Ele disse, ela disse: Anulando o voto.

Para votar no Pilha, digite 516924.

ATENÇÃO: HOJE TEMOS MAIS UMA EDIÇÃO “MENTIROSA”. CABE A VOCÊ, DESFAVOR DE LEITOR, DESCOBRIR QUEM ESTÁ VERSANDO UMA OPINIÃO CONTRÁRIA À HABITUAL.

(20/09/2009) RESPOSTA NO FINAL DO TEXTO.

Sim, não estamos nem perto de uma eleição, mas isso não impede que o desfavor discuta o assunto. Até porque a idéia de anular um voto mexe com noções bem mais complexas do que apenas um evento eleitoral. Sally e Somir vão discordar completamente sobre a validade ou não de um voto anulado (de protesto).

Tema de hoje: Vale a pena anular seu voto?

Sim, vale. Democracia é muito mais do que a vontade da maioria. Democracia é um governo do povo para o povo, que por questões práticas, escolhe representantes para acumularem poder de decisão e a responsabilidade por essas decisões.

Representantes. Se o povo é a fundação, essas pessoas ESCOLHIDAS do povo pelo povo são as que dão forma para uma civilização democrática. Hierarquia e ordem são necessárias para que as pessoas saibam que caminho seguir. O que é bom-senso para um pode ser bobagem para outro. O que é sagrado para um pode ser ofensivo para outro. O que é crime para um pode ser mais um dia na vida de outro. Talvez num futuro bem distante, não precisemos disso para conviver de forma minimamente pacífica, mas esse tempo está longe de chegar.

Democracia é a vontade, a voz, os direitos e os deveres de cada um. Todos nós somos as maiores autoridades nesse sistema. Todos. Mas não precisa pensar muito para perceber que obviamente as coisas não funcionariam se o poder fosse dividido de forma igual para pessoas diferentes. É questão prática, simples: Não é possível que todas as pessoas de uma nação democrática tenham exatamente os mesmos objetivos.

Por isso a idéia de escolher representantes que consigam ser a voz e a vontade de várias pessoas ao mesmo tempo. O representante não é você, mas está perto o suficiente dos seus objetivos para ser uma boa escolha para assumir cargos de poder. E cabe a cada cidadão com direito a voto fazer sua escolha. Quem vai te representar?

Eu, por exemplo, jamais votaria num candidato que usa idéias ou símbolos religiosos para se promover. Como um candidato evangélico representaria uma pessoa que ACHA UM CRIME que igrejas não paguem impostos nos dias de hoje? Mas, ao mesmo tempo, uma pessoa que deseja dogmas e “favorecimentos cristãos” estatizados vai achar esse candidato muito próximo do seu objetivo.

Pessoas diferentes, representantes diferentes. É perfeitamente justo que uma pessoa possa se candidatar desde que respeite os pré-requisitos básicos para o cargo. Nisso não se mexe de forma alguma, isso é uma idéia básica da democracia.

Mas eu tenho como influenciar com minha vontade e minha voz. O meu voto é uma declaração, com ele eu posso dizer quem merece me representar e cuidar dos meus interesses nas esferas superiores de poder.

E se ninguém merece ou pode me representar? Hoje em dia uma pessoa que quer ética e eficiência em sua representação política pode mesmo dizer que está bem servida? Ano após ano, administração após administração, o grau de corrupção e incompetência de nossos políticos demonstra que algo está muito errado com a idéia de democracia. O senador que desvia milhões de reais de projetos e programas de saúde básica representa seus eleitores? Representa a vontade de alguém ter uma das cargas tributárias mais altas do mundo sendo pilhada (há) por bandidos e incompetentes enquanto nos falta infra-estrutura das mais básicas no país? Representa você?

E é nesse momento onde um voto de protesto, um voto anulado de forma consciente, quer dizer que você não compactua com corruptos e vagabundos. Um voto anulado tem uma mensagem: “Vocês NÃO me representam.”

Democracia é muito mais que a vontade da maioria. É a voz dissidente. É a liberdade de discordar e a capacidade de influenciar. Se a maioria está escolhendo pessoas que não são dignas do poder que vão ter em suas mãos, não se esqueça que você é parte da fundação. Você é o dono da democracia. Um voto anulado é a sua voz dizendo que escolher por escolher é pouco. Quando você vota tentando minimizar danos, reforça o comportamento negativo de nossos representantes.

Quando você vota em alguém sem convicção, você está dizendo que para eles basta ser MENOS PIOR. Depois não sabe porque isso aqui é uma república das bananas! Muito me admira que a Sally ache bonito abaixar a cabeça e aceitar qualquer merda.

É como tentar fechar um buraco de bala com um band-aid. A noção de menos pior vai se deteriorando conforme continuamos votando por votar. Não importa quantos band-aids você colocar em cima, a ferida causada pela bala vai continuar piorando as chances de sobrevivência da pessoa. A cada vez que você vota no menos pior, ele vai baixando o nível geral, e na próxima eleição, a idéia de menos pior vai ser ainda mais generosa.

Se você, que é a fundação da democracia, deixa que pessoas incapazes moldem a sociedade, você perde o seu significado. Nem a melhor das fundações pode evitar que uma casa mal construída desabe.

É a sua, a minha, a nossa função fiscalizar e escolher quem pode ou não ter essa responsabilidade. E se você não encontrar quem o valha, pode e DEVE protestar. Tem muita gente boa por aí querendo uma chance e você vai continuar votando no menos pior, que a cada eleição fica pior? O problema é seu também! Quem desiste é quem vota em qualquer um.

Deixe de compactuar. Se não encontrar quem te represente, diga isso da forma mais contundente que cada um de nós, como bases dessa democracia, podemos dizer: Vote nulo. O voto em branco é um voto em menos pior “por tabela”. Apenas o nulo diz que você NÃO quer esses candidatos falando por você. Isso é, se você tiver coragem de assumir uma postura ao invés de ficar sendo “levado pelo vento” por aí.

Você pode ser o seu representante. Vote em você. Vote nulo.

Para dizer que eu estou mentindo dessa vez porque da última foi a Sally, para dizer que eu sou um anarquista maldito ou mesmo para dizer que está esperando o Pilha se candidatar para ter seu primeiro representante de verdade: somir@desfavor.com


Anular voto é pirraça. É sentar e espernear no chão. É imaturidade, protesto vazio, rebeldia a qualquer preço. Não me entra na cabeça como alguém pode achar alguma produtividade em anular voto.

Quando ao menos se podia escrever qualquer nome em uma cédula, até entendo o espírito de porco de alguns em colocar nomes de pessoas que não são candidatas (deve ser a maior emoção poder votar para Rafael Pilha para Presidente da República, não nego). Mas ainda assim, bancar o troll com a sua cidadania passa dos limites. Quem dirá agora que votamos nessa urna eletrônica que nem sequer nos dá a oportunidade de fazer uma piadinha!

Em qualquer eleição, até mesmo para síndico, existe um candidato menos pior. Mesmo que você pense que todos os candidatos são uma merda, mesmo que você não simpatize com nenhum, sempre tem algum que é menos merda e que no cômputo geral, que pelo conjunto da obra, te favorece mais. Anular o voto é pura preguiça de parar para pensar nos prós e contras de cada candidato.

Quem acha que faz algum tipo de protesto anulando voto se engana. Ninguém se importa. Não tem efeito prático algum. Ainda que uma eleição possa ser anulada se tiver um número determinado de votos nulos, isto dificilmente acontecerá. É muito mais útil escolher um dos candidatos em vez de bancar o rebelde.

Quando falamos de eleições para cargos políticos é pior ainda. O direito ao voto direto foi tão batalhado aqui no Brasil que me dá náuseas ver pessoas rasgando seu voto ao meio achando que com isso mostram alguma rebeldia. Melhor seria se o povo aprendesse a votar, tivesse memória política (Collor no Senado? Oi?) e não votasse repetidas vezes em candidatos reconhecidamente desonestos (Maluf? Oi?).

Não sou muito entusiasta da democracia não, viu? Isso não é um discurso de esquerda. A democracia é uma merda, só que os outros sistemas são ainda mais merdas. O que fundamenta minha campanha por um voto válido é a aversão que eu tenho a deixar que os outros decidam por mim. Se esquivar de responsabilidades é uma coisa nojenta. O cidadão tem a responsabilidade do voto, sua obrigação é utilizá-lo da melhor forma possível.

Protestos que não tem utilidade prática também me tiram do sério. Graças a eles tenho pavor de algumas ONGS, de ecologistas no geral (Greenpeace? Oi?) e outros grupos que gostam de fazer barulho sem resultado nenhum. Se utilizassem essa força de vontade toda para um fim produtivo, resolveriam o problema de forma muito mais eficaz. O que te traz anular o voto? Nada. Porra nenhuma. Quer ir contra o sistema? Quer manifestar inconformismo? Faça um voto de protesto, vote naquele candidato mais radical. Anular voto é votar com a maioria, não importa qual ela seja.

Alguém sabe me dar um exemplo, acobertado pela legislação nacional (não vale aquela eleição para Chefe de Estado de uma republiqueta qualquer) de um único caso onde anular o voto tenha trazido algum resultado prático positivo? Pois bem, se não há resultados práticos positivos, porque merda anular o voto? Vaidade? Rebeldia? Descontrole emocional?

Anular o voto é se eximir de responsabilidade. Tenho horror a gente que foge de responsabilidade. Respeito mais quem votou com convicção na Mãe Loira do Funk, Verônica Costa, ou no Cãozinho dos Teclados, Frank Aguiar, do que em uma pessoa que se omitiu. Nunca gostei de covardes. Prefiro gente que faz bosta do que gente que se esconde e foge.

“Mas Sally, não adianta nada, é um bando de ladrão filho da puta, não faz a menor diferença mesmo…”. Eu até concordaria com esse argumento se o voto fosse facultativo no Brasil. Mas é obrigatório. Você vai ter que levantar o popô do sofá, fazer fila e votar. Porra! Já que se deslocou até lá, custa escolher um que seja menos pior? Um que reflita melhor as suas convicções?

E é aí que reside o problema. Para escolher, é preciso conhecer. Ninguém se dá ao trabalho de conhecer os candidatos. Alguém procura saber sobre suas propostas? Sobre seu passado? Sobre sua credibilidade? Sobre suas alianças? Não. Mas a trama da novela das nove, quem matou quem, quem é filho de quem, quem vai casar com quem, isso todo mundo sabe. Assim fica fácil colocar a mão na cintura e dizer que este país não tem jeito.

Votar implica muito mais que meter o dedão na urna e ouvir aquele barulhinho irritante. Votar implica em um estudo prévio dos candidatos. E não me refiro apenas à política. Eu presto atenção em quem eu voto, mesmo que seja para melhor cantor do ano. Posso até me enganar, mas ao menos tento fazer a coisa certa. É esse estudo prévio que falha aqui no Brasil. Fica mais fácil se convencer que tudo é uma bosta por igual e que não tem mais jeito para justificar a alienação. É cômodo anular o voto. É cômodo deixar a responsabilidade nas mãos dos outros.

Sabe aquela sua colega de trabalho que é uma anta? Pois é, ela vota. Sabe aquele seu vizinho que é EMO? Pois é, ele vota. Sabe aquela sua tia que acha que o Brasil estava melhor na época da ditadura militar? Pois é, ela vota. Sabe aqueles ex-BBBs que se acham celebridades? Pois é, eles votam. Sabe a Carolina Dieckmann? Pois é, ela vota. Tem certeza que quer deixar a decisão nas mãos dessas pessoas?

OBS: Já que o assunto é voto… a Revista VIP está escolhendo “O Homem do Ano”. Eu já fui lá e votei no Rafael (P)Ilha. Está esperando o que para exercer sua cidadania?

Para me dizer que você não vota porque sempre viaja e justifica o voto com algum atestado médico mentiroso, para me dizer que quando houver votação para melhor blog não vai votar no desfavor porque o desfavor é do mal e para dizer que também vai votar no Pilha como homem do ano: sally@desfavor.com

(20/09/2009) QUEM MENTIU: SOMIR

Comentário do mentiroso: Eu simplesmente distorci a argumentação sobre participação no processo democrático para defender o voto nulo. Na verdade, pelos mesmos motivos, eu acho um ABSURDO que alguém simplesmente se abstenha de usar sua voz e sua vontade para mudar a situação do seu país. Mude o sistema estando dentro do sistema.

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Comments (8)

  • "Anular voto é pirraça. É sentar e espernear no chão. É imaturidade, protesto vazio, rebeldia a qualquer preço. Não me entra na cabeça como alguém pode achar alguma produtividade em anular voto".

    Verdade ou mentira, discordo completamente desse trecho acima.

    ****

    *"matutando" qual dos 2 está mentindo* Mas tenho quase certeza q voto na Sally mesmo – tá vendo aí? Não anulei meu voto! hauehauehuaheuheuae xD

  • Pouco importa quem tá mentindo, o fato é que votando ou não, sempre vai um ser eleito, então anular o voto não adianta e não protesta porra nenhuma, além de ajudar os piores a se elegerem. Votem no menos pior que é menos desastroso do que voto nulo. Votar nulo ou em branco é dizer que tá de acordo com qualquer um, o que os imbecilóides escolherem tá bom. Vcs querem isso? Se anular o voto significasse não ter políticos, maravilha, mas não é isso e nunca vai ser.

  • João sem Braço

    Sally na veia!

    Inutilizar um voto é compatibilizar com a inutilidade. Fazer é diferente de não fazer. Seria como dizer: "em protesto ao meu trabalho vou ficar em casa 'coçando o saco" ( =greve dos funcionários públicos). Então preferimos deixar todo mundo na mão e não agir. Não é votar que está errado. É o pós-voto. Apertamos ums teclinhas e ficamos "coçando o saco".

  • Não me pareceu que alguém estava mentindo… ou não era a primeira vez, se não me engano, ambos já mencionaram essas opiniões em outros lugares.

    Pra mim não importa…

    E eu pesquiso sobre o passado dos meus candidatos, inclusive para vereador, deputado, senador…

  • Eu acho que o mentiroso é o Somir. Como deve ser uma pegadinha, respondo que é a Sally.

    ps. adorei o blog, voltarei aqui sempre

    Munira

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