Desfavor da semana: A bomba estourou…

Bollocks!Na sexta-feira, a Noruega sofre um terrível atentado com a explosão de uma bomba em sua capital e um massacre covarde de jovens numa ilha por um maníaco nacionalista. O mundo começa a discutir a forma como lidamos com… PAREM TUDO!

No sábado morreu uma drogada! Vamos falar só disso agora! Aliás, vamos transformá-la em santa, em gênio musical, em…

Desfavor da semana.

SOMIR

Tem gente que é tão inconveniente que nem para morrer presta. Amy Winehouse tomou de assalto a mídia com seu suicídio (encher o cu de tudo quanto é tipo de droga por anos a fio é suicídio) e seu obrigatório processo de canonização popular.

Não tem nada mais lucrativo para a imagem de um artista que morrer cedo. Agora ela que já tinha a imagem de cult vai virar gênio, voz atormentada de uma geração que nunca teve muito o que dizer para começo de conversa… Se a maioria dos roqueiros dos anos 60 e 70 não tivesse morrido cedo, não teríamos um décimo das “lendas” que temos hoje. É aquela velha história de não ter tempo de cagar a própria imagem.

Imaginem o Roberto Carlos (o da perna de pau) (que não joga futebol), se ele tivesse empacotado logo depois de seu estouro na mídia, seria lembrado hoje como uma espécie de Elvis brasileiro. Mas como ele continuou vivo, pensamos automaticamente em música brega e fãs geriátricas. Se a AIDS não tivesse nos livrado de Renato Russo, podem apostar que ele seria mais um Fábio Júnior ou Wando na nossa imaginação coletiva. (Eu LEMBRO daqueles discos e músicas breguíssimas da carreira solo…)

Amy Winehouse não tinha mais para onde ir. Admito que ela fez algumas músicas muito boas, mas naquele ritmo de vida, não tinha mais nenhum lampejo de brilhantismo no seu futuro artístico. O mundo perde uma drogada e ganha uma estrela póstuma. Em algumas décadas eu vou descobrir se minha teoria sobre a Janis Joplin era verdadeira…

Pois bem, o meu desfavor da semana é a morte de Amy Winehouse, mas não exatamente porque vamos vivenciar mais um daqueles reconhecimentos póstumos irreais de celebridade vagabunda, e sim porque no dia anterior aconteceu algo muito mais importante que perdeu “fôlego midiático” por causa dela.

Foda-se se você liga ou não para a Noruega, o que aconteceu por lá tem muito mais peso histórico e tende a influenciar bastante o mundo. A primeira idéia de todo mundo foi que aquilo tinha sido um ataque de fanáticos religiosos muçulmanos. Passamos tanto tempo encanados com esses malucos que esquecemos que os nacionalistas fanáticos também são farinha do mesmo saco. O atirador conhecido em questão era norueguês, loirinho, olho azul e cristão. (Ser religioso na Noruega já é meio que sinal de loucura… Não tem pressão social nenhuma para acreditar no amigão imaginário. É mais ou menos como ainda acreditar em Papai Noel depois de adulto no Brasil…)

Nos últimos casos de assassinos covardes eu fiz questão de frisar que gente assim pode acreditar em qualquer merda que não faz a menor diferença. Sociopata não depende de uma ideologia ou outra. E por incrível que pareça: O homem bomba do Oriente Médio não é um sociopata. Ele está muito bem conectado com a sociedade à sua volta e faz isso por pressão ou lavagem cerebral desde a mais tenra infância.

Não podemos tratar o maluco norueguês como retrato fiel do conservadorismo europeu. Lá a coisa está ficando complicada com a imigração em massa de muçulmanos indispostos a aceitar uma nova cultura. Existe sim um movimento de repulsa até que justificável em vários dos países mais desenvolvidos do Velho Continente. Partidos conservadores começam a vencer eleições prometendo maior controle de imigração e medidas mais duras contra a teimosia dos islâmicos em se misturar. Imigração é uma coisa bacana quando os povos trocam conhecimento e experiência, quando as pessoas interagem.

O que os muçulmanos tendem a não fazer por lá. Fecham-se em guetos e começam a brigar para que as leis locais reflitam SEUS valores. Faz tempo que eu venho acompanhando a cobertura e os comentários de europeus irritados com essa forma de imigração golpista. É mais ou menos como convidar alguém para morar na sua casa e essa pessoa se enfiar num quarto sem nunca mais falar com você. (Ou te deixar entrar lá…) Compreendo quando alguns dizem que aquilo é invasão.

Na Escandinávia não é diferente. É compreensível que grupos se organizem para evitar essa bomba relógio, por mais que angariem retardados nazistas no meio do processo. Eu sei, eu sei… Mas não vivemos num mundo de respostas fáceis. O lance era controlar esses extremistas e tentar montar uma defesa cultural mínima. Eu cago e ando para essa coisa de “preservar cultura”, mas quando uma é obviamente mais civilizada e afeita aos direitos humanos como a secular européia em relação aos talibãs da vida, existe uma certa lógica.

Não é para sair matando ninguém, mas não dá para querer ser bonzinho com todo mundo. O que o atirador norueguês acabou de fazer é extremamente danoso para os que tentavam resolver o problema. Igualou os piores fanáticos de um lado com os de outro. Nazismo não resolveu porra nenhuma (e nazismo não é idolatrar o Hitler, é nacionalismo exacerbado) e se o movimento de “proteção” européia ganhar essa cara, vai virar uma guerra aberta, com dois lados cegos em relação ao meio termo pacífico.

E a Noruega era um desses paraísos de bom-senso no mundo. Triste ver um dos melhores modelos sociais DA HISTÓRIA HUMANA tomar uma cacetada dessas. Medo é uma arma poderosa, espero que eles estejam acima disso e não comecem a enxergar o problema de forma bélica. O maluco tem que ser visto como MALUCO (foi um plano foda, admito, mas é coisa de gente doente da cabeça…) e não representar nada na escala geral das coisas. Sim, é um desfavor terrível que tantos tenham morrido, mas isso é o óbvio.

Também espero que o acontecido não seja totalmente eclipsado pela drogada de merda. Embora já esteja vendo isso acontecer. Merda de mundo…

Para dizer que foi o texto mais estranho sobre a Amy Winehouse que você já leu, para me chamar de nazista (wat), ou mesmo para afirmar que Gezuiz puniu o país mais ateu do mundo (seu saco de merda inútil!): somir@desfavor.com

SALLY

Morreu Amy Winehouse. Não, não estamos te trollando, ela morreu mesmo. E não, o Desfavor da Semana não é sobre a perda de uma grande cantora e todo o blá blá blá que você vai ouvir e ler por aí. O Desfavor da Semana é a glorificação do estilo de vida DE MERDA que ela levava e todo o endeusamento que essa drogada idiota vai receber. Impressionante como pessoas sobem vários degraus de status social quando morrem.

Ok, você pode até achar que ela canta bem, mas, responda sinceramente: se ela não fosse extremamente polêmica/auto-destrutiva, será que seria tão famosa? Coisa mais anos 80 fazer esse papel de “genialidade sofrida”, de ídolo transtornado que se destrói até morrer. Vai desculpar, mas eu acho isso brega. Eu não tenho qualquer admiração por Amy Winehouse. Canta bem? Pode ser, mas tem tantas pessoas que cantam bem e não são idiotas e imbecilóides!

Por melhor que ela cante, acho que foi coisa de OTÁRIO pagar para ver um show dessa mulher. Ela entrava drogada, errava a letra, ficava cambaleante. Mas esses pseudo-atorezinhos-intelectualóides globais pagavam e achavam aquilo muito cult, muito genial. Vão se foder! Não lamento nem um pouco a morte de Amy, foi praticamente seleção natural. Lamento a morte de quem não fez nada e acaba sofrendo uma fatalidade. Amy procurou o que teve e, sinceramente? Até que durou demais!

Acredito que aconteça com ela o estranho fenômeno da divinização das pessoas mortas. Um saco, os cornos feios de Amy vão aparecer em tudo quanto é lado e sua voz forçada para parecer uma cantora negona vai nos paunocuzar de forma onipresente. Só a gente consegue ver que ela NÃO VALE tanto confete? Cantar bem não te autoriza a fazer infinitas cagadas na vida pessoal. Amy é digna de desprezo e não de admiração. A minha admiração eu guardo para quem canta bem E tem cérebro.

Amy não é cult, é uma idiota. Amy não expressa o sofrimento humano e sim a fraqueza. Ela não sofria nem mais nem menos do que todos nós ao longo da vida, apenas optou por se entorpecer e não encarar os problemas de frente. Lamento por quem pensa que porque se trata de um “artista” tem o direito de ser problemático. Lamento mais ainda por quem é imbecil de pensar que um artista problemático ganha um toque de glamour.

Também quero deixar meus parabéns para a família dela, por ter permitido que ela se mate lentamente na frente do mundo todo. Ok, é uma pessoa adulta, fica mais difícil de ajudar, mas quando se tem tanto dinheiro e recursos disponíveis, fica fácil conseguir uma interdição judicial da pessoa (um juiz declara que a pesso não está apta a tomar decisões sobre sua vida) e interná-la à força em alguma boa clínica ou coisa do tipo. Mas não, neguinho deixou correr solto. Ela ia para a rehab, passava um ou dois meses (se tanto) e depois saía. Tava na cara que não ia prestar. Tem que deixar em isolamento por anos, não por meses.

Ela não queria? Drogado não tem que querer. Eu sei que não é fácil, mas é possível. Se for o caso, deixa na rehab o resto da vida, o que não pode é devolver para o mundo artístico, onde ela terá contato quase que certo com drogas. Não pode voltar para um mundo onde entorpecentes são quase que sinônimo de status. Muito bacana a família dela. Famílias não cheias de dinheiro não podem ajudar muito a um drogado, mas a família de Amy podia. Preferiram não contrariá-la e deixá-la morrer. Por mim tudo bem, eu acho que quem quer se matar merece alcançar seu objetivo.

Sem contar que não foi uma surpresa para ninguém o fato dela estar abusando de drogas e alcool, ao contrário de outros casos como Michael Jackson. Se fosse uma coisa oculta, eu até dava um desconto. Mas vários médicos avisaram de forma pública que se ela continuasse assim não teria mais de seis meses de vida. Isto pedia ou não pedia uma atitude extrema? Todo mundo assistuiu a auto-destruição de Amy. Família, amigos, fãs. Assistiu e deu ibope. Foi a show, comprou CD, recompensou o personagem que ela criou. Agora todos lamentam? Ora, vocês alimentaram isso! Se as pessoas tivessem o bom senso de desprezar gente que faz estas coisas e ela não obtivesse sucesso PORQUE usou drogas, quem sabe ela teria parado.

Queria ver se ela fosse uma mãe de família com dois filhos, casada, que cozinha bolo com avental. Garanto que estaria no anonimato ou muito menos famosa do que é. Porque drogado sofredor tem glamour na sociedade. Um grande desfavor. Escutam uma drogada dentro de casa, prestigiam, chamam a mulher de gênia e depois ficam super chocados quando descobrem que os filhos usam drogas. Uma coisa é um artista usar drogas. Outra coisa é um artista ser movido a drogas. O combustível de Amy eram as drogas. Prestigiar alguém assim é validar sua conduta.

Numa boa? Eu nem acho que ela cantava tanto assim. Tira o penteado, tira os escândalos, tira a atitude bizarra, tira a maquiagem. Bota de cara lavada, calça jeans e blusa branca sozinha com um banquinho e um violão. Já vi coisa melhor. Mas as pessoas adoram idolatrar a decadência, talvez porque é bom pensar que mesmo que qualquer um de nós fique decadente ainda pode ser admirado.

Idolatrar Amy é glorificar seu estilo de vida bêbado e drogado. Lamentar a morte de Amy é validar suicídio. A mulher queria morrer faz tempo, conseguiu o que queria e eu a acho uma idiota por causa disso. O fato dela cantar bem (ou não) não muda em nada o fato dela ser uma imbecilóide indigna de admiração.

Infelizmente as pessoas não entendem isso. Cantar bem já perdoou coisa pior, tipo pedofilia (Michael!). Talvez eu tenha errado em fazer direito, talvez eu devesse ter sido cantora, assim teria o aval social para fazer qualquer merda que eu quisesse se cantasse bem, encoberta pelo manto de “artista atormentada”. Com a diferença que eu não me mataria, mas, vou te contar, mataria um monte de gente!

Amy: já vai tarde. Tenho pena de quem QUER viver, de quem cuida de si e ainda assim a vida lhe é tirada. De Amy não tenho não. Quem planta merda colhe bosta. Pena que tem gente idiota o bastante para bater palmas para quem está colhendo bosta.

Para dizer que você acha que cantar bem livra a pessoa de qualquer obrigação social, para dizer que ela seria uma boa esposa para o Pilha ou ainda para dizer que está cagando baldes para Amy Winehouse: sally@desfavor.com

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Comments (21)

  • Eu também não sou apegada a essa coisa de preservar cultura. Mas também acho meio besta ir pra outro país, ficar ostentando “estrangeirices”, se isolar e se recusar a se adaptar a uma cultura diferente; e ainda se vitimizar quando leva críticas.
    Enquanto essa massa de muçulmanos continuar agindo assim, continuarão a serem hostilizados na Europa e vistos como ameaça, praga, monstro engolidor de culturas.

  • ( Comentário bastante anacrônico )

    Não estou familiarizada com as músicas da Amy, exceto as mais populares – o que gera, de cara, presunção de mediocridade. Mas a voz dela era interessante por ser diferente e a música fugia do POP massificante. Indiscutivelmente, o grande espetáculo que ela protagonizava era a “vida” marginal que levava. Decrépita, era a melhor palavra pra descrevê-la.

    E concordo com o Somir: com tantas notícias verdadeiramente importantes para serem divulgadas e estamparem os grandes jornais, preferiram publicizar o suicídio desta mulher. Lamentável…

    Ah! Aproveito para AGRADECER ao SOMIR por ter destrinchado a situação político-social que culminou com o atentado na Noruega. Até esta data, ainda não tinha entendido a real motivação do atentado.

  • A Amy tinha data de validade, não só pelo uso abusivo de drogas, mas porque muita gente se beneficiará com sua morte justamente aos 27 anos, como por exemplo seu agente, que já deve estar enchendo as burras de dinheiro. Deixaram a situação ficar irreversível, ela não conseguia mais se apresentar, os shows foram cancelados, que seria melhor então? Morre, entra pro tal "clube dos 27" e vende CD's como água. São abutres, assim como a família do Michael, que resolveu fazer tributo ao cantor pra ver se angariam algum $, já que todos são falidos.

  • Ah, só esse blog pra me fazer feliz…
    Quando falo que cago baldes pra essa drogada e que ela só teve o que tanto queria em vida me chamam de sem coração! Faça-me o favor né?
    Essa coisa de endeusamento automático pós morte é um pé no saco!
    E outra, nunca liguei uma pipoca pra música dela e sempre pensei em quem seria fã de alguém que nunca teve um pingo de respeito por quem sustentava seu vício e enchia seu bolso de grana!
    Gostei muito do post do Somir, esse assunto que merecia a plena atenção da mídia, mas vende menos jornal né? Triste…

  • Chocante… achei que vocês estavam exagerando falando que essa vadia drogada iria ofuscar os atentados na Noruega. E infelizmente, vocês estavam certos. Que merda de mundo.

  • Sally ja fez "Processa Eu!" sobre Michael Jackson?

    Todo mundo me olha torto quando digo que nunca vi graça nele. Fazer o que?!

    O que o Somir falou é mais do que verdadeiro. As pessoas deveriam rever suas prioridades. Acabei de ver reportagens sobre as duas noticias na tv: pessoas acendendo velas para os mortos na Noruega e depois ingleses acendendo velas para a Amy drogada (não que acender velas mude alguma coisa). As pessoas realmente têm problema na cabeça.

  • Back to Black é um álbum muito bom. Gostava dela como cantora, quando sóbria. De resto, não batia bem da cabeça.

    Só estou preocupado é com o PIB da Colômbia…

  • Já vai tarde mesmo. Além de desperdiçar oxigênio, água e outros recursos que já estão escassos neste planeta por longos 27 anos, ajudou a cadeia produtiva da cocaína e de outras drogas sendo uma fiel consumidora.

    Apenas espero que seus familiares possam aproveitar a única coisa boa que esta idiota deixou neste mundo: o dinheiro. Isso se não virou totalmente pó…

    Suellen

  • Sally,

    evita usar a palavra PENA. É muito clichê. Fora que o mais baixo escalão da sociedade usa essa merda: "Eu tenho pena". Percebesse?

    Fora que abre espaço para quem é mais ligado em debates, como:

    a) quem tem pena é galinha (clássico)
    b) obrigado por se preocupar comigo, pelos seus sentimentos, mesmo esses não valendo nada eu não pedi sua ajuda, se preocupe com sua vida…e por ai vai. Não falta pano para manga.

    Sei que cada caso é um caso, mas seu nível tá bem acima disso.

    Valeu

  • Eu tinha 'amigas' morando em Londres e conheci Amy, (Stereophonics, etc), antes de muita gente. E continuei gostando mesmo depois da popularização.

    PRa mim, ela fez algumas musicas muito boas, e resgatou o SOul do ostracismo e mostrou ao mundo novos artistas que devem muito a Amy.

    Fico chateado por sua previsivel morte, pela sua escolha de vida. E não glorifico ela gora mais que antes. Tinha de se foder mesmo.

    Mas chegar a dizer que ela não cantava, já é demais.

    Ps.: Quanto a Noruiega, eu nem fiquei sabendo de nad. A midia é foda.

  • Eu só achei estranho que anunciaram que um homem loiro e alto vestido de Policial cometeu um atentado na Noruega.

    Alto e loiro por lá? Estranho!

    Tinha coisas em comum com a Amy, segundo eu li, o mesmo CID. Aliás, preciso fazer um texto sobre isso para o Desfavor convidado.

  • Sallyta, vai só pra ti por que o Champs meio que já respondeu por vias tortas:

    1) Amy Winehouse e Janis Joplin, tudo a ver? (Coincidência curiosa: não é que as duas mongas conseguiram se matar com a mesma idade?!?)

    2) Em termos musicais, o que é que tu acha da Joplin?

    Forte abraço!

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