando foi vítima explícita de racismo durante uma apresentação da sua banda no carnaval em vez de se vitimizar. Um empresário o chamou de “preto favelado viado” em pleno desfile do trio e deixou claro que podia xingá-lo o quanto quisesse porque era empresário e tinha dinheiro. Márcio Victor é muito querido pelo povo e imediatamente a massa se voltou contra o empresário para, no mínimo, dar umas boas porradas, ao que Márcio pegou o microfone e berrou para todo mundo parar dizendo “Eu sou preto e pobre e me orgulho, não faz nada com ele não vamos errar também, para estas pessoas, a lei”.
Aqui no Rio, ator e cantor se ofende quando é parado bêbado em blitz e sai do carro gritando “você sabe com quem você está falando?”. Tem os mauricinhos de olho azul que roubavam carros na adolescência e Papai ia tirar da delegacia na base do suborno (Chico? oi?). Por muito menos do que isso (“ela e o seu bebê) pessoas processam pedindo cem mil reais. Por muito menos do que isso pessoas batem, pessoas xingam. Quem é baixo nível? O mundo do axé? Será mesmo?
Falemos agora de uma última música, mas só porque o espaço está acabando, exemplos não faltariam. Sobre o que falam aquelas pessoas humildes de origem pobre quando querem cantar sobre Deus? Adoração, louvor, admiração. Fé cega e conformismo são camuflados como “respeito a Deus”. E se alguém falasse de Deus envolvendo questões sociais? Depende, se fosse um cantor socialmente aclamado talvez virasse uma música genial, uma crítica pertinente. Talvez fizessem debates sobre a música, talvez ela estampasse provas de vestibular.
Jesus é preto, eu sei, eu vi
Jesus é preto, eu bem que vi
Jesus é um negão, com dois metros de altura
Com os dentes cariados e a fome na cintura
Um dia passeando perto da periferia
Ele disse mãos ao alto! Perguntando aonde eu ia
Ele disse que não tinha aonde ir
Ele disse que não tinha o que sonhar
Ele disse que não tinha o que comer
Ele disse que não tinha onde morarJesus me deu a mão, me levou no seu barraco
Dividimos pão com pão e comemos pão com rato
E depois me botou pra dormir
Eu vi Jesus, Jesus eu vi
Fiquei baratinado e não pude discutir
E foi num sonho lindo, num sonho cheio de luz
Que eu vi naquela cara, a imagem de Jesus
O mal não sai da boca de um anjo
Acredite, se quiser
Você pode ver Jesus, deitado nas marquises
E dormindo em papelão
Gritando por socorro, estendendo a sua mão
Se fosse de algum cantor da moda, seria uma licença poética, um ousadia, uma inovação: pura criatividade. Mas é da Timbalada. Assim como o Olodum, a Timbalada tem os melhores percussionistas do Brasil e arrisco dizer que do mundo. Um dos fundadores da Timbalada, Carlinhos Brown, está concorrendo ao Oscar de melhor música este ano. Porque é bom? Porque faz arranjos únicos? Não, porque emplacou a trilha sonora de um desenho de uma empresa americana que está na moda. Uma pena. Tomara que ganhe, pois apesar de achar ele um chato de galocha, sua competência musical é inegável.
Pessoas de origem humilde tiveram a coragem de brincar com o conceito de Deus e de compará-lo a um pivete. Tem muito ser humano supostamente esclarecido, com estudo e cultura, se cagando de medo de fazer uma coisa dessas. Independente de gostar ou não da música deles, vai dizer que os caras não tem mérito? Mas o que aparece na mídia é aquela foto da década de 90 de mulheres com os peitos pintados de branco. “Timbalada é axé, axé é baixaria e ponto”. Bonito mesmo é quando o filho do dono da gravadora, com língua presa, canta “Que só eu que podia, dentro da tua orelha fria, dizer segredos de liquidificador”.
Quando Marisa Monte canta “Beija eu, beija eu, beija eu me beija” é licença poética, vai a Timbalada compor algo assim: “burros, ignorantes, prestando desfavor e deseducando o povo com seus erros de concordância”. Basta virar ícone que pode escrever sobre qualquer merda, sobre o tema mais idiota: “Pois há menos peixinhos a nadar no mar, do que os beijinhos que eu darei na sua boca”. Vai uma banda de axé cantar ISSO e observa o que vão dizer.
A questão não é te convencer a gostar de axé. Você pode não gostar. Na verdade, se você espera ser respeitado socialmente e ter um carimbo de “bom gosto” social, você DEVE não gostar de axé. Meu objetivo é te fazer ver que, independente de você gostar ou não, axé não é necessariamente mais burrice, mediocridade, baixaria e bunda do que as outras músicas. “Não demora muito agora, todas de bundinha de fora, topless na areia, virando sereia” fica poético na boca de uns e baixo nível na boca de outros.
Reflitam. A baixaria não está no conteúdo e sim na aceitação social. Odeie o axé, mas odeie com conhecimento de causa, não com preconceito. Primeiro você vai lá e escuta a percussão em músicas como “I miss her” do Olodum e depois você vem me falar que é uma música de merda.
Não tem como dissociar a realidade social do compositor do resultado da sua obra. Se estas pessoas, que levaram vidas sofridas, conseguiram fazer letras com conteúdo crítico, contestação, protesto e revolta, seu mérito deve ser dobrado. Muito fácil para um filho de papai, que estudou nos melhores colégios, fazer um joguinho de palavras e mandar afastar o Cálice.
Muito difícil, e digno de aplausos, independente de ser do seu gosto musical ou não, pessoas que cresceram com fome e violência conseguirem tocar com primor os instrumentos musicais aos quais tem acesso, a ponto de excursionar o mundo e serem aclamados. Muito difícil, e digno de aplausos, independente de ser do seu gosto musical ou não, pessoas que cresceram marginalizadas e privadas do básico conseguirem escrever letras com consciência social e críticas. Tem muito letrado por aí que não consegue, que só fala de amor, monotematicamente, de forma brega, álbum atrás de álbum.
Axé não é pior do que as outras músicas. Axé apenas é vendido como se fosse pior e a maior parte das pessoas compra esta injustiça. Sempre vai ter quem alegue que o axé que faz sucesso é o bunditizado, baixo nível, mas… a culpa é do axé ou é do povo que escolhe prestigiar o baixo nível? Porque eu lhes garanto, oferta de música boa (qualidade musical propriamente dita) e letras bacanas existe. Parem de bater no axé, batam no povo!
Podem falar o que quiserem de mim, mas eu tenho discernimento. Eu tenho discernimento e estou lhes assegurando que existem boas músicas no mundo do axé. Não sejam bobos, não sejam preconceituosos. Não comprem com essa facilidade tudo que lhes é vendido. Não precisa ouvir, não precisa gostar, não precisa nem pesquisar ou procurar conhecer. Só não fica repetindo que axé é tudo uma merda baixo nível, porque não é verdade.
Música baiana pra mim é tipo Timbalada e Olodum. O Harmonia do Samba faz um pagode delicioso. É pagode sim. Não tem porque não ser. Pode ser pagode e ser bom.
De Gil eu também gosto mas acho Caetano um bosta de um poser mal vendido.
E Jorge Amado nunca fez sequer nem subliteratura, nem a isso ele chegou. Escritor baiano foi Dias Gomes. E Adonias Filho.
A nomenclatura depende do lugar. No Rio é tudo musica baiana, pagode é Belo, Exaltasamba e essas porcarias de musica de corno.
Eu acho Jorge Amado um tarado de elevadir que escreve mal pra caralho. tipo um Nelson Rodrigues do agreste.
lezas vcs n tem nada de melhor a fazer nao
Nem você, pelo visto, que vem aqui ler quatro páginas e depois ainda deixa comentário com erro de português
tomá no kuuuuuu
Vai você que está acostumada…
Quanta classe e finesse nesse blog…
* I miss this in my life *
nessa praga de site nao tem a origem nem o dia q foi criado q odio
Origem e dia que foi criado o que?
A “praga de site” seriamos nós?
Favor contextualizar, não estou conseguindo compreender.
vao pro enferno bando de pagras
Alguém saberia me explicar o que é PAGRAS?
Sally, só porque uma música tem “consciência social, protesto ou coisas do tipo”, isso não a torna uma boa música. Vide “QUE PAÍS É ESSE, É A PORRA DO BRASIL.”
Tudo depende do que você quer escutar. Tem momentos que queremos uma crítica construtiva; em outros, queremos algo dançante e relaxante; em outros, algo mais romântico etc. A música que corresponder a esse momento será uma música boa.
A perspectiva do que é uma música boa é muito algo particular. Eu considero alguns ritmos/estilos musicais sofríveis. AXÉ é um deles. Sinceramente, pode ter as melhores letras do mundo, mas o ritmo me irrita e torna impossível apreciar a letra. O mesmo vale para pagode, samba e outros.
Portanto, eu DESPREZO e acho uma MERDA esses ritmos, pois o SOM não me agrada. A letra, a baixaria, as dançarinas (da boquinha da garrafa) apenas contribuem com o sentimento de repulsa pré-existente.
Mary, com certeza a letra é apenas uma pequena parte da música, uma letra boa não torna uma música boa.
Apenas escolhi falar da letra porque é nesta tecla que sempre batem quando falam mal do axé: letras ruins, sem sentido, repetitivas, que só falam de baixarias, etc.
Quem quiser não gostar de axé musicalmente pode e deve continuar não gostando, mas sem usar esses argumentos da letra e sabendo que axé não difere muito de MPB.
A Espinheira é de 1984, a Massa Falida de 1986 e Revolução de 1930… dados internéticos…
De 90 pra cá, ainda não achei nada… Desfavor desafiando o Google.
Pois é, axho que pela data, isso nao deve ser Sertanejo Universitario…
Sabia que eu tinha feito alguma cagada… Achei que estava no “responder”. Enfim…
Desses sertanojos novos, com certeza não tem nada nem parecido. Só achei os sertanejos de raiz, aquelas modas de viola que são cantadas nas fazendas. Os “comerciais” do vô do feto e similares não tem nada a ver.
Acho que tem que pensar na média das musicas feitas, já que a discussão é sobre um gênero musical. Sempre vai ter música ruim em qualquer um dos estilos, e de qualquer autor. O negócio é separar o joio do trigo e não ter preconceitos. Olodum, Ilê, Timbalada são hours concours. Mas isso também não quer dizer que estejam acima do bem e do mal.
Fernando, eu acho que existem generos que simplesmente não possuem músicas boas, como por exemplo o Sertanejo Universitário.
Muitas pessoas pensavam o mesmo do axé, por isso tentei mostrar que existe coisa boa, naquilo onde se critica o axé: na letra.
CORREÇÃO:
não é sertanejo, é sertaNOJO!!!!…uma merda!!
Concordo, infelizmente com conhecimento de causa. Nunca vi uma letra que preste ou uma melodia sofisticada vinda de um sertaNOJO. Se alguem quiser escrever um Desfavor Convidado me mostrando o contrário ficarei muito feliz.
Sally, não acho que toda musica tenha que ter “consciência social, protesto e coisas do tipo…” Gosto de ouvir musica para relaxar para curtir para deixar o ritmo me envolver, ou uma letra que descreva o que eu to sentindo no momento…
Por ex eu choro toda vez que eu ouço bye bye da MAriah … porque me lembra de pessoas queridas que eu tenho saudades…
Gosto dela? não cheira nem fede, ouço todas as musicas dela? não… mas essa eu gosto… o mesmo acontece com várias outras musicas de outros artistas…
Não falo mal de nenhum rimto e nenhuma musica, mas não acho que para a musica ser boa ela tenha que ter alguma das caracteristicas citadas por você
Aline, concordo com você que nem sempre o lazer tenha que estar relacionado a consciência social. O problema é que acusam axé de ser sempre fútil, sempre bunda, sempre sem conteúdo. Tentei mostrar que axé é muito mais do que uma boquinha da garrafa. Mas não vejo qualquer problema em músicas sem letras profundas. Tem hora para tudo.
Podem me xingar de vadia , mas eu odeio axé,odeio tambem aquele xororo de maria gadú,Kelly ky naum canta berra,eu amo rock mesmo o resto eu dispenso porque meu ouvido naum é penico. e tenho dito !!!!
Acrescentando um pouco de história à introdução da Sally: axé é fruto da mistura livre de ritmos africanos e brasileiros, resultado de muito maracatu (cult nas releituras de Chico Science e Nação Zumbi) com samba, frevo, reggae, rumba, mambo e guitarrinhas do Luís Caldas (as únicas que permanecem intactas desde os anos 70 dentro do conjunto). Achei válida a mensagem básica que captei no texto — axé está tão sujeito a erros e acertos quanto qualquer outro gênero — mas muito radical a dissociação com MPB.
Também tenho preguiça mortal da alta cúpula de música popular brasileira, esses intocáveis idolatrados desde os anos 70 sem que ninguém das gerações recentes se questione por quê. Mas aí a comparação fica ainda mais simples: os ‘intocáveis’ da MPB são equivalentes aos ‘absolutos’ do cenário baiano — Ivete e Chico, por exemplo, são incontestáveis em meio ao povão, mesmo que você lá no fundo tenha certeza que há gente muito mais competente do que ambos dentro de seus nichos.
Justifico: a ligação de axé com MPB está nas origens do gênero. A música POPULAR brasileira já foi realmente popular um dia . Hoje em dia é algo cult, mas quando o axé surgiu, bebeu das fontes da MPB de rádios para firmar-se. Grandes artistas do gênero transitavam (e ainda o fazem) pela MPB, porque são capazes de ecoar a essência (brega, mas verdadeira) do brasileiro que pensa um pouquinho a mais do que a maioria. Aí tem os rebolations e shimbalaiês, mas sempre podemos enxergar os dois campos a partir de ave-maria do morro e i miss her.
KRALHO!
Maracatu + Samba + Frevo + Reggae + Rumba + Mambo + Guitarrinhas do Luís Caldas = AXÉ.
Com tantos elementos DETESTÁVEIS (pra mim), não tinha como eu tolerar esse ritmo/estilo musical. Tá explicado… Obrigada, Bossuet.
Não desiste da luta não, Sally, o simples fato de o Desfavor ter comentários interessantes demonstra q existem aqueles q acham q o q vcs tem a dizer é igualmente interessante. Confesso q,pelo menos p mim,esse blog é um oásis para o cérebro em meio a tanta gente q s importa mais com o BBB e não tolera críticas aos Michel Teló da vida. Descobri o Desfavor a pouco tempo,mas leio em cada oportunidade q tenho. Continuem assim!
Primeira vez que eu comento aqui, apesar de já ser leitora de muito tempo, :)
No texto vc falou de axé, mas e no caso daquelas músicas ditas “bregas” ou “kitsch”? Sempre me incomodou o fato de músicas como Sozinho e Você Não Me Ensinou a Te Esquecer, na voz de seus compositores (Peninha e Fernando Mendes), serem relegadas a “música de empregada” (sinta o preconceito de classe), mas na voz de Caetano Veloso virarem cult.
Mesma coisa quando o Pato Fu regravou Odair José e o Nando Reis regravou Wando. Me atrevo até dizer que, se a Maria Gadu ou o Seu Jorge regravassem a maldita “Ai, se eu te pego” com arranjo de bossa nova, todo mundo dava até prêmio.
Existem exemplos internacionais tbm, como quando o Travis e o Franz Ferdinand fizeram cover de Britney Spears e o Coldplay (quando ainda era metido a alternativo) cantou Kylie Minogue num festival.
Parece que, no fundo, todo mundo sempre achou essas músicas brilhantes, mas tinha vergonha de assumir por causa do estigma social, aí ficam só esperando que algum descoladinho regrave pra se sentir autorizado a curtir sem esconder.
Não sou muito chegada nem a axé e nem a pop chiclete, gosto mais de jazz, rock dos anos 60, essas coisas, mas sou capaz de apreciar uma boa letra ou uma boa melodia em qualquer gênero musical. Eu acho que nada te impede de gostar de Miles Davis e Luis Gonzaga ao mesmo tempo.
Apesar de não gostar particularmente do Caetano Veloso como artista (nem como pessoa), ADORO as músicas “Sozinho” e “Você Não Me Ensinou a Te Esquecer” por ele gravadas. Como não ouvi as mesmas músicas na voz de seus compositores Peninha e Fernando Mendes, não posso opinar sobre quem melhor a executou.
Mary, odeio “Sozinho”. Acho uma ode à histeria feminina mal resolvida e vindo de um homem é pior ainda. “Você não me ensinou bla bla bla” (Lisbela e o Prisioneiro Song) também acho ruim, mas foi tão massificada que até tolero…
“Sozinho” e “Você Não Me Ensinou a Te Esquecer” são músicas pra se escutar naqueles momentos em que queremos curtir uma trip emocional – que vivencio muito raramente, diga-se de passagem… As letras não condizem com minha forma de pensar e/ou encarar fins de relacionamento, mas tem sua beleza.
Olá Sally, há algum tempo venho lendo as postagens do Desfavor, inclusive em textos antigos publicado por vocês, e gostaria de parabenizar por este texto, é algo que sempre debato com as pessoas ao meu redor, e só para colaborar poderemos acrescentar como exemplo, a música “Baba Baby”, gravada originalmente por Kelly key, e que foi terrivelmente criticada, mas, agora a mesma música na voz de Maria Gadú virou poesia, e das melhores, bem como se vc tiver oportunidade ouça a música que até foi tema de uma novel, “…vc não vale nada, mas eu gosto de vc…” e que regravada por Tiê (cantora que se não me engano é afilhada de Oswaldo MOntenegro) é cult… E ainda tem quem diga que vivemos em um país democrático!!!!
Julia, seu exemplo é perfeito!
Infelizmente o mérito da música, a afinidade da pessoa com o ritmo ou letra não contam muito. O que conta é a aceitabilidade social e midiática de quem canta. Uma bosta que as pessoas não tenham poder de questionamento de pensar “Ei, isto aqui é uma grande bosta, mesmo sendo do Fulaninho” ou então “Ei, isso é bem bacana, mesmo sendo se Fulaninho”.
Uma merda que certos Fulanos estejam acima do bem e do mal e que você receba até ameaça de morte quando os critica (alô fás do Chico Buarque, ainda estou esperando vocês me matarem desde aquele Processa Eu, viu?)
A gente faz a nossa parte e tenta conversar com as pessoas e instigá-las a raciocinar, independente do que é socialmente valorizado ou não, mas sinto que é uma luta perdida…
Tem processa Eu do Chico Buarque?? Qual o link?? Acho ele um porre (um bom exemplo de belas poesia e músicas intragáveis).
A propósito, o Carlinhos Brown é genro dele né??
Kiko… Tinha sim um processa eu sobre o Bico Chuarque aqui, mas ele se perdeu quando da formação da república impopular.
De qualquer forma, teve alguém que copiou o texto para o Orkut e está nesse link:
http://www.orkut.com/Main#CommMsgs?tid=5456068810641806782&cmm=39147167&hl=pt-BR
(Espero que esse texto, bem como o da parada envolvendo o Gianecchini e outros sejam recuperados o mais breve possível para o bem da república impopular).
Esse negócio do Chico é impressionante mesmo, depois do seu Processa EU tive a oportunidade de provocar uma meia dúzia de ( imbecis) fãs do Chico e é isso mesmo, o cara é intocável…não pode falar nada contra o figura.
Depois dá uma olhada nessa… já é 1o de Abril?
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,em-mato-grosso-do-sul-gagos-tem-desconto-no-celular-,838944,0.htm
Eu me abstenho de qualquer comentário à respeito, pois tenho a opinião isolada (isolada mesmo, NINGUÉM concorda) que música não é só letra. Aliás, é muito mais que isso, é melodia, andamento, sonoridade. Se música dependesse de letra, ninguém gostaria de música instrumental, erudita, jazz, etc. Evidentemente que a música perfeita na letra perfeita é mais do que do caralho, mas eu me guio muito mais pelo som do que pela letra. Fosse ao contrário iria ler poesia.
Kiko, cêjura que tem quem discorde de você? Evidente que a sonoridade, a melodia, a batida, o arranjo, enfim, o conjunto todo são fundamentais. Além disso, a musicalidade tem que combinar com a letra.
Compreendo quem não se identifica com a batida forte do axé, mas, naquilo que fazem, Olodum e Timbalada são reconhecidos como melhores do mundo. A batida é única, os arranjos, o tipo de percussão…
Ai que tá.. o que eu quis dizer é que to cagando p letra da música. Se a música for boa, não to nem ai pra o q ela quer dizer. Ou pode ter uma letra do caralho e a música ser uma merda (vide, Chico Buarque).
Na boquinha da garrafa. Isso sim é CUltura!
Se a garrafa estiver enfiada no cu da sua mãe é CUltura sim
HAHAHAHAHAHA
O que fode a MPB são os restart da vida, os ai se eu te pego e os senta senta novinha. Putaqosparil!!!
Não acho não. Ao menos esses aí que você citou são essa bosta mesmo mas não tem pretensão de se dizer mais do que são. Já aquelas porcarias de Doces Bárbaros se acham nata, destaque, reis, intelectuais…
Por ai, Sally… Por ai.
Chico me dá ganas de dar um tiro nos ovos faz MUITO tempo… Gilberto Gil é outro.
Me diz que cantor ou cantora que esteja “na moda” é realmente bom hoje em dia, no Brasil?
Sério, quando a música mais tocada é a de um Sertanejo cujo refrão se limita a UMA ONOMATOPÉIA ou sei lá o que é isso: Tchê Tchêrerê Tchê Tchê (x 99) é hora de pensar com carinho em sair do país.
WHAT THE FUCK é TCHÊ TCHERERÊ TCHÊ TCHÊ (repetido 99 vezes)? Parece uma onomatopéia para chamar porco!
Pior é que fico com vontade de zoar a letra da podreira que nem faziam com certa música tema lá do He-Man.
Essa parada da letra do Timbalada envolvendo Jesus me lembra a parada da alegoria do “Jesus Mendigo” que tinha sido censurada em 89 e que segundo informações, teria voltado a avenida no desfile desse ano.
Sabe me confirmar se isso é verdade?
Bom, eu não gosto de axé, assim como desgosto igualmente de MPB, acho que sou uma pessoa coerente.
Tem vezes que gosto de escutar música nativista, pra me lembrar do RS, e assim como todos os estilos, tem coisas muito bonitas (“Não me perguntes onde fica o Alegrete/Segue o rumo do teu próprio coração/Cruzarás pela estrada algum ginete/E ouvirás toque de gaita e violão”), assim como tem putaria (“Menina, casa comigo/que tu não vai passar fome/de dia, tu come a cobra/de noite, a cobra te come”). Se for pra escolher, prefiro um veião de bombacha do que um desses playboyzinhos da MPB. Bairrista, oi?
Ah, sou ansiosa e googlei “As encostas vão caindo/Tudo desabando”, e o Desfavor apareceu como segundo resultado. Não sei se é relevante, mas achei que tinha que falar.
Dani, que ótima notícia! Se antes eramos conhecidos como referência para Veronica Moser, agora seremos referência para AXÉ! Estamos seguindo uma linha temática aqui…
Sim, é perfeitamente coerente não gostar de MPB e não gostar de Axé. Diria que é até saudável. O que eu não compreendo é quem adora MPB e abomina axé. Isso é coisa de POBRE, porque pobre tem horror a parecer pobre e por isso faz questão de dizer o quanto detesta tudo que é coisa de pobre.
Eu gosto de alguns cantores de MPB – como Adriana Calcanhoto, Marisa Monte, Djavan etc – mas não é meu estilo musical predominante (meu preferido é rock internacional). Eventualmente, escuto músicas de um estilo mais “tranquilo” e recorro à MPB.
Já o AXÉ me é INSUPORTÁVEL pela musicalidade (não pela letra ou qualquer outro fator). Exceto quando mais nova, quando conseguia digerir esse tipo de música nas aulas de “ritmos” da academia – hoje eu nem cogito essa possibilidade… Essa intolerância nada tem a ver com “ser coisa de POBRE” e, sim, é questão de gosto pessoal.
Respeito muito quem não gosta de axé pela musicalidade. Realmente rock (principalmente internacional) é um estilo completamente diferente e geralmente quem gosta de um não gosta de outro. Mas não vejo muita diferença de MPB para axé…
A sonoridade, o ritmo, a melodia… Essa são as diferenças essenciais entre AXÉ e MPB pra mim. Quanto às letras, realmente a diferença não é tão sensível/perceptível.
Mas a sonoridade de MPB te agrada?
Algumas músicas/artistas, sim. Como os que citei acima: Djavan, Adriana Calcanhoto, Marisa Monte, Ana Carolina, Roupa Nova e alguns outros. Paro por aqui porque se continuar citando, vou cair (mais ainda) na breguice.
E, vale ressaltar, gosto de músicas específicas, não o conjunto da obra dos citados.
Já namorei c um sujeito q só ouvia heavy metal,e p ele qqr outra coisa não prestava (claro,ele n agia assim no início do relacionamento,homem dificilmente mostra kem realmente é logo d cara). Não só isso,mas tbm só s vestia d preto e n cortava o cabelo d jeito nenhum. É interessante observar como pessoas limitadas e rígidas musicalmente tbm o são em outros aspectos da vida. A coisa era tal q uma vez ele saiu do carro em um drive-tru apenas pq comecei a ouvir outro tipo d música. Felizmente não estamos mais juntos,mas a experiência m ajudou a ser mais tolerante,mesmo q eu não aprecie algo. No entanto,não consigo ser tão condescente com baixarias do tipo “Valeska Popozuda” e afins. Uma pena q,neste país,é o faz mais sucesso.
Sair do carro e deixar a pessoa sozinha só porque ela ouviu um tipo de música diferente que lhe desagrada é coisa de BABACA, esse sujeito entrou na minha corrente de fé de orações diárias desejando um belo CÂNCER PENIANO.
Essas baixarias tipo Valeska Popozuda são medíocres como música e arrastam ladeira abaixo outras músicas do gênero que não apelam para a baixaria. Faz muito bem em abominar músicas assim!
Que isso, Sally. Perceba a crítica social e o apelo feminista na letra de uma das músicas da Gaiola das Popuzas:
” Só me dava porrada
E partia pra farra
Eu ficava sozinha,esperando você
Eu gritava e chorava que nem uma maluca…
Valeu muito obrigado mas agora virei PUTA ! ”
HAHAHAHAHAHAHA Sensacional.
Gaiola é só baixaria, em todas as letras. Mas é o que essa gente consegue fazer. Falam do seu dia a dia, da sua realidade. Se tivessem ensino de qualidade estariam escrevendo coisas melhores…
Sally, vc ficou sabendo de uma experiência que fizeram com um dos grandes violinistas da atualidade?
Joshua Bell ganhara cerca de 100 mil dólares em uma apresentação e, acho que na mesma semana, tocou no metrô de Washigton DC. Estava vestido de forma comum, com seu violino de 3 milhões de dólares, tocando algumas das músicas mais complexas para violino que existem. Ganhou 32 dólares. Quase ninguém parou para ouvir.
Interessante como a questão da marca, da fachada, é importante para as pessoas terem uma noção do que é bom, do que deve ser consumido. Elas perdem cada vez mais o julgamento próprio e o fascínio legítimo.
Nessa experiência, quem mais prestou atenção no violinista foram justamente aqueles que estão dissociados de qualquer referência externa de padrão de qualidade: crianças. Elas ouviam fascinadas enquanto os pais apressados as empurravam para que continuassem andando.
jac, MUITO INTERESSANTE essa experiência, não sabia que tinham feito isso! Perfeito para ilustrar o que eu tentei passar na postagem!
Até que ponto as pessoas realmente gostam das músicas mais tocadas nos rádios? Será que não se acostumam com elas de tanto que são empurradas “ouvido abaixo”?
Estamos perdendo o poder de discernir do que realmente gostamos e do que não gostamos. A aceitbilidade social, a mídia e tantos outros fatores estão escolhendo o que nós gostamos e nem ao menos estamos percebendo!
Muito interessante seu comentário, JAC.
Sallyta, o que você comentou faz muito sentido. Mas, no meu caso, justamente por ser massificado e popularizado, ocorre o efeito contrário: a maioria das músicas + ouvidas ou + tocadas apresentam baixa qualidade e eu costumo rejeitá-las. Em outras palavras: se a MASSA gostar, provavelmente não é pra mim.
Sem mencionar que tenho um gosto “antigo” para músicas e minha preferência é rock – o que você não acha com facilidade nas rádios “populares”. Por isso minha alternativa é baixar as músicas e tê-las sempre ao alcance através do Ipod.
Somir também reage assim quando falamos de música: se todo mundo gosta então não serve para ele. Compreendo. Faz sentido em um país como o Brasil onde a maioria faz coisas escabrosas. Não dá vontade de acompanhar uma maioria que lê Paulo Coelho, que lê Dan Brown, que vota no Tiririca…
Pra reforçar minha repulsa quanto ao que é considerado POPULAR: NUNCA li Paulo Coelho e Dan Brown, e provavelmente não lerei tendo em vista a aceitação/repercussão/massificação que apresentam. Preconceito, sim! Admito.
…eu estudei musica na adolescência.
Acho que as escolas deveriam criar na grade escolar essa matéria.
Estudar música abre os horizontes para apreciar qualquer tipo de segmento…saber a importância dessa forma de expressão e respeitar, apesar de muitas vezes não ser o seu estilo.
Existem músicas lindas brasileiras mas que não são famosas, pelo menos nã otanto quanto deveriam. Existe um filme por exemplo: O mistério do Samba.
É uma jóia preciosa, sambas antigos…e só soube desse filme por acaso, vasculhando no youtube…
Algumas músicas de forró são lindas também…e por aí vai….
Larissa, existe forró com letra de protesto, com consciência social?
Asa Branca veio à minha mente…
Um clássico brasileiro, e legal, apesar de eu não gostar do ritmo.
Acho que “Asa Branca” é forró mas não tenho muita certeza…
Adorei o texto, Sally.
Apesar de não ser fã de axé (mas até ouvir, de boa) eu entendo completamente o seu ponto. Até um tempo atrás eu era um tanto preconceituosa com alguns estilos musicais (em especial funk, samba, forró). Porém, foi passando o tempo, fui adquirindo conhecimento, observando, analisando as coisas e concluindo que não se pode definir se uma música é boa ou ruim, se presta ou não, apenas pelo seu estilo.
As pessoas – como você deixa bem claro no seu texto – podem até não curtir determinados estilos, por uma coisa de gosto, costume, pressão social ou coisa que o valha, mas não deveriam desmerecer completamente um estilo inteiro apenas porque não gostam. Temos que lembrar que músicas podem ser bem diferentes umas das outras mesmo possuindo basicamente a mesma essência. São todas diferentes, e é bom prestar atenção nos detalhes que você apontou: será que as músicas que algumas pessoas curtem/adoram não possuem letras e até mesmo qualidade musical muito inferiores a algumas de estilos que estas mesmas pessoas desprezam?
Acredito que o ponto primordial seria colocar um pouco o gosto pessoal de lado, sair um pouco do “universo umbigo”, e reconhecer que não há exatamente um estilo ruim, mas sim música ruim.
Chelsea, eu até compreendo quem acha determinada música uma merda. Por exemplo, quem diz que heavy metal é muita gritaria. Entendo que não goste. Eu mesma me recuso a ouvir pagode porque as letras são terríveis.Não é proporiamente um texto sobre o preconceito com determinadas músicas.
O que não pode é dizer que não gosta partindo de uma premissa FALSA dizendo que axé só fala de bunda e baixaria
Também acho diversas músicas (não estilos) uma merda, e entendo quem pensa isso, até mesmo generalizando um estilo. Gosto é gosto, e se uma música não lhe agrada, você não é obrigado a ouvi-la.
E eu percebi que você falava do axé em si, e de partir de uma premissa falsa como desculpa para não gostar. Mas eu configuro isso como preconceito. Você usa como desculpa uma parcela daquilo que você acha que conhece, para definir todo o resto e dizer que não serve pra você por causa disso. E esse tipo de pensamento não acontece só com o axé, acontece com diversos estilos.
Não acho que as pessoas não podem desgostar de um estilo. Todos tem o direito. Mas acho interessante não ridicularizar a partir do que você pensa que conhece sobre, como no caso do axé que você mostrou.
Chelsea, é preciso diferenciar PRECONCEITO de abominar com conhecimento de causa.
O grande problema é que por ter um bando de porcaria empurrada ouvido abaixo as pessoas pensam que conhecem axé e que não estão sendo preconceituosas, seria um “pós-conceito”. Queria que entendessem que o que se divulga do axé é a ponta do iceberg, o axé tem muita coisa para mostrar.
Não me sinto da mesma forma com relação a outras músicas, como por exemplo Sertanejo. Eu realmente acho que Sertanejo é sofrível. Sei que o fato de que EU não goste não faz do Sertanejo uma merda, mas exerço meu sagrado direito de achar uma bela bosta depois de ouvir muito essa porcaria por tabela.
Mas é exatamente isso. Precisa haver essa diferenciação.
A maioria pensa que conhece a partir da ponta do iceberg para o qual são apresentadas exaustivamente durante a vida (talvez o seu caso com o sertanejo). E com isso concluem que aquilo se resume só a isso que conhecem, e partem daí para dizer que não gostam, sendo que pode haver muito mais.
Agora, temos todo o direito de não gostar, mesmo não conhecendo a fundo? Absolutamente. Mas está correto quem não gosta, partindo do pouco conhecimento que tem daquilo e usando isso como argumento? Não está totalmente errado, pois como falamos, gosto é gosto, mas com certeza está sendo ignorante.
Até o funk antigo tinha umas músicas boas, se for assim todo gênero tem as boas e as ruins, porque Rebolation vou te contar é de vomitar pelo ouvido!
Todas? Não sei. Me mostre um sertanejo com uma letra que tenha consciência social, protesto e coisas do tipo…
Gosto dos desafios… rsss
Procurando, achei essas:
Duduca & Dalvan em “Espinheira” (1984), disco que fazia críticas ao governo:
“Êta, espinheira danada, que o pobre atravessa para sobreviver,
vive com a carga nas costas e as dores que sente não pode dizer.
Sonha com as belas promessas, de gente importante que tem ao redor:
Quando entrar o fulano, sair o ciclano será bem melhor
Mas entra ano e sai ano, e o tal de fulano ainda é pior…”
Mesmos cantores, disco “Massa Falida”:
“Não aborte os seus ideais no ventre da covardia
Vá a luta empunhando a verdade
Que a liberdade não é utopia!”
Achei aqui: http://blognejo.virgula.uol.com.br/2011/03/01/a-musica-sertaneja-como-forma-de-protesto/
“Revolução de Getúlio Vargas” – Zico Dias e Ferrinho
Todo o povo do Brasil deve agora estar contente
O doutor Getulio Vargas é o nosso presidente
Tudo isso foi muito triste, deu vontade de chorar
Mas logo eu vi anunciado nas coluna do jorná
Que o senhor vinha no Rio, ai, pro Brasil embelezar
Aiê, ele cumpriu seu destino e(……) pro hospitá
O Brasil tava na reme e a boiada (?) embelezar
Depois que o Getulio veio no Rio para governar
Teve baile, teve missa para o mundo se alegrar
Aiê, ele deu sua palavra, nomeou o nosso generá.
O doutor Getulio Vargas é um homem de perfeição
Pois ele ganhou no voto, mas ficou na escuridão
Para ter o prometido, foi preciso a Revolução
Aiê, ele cumpriu o seu dever, ai com armas lá na mão
Quem fez essa modinha recorda a Revolução
Pra contar pros brasileiro que sofreram judiação
A noticia que corria, eu ouvi o povo falar,
Miguel Costa na Argentina não podia mais voltar
Agora tá em São Paulo, no Brasil, vem adorar
Aiê, ele cumpriu seu dever, aiá, soa bem naturá
De quando são essas músicas? Mais ou menos de que ano?