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Prêmio Bolão 2019

Com o Bolão 2019, surgiu um impasse na hora de escolher o prêmio, e ao invés de brigarem como de costume, Sally e Somir resolveram tirar a dúvida com os impopulares.

Tema de hoje: o prêmio do Bolão 2019 deve ser tradicional ou trollagem?

SOMIR

Evidente que o prêmio deve ser humilhante, uma trollagem com o vencedor! Os vencedores do ano passado vão receber o prometido, não vamos mudar isso, mas a partir de agora o certo mesmo é assumir a vocação podre de um bolão para ver quem vai morrer ou se foder muito no ano!

Pensem comigo: a pessoa usou seu precioso tempo para pensar em quem vai abandonar essa existência em 2019. Se alguém da sua lista morrer, você vai comemorar! Sério que você acha que isso tem que ser uma situação positiva e feliz na sua vida? Estamos chafurdando na podridão da alma humana, dedos cruzados pela danação do próximo. Claro que eu não sou retardado de achar que isso influencia quem morre ou não, não é um ato diretamente maligno, mas é uma celebração do nosso espírito de porco.

E nada demais nisso: é algo que está presente em todos nós. No ano passado eu usei a expressão alemã schadenfreude como título, cujo significado é ter prazer com o infortúnio alheio, porque isso explica um pouco da graça do Bolão. É a diversão de conseguir acertar o futuro, mas também é um lado nosso que não pode ser desligado: tem algo de divertido em ver o outro se dando mal. A maioria das pessoas acaba dando vazão a esse sentimento vendo vídeo-cacetadas ou mesmo programas policiais vespertinos, e nós refinamos um pouco mais fazendo o bolão.

Somos todos humanos. Talvez ver outros humanos sofrendo com as mesmas coisas que nos fazem mal ajude a nos sentir mais parte desse mundo, mais “normais” por tabela. Inclusive, quanto mais a pessoa que se dá mal parece superior à média, mais divertido fica. Normalmente não é engraçado a ideia que um mendigo ficou todo sujo depois de cair na lama, mas imagine uma celebridade de Hollywood na mesma situação e quase todo mundo vai rir feliz da vida. É bom saber que todo mundo pode se dar mal.

Então, quando eu sugiro um prêmio humilhante para o Bolão, não estou entrando numa vibe de culpa cristã por desejar o mal, mas só aceitando a verdadeira alma desse negócio: somos todos ridículos e gostamos de ser lembrados disso. Saber que pode surgir qualquer coisa na porta da sua casa ou trabalho como prêmio só reforça essa mentalidade. Você está “desejando o mal” e se colocando na linha de fogo ao mesmo tempo. O pacote completo dessa jornada humana num microcosmo do desfavor.

Sem contar que é muito mais engraçado e emocionante. Imagina lidar com a ideia de receber um troféu no correio em comparação com receber uma caixa cheia de consolos de borracha? No primeiro caso, se alguém interceptar seu presente, você fica com algo meio complicado de explicar, mas que no fundo não vai mudar sua vida. No segundo, emoção pura ao receber, ao levar para um lugar solitário para abrir e depois até para resolver o que vai fazer com o prêmio. Evidente que eu não seria tão sem imaginação de mandar uma caixa de consolos, mas exemplifica bem a impossibilidade de explicar isso para qualquer outra pessoa de forma adequada.

E no fundo, o desfavor tem disso: é difícil de explicar. É um gosto adquirido incomum. Um prêmio bacana e tradicional pode ser interessante por um tempo, mas até pela sua definição, não é algo que vai te fazer sentir toda a experiência desfavor. Tem que ser algo que você sofra para manter guardado, que gere uma história muito divertida/bizarra quando descoberto, e que ajude a filtrar gente chata e sem senso de humor da sua vida. As possibilidades de uma premiação bizarra são muito maiores.

Claro que vamos continuar pensando em personalizar os prêmios e criar algo único, isso jamais pode ser perdido. Num acesso de mau humor, eu sugeri dar cem reais de prêmio e foda-se, mas a Sally me criticou com razão. Não pode ser algo normal, estamos no desfavor. Se nosso público quisesse algo normal, estaria em outro lugar. Por isso me parece óbvio que o prêmio de um bolão que escolhe as pessoas que vão morrer e se dar muito mal no ano não pode ser algo bonito e fácil de explicar.

Devemos aceitar a natureza do bolão e do desfavor numa só tacada, e receber de braços abertos a maluquice na qual estamos entrando. E pode ser uma lição valiosa de vida: se você tem medo de receber um prêmio troll que te faça passar vergonha na frente das outras pessoas da sua vida, talvez esteja na hora de rever com quem você se relaciona. Ou mesmo descobrir que as outras pessoas não são tão normais como você imagina. Talvez um prêmio bizarro e humilhante do desfavor descoberto por uma pessoa próxima seja uma oportunidade de descobrir que você estava enganado sobre ela.

Quando você é honesto sobre sua humanidade, as outras pessoas tendem a se sentir mais seguras para serem honestas sobre a delas. Não só você pode ter algo engraçado e único como prêmio, como ainda pode gerar reações muito mais reais das pessoas ao seu redor. O prêmio troll gera fatos novos, o prêmio tradicional é mais do mesmo. Se você quer mais do mesmo, tome as mesmas atitudes de sempre. Se você quer novidades, tem que mudar a forma de agir.

Pensem bem: se ficar definido o prêmio “fofo”, é o caminho que vamos seguir daqui pra frente. Como pretendemos manter o desfavor por muito tempo ainda, uma hora você pode ganhar. E quando isso acontecer, você quer algo que todo mundo pode oferecer, ou algo que só o desfavor pode fazer por você?

Para dizer que eu devo ter uma caixa de consolos que estou querendo desovar, para dizer que ao contrário de mim tem uma vida social para se preocupar, ou mesmo para dizer que aceita os cem reais porque também é morto por dentro: somir@desfavor.com

SALLY

Pensem comigo: o que é um prêmio? Prêmio é uma recompensa, um reconhecimento por algum feito, destaque ou mérito. A premissa é um reforço positivo, algo que justifique todo o esforço empenhado.

Quanto mais legal o prêmio, mais as pessoas se engajarão para alcançar o objetivo proposto. É um mecanismo bem simples, que funciona desde que o mundo é mundo, mas que, infelizmente, ao que tudo indica, ainda precisa ser explicado para alguns desajustados sociais.

Somir propõe que o prêmio do Bolão 2018, vencido pela Suellen e pela onipresente Lilith, seja um prêmio fora do padrão, algo que mais faça rir e cause constrangimento do que recompense pelo esforço de terem perdido seu tempo tentando prever o que aconteceria no ano de 2018. Na boa, se a contrapartida é ser sacaneada, eu prefiro nem entrar em um bolão. Depois ele reclama que tem baixa adesão nas ações que promovemos do Desfavor…

É possível ser criativo sem sacanear a pessoa. Não estou defendendo uma medalha banal escrito “Campeão do Bolão”, é possível inovar sem dar um prêmio com cara de “inimigo oculto”. Sei que quem adere ao bolão o faz mais pela brincadeira do que pelo prêmio, mas receber um vibrador com o logo do Desfavor ou um DVD de Lua de Cristal comentado por nós não tem qualquer utilidade e ainda pode causar sérios constrangimentos quando do recebimento. Boa sorte para explicar esse tipo de bizarrice para quem mora com você.

Não seria mais bacana dar um prêmio que efetivamente tivesse alguma utilidade na vida dessas pessoas? Não precisa nem ter valor material, pode ser algo que simplesmente seja bacana e divertido. Eu pessoalmente acho que experiência proporciona algo maior que um bem material, por isso no ano passado permitimos que os vencedores escolham o tema dos textos no mês de fevereiro. Pode ser um jantar, pode ser qualquer coisa, desde que proporcione uma experiência que seja única para os vencedores.

Mas não, Somir quer sacanear o leitor. Esse conceito estranho de Amizade Alicate que ele tem, de achar que se demonstra afeto humilhando o coleguinha, fazendo brincadeiras de gosto duvidoso, essa mentalidade que deveria ter se esvaído na adolescência, por algum motivo ainda está entre nós. Vai fazer o que? Desenhar um passaralho na janela da pessoa? Colar chiclete no cabelo do vencedor? Passar pasta de dente na cara da pessoa enquanto ela dorme? Por favor, vamos ter vergonha na cara.

Um prêmio que recompense os vencedores não precisa ser algo banal, clichê ou previsível. Pode ser algo criativo, diferente e inesperado. Não é sobre o estilo do prêmio e sim sobre o sentimento que ele desperta em quem o recebe: o prêmio deve deixar a pessoa feliz, orgulhosa e motivada ou constrangida, envergonhada e horrorizada?

Dar um prêmio que não cause constrangimento não significa se levar a sério nem perder o bom humor, significa apenas premiar quem teve mais acertos. Por mais que nossa premissa básica seja tentar fazer as coisas de uma forma diferente, se o prêmio sacanear o vencedor, estaremos desvirtuando toda a premissa básica da brincadeira.

E não pense você que é espertão escolher um prêmio de sacanagem para os outros, pois ano que vem o sacaneado pode ser você. A decisão que sair daqui hoje norteia os próximos prêmios de futuros bolões. Então, a pergunta não é o que você gostaria para a Lilith e para a Suellen, e sim o que você gostaria se fosse você o vencedor. Se vocês querem ganhar as galochas e as roupas que os peões usavam na Fazenda, podem votar no prêmio pegadinha do Somir.

Pessoas tem família, pessoas coabitam com outros seres humanos. É, no mínimo, indelicado enviar um presente que a pessoa sinta taquicardia de abrir na frente daqueles que vivem com ela. Pode inclusive causar um incidente familiar bizarro se os presentes não estiverem cientes do Desfavor (e eu recomendo que não estejam). A ideia é divertir e premiar, não causar transtorno, medo e problemas.

Um prêmio que tem que ser aberto quando todos estão dormindo, escondido, no banheiro, me parece mais uma punição do que um prêmio. Um prêmio que precisa ser escondido para não causar perguntas, desmaios ou divórcio me parece mais um castigo do que um prêmio. Uma coisa é desfilar barbaridades aqui, em um ambiente controlado, outra coisa é materializar estas barbaridades como realidade na vida pessoal do leitor.

Quando entramos na casa do leitor, na sua vida pessoal, é imprescindível ser muito cuidadosos e respeitadores. Nossa falta de limites encontra uma barreira bem clara: causar qualquer prejuízo ao leitor. Querer ser surtado no virtual ok, mas na vida real me parece apenas inconveniência. Eu piso em ovos quando entro um milímetro na vida real da pessoa. Prefiro pecar pelo excesso de cuidado, pois é como eu gostaria que tratassem a minha vida pessoal.

Estamos abertos a sugestões de prêmios, seja no gênero, seja de forma mais específica. Queremos inclusive a opinião dos vencedores. Independente do que seja decidido aqui, o prêmio continuará sendo uma surpresa que só será revelada se os vencedores assim o fizerem. Além disso, o prêmio deste ano não necessariamente se repetirá na exata mesma forma no ano que vem, apenas queremos um norte do que vocês acham mais bacana como premiação.

Por fim, nada impede que um dos vencedores queira um prêmio Estilo Somir e o outro queira um prêmio Estilo Sally, podemos providenciar algo que sacaneie e algo que recompense sem o menor problema. Não há necessidade de que os vencedores cheguem a um consenso. Mas, de qualquer forma, queremos a opinião de todos.

Opinem com sabedoria, amanhã esta decisão pode afetar você.

Para dizer que o prêmio deveria sem em dinheiro, para dizer que a vontade de sacanear o coleguinha é maior ou ainda para dizer que como não é com você, não se importa: sally@desfavor.com

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bolão desfavor

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