FAQ: Coronavírus – 22

Quanto tempo depois de ter covid posso voltar a fazer exercícios?

Taí uma das poucas coisas que é consenso: não pode sair se exercitando depois de receber alta. Seja você um triatleta, seja um sedentário, tem que esperar um pouco e só começar a se exercitar depois de fazer uma avaliação com um cardiologista.

O tempo que você vai ter que esperar pode ser de semanas ou de meses, só um médico vai avaliar eventuais danos causados ao coração como sequela. E eles podem acontecer mesmo que você não sinta nada. E se você tomou porcarias como cloroquina, sua situação pode ser ainda mais complicada. Mas, nem vamos falar nisso, vamos falar de quem apenas teve coronavírus.

Em todos os casos é necessária essa precaução e essa precaução tem motivo: covid pode causar problemas cardiovasculares a longo prazo, não durante a doença e sim como sequela. Não é incomum, portanto, é preciso ter cuidado. Se alguém te disser que se exercitar depois de receber alta vai ajudar na recuperação, corra para bem longe dessa pessoa, pois pode fazer o efeito oposto.

Estima-se que de cada cem pessoas que tem covid, 25 acabam desenvolvendo alguma sequela cardíaca depois que a doença vai embora, mesmo que a doença tenha sido leve ou assintomática. “Mas Sally, como pode causar problema cardíaco sem a pessoa perceber?”. Acontece.

Acredita-se que ao sobrecarregar os pulmões, a doença possa provocar microinfartos que não são percebidos pelos doentes, mas que depois deixam sequelas e causam restrições. A falta de oxigenação adequada também faz com o que o coração bata mais rápido e acumule um esforço que pode debilitá-lo. Então, mesmo que você não tenha sentido nada quando estava doente, não saia se exercitando, pois podem ter acontecido danos silenciosos.

Acho que isso não está sendo suficientemente divulgado, pois vem sendo observado um aumento considerável de mortes súbitas em pessoas que se exercitavam após uma completa recuperação de covid. Então, nada de se exercitar sem procurar um médico antes. Um médico de verdade, que te escute, que leve a doença a sério, que peça os exames necessários para avaliar como estão seu coração e seu pulmão.

Se você teve covid só retome atividade física depois de uma avaliação criteriosa feita por um cardiologista de sua confiança.


Tem outra vacina causando coágulos/trombose (não sei a diferença). É coincidência?

Provavelmente não é coincidência. A vacina Covishield (também conhecida como “Vacina de Oxford” ou “AstraZeneca”) chegou a ter sua aplicação interrompida para avaliar o risco de coágulos. A vacina Janssen (conhecida como “Vacina da Johnson’s”) também. Ambas têm uma coisa em comum. Mas, antes de falar delas, vamos entender a diferença entre coágulo e trombose.

Nosso corpo tem um recurso para impedir que a gente sangre até a morte quando nos machucamos: a coagulação.

Quando nos cortamos, se inicia o processo de coagulação, para “tapar” o corte e evitar que o sangramento continue: primeiro o vaso sanguíneo se contraí para tentar reduzir a perda de sangue, depois, uma parte do nosso sangue, chamada “plaquetas” se acumula na região lesionada e liberam substâncias que ativam proteínas que geram a coagulação, com o objetivo de criar um “tampão” que feche o buraco.

Isso cria uma “malha” que captura os glóbulos vermelhos e mais plaquetas, formando uma “casquinha” que tapa o buraco e estanca o sangramento (por isso as casquinhas de feridas ficam vermelhas ou marrons). Esse processo é uma maravilha evolutiva… quando funciona como deveria.

Às vezes esse processo não ocorre como deveria. Pode acontecer do corpo dar o start para coagulação de forma desnecessária ou exagerada. Então, essa malha que endurece para fechar uma ferida acaba não aderindo à parte lesionada e é levado pela corrente sanguínea, circulando pelo nosso corpo. Essa massa de sangue de forma sólida que não aderiu a nenhuma ferida se chama “coágulo”. Ela pode se formar mesmo sem nenhuma ferida, por algum erro do corpo, por doenças que a estimulam ou ao acaso. Acredita-se que essas duas vacinas estão, de alguma forma, estimulando o corpo a formar coágulos.

O grande perigo dos coágulos é que quando temos uma massa sólida circulando pela corrente sanguínea, dependendo por onde ela passe, pode causar um entupimento, que impede que o sangue chegue a lugares importantes ou que pode até romper o vaso. É como ter uma melancia circulando nos canos de água do seu prédio: uma hora ela pode chegar a um lugar com canos mais estreitos e entupir o fluxo.

Quando isso acontece, ou seja, quando um coágulo impede a circulação, acontece a trombose. A trombose pode ser arterial (quando o coágulo obstruí uma artéria) ou venosa (quando o coágulo obstruí uma veia). O coronavírus é uma doença que, por si só, causa coágulos e trombose, então, não é de se espantar que uma vacina para a doença também possa eventualmente causar.

Além disso, alguns hábitos e estilos de vida fazem aumentar naturalmente a propensão a uma trombose: o uso de anticoncepcionais, o tabagismo e o sedentarismo. Mulheres também costumam ser mais propensas a coágulos do que homens.

Tanto a Vacina de Oxford como a Janssen parecem aumentar a propensão à formação de coágulos. Elas causariam uma confusão no corpo que o faz dar o start para coagulação mesmo sem nenhum machucado. Ao que tudo indica, a vacina causa, de alguma forma, uma resposta imune das pessoas vacinadas contra as plaquetas (responsáveis pela coagulação). Isso faz com que se inicie um processo de coagulação desnecessário, que pode terminar numa trombose, dependendo do tamanho do coágulo e de onde esse coágulo vai parar.

O fato disso estar acontecendo tanto na Covishield como na Janssen aponta uma seta para o que ambas as vacinas têm em comum: o vírus usado para levar um pedacinho do coronavírus para dentro do corpo, um vírus respiratório chamado “adenovírus”.

É um vírus inofensivo, mas, por mais inofensivo que um vírus seja, quando administrado em bilhões de pessoas, pode desencadear problemas. Um exemplo: uma simples gripe pode desencadear a Síndrome de Guillain-Barré, uma doença grave. Isso não é muito conhecido pois acontece muito raramente. Por isso, se opta por vacinar as pessoas contra a gripe, uma vez que os benefícios compensam os riscos.

A “culpa” do adenovírus ainda não está provada, é apenas para onde os cientistas estão olhando neste momento. As vacinas e os casos de coágulo e trombose estão sendo investigados.

Não quero minimizar o problema, dependendo de onde esse coágulo vai parara, é possível que ele cause sérios problemas ou até a morte da pessoa. MAS, as chances de desenvolver um coágulo tomando a vacina são muito, muito pequenas (uma a cada cem mil pessoas vacinadas). Menores do que as chances de desenvolver um coágulo contraindo coronavírus. E desenvolver um coágulo não quer dizer que a pessoa vá ter trombose.

Uma curiosidade: as chances de desenvolver um coágulo tomando anticoncepcionais é bem maior do que tomando a vacina. Portanto, se você não acha admissível correr esse risco (de um a cada cem mil) com a vacina, pode parar de tomar anticoncepcionais hoje, pois você corre o mesmo risco (se não maior) a cada comprimido que ingere. Vacina é uma vez só, pílula é todo dia, por anos.

Entendam que todos os medicamentos e vacinas tem riscos calculados, sempre foi assim. Agora, com a vacina contra covid é que estão jogando um holofote nesses riscos, mas eles sempre existiram e vocês sempre correram esses riscos sem se estressarem, pois o risco de pegar a doença é muito pior.

“Ah, mas se suspenderam a aplicação das vacinas, deve ser muito grave”. Não. São protocolos de segurança. Não pode pensar no processo com cabeça de brasileiro: “caramba, se suspenderam a aplicação da vacina deu um problema muito grande”. NÃO. No Brasil só se toma uma atitude quando o caldo entorna, mas no resto do mundo, no meio científico, quando há pessoas sérias envolvidas, a menos oscilação justifica o máximo de cuidados.

Quem tem fartura de vacinas, tenta não distribuir essas duas vacinas ou ao menos não aplicá-las em pessoas que já tem um risco de formação de coágulos. Mas, para quem não pode escolher, o risco de contrair coronavírus é muito maior do que o risco de tomar a vacina. Portanto, ratifico o que já disse em outro FAQ: não se deixa de tomar vacina por um risco tão pequeno. Se fosse um risco grave, pílulas anticoncepcionais seriam proibidas, pois elas expõem as pessoas todo santo dia a esse mesmo risco.

Quando eu digo que o risco é pequeno, é por ele ser realmente muito pequeno. Só para quantificar: se aplicassem essas vacinas em todo o Brasil (o que não vai acontecer, outras também serão usadas), ocorreriam cerca de dois mil casos de coágulos e uns poucos desses terminariam em morte. Imagina que ridículo é o risco quando essa nem é a vacina mais aplicada no país. Periga do Brasil não ter um único caso de trombose.

O risco de pegar covid, morrer ou ter sequelas é infinitamente maior. Tome a porcaria da vacina. Um problema a cada cem mil pessoas é esperado, está dentro do limiar considerado seguro e não é motivo para não se vacinar, sobretudo se você está num país com quase cem mil casos novos da doença por dia e quase quatro mil mortos por dia.


Uma dúvida: se imunidade coletiva não funciona, como vocês disseram em outros textos, como é que em Israel as pessoas já estão podendo sair sem máscara e o coronavírus foi controlado?

O que nós falamos: imunidade coletiva PELO CONTÁGIO não funciona. Deixar o vírus correr solto, deixar que toda a população seja infectada, esperando que daí venha imunidade coletiva (ou imunidade de rebanho) não funciona. A maior prova disso é Manaus, que teve dois surtos violentos com um ano de diferença. Se imunidade de rebanho pelo contágio do coronavírus funcionasse, Manaus não tinha passado pela carnificina que passou este ano, pois a população estaria imunizada.

Esperar que uma pessoa que pegou coronavírus fique imune a ele é devaneio. Esperar que uma pessoa que se vacinou contra coronavírus fique imune a ele é ciência.

Então, o que nós dissemos é: pegar a doença não te imuniza contra a doença. Não pode ser essa a estratégia de um governo que quer proteger seu povo. Deixar as pessoas adoecerem só lota hospitais e gera sequelas (mais de um terço das pessoas que tiveram covid terão algum tipo de sequelas no futuro). A reinfecção é uma realidade, apesar de que muitos riram quando falamos isso.

Mas, a imunidade coletiva é possível com vacinas, algo que nós sempre defendemos. Tem que vacinar. Tem que vacinar a população toda e aí sim pode ser que o vírus pare de circular. Mesmo que seja necessária revacinar de tempos em tempos (como fazemos com a gripe até hoje), as vacinas são a única solução possível para o coronavírus. Para casos fora de controle se resolve com lockdown + testes + rastreio de contatos como medida rápida para evitar o colapso. Mas, para lidar com vírus se resolve com vacina.

Vamos a um exemplo. Você chega na sua casa sábado, meia noite, e descobre que tem uma infestação de formigas. Elas já se alojaram, fizeram ninhos. A cestinha de frutas que está no centro da sua mesa na sala de jantar está coberta de formigas. O que você faz? Obviamente o problema só será resolvido em definitivo depois que você ligar para uma dedetização, contratar o serviço, o pessoal for na sua casa e dedetizar tudo, matando todas as formigas e seu ninho. Isso vai demorar. Você só vai ligar na segunda e pode ser que eles só venham alguns dias depois.

O que você faz até lá? Você fica com milhões de formigas circulando pela sua mesa de jantar? Claro que não. Como uma medida emergencial, você joga inseticida nas que estão causando um estrago que te impede de viver com um mínimo de dignidade na sua casa. Ninguém é maluco de ficar com a mesa coberta de formigas por dias ou semanas, até a dedetização chegar.

Pois bem, nesse exemplo a dedetização é a vacina e o inseticida é o lockdown + testes + rastreio de contatos. Um serve para uma contenção emergencial necessária, o outro resolve o problema de vez, a longo prazo. Dependendo do caso, ambos são necessários. Israel não precisa mais de inseticida pois dedetizou sua casa. É assim que funciona.

Uma ressalva: quando falamos que a imunidade coletiva por contágio não é possível, nos referimos ao coronavírus. Ela pode ser possível para outras doenças. Por exemplo, o vírus da varíola é capaz de promover imunidade coletiva pelo contágio: quem pegava varíola pegava uma vez só, tinha imunidade permanente e nunca mais tinha a doença. Mas, mesmo assim, não é ideal que toda a população adoeça, por isso se desenvolveu uma vacina. O que extinguiu a varíola não foi a imunidade coletiva e sim uma vacina.

E, que fique bem claro: já está cientificamente comprovado que deixar as pessoas se contaminarem para conseguir imunidade contra coletiva contra coronavírus não funciona. Não é uma opinião nossa, é ciência. Também está cientificamente provado que trancar grupo de risco em casa e tocar a vida não funciona. Por sinal, essa discussão nem tem mais cabimento, uma vez que com as novas variantes não existe mais grupo de risco, a maior parte das pessoas que lotam UTIs hoje são pessoas jovens.

Para terminar e enterrar de vez qualquer dúvida, as pessoas que defendiam essa imunidade de rebanho com base no contágio do vírus, além de desacreditadas, estão começando a ser punidas. No Reino Unido, se provou que o grupo que estava promovendo imunidade coletiva induzida por infecção (estratégia adotada em um primeiro momento pela Inglaterra) foi pago por um milionário que financia o partido conservador e bancou a pesquisa e os artigos das pessoas que falavam isso.

Não sejamos inocentes, há interesses econômicos por trás de tudo, mas quando se comprova que a única razão para um artigo científico existir é o interesse econômico e que ele causou muitas mortes, é hora de uma punição severa. Quem financiou a pesquisa e a promoção de uma estratégia de combate ao vírus considerada genocida (essa é a palavra usada por tribunais, não é minha opinião) como a imunidade coletiva receberá uma punição exemplar. Os processos já começaram. E eu vou além: quem foi imbecil de defender isso publicamente também deveria ser processado. Tomara que sejam.


Como está a situação das variantes no Brasil? Surgiu uma nova, né? Qual delas é a pior?

Uma? Aprecio seu otimismo.

Nas últimas duas semanas Fiocruz, Butantan, Hospital das Clínicas e UFMG descobriram novas variantes preocupantes, ou seja, aquelas que tem mutações que podem causar problemas sérios.

Inicialmente tínhamos a N9, que foi detectada em São Paulo, com várias mutações preocupantes. Eu falaria dela, mas a coitada já está meio que obsoleta. A coisa acontece em tamanha velocidade que logo depois se descobriu a N10, também cheia de mutações preocupantes (o vírus pode ser mais transmissível ou escapar da imunidade de quem já teve a doença). Nem mesmo fazendo desta coluna uma coluna semanal (às vezes duas vezes na semana) conseguimos acompanhar a quantidade de variantes.

Mas não teve só criação, teve importação também. Deixar as fronteiras arrombadas tem desses efeitos colaterais. Detectaram a linhagem B1351 no Brasil, que, para quem não sabe, é a variante da África do Sul, aquela que se especula que possa reduzir a eficácia de algumas vacinas (já falamos dela e da controvérsia sobre redução de eficácia em vacinas em outro FAQ). Também encontraram a B117, aquela variante do Reino Unido que fez estragos na Europa.

Cereja no bolo: além de encontrarem a variante da África do Sul, descobriam que ela circulou tanto, mas tanto, que depois de entrar no Brasil sofreu pelo menos dez mutações novas. Ou seja, uma variante que já era mais contagiosa e já tinha condições de escapar total ou parcialmente de algumas vacinas pode ter piorado ainda mais.

Mas, a grande estrela vem de Minas Gerais. É uma mutação da P1, aquela variante de Manaus que, até então, era a mais perigosa e que está destruindo a América Latina. A nova versão foi chamada de P4, e ela tem mais mutações acumuladas. Pode ser uma versão ainda pior da P1, isso está em estudos.

Desculpa não poder dar especificações certeiras sobre o que cada uma delas tem potencial para fazer, mas nem os cientistas estão conseguindo acompanhar em tempo real, graças à quantidade de variantes que surgem na velocidade da luz. O país tem quase cem mil casos novos de covid por dia, imagina a quantidade de variantes que surgem.

Mas, a vida vai se encarregar de dizer qual é a pior. Hoje, o Brasil tem todas as variantes do mundo (as originais), mutações dessas variantes, variantes próprias, criadas no Brasil e mutações dessas variantes nacionais. Em bom português, o que estamos prestes a ver é uma rinha de variantes: a mais forte vai predominar e vai sufocar as outras. Vamos descobrir na prática qual é a pior. A pior será a que prevalecer.

Uma ressalva: não precisam mais se preocupar tanto com a imagem do Brasil no exterior, graças aos brasileiros que viajaram sem responsabilidade, toda a América do Sul está fodida e colapsando com covid. Agora tem boas chances de surgir uma variante de Buenos Aires, uma variante Uruguaia, uma variante Chilena ou Paraguaia. Talvez não sejam vocês a receberem uma bomba na cabeça. Obrigada, viu?

Para dizer que quer ver a variante de Buenos Aires queimando a Argentina, para dizer que sempre promete que não vai ler essa coluna, mas sempre acaba lendo e se deprimindo ou ainda para declarar sua aposta na rinha de variantes (a minha: Manaus e suas derivadas): sally@desfavor.com

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Comments (6)

  • Esses dias eu tava pesquisando um assunto, caí num texto de 2018. Tinha muito texto bom aqui, vou maratonar. Agora os comedores de morcego conseguiram até com os assuntos do blog, só se fala no vírus deles.

  • “Esperar que uma pessoa que pegou coronavírus fique imune a ele é devaneio. Esperar que uma pessoa que se vacinou contra coronavírus fique imune a ele é ciência.

    Então, o que nós dissemos é: pegar a doença não te imuniza contra a doença. Não pode ser essa a estratégia de um governo que quer proteger seu povo. Deixar as pessoas adoecerem só lota hospitais e gera sequelas (mais de um terço das pessoas que tiveram covid terão algum tipo de sequelas no futuro). A reinfecção é uma realidade, apesar de que muitos riram quando falamos isso.

    Mas, a imunidade coletiva é possível com vacinas, algo que nós sempre defendemos. Tem que vacinar. Tem que vacinar a população toda e aí sim pode ser que o vírus pare de circular. Mesmo que seja necessário revacinar de tempos em tempos (como fazemos com a gripe até hoje), as vacinas são a única solução possível para o coronavírus. Para casos fora de controle se resolve com lockdown + testes + rastreio de contatos como medida rápida para evitar o colapso. Mas, para lidar com vírus se resolve com vacina.

    Vamos a um exemplo. Você chega na sua casa sábado, meia-noite, e descobre que tem uma infestação de formigas. Elas já se alojaram, fizeram ninhos. A cestinha de frutas que está no centro da sua mesa na sala de jantar está coberta de formigas. O que você faz? Obviamente o problema só será resolvido em definitivo depois que você ligar para uma dedetização, contratar o serviço, o pessoal for na sua casa e dedetizar tudo, matando todas as formigas e seu ninho. Isso vai demorar. Você só vai ligar na segunda e pode ser que eles só venham alguns dias depois.

    O que você faz até lá? Você fica com milhões de formigas circulando pela sua mesa de jantar? Claro que não. Como uma medida emergencial, você joga inseticida nas que estão causando um estrago que te impede de viver com um mínimo de dignidade na sua casa. Ninguém é maluco de ficar com a mesa coberta de formigas por dias ou semanas, até a dedetização chegar.

    Pois bem, nesse exemplo a dedetização é a vacina e o inseticida é o lockdown + testes + rastreio de contatos. Um serve para uma contenção emergencial necessária, o outro resolve o problema de vez, a longo prazo. Dependendo do caso, ambos são necessários. Israel não precisa mais de inseticida pois dedetizou sua casa. É assim que funciona.”

    Só com esse trecho – e com essa analogia da dedetização de formigas – a Sally já conseguiu explicar o porquê de vacinação e lockdown serem tão importantes de uma forma melhor que muito órgão de imprensa “oficial” que tem por aí. E essa explicação também é suficientemente clara para que qualquer idiota – ou negacionista – enfim consiga entender qual é o problema e como é que se faz para realmente resolver esse problema. Ou será que essa cambada é mesmo tão tapada que ainda vai ser preciso desenhar?

    • Negadores negarão. Acho que não depende da qualidade da explicação, eles estão determinados a não acreditar e sempre encontram uma conspiração que desmereça qualquer explicação. Tempos difíceis…

    • Acontece que jogar o inseticida não seria lockdown. Lockdown numa infestação seria trancar sua cozinha e todas as outras cozinhas. Se por ser infestação mundial a dedetização só pudesse te atender no final do ano, vc passaria um ano sem se alimentar direito ou enfrentaria as formigas? Tem gente que não pode fazer home office, que não tem renda pra família, por isso não julgo quem não se confina em casa.

      • Aí, meu anjo, vai da pro atividade de cada um. Esse papo de “o lockdown matou meu comércio” / “o lockdown matou meu sustento” não cola mais. Desde março de 2020 a gente avisa que esse vírus veio para ficar ANOS, e de fato vai ficar. Teve quem se adapte, rale, corra atrás e encontre uma atividade remunerada para fazer em casa, monetizando qualquer coisa que saiba fazer à distância e teve quem fique exatamente onde está, de braços cruzados repetindo “tem gente que não pode fazer home office”.

        TODO MUNDO PODE. Mas para é isso é preciso se mexer. Eu hoje não trabalho na profissão que me formei para poder trabalhar de casa. O seu emprego não é um fatalismo, algo ao qual você está preso sem escolha. Existem opções, existem centenas de formas de ganhar dinheiro sem sair de casa. Mas para isso tem que arregaçar as mangas e fazer acontecer.

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