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Des Cult: Séries (Parte 2)

| Somir | | 27 comentários em Des Cult: Séries (Parte 2)

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Sim, teve uma parte 1. Como daquela vez, vou falar sobre mais cinco séries de TV que acompanho, estão em produção e eu já tenho opinião formada. Daquela última vez eu segui algumas das recomendações de vocês e não me arrependi. Enquanto Breaking Bad não volta…

ARRESTED DEVELOPMENT (NETFLIX)

Era uma série acabada até que a Netflix resolveu nos fazer o favor de encomendar mais uma temporada (lançada de uma pancada só no Domingo passado). Arrested Development é uma das, senão a melhor série de humor já feita. Isso sou eu que estou dizendo, então evidente que existe toda aquela coisa de senso de humor próprio envolvida.

De qualquer forma, a série é baseada na vida de uma família rica e disfuncional lidando com problemas na justiça. O dinheiro começa a sumir e as personalidades começam a aparecer. Diferentemente das sitcoms da vida, essa série trabalha com uma história mais complexa, cheia de reviravoltas e roteiros bem mais avançados que se esperaria de um show de humor. Seria boa até mesmo se não fosse engraçada.

Mas ela é. Tiradas, non-sense, até mesmo bordões (bem bolados). Só que isso é o comum… O diferente é que a maioria dos atores são EXCELENTES humoristas, e os que não são escadas perfeitas (Aquele mala do Michael Cera faz um dos personagens principais, ele “surgiu” nessa série). Personagens totalmente secundários são muito bons, e mesmo com várias aparições de outras celebridades, é tudo bem encaixado na história.

E como eu disse, o roteiro é muito acima da média (não é normal). Em Arrested Development vê-se algo cada vez mais raro em séries do tipo: Humor que se desenvolve naturalmente com a história, não é só a reação do personagem ou a piada que ele faz, é a situação absurda em que ele acaba entrando. E para alegria impopular, é uma série que capricha no politicamente incorreto. Ninguém se salva. Pode-se rir de todo mundo sem preconceitos.

Sério, as quatro temporadas valem a pena. A terceira é um pouquinho mais fraca (opinião compartilhada por vários outros fãs), mas mesmo nos seus pontos mais baixos ainda está acima de quase tudo o que passa atualmente por humor nas Warners e Foxes da vida. A quarta temporada (exclusiva da Netflix e de qualquer programa que você usa para baixar arquivos) tem um dos roteiros mais complexos e hilários que eu já vi. Estou achando que vão dar sinal verde para a quinta temporada ou no mínimo fechar a história com um longa-metragem.

Vale muito a pena. E quem nunca viu a série é um franguinho: Coo-coo-ca-cha! Coo-coo-ca-cha!

PARKS AND RECREATION (SONY – Eu acho…)

Sou da opinião que o The Office acabou quando o Michael saiu, e desde então estava procurando uma série para substituir. Confesso que não acreditei quando disseram que Parks and Recreation era a sucessora natural, mas é só ter um pouco de paciência para acreditar nisso.

Não é uma série que te passa a segurança de ser engraçada logo de cara. Mas dá para colocar isso na conta do estilo de humor muito parecido com The Office: As personagens são engraçadas na medida que você começa a conhecê-las. A série é encabeçada pela Amy Poehler, aquela do Saturday Night Live (aquele que é de Sábado, ao vivo e existe, não confundir), ela era uma das últimas boas do programa, e fez bem de tentar seu vôo solo.

Simplificando, é uma série sobre um departamento irrelevante da prefeitura de uma cidade pequena nos EUA. Departamento onde apenas uma funcionária se importa com o que está fazendo… Tem muito a ver com o The Office, mas também tem suas cartas na manga. A maior delas é o chefe do departamento, Ron Swanson (personagem, não ator). Ron é o típico republicano libertário americano, macho pra caralho e frequentemente o centro das melhores histórias e piadas de toda a série. Confesso que só aguentei o começo meio lento da série por causa dele.

É uma comédia de personagens, nem tanto de história. Tem cenários mais fixos, roteiros mais simples, mas pelo menos não tem aquela maldita risada gravada que entrega que a maioria das séries de humor são escritas para imbecis. Ainda está em produção, e segura muito bem a onda de quem sente saudades do The Office.

Ajuda ver em sequência, não é que nem Arrested Development que você PRECISA ver na ordem, mas nessa aqui fica muito melhor se você for sacando as personagens.

MAD MEN (HBO)

Não sei como esqueci dessa na última coluna. Mad Men é uma série dramática (embora passeie pelo humor) ambientada nos anos 60, primariamente em Nova Iorque. Ela é baseada no mundo da publicidade, mostrando as agências pioneiras e como infelizmente pouca coisa mudou além dos computadores desde então.

Confesso que me senti um pouco traído com essa série, ela começa com um foco grande na agência onde o protagonista é o diretor de criação, focando bastante nos trabalhos deles. Tem muitos insights brilhantes sobre publicidade logo nos primeiros episódios, mas com o tempo a série vai se tornando mais um drama sobre aquelas pessoas que trabalham lá. Vai perdendo um pouco dessa pegada “segredos da publicidade”, mas faz com tanta competência que não é difícil de continuar acompanhando.

O personagem central é Don Draper, o diretor de criação da agência, mas há bastante tempo para os outros envolvidos. Não chega a ficar cansativa. Como o lance de Don é ser misterioso, seria estragar muita surpresa definir as características básicas de sua personalidade. Só adianto que ele é especialmente incômodo para as mulheres vendo a série. Ha.

A trama é muito boa, o roteiro bem escrito ao ponto de até ficar meio parado às vezes (não ficam forçando a barra para acontecer algo dramático de cinco em cinco minutos). A história é mais importante que as personagens. Mas se tem uma coisa que essa série faz extremamente bem é a reconstrução histórica. Chegam ao ponto de definir a que horas choveu em determinado lugar num dia há cinquenta anos atrás para saber se a personagem vai aparecer com a roupa molhada ou não! É muito detalhe, é muito bem feito.

E, claro, como estamos nos anos 60 nos EUA, não tem politicamente correto, quase todo mundo é machista e racista na cara dura. Todo mundo fuma e bebe sem parar, mulher grávida fuma! É engraçado ver as diferenças entre aquela sociedade e a nossa: mais saudável, mas bem mais fresca.

Tem que ver na ordem. Tem que aguentar quando ficar meio parado (quinta temporada é meio leeenta). Mas compensa. Compensa bastante. E um prêmio para quem conseguir decorar todas as siglas pelas quais a agência é chamada no decorrer da série.

Ah, se você também gosta de ruivas branquelas e de peitões, tem a Christina Hendricks episódio sim, episódio também!

JUSTIFIED (FX)

Caipira pride. Aliás, Redneck Pride. Justified é uma série policial baseada no interiorzão americano; imagine aquelas séries tipo CSI, onde todo mundo é modelo e todos os cenários e locações parece ter saído de um videoclipe de rapper. Imaginou? Então é só imaginar o contrário para ter entender Justified.

A série segue o delegado/xerife (“Marshall” é uma palavrinha chata de traduzir direito) Raylan Givens na sua volta nada triunfal ao fim de mundo onde cresceu. A personagem segue aquela linha batida “tira cabeça quente com a vida na merda”, mas o ambiente diferente ajuda a dar um charme especial para a série.

É mundo cão american style. As locações são feias, as pessoas são feias, as personalidades são piores ainda. Não é o festival de gente feia como Breaking Bad (pelo menos segundo a Sally), mas não tem nenhuma vocação para glamour. Nem só de ostentação vive a TV americana. Eles mostram, mesmo que dramatizando, a parte mais suja e atrasada do país. Aquele povo que sempre vota em Bushs e Palins, sabe?

Não é um roteiro no nível de Breaking Bad mas é muito bem feito para uma trama policial. As histórias tem arcos longos, cada temporada tem sua trama e ela costuma se desenvolver num ritmo esperto: Com ação e suspense mas sem aquela pressa de série baseada em histórias de capítulos. Há um antagonista fixo, mas sem aquela coisa de vilão maligno. Ele meio que é levado pela história assim como o protagonista. A série te assusta fazendo pensa que vai cair na vala comum do maniqueísmo, mas é tudo bem fundamentado. Fazem muito bem a questão da dualidade de personalidades, e como pequenas escolhas mudam o rumo das pessoas.

Os caipiras em geral são interpretados por ótimos atores, a história tem clima e tom bem definidos, é fácil se envolver na história. Foi mais uma série que me pegou de surpresa. Pena que não parece ser tão popular assim… Espero que pelo menos dure mais algumas temporadas.

HEMLOCK GROVE (Netflix)

Essa é mais para quem assina o Netflix, porque vi muito pouco comentário sobre ela: Não é uma House of Cards, mas nem de longe. Mas é curiosa… Hemlock Grove fala sobre acontecimentos sobrenaturais e assassinatos de jovens numa cidadezinha americana.

Parece uma série para a turma do Crepúsculo. E em muitos sentidos é mesmo. Tem que ser uma adolescente cheia de hormônios ou alguém muito paciente para aguentar os primeiros episódios. Mas tem algo bacana para quem aguentar: A partir da metade, as adolescentes provavelmente já vão ter pulado fora.

Não se enganem, é ruinzinha, os atores são meio toscos e a história é bem forçada… Mas pode ser interessante se assim como eu você gostar de Filmes B (C, D, E…), Milfs e a série Twin Peaks. O clima de Crepúsculo vai sumindo lentamente e deixando uma série com todo jeitão daqueles filmes de terror de baixo orçamento, muito sangue e peitos de fora. De vez em quando até bate uma sensação meio inexplicável de Twin Peaks (só quem viu sabe).

E tem a Milf. A Milf vale o ingresso.

Mas se alguém perguntar, eu não recomendei.

Para dizer que eu cometi um grande engano, para dizer que só vai comentar depois de se pintar de azul, ou mesmo para dizer que sempre tem dinheiro na banca das bananas: somir@desfavor.com


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