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Hipoglicemia.

Hipoglicemia.

| Sally | | 12 comentários em Hipoglicemia.

Nosso corpo precisa de energia para funcionar e um dos principais “combustíveis” é a glicose. Sem ela, o corpo fica sem energia, muitas vezes até para desempenhar funções básicas e essenciais, colocando nossas vidas em risco: Desfavor Explica – Hipoglicemia.

Qualquer pessoa pode ter Hipoglicemia, então, este texto não é apenas para diabéticos, este texto é para pessoas que estão vivas. Quem nunca pulou uma refeição, esqueceu de comer, perdeu a hora ou foi pego por um imprevisto que o impediu de se alimentar quando estava com fome? Não deveria, mas acontece. Por isso é importante que você leia este texto e aprenda como evitar ou interromper uma crise de Hipoglicemia.

Para que o seu corpo esteja vivo e funcional, neste exato momento, milhões de células executam milhões de tarefas por minuto. Desde a renovação da pele (as células que morrem precisam ser substituídas por células novas) até controlar os batimentos cardíacos e a respiração. É como uma grande fábrica onde operários de várias áreas trabalham para manter tudo em perfeito funcionamento.

Para que estas células/operários possam executar as funções necessárias para o perfeito funcionamento do corpo, precisam de energia – e uma das principais fonte de energia é a glicose, presente na maior parte dos alimentos que ingerimos. Sem ela, o corpo não consegue desempenhar suas funções direito.

Porém, como quase tudo que diz respeito ao nosso corpo, é preciso dosar com equilíbrio essa energia: se colocarmos mais combustível do que o corpo gasta para dentro, ele vai estocar o excedente (conhecido como “engordar”) e se colocarmos menos combustível do que ele precisa, ele não vai conseguir cumprir todas as suas funções de forma eficiente.

Quando a quantidade de combustível é tão pouca que começa a prejudicar o funcionamento do corpo, temos a Hipoglicemia. O que faz com que o corpo não tenha glicose suficiente para funcionar? Podem ser vários motivos.

O primeiro e mais óbvio é que não está entrando glicose suficiente no organismo: a pessoa está comendo pouco ou comendo errado. Não é incomum que pessoas que estão passando por dietas muito restritivas apresentem ao menos um princípio de Hipoglicemia. Os bastidores de qualquer evento de moda estão cheio de modelos com esse problema e, eventualmente uma ou duas acabam saindo de lá para o hospital.

Também pode acontecer por um problema “mecânico”, quando, apesar da pessoa estar se alimentando de forma adequada, algum desequilíbrio atrapalha a distribuição harmônica de glicose para as células.

A glicose é incapaz de entrar nas células sozinha, pois as células são impermeáveis à glicose. Imagine uma célula como uma casinha, com as portas fechadas. Quem abre a porta dessa casinha para que a glicose possa entrar e levar energia é um hormônio fabricado pelo Pâncreas chamado “insulina”. Quando esse sistema funciona bem, é ótimo, mas, quando funciona mal, pode levar o corpo ao caos.

Seja por ter comido pouco, seja por algum desequilíbrio do corpo, quando o organismo não tem a quantidade mínima de glicose para se manter em funcionamento temos a Hipoglicemia. Tecnicamente, ela se caracteriza por uma quantidade inferior a 70mg/dL de glicose no sangue.

Como sempre dizemos aqui, seu cérebro e o seu corpo possuem uma função principal, que se sobrepões a todas as outras: te manter vivo. Quando eles detectam que existe algo errado e que está gerando um risco, imediatamente alarmes são disparados. Não seria diferente com a Hipoglicemia. Porém, muitas pessoas não percebem, não entendem ou ignoram estes sinais.

Então, aqui vai uma lista bem simples para que todos estejam atentos, de possíveis sinais de Hipoglicemia: tremores (principalmente nas pernas), tontura, palidez, suor frio, sensação de frio, dor de cabeça, palpitações/taquicardia, nervosismo, dor de cabeça, náuseas, vômitos, sonolência e, é claro, a boa e velha fome.

Se acontecer durante o sono, a Hipoglicemia também pode causar pesadelos, acredita-se que o corpo faça isso para te acordar e te dar oportunidade de comer.

Veja bem, não é preciso que todos esses sinais estejam presentes para que seja Hipoglicemia. Pode ser um deles, podem ser dois ou três. E geralmente esses sinais vem conjugados com muito tempo sem comer, ou com atividade física sem uma prévia alimentação adequada.

Esses são os avisos “de boa”, um toque camarada que o corpo dá. Se não forem escutados, os próximos recados serão um pouco menos carinhosos e mais violentos. Então, minha sugestão é que se você está experimentando algum desses sinais, coma alguma coisinha.

Se a Hipoglicemia é ignorada e persiste, o corpo começa a “fechar” o funcionamento de alguns setores para conter energia. E, vocês sabem qual é o setor que mais gasta energia do corpo, não é mesmo? Seu cérebro. Acreditem, palavra de quem já teve que prestar esse tipo de socorro: é assustador ver um cérebro que não recebe a quantidade suficiente de glicose.

O primeiro sintoma é confusão mental. A pessoa parece desorientada, com raciocínio lento ou desligada. Depois a coisa piora e a pessoa começa a perder a coordenação motora, fala de forma confusa e incompreensível (como se tivesse um derrame), balbucia palavras mal pronunciadas e pode chegar a babar.

Por fim, surgem as alterações de consciência: a pessoa pode ver coisas que não estão lá, pode não reconhecer alguém, pode se comportar de forma muito estranha. Algumas pessoas chegam a ter delírios e até mesmo se machucar ou machucar a terceiros.

Quando é uma pessoa conhecida, fica mais fácil de compreender. Mas quando é uma pessoa desconhecida, por exemplo, uma pessoa que passa mal no meio da rua, ela pode ser confundida com uma pessoa alcoolizada. Por isso, pensem dez vezes antes de julgar e decretar que a pessoas que está jogada no chão está bêbada: ela pode estar em meio a uma crise de Hipoglicemia.

Se nada for feito, a coisa fica ainda mais feia: o corpo apaga. A pessoa perde a consciência, se urina, não consegue mais engolir nem saliva e eventualmente pode ter uma convulsão e até morrer. E, mesmo que não morra, pode ficar com sequelas bastante incapacitantes, em função dos danos cerebrais, que costumam ser permanentes.

Não faz o menor sentido chegar nesse ponto de estresse para o organismo (e para as pessoas que te cercam) por algo que se resolve com um gole de refrigerante, não é mesmo? Eu entendo uma pessoa com câncer ter sintomas terríveis e sequelas tenebrosas, mas não entendo uma pessoa perfeitamente sã se colocar nessa situação (e colocar os outros) por não ingerir a quantidade de alimento que seria adequada.

Então, antes de continuar, quero deixar um apelo para todos: escutem seus corpos. Seu corpo vai te dizer o que você precisa, basta prestar atenção nele. Seu corpo sabe melhor do que você. Se o seu corpo está pedindo mais comida, não seja idiota, e ouça o pedido.

E se você não consegue ouvir seu corpo, não sabe, não presta atenção, faça um plano alimentar com um nutricionista (uma consulta online não é cara) ou até por conta própria, pesquisando (tem uma infinidade de material sobre alimentação online) e crie mecanismos para se lembrar de comer, mesmo que para isso seja preciso ligar um despertador.

Assim que a Hipoglicemia for percebida, o indicado é que a pessoa (seja ela diabética ou não) consuma pelo menos 20mg de carboidratos simples. Poderíamos dar várias opções de como fazê-lo, mas a forma mais rápida e eficiente é um copo de refrigerante (obviamente refrigerante normal, não adianta dar refrigerante sem açúcar). Segundo ouvi de uma nutricionista, “nada disponibiliza glicose tão rápido quanto uma Coca-Cola”.

Muita gente usa o recurso de colocar uma bala na boca, mas não sei se essa seria minha primeira escolha: dependendo do grau da hipoglicemia, a deglutição pode não ser das mais eficientes e ficar engasgado com um corpo estranho é a última coisa que a pessoa precisa. Então, se puder escolher, um copinho de Coca-Cola ou de qualquer bebida açucarada deve resolver o problema.

Se for possível, seria muito indicado medir a glicemia da pessoa 15 minutos depois da ingestão desse S.O.S. e avaliar se ela continua baixa. Uma boa pedida para aumentar a glicemia é combinar um copo de bebida doce com pão, biscoito ou carboidratos de longa duração.

Porém, se a coisa saiu do controle e o grau de consciência da pessoa ficou, de alguma forma, comprometido, é muito importante que ela seja levada a uma emergência, para que seja atendida por um médico. Hipoglicemia pode deixar sequelas para o resto da vida, portanto, é essencial que a pessoa seja examinada e se entenda se a privação de glicose causou danos permanentes ao cérebro.

Obviamente, o ideal é prevenir, criar uma rotina de alimentação que impeça chegar nesse ponto de o corpo entrar em sofrimento por falta de combustível. Não adianta fazer uma dieta muito restritiva e, ao começar a passar mal, chupar uma bala. Em algum momento isso vai dar muito errado, vai sair do controle. Simplesmente não dá para brincar assim na fronteira do desastre.

O desejável é fazer pequenas refeições a cada três horas, com carboidratos de lenta absorção, para garantir que, se precisar, o corpo terá sempre de onde tirar energia. “Mas Sally, eu não quero engordar!”. Não vai. Basta não comer chocolate com manteiga a cada meia hora. Na real, é provável que você emagreça, pois se alimentando a cada três horas seu metabolismo vai acelerar e seu corpo vai consumir mais calorias para se manter vivo.

Se for praticar alguma atividade física, coma antes e opte por alimentos que forneçam energia de forma saudável. Por gentileza, essa abominação de atividade física em jejum… não, simplesmente não. Tenha uma coisa em mente: qualquer atalho para emagrecer, você paga com a sua saúde. Ninguém precisa disso para emagrecer.

E, antes de dormir é obrigatório comer bem: carboidrato e proteína, uma vez que uma hipoglicemia no sono pode passar despercebida pelas pessoas que poderiam te socorrer. Passamos muitas horas na cama, não é nem um pouco seguro ter uma hipoglicemia quando já se está inconsciente (dormindo) e quando ninguém vai checar você pelas próximas oito horas.

Eventualmente, é possível uma crise de Hipoglicemia depois de comer, principalmente quando a pessoa ingere uma refeição com muitos carboidratos. É a chamada Hipoglicemia Reativa: o corpo produz mais insulina do que era necessária e, apesar de ter comido muito e ter comido bem, a glicose vai embora. É raro, não costuma acontecer, porém, é possível. Então, fica aqui a informação, de não descartar uma Hipoglicemia nem mesmo se a pessoas acabou de comer.

E aqui, se me permitem, quero deixar um conselho para todos: o corpo é uma máquina de recursos limitados. Quanto mais você exige dela, maior o desgaste. Então, sugiro que cuidem bem dos seus níveis de glicemia, pois mesmo quando o corpo dá conta sozinho dos nossos abusos (tirando glicose de algum lugar para suportar nosso jejum ou se sobrecarregando para dar conta do excesso ingerido), isso tem um custo.

Sujeitar o corpo a picos, a altos e baixos de glicemia, é uma agressão. Pode não ter consequências imediatas, mas essa conta chega um dia. Se você puder, procure manter seu corpo adequadamente nutrido, sem fazê-lo passar por sensação de fome ou empanzinamento. Independente do valor emocional, social ou sentimental que cada um escolha dar à comida, ela é basicamente um combustível para manter o corpo funcionando – e é assim que deveria ser tratada.

Então, seja bacana com o seu corpo: coma alguma coisinha (saudável) a cada três horas se puder, beba bastante água, não o faça passar fome ou privação e não o sobrecarregue com uma quantidade de comida que o deixe pesado. O corpo não foi feito para suportar os seus excessos. Seja mais gentil com ele.

Para dizer que está com pena do esporro que a pessoa que teve hipoglicemia perto de mim tomou, para dizer que já ficou muito tempo sem comer e nunca teve hipoglicemia (“saí de carro sem cinto de segurança e não morri, portanto o cinto não é necessário”) ou ainda para dizer que a culpa é da vacina contra covid: sally@desfavor.com


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