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Flertando com o desastre: Inteligência na raça.

| Somir | | 452 comentários em Flertando com o desastre: Inteligência na raça.

Demorei para dar meu pitaco no assunto, apesar da pentelhação da ala nazista (quase dá saudade da finada ala cristã, que o diabo os carregue!) nos comentários, principalmente porque existem inúmeras áreas cinzas nesse tema antes de tratar a parte realmente prática. Prefiro argumentar num texto, afinal, eu ganho uma postagem e Sally me pentelha menos por ficar furando!

Falemos então de raça e inteligência…

Uma série de pesquisas e estudos já demonstraram que existe uma variação no Q.I. de grupos “raciais” distintos. A média dos orientais é maior que a dos brancos, que é maior que a dos negros. Essa não é uma informação bombástica, não é uma descoberta recente e não carece de mais comprovações para ser levada a sério pela comunidade científica. Grupos pré-definidos fazendo um teste pré-definido apresentando resultados consistentes ao longo dos anos.

Já começo assim porque não é meu objetivo fechar os olhos para o material científico já produzido sobre o assunto. O problema, como na maioria das vezes, não é ter uma informação, é não saber o que fazer com ela. Como já mencionei nos textos onde falei de método científico, provar relação entre duas coisas é muito fácil, difícil mesmo é garantir o motivo. Teorias são alvos por definição. Muita coisa pode minar sua credibilidade…

E no caso de relação entre raça e inteligência, podemos puxar dois termos que acabam com qualquer chance de consenso: Raça e inteligência. Pra começo de conversa, o conceito de raça para o ser humano já está defasado cientificamente por causa dos avanços na biologia. A variação genética entre os grupos que as pessoas consideram as raças é menor do que o necessário para a biologia moderna fazer a separação. Sem contar que não existe mais isolamento reprodutivo entre qualquer grupo de seres humanos vivos neste planeta. O sexo derruba barreiras raciais, no sentido prático também.

Somos variações da mesma subespécie de Hominídeos, o Homo Sapiens Sapiens. Todos nós. TODOS. NÓS. Raça, da forma como usamos atualmente, é uma construção social. Não sou inocente ao ponto de ignorar que aparecem diferenças quantificáveis e reprodutíveis em relação às médias dos grupos que definimos hoje em dia, mas nada de achar que a diferença entre pele branca e pele escura seja um abismo genético. Além disso, somos todos afro-descendentes!

A humanidade começou negra, alguns grupos foram adquirindo variações de acordo com os climas que enfrentaram, e segundo teorias recentes, também por causa da mistura com espécies MENOS evoluídas que os africanos originais (Homo Sapiens). Os Neanderthais e provavelmente os Homo Erectus foram absorvidos por populações migratórias (não foi massacre puro, foi de fazer filho também).

Seja como for, a espécie humana atual se chama Homo Sapiens Sapiens. Sem exceções. Até porque o estudo do DNA do ser humano, somado a descobertas sobre grandes catástrofes históricas, sugere que a população humana diminuiu DEMAIS num curto período de tempo, e que nós, todos nós atualmente, somos descendentes de entre mil e dez mil pares com capacidade de reprodução. A variação genética humana atual é muito pequena.

O defensor da raça pura e a raça que despreza VÃO encontrar ancestrais comuns. Sempre. Então, vamos parar com essa asneira de raça como algo além de percepção social.

E o outro ponto é o conceito de inteligência. Boa sorte arrancando um consenso disso… Existe uma cacetada de estudos, pesquisas e teorias que tentam quantificar e qualificar inteligência. E a maioria não se bica. Uma das formas que resiste a mais tempo é o teste de Q.I. (evidente que eu vou focar nisso), que apesar das inúmeras críticas, é pelo menos uma forma de comparar atributos intelectuais.

E só para não perder a oportunidade: Inteligência emocional não constrói foguetes. É tipo medalha de paraolimpíada.

Muita gente acha absurdo que o teste de Q.I. exista e que na verdade não serve para porra nenhuma. Não me incluo entre elas. O teste mede com relativa confiabilidade a capacidade de uma pessoa de correlacionar informações e perceber padrões. O problema, ao meu ver, reside prioritariamente na quantidade avassaladora de elementos que podem contaminar o resultado. Não é contradição: O teste tem o necessário para analisar características que se relacionam com inteligência, mas é muito complicado saber se a pessoa que faz o teste está mesmo demonstrando o seu potencial.

E vamos lembrar que em ciência não gostamos de resultados contaminados, certo? Eu comecei o texto mencionando a variação racial (construção social) dos resultados do teste, e agora é hora de colocar as coisas em seus devidos lugares… O resultado de um teste é uma coisa, a conclusão é outra. Sabe o que pode causar o resultado de negros, brancos e orientais com médias distintas?

 

  • Genética pura;
  • Misto de genética e influência social;
  • Influência social pura;
  • Contaminação das amostras;
  • Racismo dos cientistas.

 

A opção de genética pura é a preferida dos supremacistas raciais que não acompanham muito o desenvolvimento científico. Já dá para sacar que não é uma boa possibilidade, não? A hipótese precisaria de resultados MUITO, mas MUITO mais uniformes entre pessoas da mesma raça para sequer valer o trabalho de ser estudada. Um negro não poderia ultrapassar um oriental em hipótese alguma para isso ter algum fundamento… Estou me estendendo nessa opção babaca para poder tirar sarro dos “arianos” que defendem isso. Segundo os estudos, a raça suprema é a oriental. Que tal levar aquela coisa de limpeza étnica a sério e começar a se matar para não atrapalhar a utopia que as pessoas de olho puxado tem o potencial de criar nesse mundo, hein?

E agora, com a possibilidade da mistura entre genética e sociedade, começo a mencionar o que realmente está em discussão na comunidade científica atual. É nessa faixa em que a maioria dos supremacistas acaba acuada quando dá de frente com alguém que sabe do que está falando. Negar a influência da criação e da sociedade no desenvolvimento intelectual de uma pessoa beira ao retardamento mental, Século XXI, não tem mais muita desculpa… E como eu não concordo com acreditar apenas no que é mais agradável, devo mencionar que existem estudos e teorias muito convincentes que corroboram que a inteligência de grupos humanos distintos é relacionada com seus genes.

Exemplo: O cérebro do oriental é mais volumoso do que o do branco, que por sua vez é mais volumoso que o do negro. Existe relação entre volume do cérebro e notas maiores no teste de Q.I., corroboradas também pela relação entre homens e mulheres: Eles tem o cérebro maior e tiram notas maiores no teste.

Existem estudos até sobre como filhos adotados por casais de raças diferentes acabam influenciados nos seus Q.I.s da forma prevista pelos proponentes do fator genético. O cerne da questão para quem aponta essa influência genética é demonstrar que mesmo variando o ambiente, ainda se encontram resultados consistentes com o perfil racial. Os dados coletados permitem SIM essa percepção. Mas… como eu já disse: Ver uma coisa não significa que você sabe explicar o que é.

E chegamos a possibilidade da influência social pura. A discussão educada sobre o assunto nesse mundo passeia entre influência parcial genética e nenhuma influência, ficando tudo a cargo de nossas construções sociais. Não herdamos apenas genética de nossos pais, herdamos também sua posição social. E isso influencia pesadamente o rumo da vida de uma pessoa. Evidente que a possibilidade de ser criado num ambiente estimulante e pacífico aumenta o potencial intelectual de um ser humano. E isso está comprovado com até mais segurança do que as diferenças de Q.I. entre as raças. Não é só bom senso, é lógica.

E não vamos tapar o sol com a peneira, a maioria dos negros nasce em condições desfavoráveis em relação aos brancos e orientais. Seja pela escravidão de seus ancestrais, seja pela colonização desastrada e industrialização tardia no continente africano.

E não bastasse o começo mais difícil, ainda enfrentam preconceito racial, inclusive auto-preconceito. Oportunidades reduzidas e percepção de exclusão são elementos que ainda não foram retirados da amostra, é leviano tentar definir negros como menos geneticamente dispostos a ter bons resultados no teste de Q.I. em relação às outras raças.

Não podemos esquecer também que a inteligência sugerida pelos testes é válida apenas pela média. Existem inúmeros grupos de pessoas de raça branca e oriental que estão abaixo da média dos negros. Baixo desenvolvimento intelectual se apresenta em todos os grupos que chamamos de raças, e, vejam só, está sempre relacionado com atrasos sociais. Não desenvolvemos teorias genéticas para explicar quem é branco, assiste BBB e vota no Lula, não? Aí é pobreza e falta de estudo mesmo.

Um excelente argumento a favor da influência social pura é o “efeito Flynn”, cientista que notou que com o passar do tempo, as pessoas vão tirando notas mais altas num teste de Q.I., perceptível PRINCIPALMENTE em locais onde a qualidade de vida aumenta de forma dramática. E isso acontece com negros, brancos e orientais. A questão é que a curva de avanço não é exponencial. Eventualmente as pessoas vão melhorando seus resultados de forma mais lenta. Está aí a janela de possibilidade para o equilíbrio futuro. E isso não precisa acontecer daqui há duzentos mil anos.

Até porque as variações de Q.I. de uma geração para a outra da mesma família podem ser enormes. Pais com médias baixas quase sempre tem filhos que extrapolam, e muito, seus resultados. Q.I. não fica se repetindo perfeitamente por gerações a fio. Se a tendência é aumentar, se a curva fica mais amena nos pontos mais altos, e se existe uma grande liberdade de variação de geração a geração, por que afirmar agora que é genético?

Sem equalizadores de oportunidades sociais, como isolar o elemento genético? Ciência confirma as informações quando elas podem ser confirmadas. Conclusão a qualquer custo é coisa de quem tem amigo imaginário.

O que nos leva a possibilidade de contaminação das amostras. Antropologia é um festival de discussões e brigas justamente porque tem que estudar a humanidade. A quantidade de elementos subjetivos que podem influenciar uma pessoa a demonstrar um resultado não pode ser sequer listada. E como se contaminaria uma amostra de testes de Q.I.? Antes, durante e depois dele.

Antes temos a possibilidade de seleção tendenciosa de elementos. Até a forma como você busca os candidatos pode influenciar o resultado. Se o grupo não representa as camadas sociais de forma igualitária, você pode estar provando que o Q.I. de negros pobres é menor que o de brancos de classe média. O que provaria influência social pura. Qualquer vacilada aqui resulta em erros crassos.

Durante temos toda aquela questão de preconceito e auto-preconceito. Confiança melhora os resultados em testes de raciocínio. A percepção de inferioridade vai influenciar a motivação e a segurança da pessoa. Ainda mais se caem na besteira de dizer para que serve o teste (o que fizeram em vários deles)… O branco e o oriental não vão se sentir tão pressionados como o negro. Isso é contaminação, muitos desses testes são antigos, não foram feitos com os padrões éticos atuais e podem ser contestados.

O depois nos leva à outra possibilidade exagerada: Racismo por parte dos cientistas que levaram em frente os testes. Racismo existe, mas não explica tantos resultados assim. É possível, mas tão possível quanto ser 100% genético. E não vamos lidar com essas bobagens agora.

Percebem como nos motivos listados existem extremos? E que as opções mais defensáveis estão entre eles? Não coloquei dessa forma à toa. Como este texto se propõe a versar minha opinião, aqui vai:

A resposta para a disparidade de resultados nos testes de Q.I. entre brancos, negros e orientais é ESSENCIALMENTE social, com influências estatisticamente irrelevantes do fator genético (hereditariedade) e contaminação das amostras.

O que realmente vale aqui é que só uma das possibilidade permite aprimoramento da raça humana: O fator social. Conhecimento é uma coisa linda, acho ótimo que estudem o que bem entenderem, doa a quem doer. Mas a partir do momento em que se usa essas informações extremamente discutíveis para pregar vantagens para determinado grupo racial às custas de outro, a linha foi traçada. Isso é vitimização barata e MEDO de lidar com a vida real. A evolução humana foi calcada na integração e troca, culminando nesta era moderna, o melhor momento, DE LONGE, de toda a existência de nossa espécie.

Se aprendemos, como espécie, alguma coisa até agora, é que as pessoas precisam de condições mínimas para funcionar da forma esperada na sociedade. E é uma lição muito recente, que começou a pegar de verdade depois que o herói da turma nazista quase fodeu com o mundo todo.

Não sou só eu que digo que o último século valeu por todos os outros da história humana. Um adulto no ano de 1800 até que entenderia o ano de 1900. Mas um adulto de 1900 não saberia por onde começar se caísse de pára-quedas nos anos 2000. O mundo mudou muito, e muito rápido. Tivemos no máximo umas quatro ou cinco décadas de declínio de preconceito racial no mundo.

Ainda passa longe de ser um mundo justo, mas considerando os avanços tecnológicos e o aumento da liberdade que correram junto com essa lenta mudança de paradigmas raciais, eu tenho certeza que posso falar pela maioria das pessoas inteligentes desse mundo: Foda-se se você tem problema com pessoas com maior concentração de melanina na pele, a gente quer seguir o caminho da racionalidade e igualdade, porque está parecendo excelente até agora.

A questão genética pode até ter fundamentação, mas está soterrada debaixo de toneladas de travas sociais, fruto de choques culturais e políticas de segregação. E fadada a perder o fiapo de relevância com o passar do tempo, mesmo que chegássemos a uma sociedade em que esses fatores sociais não atingissem de forma desproporcional pessoas negras, já estaríamos com um grau de miscigenação muito mais elevado que o atual. Tendência histórica, estamos na era mais miscigenada da história humana, e não vai diminuir.

O problema real não é genético atualmente, e dificilmente vai ser quando as variáveis sociais permitirem sua visualização sem contaminação. O mundo já foi muito mais racista, e as coisas eram muito piores. Boa sorte tentando provar que não tem relação…

P.S.: Os mesmos testes provaram que Judeus tem Q.I. mais alto que os outros brancos. Eu ouvi um Shalom?

EXTRA: Isso aqui não é artigo científico ou trabalho de faculdade para ficar tacando fonte de tudo, mas vou linkar um material bacana (em ingrês, pobralhada) com os dois pontos de vista e abordagem suficientemente científica.

Para dizer que eu sou racista só porque dei valor ao argumento genético (caguei), para mostrar a verdadeira carinha e provar que não merece sentar na mesa dos adultos, ou mesmo para dizer que seu Q.I. não te permitiu ler todo o texto: somir@desfavor.com


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