Aquela do KY…

Satanás estava mancando. Satanás não gostava de ir ao veterinário graças às más recordações de vacinas e termômetro retal. Era preciso encontrar uma forma de colocar Satanás no carro e leva-lo ao veterinário.

Tomir: Sally, não adianta, ele não quer
Sally: E cachorro lá tem que querer alguma coisa?
Tomir: Quando é mais forte que você, sim
Sally:Tomir, nós somos inteligentes, vamos encontrar um jeito
Tomir: Deixa isso pra lá, Sally
Sally: E o bicho vai ficar manco?
Tomir: Ele vai sobreviver
Sally: Não! Ele vai ao veterinário! Pega um bife e joga dentro do carro!

Siago Tomir foi até a cozinha descrente, pegou um bife na geladeira, abriu a porta traseira do carro e jogou. Satanás olhava com cara de deboche e não se moveu.

Tomir: Tá vendo, Sally? Ele não quer
Sally: Ele não tem que querer, ele vai e ponto final
Tomir: Mais alguma ideia brilhante?
Sally: Olha só, se ele não for ao veterinário, o veterinário vai ter que vir até ele. Vou marcar uma consulta a domicílio!
Tomir: Não sei porque você não fez isso logo!
Sally: Porque custa o dobro da consulta normal
Tomir: *empurrando Satanás para dentro do carro

Diante da ameaça financeira, Siago Tomir colocou o cachorro no braço dentro do carro. Apesar de ser mais forte, acho que Satanás sentiu o misto de determinação e insanidade de Tomir ao ver seu bolso em risco.

Chegando no veterinário, começou o transtorno para tirar Satanás do carro.

Tomir: Puxa, Sally! Puxa!
Sally: Estou puxando! Ele é mais forte, não quer sair!
Tomir: Puxa que eu estou empurrando ele
Sally: Não está adiantando
Tomir: Porra… e agora?
Sally: Assopra o saco dele!
Tomir: VOU FINGIR QUE EU NÃO OUVI
Sally: Sério, só dá uma assoprada, ele vai se incomodar e sair
Tomir: TÁ MALUCA?
Sally: Tomir, apenas faz. Ninguém nunca vai saber
Tomir: EU VOU SABER
Sally: Qual é o problema?
Tomir: O problema é que eu não quero assoprar o saco de um cachorro!
Sally: Fecha os olhos e pensa que é uma vela de aniversário
Tomir: Igualmente ruim
Sally: Assopra ou paga mais caro para o veterinário sair do consultório e vir atender ele aqui

Novamente, Siago Tomir sucumbiu a sua tendência econômica de ser. Satanás deu um pulo para fora do carro e entrou mancando no veterinário.
Tomir: No que a minha vida se transformou…
Sally: Culpa sua, se disciplinasse o cachorro esse tipo de coisa não seria necessária
Tomir: É uma mágoa que vou guardar de você para sempre
Sally: Satanás deve pensar o mesmo de você
Tomir: Ainda bem que cachorro não fala
Veterinário: Boa tarde, Sally! O que ele engoliu dessa vez?
Sally: Muitas coisas, mas nada parece ter feito mal. O problema é que ele está mancando
Veterinário: *examinando
Tomir: Sabe quando eu vou conseguir juntar dinheiro enquanto eu tiver um cachorro?
Sally: Um cachorro sem educação? Nunca
Veterinário: Parece uma distensão muscular sem maiores consequências, uma massagem com calor resolve
Sally: Ele não tolera muito bem água
Veterinário: Nem um pano molhado?
Tomir: Impossível. Depois de um trauma recente, água só quando ele quer.
Veterinário: Vocês podem fazer massagem com uma pomada específica. Tem uma muito boa, de uso veterinário, está aqui o nome. Mas é cara e difícil de encontrar. Se vocês não encontrarem, também pode ser com lubrificante
Sally: Oi?
Veterinário: KY
Sally: OI?
Veterinário: Tem um KY que aquece o local quando é aplicado, vende em farmácia
Tomir: É mais barato?
Veterinário: Muito mais
Tomir: KY então!

Só nos demos consta do impasse quando voltamos para o carro.

Tomir: Eu paro o carro ali, você vai na farmácia e compra
Sally: EU?
Tomir: Qual é o problema?
Sally: Se não tem problema, vai você!
Tomir: EU?
Sally: Qual é o problema?
Tomir: Eu nem sei se vende KY nessa farmácia
Sally: Tomir, aqui é Campinas, deve vender KY em pote de dois litros!
Tomir: Olha o preconceito!
Sally: Para de enrolar, entra lá e compra
Tomir: Sally, é muito pior um homem ser visto comprando KY do que uma mulher
Sally: Eu acho pior uma mulher ser vista, mulher fica mais exposta, é mais julgada, fica “mal falada”, vão falar de mim assim que eu sair!
Tomir: Você se importa com o que o farmacêutico fala de você?
Sally: E você não? Se não se importa vai lá e compra
Tomir: Sally, eu compro nessa farmácia desde que tenho 15 anos de idade
Sally: Ninguém julga homem, todo mundo julga mulher. Seja cavalheiro e compre o KY
Tomir: Ninguém julga mulher que faz sexo anal, todo mundo julga homem que faz sexo anal. Não vou comprar o KY
Sally: Você está sendo indelicado ao me expor a uma situação constrangedora
Tomir: E você quer que a vizinhança ache que eu sou gay
Sally: Tem gente que compra KY sem ser para dar o fiofó
Tomir: Sally, eu nunca comprei, do nada vou e compro…
Sally: Tá, você quer que os populares da farmácia façam piadinha comigo?
Tomir: *pensativo
Sally: Se não tivesse outro jeito, eu comprava e foda-se, mas tem você para me poupar do constrangimento. Não vou passar por isso tendo opção
Tomir: Podemos mandar Satanás para dentro da farmácia com um bilhete na coleira
Sally: Não está ajudando
Tomir: Você pode entrar com ele mancando e explicar que precisa para passar nele
Sally: Primeiro que eu não consigo segurar ele, se ele quiser, ele come os funcionários
Tomir: Isso resolveria o problema
Sally: Eu não vou comprar
Tomir: Eu também não, por mim nem no veterinário eu tinha trazido, só trouxe porque você me obrigou!
Sally: Então vai comprar o remédio mais caro!

Fomos até uma pet shop e não tinham. Fomos a outra e também não tinham. Na terceira negativa, ficamos no carro parado pensando no que fazer enquanto Satanás ameaçava os transeuntes com meio corpo para fora da janela

Tomir: Sally, alguém vai ficar com fama de que dá o cu, é menos grave se for você
Sally: Deixa de ser machista!
Tomir: Eu sou machista? Então entra lá, feminista, bate no balcão, pede um KY e fala “eu dou o cu mesmo”

A discussão virou bate boca, até que fomos interrompidos por uma cabeça na janela:

Alicate: Olá gente bonita!
Sally: Só faltava essa…
Tomir: Fala, Mano
Alicate: Não pude deixar de ouvir a discussão sobre…
Sally: VOCÊ ENTENDEU ERRADO. EXPLICA PARA ELE, TOMIR!
Tomir: Precisamos de KY para passar no Satanás
Alicate: Casal moderno… quem diria!
Sally: EXPLICA MELHOR, TOMIR!
Tomir: Na perna do cachorro, ele está com uma distensão muscular. Precisamos de um KY que esquenta
Alicate: Qual é o motivo da briga?
Sally: Quem vai comprar
Alicate: *rindo
Sally: Qual é a graça?

Alicate saiu, andou até seu carro que estava na esquina, voltou e jogou uma embalagem de KY dento do nosso carro.

Alicate: Tá resolvido o problema de vocês!

Para perguntar se Satanás pegou gonorreia na perna, para se perguntar porque alguém anda com KY no carro ou ainda para focar no fato de que Tomir assoprou o saco de um cachorro: sally@desfavor.com

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Comments (35)

  • Que viagem! Essa foi demais. Imagina se o Tomir morasse aqui na Bahia:
    Oxente, painho! Um baiano comprando KY pra passar num cachorro, chamado Satanas? Nao, definitivamente, nao seria mais um caso de zoofilia homossexual.

    “Alicate: Olá gente bonita!”
    Uso justamente esta frase pra abrir o programa da Radio Comunitaria. Sabe, nao vou usar mais. Nao quero ser comparado ao Alicate…

    Agora ta explicado quais condicoes favoreceram a adocao deste apelido.

  • Não passou pela cabeça do Somir que poderiam achar que ele estava comprando Ky para comer o cú e não pra dar? Se uma mulher compra não resta dúvida, mas se um homem compra existe duas possibilidades para o uso.

  • Rindo até agora do ” Tomir, aqui é Campinas, deve vender KY em pote de dois litros!”… Mas nunca ninguém deu uma versão definitiva sobre a origem da fama de cidade de gays que a outrora “terra das andorinhas” tem até hoje. Eu mesmo posso citar duas.

    Uma das versões cita um escândalo de repercussão nacional envolvendo Carlos Maia, filho do ex-prefeito Orozimbo Maia. Formado em medicina e figura proeminente de Campinas na área cultural, “Carlito” teria sido preso no Rio – então capital federal – nos anos 30 ou 40 por “crime de pederastia” enquanto liderava uma excursão de travestis a um baile de carnaval num hotel chique.

    A outra versão remonta aos tempos dos barões de café, ainda no século XIX. Endinheirados, os prósperos fazendeiros da Campinas daqueles tempos mandavam seus filhos para estudar no exterior, principalmente na França. Vale lembrar que, em ermos de influência, a cultura francesa na época era mais ou menos o que a dos EUA se tornou após o fim da Segunda Guerra Mundial. Os filhos desses barões do café voltavam pra cá após alguns anos com maneiras “afrancesadas”, o que, para os jecas ignorantões e preconceituosos que haviam ficado aqui, só podia ser entendido como viadagem pura e simples.

    • Essa segunda versão origem da fama de Campinas tem uma versão idêntica para justificar a fama semelhante de outra cidade: Pelotas.
      A única diferença é trocar a França pela Espanha.

  • KY fica exposto na gôndola, junto com preservativos, bastava pegar, juntar com umas balinhas no caixa e vazar. Bem provável que o caixa também gosta de dar o Cu, nada relacionado a ser em Campinas!

  • Imagino a cara do veterinário ao saber que o nome do cachorro era Satanás. Igual meu vizinho que tinha um cãozinho minúsculo e botou nome de Hulk. A gente zoava pacarai ele.

  • Por isso eu não tenho animal de estimação. Quando dá defeito é só despesa pro veterinário consertar. Se bem que me falaram que virá lata é mais resistente e não adoece tanto, mas prefiro não ter.

  • Sério ainda acham que Ky é sinônimo de dar cu? Minha namorada faz questão de lubrificantes sempre pra facilitar penetracao e nada a ver com cu. Já faz tempo essa estória ou Campinas é muito caipira? Quanta cufobia!

  • kkkkkkkkk…

    Alicate foi bonzinho e não cobrou pelo KY? Bom, agora Sally não pode acusá-lo mais de ser um inútil. rs

  • “Sally, alguém vai ficar com fama de que dá o cu, é menos grave se for você” HAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAAHHAHAHAHAHAAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

  • Em Campinas não tem delivery? Eu compro produtos de sex shop, mas sempre mando entregar, nunca vou na loja, ou farmácia, etc…

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