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Raposa.

Raposa.

| Desfavor | | 19 comentários em Raposa.

Karen White, de 52 anos, estava presa preventivamente pelo estupro de duas mulheres e já havia sido condenada por pedofilia. Os crimes foram cometidos quando ela se declarava homem e era identificada como Stephen Wood. E agora, sob a nova identidade, ela está sendo acusada de ter abusado sexualmente de quatro detentas em uma prisão feminina na Inglaterra para onde foi transferida por ter se declarado transgênero. LINK


O medo de colocar pessoas em risco já está ficando menor do que o medo de ser acusado de intolerante. Temos um problema, temos um desfavor da semana.

SALLY

Stephen Wood é um criminoso condenado que já respondeu a processos por abuso infantil e também foi acusado (e confessou) ter cometido dois crimes de estupro, um em 2003 e outro em 2016. O caso ocorreu na Inglaterra e, como era de se esperar, um homem com este “currículo” acabou preso.

A surpresa é que Stephen resolveu que estava se sentindo mulher. Decidiu que era trans e que sua alma feminina não se identificava com seu corpo masculino. Passou a responder por Karen White. Ignorando todo o histórico de crimes desta pessoa, ela ganhou o direito a ser transferida para ala feminina do presídio, afinal, segundo a esquizofrenia moderna, você é aquilo que você se sente, mesmo que não seja.

Stephen/Karen não ganhou esse direito de forma individual, ele se baseia nas diretrizes do sistema penitenciário do Reino Unido. Lacre acima de tudo: o que deve preponderar é como a pessoa se sente. Se sente mulher mas tem pênis e histórico de estupro contra mulheres? Não tem problema, vamos trancá-lo com várias mulheres. Isso abre portas maravilhosas, pois a pessoa pode alegar que se sente qualquer coisa, obrigando o Estado a se adaptar a ela. Se sente um golfinho? Vamos jogá-lo em um tanque com água do mar!

O resultado era mais do que previsível: Stephen/Karen abusou de quatro detentas enquanto estava preso na ala feminina. Poucos dias após sua transferência, ele se aproveitou da proximidade com as colegas de cela e da sua força, infinitamente maior do que a delas, e abusou sexualmente das quatro infelizes que dividiam o espaço com ele. O curioso é que ele mesmo confessou ter cometido agressões sexuais, ou seja, não há sequer polêmica a esse respeito.

Se o Estado monopoliza o direito de punir e, para manter a paz e segurança, afasta pessoas do convívio social, ele deve, no mínimo, assegurar a incolumidade física dessas pessoas. Elas foram punidas com uma pena de reclusão de liberdade, não com uma “pena de estupro”. Mas, ao que tudo indica, a segurança destas mulheres é menos importante do que uma expressão de gênero. Se o preso declara que se sente mulher, o politicamente correto é soberano e, independente de um histórico de estupros, ele é jogado em uma cela com outras mulheres.

Perdeu-se o bom senso. Essa opressão por fazer as vontades de grupos especiais pode custar o preço que for, que a sociedade aceita pagar, graças a uma lavagem cerebral da turma do lacre. Deixa o Mohamed explodir prédio, deixa o estuprador trancado com mulheres, deixa o presidiário ser presidente. Perdeu-se o pouco bom senso que havia. O importante, a prioridade, é não “oprimir” ninguém, como se trancar quatro mulheres com um estuprador não fosse uma opressão contra elas.

O pior é que a solução que a sociedade está demandando é igualmente ridícula: defendem que apenas trans que tenham passado por redesignação sexual possam acabar presas com mulher. Não, porra. Homem é homem, mulher é mulher, não importa como se sintam. Não importa se operou e cortou fora os bagos, sempre vai ser mais forte, sempre vai arrebentar uma mulher no caso de briga, sempre vai pode abusar com dedo, língua ou com o que mais quiser.

É uma questão biológica: não se tranca uma pessoa muito mais forte do que as outras em um ambiente hostil como um presídio apenas porque a pessoa mais forte “se sente” mulher. Pode se sentir tudo que quiser, NÃO É MULHER, biologicamente (e é só isso que importa ao se pensar em proteger a incolumidade física dos detentos) é homem. Quando falamos de presos, o critério é físico, foda-se o que a pessoa sente. O que sente pode ser levado em conta em muitos outros momentos, na prisão não. Reclamem o quanto quiserem, em alguns momentos da vida, o critério, para ser justo, será o físico.

Se durante muito tempo se errou por achar que tudo era preto no branco, agora se erra no sentido contrário: tudo é fluido, tudo é relativizável, tudo é atrelado ao que a pessoa sente. O fato de se sentir mulher, não torna Stephen/Karen uma pessoa com a mesma força de uma mulher, com o mesmo corpo de uma mulher, ele pode facilmente subjugar qualquer colega de cela graças à sua biologia masculina.

E, se estão dando esta regalia de escolher onde quer ficar para transexuais presos, imagina o quanto não se fazem as vontades dos que estão soltos: homem de vestido frequentando livremente banheiro feminino, criança de 12 anos cortando fora o pênis pois diz se sentir mulher e varias outras atrocidades que colocam metade da população em risco. Já pararam para pensar que muito homem mal intencionado pode tirar proveito desta porta aberta e se declarar trans para fazer justamente o que Stephen/Karen fez?

E com isso não quero dizer que trans tenham que continuar se sujeitando a frequentar ambientes exclusivamente masculinos, se tornando alvo de violência física, psicológica ou sexual. Não. Se preciso for, que se crie um terceiro ambiente só para eles, sei lá, várias soluções me passam pela cabeça mas não vem ao caso agora. Acontece que, assim como as trans não devem ser obrigadas a se expor a uma situação de violência, as mulheres também não. Não dá para dar para um grupo tirando do outro, é simplesmente grotesco.

Então, vão lacrar na puta que os pariu. Biologicamente, não importa o que se corte fora, sempre vai ser desigual a situação física de um homem e uma mulher. E nem precisamos pensar em estupro, mesmo que o Estado aplicasse castração química, quando uma pessoa é três vezes mais forte que todos os demais com os quais ela está enclausurada, não precisa ser gênio para saber que o resto está em situação de risco, sujeição e violência iminente.

Para algumas coisas, homem sempre vai ser homem, mulher sempre vai ser mulher. Não dá para deixar tudo subjetivo, tudo fluido, tudo a cargo do achismo da pessoa, assim como não dá para tratar tudo preto no branco. Em ambos os casos, se perpetram injustiças incorrigíveis. A pessoa se sente mulher? Belezinha. Mas por se sentir mulher, não pode ser colocada em pé de igualdade com outras mulheres fisicamente, pois, por mais que se sinta, não é.

Este texto pode soar preconceituoso, transfóbico ou o que caralhos você queira denominar para me desqualificar. Não é. Estou apenas propondo algo para buscar o equilíbrio social. Pode? Não pode, pois se você contesta a Lacroland automativamente vira nazista, fascista, ciclista e qualquer outro “ista”. Eu me importo? Não, eu não me importo. Tá escroto, tá injusto, eu vou gritar contra.

Se, para buscar equilíbrio social você acha um preço justo pagar com abuso sexual e estupro, faça um favor a mim e a você mesmo: saia daqui e não volte nunca mais.

Para dizer que se sente um milionário e por isso o Estado deve te alimentar com caviar, para dizer que se sente um europeu e por isso o Estado deve te prender em Paris ou ainda para dizer que é por essas e outras que Bolsonaro vai ganhar a eleição, para trazer de volta um pouco de preto no branco: sally@desfavor.com

SOMIR

É muito difícil imaginar o tamanho do problema de sentir que nasceu no corpo errado. Ler e ouvir relatos de pessoas que passam por isso pode te dar uma ideia do que é passar por isso, mas eu tenho a impressão que palavras não expressam direito o quanto isso pode trazer de sofrimento para uma pessoa, especialmente se ela é forçada pela sociedade a se conformar com um sexo que não lhe diz respeito psicologicamente.

Não condiz com uma sociedade justa e humanitária ignorar as necessidades de pessoas assim, evidente que é um passo na direção certa ter políticas de integração e proteção para transgêneros. Pode ser chocante para algumas pessoas lidar com o fato de que João decidiu se chamar Maria e viver como uma mulher para expressar sua verdadeira identidade, mas não o suficiente para validar o sufocamento de um ser humano numa expressão de gênero que lhe faz tão mal.

O mundo no qual eu quero viver considera sim as necessidades de transgêneros e faz esforços conscientes para ajudá-los a ter uma vida mais completa e livre. Mas… também é um mundo onde podemos dizer esse “mas” depois dessa afirmação. Porque todo cidadão de uma sociedade moderna com uma base de direitos universais não vive só de benefícios, mas também de responsabilidades. Faz parte do nosso acordo social que trabalhemos juntos para que, na medida do possível, os direitos de uma pessoa não removam os das outras.

E para chegar nesse objetivo, temos que ter muito clara a divisão entre a percepção de um indivíduo e a do todo sobre ele. No caso de um transgênero, especialmente alguém cujo código genético é masculino mas expressa-se como mulher, a diferença entre as percepções é gritante. Sim, podemos entender que aquela pessoa sente-se mulher e quer viver sua vida dessa forma, mas o que ela pensa sobre si não muda a realidade do que é evidente sobre sua aparência e capacidades físicas para outras pessoas.

Apesar dos avanços no campo de tratamentos hormonais, cirúrgicos e estéticos, ainda não há “cura” para nascer no corpo errado. Faz até parte da cultura humana atual brincar com a ideia de que em vários casos um transgênero pode enganar perfeitamente outros seres humanos, mas isso ainda baseia-se em casos excepcionais. Se considerarmos a média, é evidente para as pessoas que aquela mulher na verdade tem um corpo masculino.

E um corpo masculino traz consigo todo o potencial físico que é basicamente inalcançável para uma mulher genética. Sem contar toda uma carga hormonal (o que também significa comportamental) que pode ser mitigada por tratamentos, mas não eliminada totalmente. Entendo que exista um sofrimento muito único dentro daquela pessoa e uma vontade honesta de ser mulher, mas para quem olha de fora, é impossível ignorar a realidade. Gostaria que existisse um tratamento que tirasse o sofrimento dessas pessoas e as colocassem exatamente no corpo com o qual se identificam, mas não é uma realidade.

O grande problema dos dias atuais na questão da integração do transgênero na vida cotidiana da sociedade é remover essa percepção externa da equação. Estão nos vendendo a ideia de que o único caminho humanitário é ignorar o que estamos vendo. Que essas pessoas tem o direito de projetar sua percepção pessoal sobre a realidade das outras. Desculpa a honestidade, mas o cidadão assustado em deixar a filha pequena dividir o banheiro com um transgênero está claramente vendo um homem fantasiado ali! Não existe boa vontade nesse mundo suficiente para mudar os sinais enviados pelos sentidos para o cérebro. Não é uma pessoa horrível que quer oprimir um transgênero, é alguém que está literalmente vendo um homem ali.

Os poucos transgêneros que realmente “passam” tendem a não ter problema algum em participar de ambientes femininos, porque eles conseguem expressar a identidade de gênero externa que as outras pessoas esperam. Tem todo um elemento de obviedade de visual, tamanho e potencial de agressividade sendo ignorado pelos ativistas atuais, e por tabela, passando para políticos desesperados para evitar polêmicas. Não adianta querer ser alguma coisa se você não vai conseguir convencer os outros disso. A tecnologia humana ainda não permite uma transição perfeita para ninguém, mesmo quem tem muito dinheiro ainda tende a parecer com o gênero genético.

E pela falta de admitir esse óbvio, estamos vendo situações bizarras como essa que ilustra a coluna. Definiram uma pessoa pelo o que ela disse que queria ser ao invés do que ela demonstrava ser. Pessoas mentem e abusam de confiança, uma das melhores maneiras de analisar a veracidade de uma identidade é descobrir quais atitudes práticas ela tomou para validar isso. Karen é um estuprador de peruca, não uma transgênero que está claramente se esforçando para viver como uma mulher. Como ninguém teve coragem para observar isso na hora? Ou, pior ainda, como é que o medo de uma polêmica passou por cima da obviedade e colocou em risco as mulheres com as quais ele dividiria uma cela? Não dá para ignorar metade do processo de convivência humana e esperar bons resultados. Sim, o que uma pessoa sente vale muito, mas jamais invalida totalmente a percepção externa sobre ela. É um equilíbrio.

Quando o lacre estupra a realidade, a realidade estupra o lacre de volta.

Para me chamar de transfóbico, para dizer que no Brasil é mais igualitário porque ninguém tem dignidade na cadeira, ou mesmo para dizer que eu sou preconceituoso por ter dois olhos funcionais: somir@desfavor.com


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