Flertando com o desastre: Escrava do lar.
| Sally | Flertando com o desastre | 59 comentários em Flertando com o desastre: Escrava do lar.
Ter uma empregada doméstica naqueles moldes tradicionais, vivendo na sua casa com você, é incorreto, desumano e escroto.
Comecei rasgando de propósito. Agora que já tenho a sua atenção (e sua raiva e revolta), vamos desenvolver o tema.
Uma empregada doméstica que resida na sua casa, em um quartinho micro nos fundos que muitas vezes nem janela tem e que te atenda 24h por dia não difere muito de escravidão. Só porque se paga um salário (que não é grandes coisa) e se aboliram as correntes, não quer dizer que seja correto e ético manter outro ser humano nessas condições. Para mim só tem um nome uma porra dessas: barbárie.
Uma pessoa cuja vida e rotina é cuidar dos bens de outras pessoas, quando ela própria não tem quase nada, não pode deixar de sentir ressentimento. Coloque-se no lugar dela. Você em uma casa onde as pessoas vivem com conforto tem que lavar, passar, cozinhar e arrumar para uma famílias, quando a SUA família está sozinha e não tem tanta mordomia. Como pedir que uma pessoa nessas condições não sinta inveja, ressentimento, revolta e outros sentimentos negativos?
“Mas a Fulana que trabalha aqui em casa já é da família, a gente trata ela como se fosse da família”. Vai desculpar mas eu duvido muito. Ela senta na mesa com toda a família para comer ou come na cozinha? Ocupa um quarto no mesmo setor da casa ou dorme em um micro-quarto na cozinha? Se bobear o cachorro da casa é mais bem tratado e dorme no seu quarto com ar condicionado enquanto ela tem que dormir em um quartinho dos fundos passando calor com um ventilador. Tratar com humanidade e educação é OBRIGAÇÃO, e não bondade de quem a trata como se fosse da família. Ela é mesmo da família? Ok, então quando a sua avó vai na sua casa, ela fica nas mesmas condições que a empregada?
Reparem que não falo da diarista que vai, faz seu serviço e vai embora viver a sua vida. Isto é uma prestação de serviços como qualquer outra, com uma jornada de trabalho com hora para começar e acabar que te permite ter uma vida pessoal em paralelo. Falo daquelas pessoas que ficam escravizadas em um cantinho da casa porque esta é a única forma que tem de ganhar dinheiro. Pessoas que passam uma semana longe de seus filhos para poder sustentá-los. Você acha bonito deixar uma pessoa longe dos filhos a maior parte de sua semana em nome do seu conforto? Eu acho abominante.
Sem contar o estranhamento que me causa que as pessoas se sujeitem a coabitar com alguém que bem ou mal é estranho. Uma pessoa com cultura costumes completamente diferentes esbarrando com você na sua casa. Só eu acho isso desconfortável? Pessoas pensam mil vezes antes de ir morar com o namorado ou com uma amiga com a qual vão dividir apartamento porque não sabem se vão se adaptar, mas não tem qualquer problema em enfiar uma pessoa estranha para trabalhar nos serviços domésticos. Talvez porque a empregada fique em condição de subordinação hierárquica trancada na senz… digo, na cozinha e te deva obediência. Fico constrangida só de me imaginar fazendo isso com alguém.
Talvez isso me choque porque no meu país de origem simplesmente não existe nada do tipo. Ninguém aceitaria ficar morando na casa de outra pessoa full time e atendendo-a full time. Talvez uma governanta em uma mansão de alguém muito rico. Mas jamais em um buraquinho na área de serviço de uma família classe média. Ter que servir café da manhã na hora em que o patrão acorda, não importa se são seis da manhã ou onze da manhã. Gente… escravidão foi abolida, ok?
Morro de vergonha desse tipo de coisa. Eu faço meu café da manhã na hora em que acordo e se estou na casa de alguém onde há uma empregada, faço do mesmo jeito, porque fico profundamente constrangida de ter outro ser humano à minha disposição me servindo. Sem contar que me bate um medo tremendo de me acostumar com essa mordomia (a gente se acostuma rápido ao que é cômodo) e depois virar um esforço para mim fazer coisas que julgo serem minhas obrigações pessoais e intransferíveis.
E gente que bota a empregada para lavar suas calcinhas e/ou cuecas? Não tem vergonha não? E gente que termina de comer, levanta e vai assistir televisão e nem tira o prato da mesa e o leva até a pia? Uma coisa é ter alguém que te AJUDE, outra é ter um escravo que faça tudo. E gente que a qualquer hora do dia ou da noite pede para a empregada cozinhar porque está com fome? Não consigo ver esse tipo de coisa, fico muito revoltada.
O mais legal é o auto-perdão com o qual as pessoas encaram esse tipo de exploração. Sim, a palavra é essa: EXPLORAÇÃO. Não é porque você está pagando que passa a ser justo que uma pessoa tenha que ficar morando na sua casa a semana toda te atendendo. Pode ter certeza que se a pessoa tivesse outra opção ela não estaria ali. Quem mantém uma empregada de segunda a sexta (ou até mesmo todos os dias da semana) a está tratando como um animal de estimação que lava e passa. Está privando-a de uma vida pessoal plena e de um convívio com sua família, se aproveitando do seu despreparo para o mercado de trabalho e da sua necessidade econômica. Muita vergonha alheia por quem faz isso e ainda acha que está fazendo um grande favor dando casa e emprego à pessoa.
Graças a esse tipo de aberração vemos famílias onde os filhos da patroa são criados pela empregada, já que a patroa faz filho mas sai de casa de manhã e só volta à noite, enquanto que os filhos da empregada estão sendo criados pela televisão ou pela rua. Muitas vezes o filho mais velho da empregada (nove, dez anos) tem a responsabilidade de cuidar dos seus (muitos) irmãos mais novos. Daí não sabem porque estas crianças em sua maioria acabam mal, metidas em crimes, drogas e outras merdas. Acabam assim porque VOCÊ prendeu a mãe deles na sua casa, não com as tradicionais correntes dos escravos, mas com as novas correntes do século XXI, o DINHEIRO. E você, você mesmo que fez isso, critica quando um dos filhos dela é mostrado tomando um flagrante de prisão por portar drogas na TV, dizendo que “vagabundo tem que prender mesmo” ou que “Não tem que deixar na rua não, tem que prender, vai que vende drogas para o meu filho”.
O que as pessoas não pensam, no seu egoísmo idiota, é que amanhã ou depois o filho desta empregada que mantiveram em cárcere privado em troca de dinheiro pode estar colocando uma arma na cabeça do seu filho. Valeu todo esse conforto de ter alguém preparando suas torradas e seu café de manhã? Se todos os brasileiros pudessem cuidar dos filhos de perto, talvez o país fosse menos merda. Se todos os brasileiros ganhassem o suficiente para não ter que se sujeitar a esse tipo de emprego, talvez o país fosse mais decente.
Daí um dia a empregada faz a limpa na casa e foge. A patroa fica pau da vida, quer até matar. Corre para a delegacia injuriada chamando a empregada de ingrata. Ok, eu não defendo roubo (furto, no caso), mas porra, você achou o que? Que a pessoa vendo os filhos andando com sapato furado porque não tem dinheiro para comprar um par de sapatos novos ia se conformar em ver seus filhos com dez pares de sapatos, entubar tudo isso e continuando a limpar os dez pares de sapatos dos seus filhos? Uma pessoa que passa necessidades, uma pessoa que está endividada, uma pessoa que não pode atender aos pedidos dos filhos, fica em um estado de desilusão e desespero que a faz esquecer facilmente o limite entre o certo e o errado. É certo roubar? NÃO, mas porra, é muito previsível que acabe acontecendo em uma situação como essa. E ainda assim, as pessoas preferem correr o risco em troca de uma escrava pessoal.
Empregada doméstica que resida com os patrões fere a dignidade da pessoa humana e deveria ser considerado ilegal. Quem já tem uma empregada residindo consigo, beleza, não vai jogar a criatura no olho da rua que a lei não está aí para ferrar com as pessoas. Mas, DAQUI PRA FRENTE (Lei do Ventre Livre II), isso não deveria mais ser permitido. Empregada doméstica tem que cumprir jornada de oito horas como qualquer outra profissão e se o patrão quiser alguma coisa fora dessas oito horas ele que levante a bunda da cadeira e faça sozinho. Ou então, que pague três empregadas diferentes para se revezar em turnos de modo a estar sempre sendo atendido. O que não pode é colocar um único ser humano para atender outro ser humano full time, porque mesmo pagando, isto é sim ESCRAVIDÃO. Mesmo que não se façam pedidos full time, só o fato de deixar a pessoa de prontidão full time é cruel.
Muito me admira que as pessoas não apresentem nenhum tipo de estranhamento e continuem achando isso normal. São as mesmas que reclamam horrores dos seus chefes quando estes as obrigam a fazer hora-extra. Dois pesos e duas medidas parece ser a especialidade do brasileiro. Quando enfiam meia trolha no seu rabo dói e é um escândalo, quando você enfia uma trolha inteira no rabo de outra pessoa é frescura se ela gritar.
E quando a empregada vai envelhecendo e continua tendo que executar os serviços domésticos? Mesmo com dificuldade, continua sendo exigido que ela faça trabalhos braçais. Qual opção ela tem, já que passou a vida toda enfurnada naquela casa e não teve outra oportunidade? Nenhuma, a não ser continuar fazendo um trabalho braçal quando o corpo pede descanso. Ou então pior ainda, quando já não pode desempenhar todas as suas funções, periga de ir parar no olho da rua, em uma idade onde dificilmente terá acesso ao mercado de trabalho.
Pessoas que fazem isso com outros seres humanos não se sentem mal? Engraçado, são as mesmas pessoas que morrem de pena de um cachorrinho abandonado na rua e que resgatam gatinhos xexelentos. E se acham super boas pessoas. Uma novidade para vocês: não são. Sujeitar um ser humano a te servir 24h por dia, mesmo pagando, é escravidão, goste você ou não. Infelizmente nosso ordenamento jurídico não evoluiu ao ponto de dar respaldo ao meu argumento, também, pudera, quem faz e aplica as leis é quem adora ter uma escrava servindo 24h por dia.
No final das contas, não sei o que é mais bizarro: não ter o constrangimento e vergonha de fazer isso com outro ser humano ou não sentir estranhamento por ter uma pessoa estranha vivendo debaixo do seu teto, com todas as implicações que isto pode gerar, desde não poder andar pelado dentro de casa até ter esta pessoa educando e cuidando dos seus filhos. Pelo visto o conforto está acima de tudo. Tudo MESMO.
Não sou idiota de achar que uma pessoa nos dias de hoje pode dar conta de ter uma casa limpa e arrumada e trabalhar de forma satisfatória. Um pouco de ajuda não faz mal e não fere a dignidade de ninguém. Como eu já disse, uma diarista com uma jornada de oito horas uma ou duas vezes na semana é bom para ambas as partes. Não estou mandando ninguém aqui ser super-mulher. Apenas seres humanos razoáveis.
O grande problema é que quando não parte da pessoa, espontaneamente, sentir constrangimento por esse tipo de escravização, dificilmente um argumento externo terá resultado. Se a pessoa não tem uma trava que separe o certo do errado, o digno do não digno, o aceitável do inaceitável, não serão estas quatro páginas que vão fazê-la mudar de idéia. Muito mais fácil achar que eu sou maluca/escrota/histérica ou qualquer um dos demais adjetivos que costumam me chamar do que refletir e tentar perceber o absurdo da situação.
Podem continuar se enganando, achando que sua empregada-escrava é feliz nesse esquema, que você faz a ela um favor, que esse modelo de trabalho é perfeitamente normal e que você não fodeu com a vida dela. Mas não venha tentar enganar outras pessoas, porque não cola. Se você mantém uma empregada nessas condições você é uma pessoa horrível que se assemelha a um senhor feudal, a um senhor de escravos que, além de cagar e andar para o outro ser humano, ainda é um inútil por não saber ou não querer fazer tarefas básicas que pessoas com um pingo de vergonha na cara jamais delegariam.
“Mas Sally…”. Não, hoje não tem “Mas Sally”, hoje não tem argumento. Não consigo nem começar a conversar com quem pensa diferente.
Oi Adorei a matéria, é incrível e esse tipo de trabalho acontece muito hoje em
dia, eu mesmo já trabalhei em varias casas assim, você começa o dia de trabalho
muito cedo e vai até a hora que eles, os patrões quiserem. Trabalho num serviço
cerca de 10h e meia todos os dias e ainda durmo no serviço uma vez por semana e não ganho
por fora quando durmo, e ainda eles regulam a comida, mas cheguei na patroa e disse que
se ela quisesse poderia continuar, mas trabalhando somente 8h diárias, nossa virou uma
fera! mas enfim, como ela sabe que arrumar empregada esta difícil, resolveu aceitar,
acho que todas essas empregadas deveriam fazer como eu.
Andressa, acho isso uma falta de respeito, um desaforo. Me pergunto como as pessoas não tem vergonha de explorar outras pessoas assim. Deve ser a cultura da escravidão enraizada neste país. Um vexame.
eu trabalho em casa de família quero saber se é obrigatório lavar cueca e calcinha de patrão
Quando você foi contratada, o que ficou combinado? Quais seriam suas tarefas?
De qualquer forma, você não é obrigada a nada, pode dizer que não se sente confortável fazendo isso, mas corre o risco de que dispensem seus serviços.
Sallyta, só hoje tive oportunidade de ler esse texto.
PARABÉNS! Concordo com cada palavra, frase, argumento, ponto de vista e sentimento que você colocou no texto.
É REVOLTANTE a atitude de quem admite conviver com outra pessoa nessas condições e não tem a compaixão de perceber o quão difícil é para a empregada que PRECISA se sujeitar a isso POR FALTA DE OPÇÃO. É desumano, é insensível, é cretino! Pior: algumas pessoas ainda se convencem de que estão fazendo um favor a empregada porque assim ela economiza vale-refeição ou vale-transporte. Nojento!!!
Um CERUMANO que pensa assim não pode abrir a boca pra falar que o Brasil é um país injusto – qualquer que seja o motivo/argumento – porque age com complacência com a injustiça que ocorre em sua própria casa.
P.S.: Esse texto me fez pensar, inclusive, naquelas situações em que os filhos tratam as mães como às empregadas domésticas, no nível abordado pelo texto.
Pois é, e ainda tem quem ache mais do que justo esse esquema de trabalho… Fico indignada.
Sally, te respeito mais ainda depois desse post.
Quem nunca limpou a bunda na vida, não sabe como é importante fazer a própria higiene. Acham que têm coisa mais importante do que isso pra ocupar seu tempo.
Problemas de um país com desequilíbrio social absurdo como o nosso. Vai em um país menos desigual pra ver como vive um rico lá. Muito mais ricos que os ricos de cá, diga-se.
O pior é ver a pessoa dizer que faz por bondade, pra ajudar fulaninho do interior. Cacete, quer ser bonzinho? Paga um aluguel e vale transporte pra sua empregada, dê uma vida digna a ela. Diga que não abre mão de uma empregada que viva decentemente.
O ruim é que os mocinhos de novela têm empregados 24h, pois novelas são escritas por gente assim e nossos legisladores são gente assim. Se você é como eles, apenas pare de se enganar e tentar enganar os outros. Diga apenas assim: "Faço mesmo, tenho dinheiro pra isso". Pelo menos serás sincero, o que já é alguma coisa.
Se nunca pensou sob esse ângulo, nunca é tarde. As pessoas também têm o "livre arbítrio" para mudar, se tornarem melhores.
Sally sem duvida esse foi uma das suas melhores postagens, sou domestica,faço tudo em uma casa em que residem dois idosos, tenho vinte anos,estudei até a quinta série, em parte por culpa minha, e outra por necessidade, tive que para os estudos porque precisava ajudar minha mãe,que tbm foi e é domestica a vida toda.
Já estabeleci que ano que vem volto a estudar, concordo plenamente com tudo o que tu disse, e sinceramente estou me sentindo muito mal, vc tocou bem na ferida, as vezes me sinto muito humilhada, mas preciso desse emprego, queria muito que existissem mas pessoas como vc, obrigada por me fazer enxergar algo que por auto perdão neguei durante tanto tempo, enfim, espero mesmo sair dessa situação e trabalhar com algo que no minimo seja menos cansativo, é muito estressante cuidar de idosos, e ao contrario do que muitas pessoas acham, sim, existem velhinhos muito filhos da puta, é incrivel como vc sempre me surpriende, beijos Sallyta
Claro que acho justo. São condições de trabalho como outro qualquer ._. na verdade, mais justo que muitos. Mais justos que 99%, eu diria.
Obs: ela não mora lá em casa, se era isso que queria dizer com "justo".
"O grande problema é que quando não parte da pessoa, espontaneamente, sentir constrangimento por esse tipo de escravização, dificilmente um argumento externo terá resultado"
Sally,
O seu texto tranquilamente pode ser estendido além da questão da doméstica. Vale para todos ditos empreendedores, que exploram seus empregados até o talo. Já assistiram ao filme "Daens"?.
Meus pais tiveram por algum tempo uma lotérica, e só mesmo pagando um salário minimo pro empregado (e olhe lá), sem qualquer registro, para o empreendimento ser lucrativo. Além disso, uma parte de nosso sustento vinha de viciados (como aposentados pobres que gastavam 100 reais numa semana) cuja compulsão passamos anos realimentando, tal qual acontece num botequim ou mesmo num McDonald's. Sem falar do terminal de jogo de bicho…Enfim, uma vergonha total.
Dito isso, dei graças a Deus quando minha mãe descobriu um câncer, e meus pais venderam a lotérica pois sozinho ele não dava conta.
Talvez isso tenha a ver com a lei de regresso. Pensando em retrospecto, várias desgraças, como assaltos com coronhadas na cabeça, policiais civis cobrando 'taxas' cada vez mais altas, não foram avisos claros o suficiente para que eles largassem aquele negócio nefasto. Precisou a doença aparecer…
De qualquer forma, passamos muito aperto, meu irmão e eu, quando passamos a ser arrimos com a venda do negócio, pois as economias dos velhos se esvaíram para curar nossa mãe. Mas, sofrido ou não, prefiro passar aperto por mil vezes a ter continuado com aquela lotérica, explorando a mão-de-obra.
Suellen
Sally, minha vida é tão corrida que escrevo tão pouquinho aqui… Sou quase monossilábica. Se vc acha que sou sua irmã separada, obrigada! Adoraria ser!!! Também concordo com tudo!
Teve uma vez que na pressa escrevi como anônimo e vc me chamou de "Anônimo coerente"… Post da barba. E o mais assustador foi o Somir me chamar de "broto", assim, aleatoriamente, como meu avô me chamava! Claro que não fiquei viajando nisso. Mas que foi curioso e engraçado foi!
Quanto ao pensar diferente, é verdade, mas pago um preço caro também. Provavelmente você também, certo?
Natalia, explorar porque a pessoa precisa é cruel. Só porque a pessoa precisa não é aval para não sentir vergonha de explorar uma pessoa assim.
Se alguém me pedisse para fazer algo que eu considero cruel porque ela precisa, eu me sentiria muito mal em fazer.
Jana, o ideal seria que todos tratassem seus empregados com muito respeito por SE SENTIR MAL em tratar mal as pessoas.
Mas, já que nem todos se sentem mal em destratar um subordinado, que seja pelo medo mesmo. Fazer o que…
Marciel, não precisa se desculpar por cinismo. Aqui do Desfavor isso é motivo de elogio e simpatia.
E sim, estou feliz da vida que Cumpadre ficou! Eu estava achando que ele ia acabar saindo.
Koppe, muito bacana ouvir o relato de quem está do outro lado.
Muita falta de vergonha colocar filho no mundo para depois jogar as funções inerentes à maternidade para uma terceira pessoa. Assim é fácil, assim até eu tenho uma penca de filhos.
Gente que delega o indelegável, além de ser sem noção, passa atestado de incompetência!
Anonimo do quarto de empregada, é degradante uma pessoa PRECISAR morar em um cafofo nos fundos da casa para não gastar nada, ainda que ela queira.
O fato da empregada querer trabalhar nesse esquema não quer dizer que ela goste e sim que ela precisa muito economizar.
Crianças descobertas trabalhando de forma escrava em fazendas geralmente imploram para continuar ali, sabia? Porque sabem que se aquele trabalho de 14h por dia em troca de um prato de comida lhes for tirado, provavelmente passarão fome.
Anonimo da metáfora infeliz da garçonete, se você acha que são situações semelhantes, só posso te dar um conselho: entre na fila para um transplante de cérebro.
Anonimo do serviço militar, eu acho um ABSURDO serviço militar.
UM ABSURDO
Mas sabemos que na prática, faz quem quer. Basta simular algum impedimento e você acaba dispensado.
Essa merda vai acabar sendo extinta. Hoje em dia guerra não vai mais ser homem a homem. Basta um botão, basta uma bomba, uma arma química ou uma arma biológica que está tudo acabado.
E quem tem que fazer serviço militar para ter o que comer se equipara à condição de ESCRAVO sim. Se sujeita à ordem dos outros em troca de comida. Degradante que pessoas precisem disso. Se essa porra de país desse escola, faculdade e emprego para todo mundo esse tipo de coisa não aconteceria!
Anonimo que citou o Te Dou Um Dado, tô rolando de rir aqui.
Eu adoro a Lelê, a Polly e a Clara (adorava o Didi também).
O engraçado é que muitas vezes discordo totalmente do que eles dizem (principalmente no Tricô das Mina), mas mesmo assim me acrescenta ver o que elas falam, porque são opiniões inteligentes e embasadas.
Elas torceram para a Maria ganhar o BBB, torceram para a Duda ser expulsa da Fazenda e tem ódio mortal do Gago e do Dinei. E ainda assim, eu as admiro muito.
Hugo, não se sinta mal. Uma pessoa que te ajude quinzenalmente é razoável.
O inaceitável é manter uma pessoa confinada na sua casa para que você não tenha que fazer NADA ligado à parte doméstica.
Muita vergonha dessas pessoas que não mexem um dedo dentro de casa e que não sabem fazer porra nenhuma. São esses que casam e paunocuzam as esposas ou maridos com sua infantilidade de querer sempre ser atendidos e com sua postura mimada de querer escravizar os outros.
Anonimo da diarista, depende da pessoa. Tem gente que em nome do comodismo abre mão de valores que para mim são sagrados, como intimidade, privacidade e outros.
Eu não aguentaria uma pessoa estranha todos os dias na minha casa, acho menos sofrimento fazer as tarefas domésticas. Mas em geral homens matam se for preciso para não lavar a louça nem suas cuecas. Culpa nossa. Somos nós, mulheres, que criamos essas porras.
Phill, você acha justo?
Marciel, adorei os comentários.
Você é advogado? Se não é, poderia começar a pensar com carinho em um dia ser. Sua forma de argumentação, tanto para concordar como para discordar consegue abarcar o sentido global do texto e ao mesmo tempo aprofundar na parte específica do assunto que está sendo tratado. Isso é um dom.
Mari, acho que você é minha irmã gêmea separada na maternidade. Sempre pensamos muito parecido e sempre que leio seus comentários concordo completamente.
Sua família por acaso seria de fora do Brasil? Você tem jeito de pensar diferente da maior parte das pessoas que conheço…
Dess, é o tipo de coisa que vem com a gente, da nossa criação e da nossa índole. Ou você sente repulsa por esse tipo de coisa, ou consegue se manter indiferente.
Fico feliz que você concorde comigo. Geralmente as pessoas acham que só porque "todo mundo faz" podem fazer também. Muito triste quem usa o critério de reprovabilidade social para pautar sua conduta.
Existem coisas socialmente aceitáveis que são abomináveis e coisas socialmente condenadas que são boas. Nós temos que decidir o que abominamos e não pautar nossa opinião no que é socialmente aceitável.
Eduardo, semana que vem eu faço um Em Direito!
Bionicão, o fato da pessoa concordar em fazer esse tipo de trabalho full time ou o fato da pessoa precisar não faz diferença para o meu argumento.
Estou trabalhando no ponto de vista de QUEM EMPREGA. Acho que quem emprega, independente da necessidade alheia, deveria ter vergonha desse tipo de relação de trabalho.
Se a gente for entrar no mérito de "ela precisa, é bom para ela no final das contas" vamos acabar justificando até prostituição.
E parabéns por se sentir mal com uma estranha full time dentro de casa. A maior parte das pessoas não tem essa noção de privacidade, intimidade e vergonha na cara!
Anonimo do livre arbitrio, eu nem deveria responder, apenas dar uma debochada do seu argumento, como o Somir faria. Mas vou responder porque não me aguento.
Cada um tem o que merece? Você acha que as pessoas que trabalham como empregadas domésticas nesse regime de semi-escravidão estão nessa situação por "merecimento"?
Você acha que todo mundo tem oportunidade de estudar e vencer na vida e que basta esforço?
E MESMO QUE a pessoa seja uma tremenda acomodada, isso não justifica que alguém tenha tão pouca vergonha na cara a ponto de explorar outro ser humano e se sentir bem com isso só porque está pagando…
Rorschach, também acho idiotizante alguém na sua cola, que administre sua casa e cuide de todos os detalhes. A pessoa acaba ficando incompetente e desaprende a fazer sozinha. Porém o mais grave é a escrotidão de escravizar outro ser humano mediante um salário. Pagar salário não te dá o direito de exigir esse tipo de prestação.
A funcionária da casa da minha mãe morou 10 com a gente…era solteira e não tinha filhos….juntou uma graninha finaciou os móveis e eletro domésticos nas Casas Bahia, alugou um cafofo e hoje trabalha das 8h as 17h….casou, tem uma filha…enfim….ACORDO ENTRE PESSOAS LIVRES!!!
Propões quem pode, aceita quem precisa….
Eu também não tenho o emprego dos meus sonhos…mas hoje em dia, quem tem???
Eu não procuro uma emrpegada doméstica que more na minha casa mas duas diaristas já me disseram ou ganham por dia ou só ficam se fro pra morar!!!!
Um dia de faxina custa em média 70 reais, se a pessoa se der a luxo de não trabalhar aos sábado ganha por mês R$1.400,00 mas tem que fazer em um dia o que a mensalista faz em uma semana!
O piso da doméstica em SP é R$600…elas querem dormir pra economizar!!!!
Uma mão lava a outra….e as duas lavama bunda!
Depois devo fazer uma participação lá.
O ruim é que quando dou de escrever em cima de uma temática sem confronto, o meu texto não rende tanto quanto os textos da Sally e do Somir.
Marciel, ce já ouviu falar de Desfavor Convidado? '-'
Ha ha ha!!! Agora entendo o porquê de minha tia falar que quando estava puta com os patrões cuspia na comida ou fazia qualquer outra "arte". E porque um amigo meu que fazia bicos como garçom em festinhas dizia para sempre tratar um garçom muito bem e com muuuito, muito respeito. Ha! Ha! Ha!
Feliz que salvaram o Cumpadri por essa semana?
Desculpe o cinismo nos meus comentários, mas a realidade aqui no nosso Brasil é cruel e não vejo outra forma para reagir a isso.
Como está quase começando A Fazenda, em um dia importante, vou responder a tudo amanhã
beijosmexinga
"Muito me admira que as pessoas não apresentem nenhum tipo de estranhamento e continuem achando isso normal. São as mesmas que reclamam horrores dos seus chefes quando estes as obrigam a fazer hora-extra."
Como dizia o MortalKombat:
Sally Wins – Flawless Victory
Só faltou mencionar, existem famílias que contratam empregada e pagam salário de empregada, mas na realidade ela exerce função de três, quatro pessoas diferentes: cozinheira, faxineira, babá, jardineira, em alguns casos tendo que bancar também a costureira e até enfermeira dependendo da situação.
Minha mãe foi empregada por alguns anos e morava no serviço. Vinha pra casa um dia por semana, e eu tinha que esconder minhas roupas, senão ela perdia esse dia de folga fazendo as mesmas coisas que fazia no trabalho. Mas ela não dormia no quartinho de empregada, e sim no quarto das crianças, e além de dar banho tinha que cuidar caso alguma acordasse de noite. Se alguma ficasse doente, seria uma noite mal-dormida seguida de um dia normal de trabalho. Um dia ela encheu o saco, e não foi trabalhar num domingo pós-feriadão, quando a família dos patrões tinha voltado de viagem, e assim acabou a carreira dela como empregada :-)
Gente, inacreditável…
Estranho, porque na minha casa tem quarto de empregada e minha mãe dispensou várias porque elas queriam dormir no emprego e minha mãe não queria. Garota nova acho que até prefere porque não tem filhos pra cuidar. Não acho escravidão porque no mínimo 1 dia na semana tem folga e ainda não precisa gastar nada, fica na casa da patroa.
Sally,
Acho que voce está certa.
Aposto que a partir de agora voce, eu, e todos aqui vamos começar a ir um restaurante, vamos comer, levar nossos pratos até a cozinha, lava-los, limpar nossas mesas, para ajudar à garçonete. Afinal, é um abuso pagar a alguem para fazer um serviço e não ajudar ao mesmo a realiza-lo.
serviço militar é escravidão também?
http://entretenimento.r7.com/blogs/te-dou-um-dado/2011/08/11/me-filma-me-edita/
Sally?
No meu apartamento tem um quartinho de empregada, fica depois da cozinha de frente pra area de serviço. Acho escroto. Parece resquicio de um tempo antes da abolição. Transformei em despensa.
Eu pago uma empregada a cada 15 dias, e ainda me sinto mal, pois o certo seria eu mesmo fazer isso. Mas…
Eu tambem já vi gente criada por empregada que nem tira o prato da mesa, e ainda esta almoçando e pede pra empregada parar o almoço dela e fritar um ovo pra ele. Lamentavel.
Acho que vou mandar este texto pra algumas pessoas.
” Eu tambem já vi gente criada por empregada que nem tira o prato da mesa, e ainda esta almoçando e pede pra empregada parar o almoço dela e fritar um ovo pra ele. Lamentavel. ”
Cara, pessoas assim tem que se fuder muito na vida…
Pessoas que fazem isso com outros seres humanos não se sentem mal? Engraçado, são as mesmas pessoas que morrem de pena de um cachorrinho abandonado na rua e que resgatam gatinhos xexelentos. E se acham super boas pessoas. Uma novidade para vocês: não são. Sujeitar um ser humano a te servir 24h por dia, mesmo pagando, é escravidão, goste você ou não. Infelizmente nosso ordenamento jurídico não evoluiu ao ponto de dar respaldo ao meu argumento, também, pudera, quem faz e aplica as leis é quem adora ter uma escrava servindo 24h por dia.
Oras, já te disse… Pompa, status social e o politicamente correto é o que movem essas cabecinhas frivolas no cotidiano. Vai por mim que é assim que funciona.
No final das contas, não sei o que é mais bizarro: não ter o constrangimento e vergonha de fazer isso com outro ser humano ou não sentir estranhamento por ter uma pessoa estranha vivendo debaixo do seu teto, com todas as implicações que isto pode gerar, desde não poder andar pelado dentro de casa até ter esta pessoa educando e cuidando dos seus filhos. Pelo visto o conforto está acima de tudo. Tudo MESMO.
Conforto, comodidade e status. O tripé que toda pessoa bem situada aqui quer desfrutar na medida das possibilidades até o dia em que morrer. Se os outros fazem sacrifícios para manter a pose do egoista, azar… "só estão fazendo o seu trabalho".
Não sou idiota de achar que uma pessoa nos dias de hoje pode dar conta de ter uma casa limpa e arrumada e trabalhar de forma satisfatória. Um pouco de ajuda não faz mal e não fere a dignidade de ninguém. Como eu já disse, uma diarista com uma jornada de oito horas uma ou duas vezes na semana é bom para ambas as partes. Não estou mandando ninguém aqui ser super-mulher. Apenas seres humanos razoáveis.
Eu também acho o mais razoável, mas o pessoal prefere mais a comodidade mesmo. Além do mais, tem lugares onde mesmo uma empregada não tem condições direito de manter, se precisando de mais gente para cuidar do imóvel.
O grande problema é que quando não parte da pessoa, espontaneamente, sentir constrangimento por esse tipo de escravização, dificilmente um argumento externo terá resultado. Se a pessoa não tem uma trava que separe o certo do errado, o digno do não digno, o aceitável do inaceitável, não serão estas quatro páginas que vão fazê-la mudar de idéia. Muito mais fácil achar que eu sou maluca/escrota/histérica ou qualquer um dos demais adjetivos que costumam me chamar do que refletir e tentar perceber o absurdo da situação.
Sabe qual o caminho para se fazer entender para tais Homers Simpsons da vida? Simplesmente adotar a tatica da assimilação. Colocar em alguma novelinha ou coisa do tipo os valores que você vê como negativos pintados negativamente. Ai sim tem alguma chance de dar certo. Infelizmente, tal caminho é para poucos.
Podem continuar se enganando, achando que sua empregada-escrava é feliz nesse esquema, que você faz a ela um favor, que esse modelo de trabalho é perfeitamente normal e que você não fodeu com a vida dela. Mas não venha tentar enganar outras pessoas, porque não cola. Se você mantém uma empregada nessas condições você é uma pessoa horrível que se assemelha a um senhor feudal, a um senhor de escravos que, além de cagar e andar para o outro ser humano, ainda é um inútil por não saber ou não querer fazer tarefas básicas que pessoas com um pingo de vergonha na cara jamais delegariam.
As pessoas pouco se importam com a vida dos outros. O máximo que vão fazer é usar daquela "é da família" para se autoperdoar. De resto, é o bom e velho "foda-se".
Daí um dia a empregada faz a limpa na casa e foge. A patroa fica pau da vida, quer até matar. Corre para a delegacia injuriada chamando a empregada de ingrata. Ok, eu não defendo roubo (furto, no caso), mas porra, você achou o que? Que a pessoa vendo os filhos andando com sapato furado porque não tem dinheiro para comprar um par de sapatos novos ia se conformar em ver seus filhos com dez pares de sapatos, entubar tudo isso e continuando a limpar os dez pares de sapatos dos seus filhos? Uma pessoa que passa necessidades, uma pessoa que está endividada, uma pessoa que não pode atender aos pedidos dos filhos, fica em um estado de desilusão e desespero que a faz esquecer facilmente o limite entre o certo e o errado. É certo roubar? NÃO, mas porra, é muito previsível que acabe acontecendo em uma situação como essa. E ainda assim, as pessoas preferem correr o risco em troca de uma escrava pessoal.
Como te disse, se assume o risco disso e claro, a "patroa" obviamente vai meter o pau pra todo lado. O brasileiro médio é extremamente patrimonialista, sendo que por isso mesmo não vai querer largar mão do que "conquistou" nem mesmo quando tal conquista é precária ou ilícita. Bondade é para os tolos.
Empregada doméstica que resida com os patrões fere a dignidade da pessoa humana e deveria ser considerado ilegal. Quem já tem uma empregada residindo consigo, beleza, não vai jogar a criatura no olho da rua que a lei não está aí para ferrar com as pessoas. Mas, DAQUI PRA FRENTE (Lei do Ventre Livre II), isso não deveria mais ser permitido. Empregada doméstica tem que cumprir jornada de oito horas como qualquer outra profissão e se o patrão quiser alguma coisa fora dessas oito horas ele que levante a bunda da cadeira e faça sozinho. Ou então, que pague três empregadas diferentes para se revezar em turnos de modo a estar sempre sendo atendido. O que não pode é colocar um único ser humano para atender outro ser humano full time, porque mesmo pagando, isto é sim ESCRAVIDÃO. Mesmo que não se façam pedidos full time, só o fato de deixar a pessoa de prontidão full time é cruel.
A lei… Ora a lei. Você acha mesmo que somente com o diploma legal vai se resolver os problemas do país. Idealismo cavalar o seu, né?
Muito me admira que as pessoas não apresentem nenhum tipo de estranhamento e continuem achando isso normal. São as mesmas que reclamam horrores dos seus chefes quando estes as obrigam a fazer hora-extra. Dois pesos e duas medidas parece ser a especialidade do brasileiro. Quando enfiam meia trolha no seu rabo dói e é um escândalo, quando você enfia uma trolha inteira no rabo de outra pessoa é frescura se ela gritar.
Dois pesos e duas medidas… Por ai mesmo. Mas só se reclama pelas costas, até porque se falar pela frente a cabeça rola.
E quando a empregada vai envelhecendo e continua tendo que executar os serviços domésticos? Mesmo com dificuldade, continua sendo exigido que ela faça trabalhos braçais. Qual opção ela tem, já que passou a vida toda enfurnada naquela casa e não teve outra oportunidade? Nenhuma, a não ser continuar fazendo um trabalho braçal quando o corpo pede descanso. Ou então pior ainda, quando já não pode desempenhar todas as suas funções, periga de ir parar no olho da rua, em uma idade onde dificilmente terá acesso ao mercado de trabalho.
Quem se importa? Consideração é coisa para poucos. O que importa é o status social a qualquer custo. E quanto aos outros, que se danem. Ninguém quer assumir compromissos para se ferrar na tentativa de segurar a bronca depois.
Engraçado que conversei sobre isso ainda no início dessa semana com meu namorado, quando ele avisou que estava trocando a diarista semanal (ficou estranho isso, mas tudo bem) por outra que trabalhará por meio período todos os dias. Eu disse: vc não vai aguentar uma semana o desconforto e constrangimento de ter uma pessoa estranha em casa com vc.
(Aguardando as piadinhas de que é uma tática pra levar a amante pra casa)
O mais legal é o auto-perdão com o qual as pessoas encaram esse tipo de exploração. Sim, a palavra é essa: EXPLORAÇÃO. Não é porque você está pagando que passa a ser justo que uma pessoa tenha que ficar morando na sua casa a semana toda te atendendo. Pode ter certeza que se a pessoa tivesse outra opção ela não estaria ali. Quem mantém uma empregada de segunda a sexta (ou até mesmo todos os dias da semana) a está tratando como um animal de estimação que lava e passa. Está privando-a de uma vida pessoal plena e de um convívio com sua família, se aproveitando do seu despreparo para o mercado de trabalho e da sua necessidade econômica. Muita vergonha alheia por quem faz isso e ainda acha que está fazendo um grande favor dando casa e emprego à pessoa.
Na cabecinha das Polianas aqui do Brasil, exploração é pra quem pode e tendo oportunidade, tem mais é que "aproveitar" mesmo. E tais pessoas vão achar que estão fazendo um favor mesmo porque moradia hoje em dia é difícil e emprego nem se fala.
Graças a esse tipo de aberração vemos famílias onde os filhos da patroa são criados pela empregada, já que a patroa faz filho mas sai de casa de manhã e só volta à noite, enquanto que os filhos da empregada estão sendo criados pela televisão ou pela rua. Muitas vezes o filho mais velho da empregada (nove, dez anos) tem a responsabilidade de cuidar dos seus (muitos) irmãos mais novos. Daí não sabem porque estas crianças em sua maioria acabam mal, metidas em crimes, drogas e outras merdas. Acabam assim porque VOCÊ prendeu a mãe deles na sua casa, não com as tradicionais correntes dos escravos, mas com as novas correntes do século XXI, o DINHEIRO. E você, você mesmo que fez isso, critica quando um dos filhos dela é mostrado tomando um flagrante de prisão por portar drogas na TV, dizendo que “vagabundo tem que prender mesmo” ou que “Não tem que deixar na rua não, tem que prender, vai que vende drogas para o meu filho”.
Sally, você não notou o jogo de manipulação que tem por trás disso. Esse papo de "Bandido tem mais é que prender mesmo" é uma firula midiática muito boa para manipular a massa informe e manter o pessoal como massa de manobra midiática.
O que as pessoas não pensam, no seu egoísmo idiota, é que amanhã ou depois o filho desta empregada que mantiveram em cárcere privado em troca de dinheiro pode estar colocando uma arma na cabeça do seu filho. Valeu todo esse conforto de ter alguém preparando suas torradas e seu café de manhã? Se todos os brasileiros pudessem cuidar dos filhos de perto, talvez o país fosse menos merda. Se todos os brasileiros ganhassem o suficiente para não ter que se sujeitar a esse tipo de emprego, talvez o país fosse mais decente.
As pessoas assumem o risco, oras, sendo que nesses riscos se inclui o de a empregada roubar algo da casa. Compreendo que você seja uma idealista e por isso mesmo tal realidade te choque. Em tempo, grande parte das vezes o emprego do manolinho que é um pouco mais aquinhoado e se dá ao luxo de bancar de patrão nem é lá aquelas coisas. Te garanto que se não fosse por e$$e, poucos aceitariam os trabalhos que realizam cotidianamente. Aprenda de uma vez que cada cabeça tem seu preço.
Sem contar o estranhamento que me causa que as pessoas se sujeitem a coabitar com alguém que bem ou mal é estranho. Uma pessoa com cultura costumes completamente diferentes esbarrando com você na sua casa. Só eu acho isso desconfortável? Pessoas pensam mil vezes antes de ir morar com o namorado ou com uma amiga com a qual vão dividir apartamento porque não sabem se vão se adaptar, mas não tem qualquer problema em enfiar uma pessoa estranha para trabalhar nos serviços domésticos. Talvez porque a empregada fique em condição de subordinação hierárquica trancada na senz… digo, na cozinha e te deva obediência. Fico constrangida só de me imaginar fazendo isso com alguém.
A sério… As pessoas nesse caso nem se importam muito com tais detalhes ora por estarem fora a maior parte do tempo, ora por terem na casa alguém muito doente. Hoje, empregada doméstica morando na casa é "luxo" e diarista é a regra e mesmo com essas se toma o cuidado de sempre se contratar a mesma "de confiança" para evitar dissabores.
Talvez isso me choque porque no meu país de origem simplesmente não existe nada do tipo. Ninguém aceitaria ficar morando na casa de outra pessoa full time e atendendo-a full time. Talvez uma governanta em uma mansão de alguém muito rico. Mas jamais em um buraquinho na área de serviço de uma família classe média. Ter que servir café da manhã na hora em que o patrão acorda, não importa se são seis da manhã ou onze da manhã. Gente… escravidão foi abolida, ok?
Como te disse, hoje em dia isso é luxo pra poucos. Talvez no Rio de Janeiro, onde o pessoal é alienadinho a ponto de querer fazer as coisas que nem novela da Globo seja diferente, mas aqui, é só o pessoal "da alta" que contrata.
Morro de vergonha desse tipo de coisa. Eu faço meu café da manhã na hora em que acordo e se estou na casa de alguém onde há uma empregada, faço do mesmo jeito, porque fico profundamente constrangida de ter outro ser humano à minha disposição me servindo. Sem contar que me bate um medo tremendo de me acostumar com essa mordomia (a gente se acostuma rápido ao que é cômodo) e depois virar um esforço para mim fazer coisas que julgo serem minhas obrigações pessoais e intransferíveis.
Normal. Você gosta de fazer as coisas do seu jeito e não larga de mão disso nem quando é "visita". Já a cabeça do pessoal aqui é diferente e o Somir é um bom exemplo disso.
E gente que bota a empregada para lavar suas calcinhas e/ou cuecas? Não tem vergonha não? E gente que termina de comer, levanta e vai assistir televisão e nem tira o prato da mesa e o leva até a pia? Uma coisa é ter alguém que te AJUDE, outra é ter um escravo que faça tudo. E gente que a qualquer hora do dia ou da noite pede para a empregada cozinhar porque está com fome? Não consigo ver esse tipo de coisa, fico muito revoltada.
É uma coisa louca isso, mas a sério, vivemos em uma nação de loucos… Tudo louco nesse país. Gente que fica de firula e que acha que faz muito pelo pouco que faz. Além disso, acostume-se com tais pessoas, que no geral não querem saber de nada com nada.
Aqui a empregada trabalha de carteira assinada, há 15 anos, e somente 8 horas por dia, com todos os direitos incluídos, inclusive inss e férias remuneradas… justo?
“Mas a Fulana que trabalha aqui em casa já é da família, a gente trata ela como se fosse da família”. Vai desculpar mas eu duvido muito. Ela senta na mesa com toda a família para comer ou come na cozinha? Ocupa um quarto no mesmo setor da casa ou dorme em um micro-quarto na cozinha? Se bobear o cachorro da casa é mais bem tratado e dorme no seu quarto com ar condicionado enquanto ela tem que dormir em um quartinho dos fundos passando calor com um ventilador. Tratar com humanidade e educação é OBRIGAÇÃO, e não bondade de quem a trata como se fosse da família. Ela é mesmo da família? Ok, então quando a sua avó vai na sua casa, ela fica nas mesmas condições que a empregada?
Ah, tá. Você já deve ter notado como o pessoalzinho se "autoperdoa" com esse blá-blá-blá, mas se você questionar muito, vai cair no jogo do "e poderia ser pior… ela podia estar desempregada e as oportunidades pra ela são escassas"… Pior, insista que logo a empregadinha vai ser demitida e acredite, isso não vai necessariamente melhorar as coisas.
Reparem que não falo da diarista que vai, faz seu serviço e vai embora viver a sua vida. Isto é uma prestação de serviços como qualquer outra, com uma jornada de trabalho com hora para começar e acabar que te permite ter uma vida pessoal em paralelo. Falo daquelas pessoas que ficam escravizadas em um cantinho da casa porque esta é a única forma que tem de ganhar dinheiro. Pessoas que passam uma semana longe de seus filhos para poder sustentá-los. Você acha bonito deixar uma pessoa longe dos filhos a maior parte de sua semana em nome do seu conforto? Eu acho abominante.
Você tem todo o direito de achar abominável isso e mais, tem todo o direito de apelar a preocupação das pessoas para com os seus. Só que é bom lembrar que ética e moral grande parte das vezes só serve de fachada para facilitar a alienação dos mais tolos.
Ter uma empregada doméstica naqueles moldes tradicionais, vivendo na sua casa com você, é incorreto, desumano e escroto.
Mas é o exemplo de status social vendido pela Rede Globo, sendo que a sua opinião quanto a isso tende a ser desimportante para a massa, que dá mais valor ao "exemplo" da telinha da TV do que a algo que preste.
Uma empregada doméstica que resida na sua casa, em um quartinho micro nos fundos que muitas vezes nem janela tem e que te atenda 24h por dia não difere muito de escravidão. Só porque se paga um salário (que não é grandes coisa) e se aboliram as correntes, não quer dizer que seja correto e ético manter outro ser humano nessas condições. Para mim só tem um nome uma porra dessas: barbárie.
E você acha que isso importa para a cabecinha do pessoal que mantém tal situação? Para eles, o que importa é manter a pose e quem sabe progredir socialmente. Se outros vão se privar da vida por conta disso, azar.
Uma pessoa cuja vida e rotina é cuidar dos bens de outras pessoas, quando ela própria não tem quase nada, não pode deixar de sentir ressentimento. Coloque-se no lugar dela. Você em uma casa onde as pessoas vivem com conforto tem que lavar, passar, cozinhar e arrumar para uma famílias, quando a SUA família está sozinha e não tem tanta mordomia. Como pedir que uma pessoa nessas condições não sinta inveja, ressentimento, revolta e outros sentimentos negativos?
Azar! Quem se importa hoje em dia com o sentimento dos outros? Se ética, moral e respeito para com os seus já anda escasso, imagine para com as pessoas que estão as margens de nossa sociedade mesquinha.
Perfeito!
É SALLY, MAS UMA VEZ VOCÊ ESTÁ FEDENDO DE RAZÃO!
NÃO TEM "MAS" NEM "MENOS" E NEM "PQ"
DESS
Esse texto me deu saudade dos "EmDireito"
Sallyzinha….
1-Eu já tive empregada que dormia quando estava casado, realmente é esquisito…eu não gosto. Mas…
2-Ninguém obrigou a pessoa a aceitar o emprego. Ela podia pedir aumentos ( recebeu), morava em um bom quarto, tinha um bom banheiro, TV a cabo, etc.
3-Quando ela chegou em casa, vinha de uma cidadezinha no interior da Bahia e tinha 18 anos. Pouco ou nenhum estudo, não fosse essa opção você acha que ela teria como sair da Bahia???
4-Sei que é difícil entender, mas havia vantagens para ela na situação. Ao não gastar nada em transporte ou alimentação, podia guardar todo o dinheiro que ganhava, o que permitiu que ela ajudasse a família e comprasse uma casa.
5-Hoje, após 10 anos, estou divorciado e ela trabalha em meu ap como diarista. Posso dizer que ganha bem para fazer faxina…ela evoluiu e fico feliz com isso.
Usei esse exemplo para ilustrar a fraqueza do seu argumento. Sei que a democracia, o capitalismo e a liberdade individual são conceitos difíceis de engolir.
Não vou escrever "Mas Sally" pois não preciso te convencer de nada. Você pegou alguns aspectos negativos ( concordo com a maior parte) e tentou avançar para uma proposta de algum tipo de LEI que proibisse um acordo entre 2 pessoas livres ( empregado e patrão). Bem terceiro mundo esse pensamento de fazer LEIS pra resolver tudo…
As condições são ruins? A empregada pede a conta e procura algo melhor. Não quer dormir no trampo? Mesma coisa, pede as contas. Não pode pedir as contas? Então se fode até poder, assim como eu e a maior parte da população faz.
Chamar a pessoa que tem empregada de "horrível" mostra a desonestidade do seu argumento. Atacar quem pensa diferente de você ( e não o pensamento em si) demonstra sua falta de tolerância meu amor…
P.S. Conheço pouco a argentina, mas não dá pra usar as relações de trabalho lá como exemplo. Talvez na época que você viveu lá não fosse assim, mas agora, com toda a crise, vi coisas por lá bem piores que empregada dormir em casa…
PS2. Continuo voltando aqui. Fora os posts idiotas da Fazenda vcs continuam mandando bem!
Minha fofa cada um tem na vida o que merece.livre arbitrio. Se naum estudar e ralar tem mais mesmo que ser(escravo) Eu mesmo tenho uma negona que rala aqui em casa, pois é burrona pra cacete, e se naum fosse eu aceitar ela pra trampar aqui em casa ela estaria fudida.
È a vida.
Se esse comentário não for trollada, merece a seguinte resposta: Nooooojo de você !!!
Eu concordo. Acho correto pagar uma diarista caso eu não dê conta de limpar minha própria casa.
Depois que a gente faz 18 anos, deixa de ser criança e não precisa da supervisão de um adulto 24h por dia.