Falando sozinhos.

+Um protesto a favor do candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, e outro contrário terminaram em briga na Avenida Paulista, em São Paulo, na tarde deste sábado (29). Ao menos quatro pessoas foram detidas.

É… oi? Já é difícil lidar com a ideia que teve uma manifestação pró-Trump na Avenida Paulista, mas terminar em briga? Hã? Desfavor da semana.

SALLY

A gente já imaginava que essa corrida pela presidência dos EUA seria um grande desfavor, mas não esperávamos que tivesse tanta participação dos brasileiros! Não basta brigar pelos políticos locais, que não valem a merda que cagam. Não, era pouco. O brasileiro realmente adotou o estilo “torcida de futebol” na política. Agora estão brigando entre si por causa de candidatos de outros países. Ê República das Bananas! Quando a gente pensa que chegou ao fundo do poço o brasileiro vai e mostra que ainda dá para piorar!

Vexame numero 1: manifestantes foram às ruas no Brasil para expressar sua opinião sobre políticos de outro país. Francamente, se é para ir às ruas, vamos começar reclamando da prata da casa? O que não falta é político escroto e filho duma puta para ser alvo de protesto! Não vive em outro país, não sabe a realidade do outro país, não entende completamente o contexto. Como quer opinar? Não importa, não é mesmo? Brasileiro sempre tem uma opinião formada sobre tudo. Minto, opinião não, tem certezas absolutas, acompanhadas do bônus de pensar que quem discorda é burro e/ou filho da puta.

Vexame numero 2: Onde? Em São Paulo, a Torre de Babel brasileira. É a falta de praia, gente? O que leva a essas bizarrices que só se vê em São Paulo? Não que o Rio seja flor que se cheire, aqui também tem coisas que o diabo duvida, mas aqui eu entendo, porque vagabundo tem tempo livre. Em São Paulo não. Em São Paulo horários são levados a sério, trabalho é levado a sério. Ainda assim as pessoas vão fazer cagaço na porta do MASP e vão as ruas para opinar sobre Trump. Sério mesmo, deve ser a poluição que está corroendo o cérebro dessa gente.

Vexame numero 3: A ridícula situação se deu quando, em pleno SÁBADO, um grupo foi à Av. Paulista se manifestar a favor do Trump e outro foi se manifestar contra. Não tinham nada melhor para fazer em um sábado? É muita vontade de ficar longe da família, dos amigos, da namorada… Sério, não é força de expressão, é ao pé da letra: qualquer coisa era melhor do que usar seu sábado para opinar nas ruas sobre Donald Trump.

Vexame numero 4: Os que apoiavam acabaram cruzando com os que repudiavam, começaram a trocar ofensas e saíram na porrada. Vocês me desculpem, todo mundo aqui sabe que eu sou a primeira a avacalhar o Rio, mas isso foi de-pri-men-te. Enquanto carioca pega mulher, paulista se pega de porrada por causa de Donald Trump. O que está acontecendo com um dos lugares mais desenvolvidos e inteligentes do país? Parem com esta porra, e parem já, porque no dia em que os cariocas dominarem o Brasil esta nação afunda de vez. Precisamos da paulistada lúcida.

Em uma das fotos que ilustra esta deprimente notícia vemos o ridículo da situação: no meio da pancaradia, um paraplégico participando. Seria isto inclusão? Deve ser, pois o policial está baixando o cacete em todos. Direitos iguais. Os mano (em São Paulo não se trabalha com plural) com boné de aba reta saindo na mão no meio da rua, no meio do trânsito. Parem, apenas parem, vocês eram um dos pilares de civilidade que sustentava o pouco de dignidade que havia neste país!

O que é isso? É vontade de brigar represada após o fim das eleições brasileiras? Por favor, vão fazer uma luta, uma atividade física, alguma coisa para gastar energia. Tenham dignidade. Brigar por Donald Trump é dar uma importância desmedida a um merdinha e ainda gastar forças com uma causa perdida. Ou você acha que uns maloqueiros brigando na Av. Paulista vão fazer alguma diferença nas eleições dos EUA? Eles acham que a capital do Brasil é Buenos Aires e que andamos de cipó na rua. No dia em que for conveniente, com um botão detonam do Oiapoque ao Chuí com uma bomba. Não sei ao certo as razões pelas quais estão brigando, mas certamente são internas dos brigões, em nada tem a ver com os EUA.

O vexame que aconteceu na Av. Paulista é o mesmo que dois idiotas brigarem na rua para ver quem fica com a Angelina Jolie, agora que ela está solteira. Amigão, eles nem sabem que você existe, e se sabem, te chamam por apelidos pejorativos e olham torto para você quando você entra em uma loja nos EUA pois presumem que você vai roubar ou vandalizar algo. Menos, bem menos.

Talvez os insanos achem que o resultado das eleições nos EUA repercutam no Brasil. Pausa para rir. Brasil, este tolete do terceiro mundo, que ninguém se importa nem mesmo para declarar guerra ou sacanear. Você não é tão importante. A vitória ou derrota de Trump não vai influenciar em nada a sua vida e, se influenciar, certamente será bem menos do que as atitudes dos políticos nacionais. Então, se quer fazer algo porque está com fogo no rabo, comece tentando melhorar a porra de país em que você vive.

A porcaria do protesto-vexame teve detenções. Pessoas levadas à delegacia, pessoas imobilizadas. Que tipo de disritmia está acontecendo no cérebro do brasileiro que o faz acordar em um sábado e pensar “hoje vou para a rua protestar dizendo o que penso do Trump”. Gente, é sério isso, brasileiro está ficando viciado em protesto depois que descobriu que pode ser feito. É protesto por tudo, protesto é a nova micareta. Chega gente, existem outras formas de diversão que não bater no coleguinha que pensa diferente de você.

Agora uma observação: tá tudo errado até mesmo se considerarmos o protesto válido. Quem é de esquerda protesta contra Trump. Mas gente… pensa comigo: se eu sou de esquerda, eu odeio os EUA, acho o Império, o capitalismo satânico e quero derrubar esse monstro malvado. Tem maior dano aos EUA e à sua credibilidade mundial do que deixar o Trump ganhar? Caralho, esquerdinhas, sejam ao menos estrategistas!

Coerência passa longe. O negócio é protestar! Botar para fora do peito as angústias da sua vida pessoal canalizando toda sua frustração, raiva e medos para um inimigo comum. Pode ser uma pessoa, uma entidade ou até uma abstração como “o capitalismo”. Adora carro mas ataca o capitalismo. Sonega imposto mas ataca o capitalismo. Tem iphone mas ataca o capitalismo. Esse inimigo fictício ajuda a dar vazão a uma série de sentimentos oriundos de uma vida frustrada: canaliza tudo contra alguém e extravasa, assim se livra da angústia sem precisar resolver o problema que realmente a causou. Terapia pra que, né? Se dá para ir para a Av. Paulista em pleno sábado e dar uns socos em quem pensa diferente de você!

Socorro, São Paulo! Retome sua sanidade, sua civilidade! O Brasil precisa de você para conservar um mínimo de dignidade, não vai dar para se apoiar só no Sul!

Para começar um briga envolvendo Trump nos comentários, para me chamar de preconceituosa ou ainda para dizer que no Rio o pessoal só não brigou porque deu praia no final de semana: deixe seu comentário.

SOMIR

Eu realmente não sei o que pensar disso. Por um lado, há de se entender que essa é a eleição americana mais… fantástica que a maioria de nós vimos. Os dois candidatos são desfavores, mas um deles é de esfregar os olhos para confirmar que não estamos sonhando com um universo paralelo onde alguém dizer “e se um cara completamente maluco concorrer com chances para a presidência da maior potência militar do planeta?” pode realmente alterar os rumos da realidade.

Por pura vontade de ver o circo pegar fogo, eu ainda nutro alguma esperança de ver Trump eleito. É meio aquela sensação que se tem quando você vê um aviso de tsunami num lugar distante e meio que quer ver o desastre acontecendo, mesmo que saiba que muitos sofrerão por isso. Se dependesse só de mim, claro que eu não deixaria o Trump ganhar, mas já que a merda pode acontecer de qualquer jeito, confesso que o desastre me atrai.

Posto isso, por mais mórbida que seja, eu tenho muita curiosidade sobre a eleição americana e entendo porque gente do mundo todo volte suas atenções para ela. Mas é importante saber onde se está. Quando a sua ideia de dar atenção para o show de horrores da campanha presidencial ianque é ir fazer uma passeata/protesto na Avenida Paulista em São Paulo, algo vai mal com seu senso do ridículo. Claro, não foi um evento grande o suficiente para provar que o brasileiro médio sequer sabe o que está acontecendo dentro do país, quanto mais pra fora, mas tem coisas para se preocupar aqui sim.

A primeira é que eu digo faz tempo e não errei até agora que todas as “modinhas culturais” que alcançam destaque nos EUA acabam chegando (esculachadas) no Brasil. Depois do surto das vítimas profissionais e palavras de ordem como “empoderamento”, me parece que está na hora da tal da direita alternativa encontrar seu lugar aqui no Brasil. E Trump tem o carisma (positivo e principalmente negativo) exato para criar momento para visões mais conservadoras de mundo.

Como eu disse no texto das memes do sapo, a direita alternativa foi nomeada antes mesmo de ser algo real. Talvez ainda não seja, mas como uma bandeira tem poder: bastou nomear o grupo que ele encontrou uma identidade comum. Ainda acho que Hillary ganha (duvido que surjam as acusações GIGANTESCAS que estão ameaçando para hoje), mas forma-se um grupo muito mais poderoso do que se imagina nesse processo. O brasileiro tem esses arroubos de macaquismo de ir balançar placas na rua para defender um candidato de uma eleição em outro país, mas também é uma prova de força desse sistema descentralizado de poder que atualmente regem os conservadores de internet.

O Trump, por ser o queridinho da imensa maiora desse público, tem força o suficiente para botar cabos eleitorais no Brasil! De uma certa forma, a postura do homem do cabelo esvoaçante reflete os desejos e vontades de uma parcela considerável da população mundial, inclusive. Por mais campanhas que façam, o cidadão médio é conservador até não poder mais. Se os americanos ficam dando chiliques pelas suas armas, os brasileiros aceitam e até mesmo louvam atitudes desumanas contra aqueles que percebem como marginalizados.

Cada povo tem sua mentalidade, e por mais que se cruzem em algum ponto, sempre há uma variação considerável entre os desejos de cada povo. O americano vota no Trump para defender um modo de vida que já caducou, o brasileiro defende alguém assim porque ele representa toda a sede de sangue que tomou conta dos interessados em política por essas bandas. Certeza que aqui no Brasil vai ter gente torcendo para acharmos um Trump para mandar de volta para o Nordeste boa parte da força de trabalho do Sudeste.

A merda de vermos defensores do Trump aqui no Brasil é notar como é um rico deixar na mão de um povo que troca entre apatia e fúria num piscar de olhos a decisão sobre quem os governa. E tudo isso num país brutalizado, onde é muito fácil vender para o povo uma solução cruel (com os outros, é claro). E as pessoas que usam seu sábado pra defender o Trump publicamente estão dando sinais perigosos para o resto do país.

Sim, duvido que o Brasil consiga levar a sério um posicionamento político pelo tempo suficiente, mas nesse meio tempo, a “palavra mágica” direita alternativa já vai ter se espelhado pelos círculos “certos”. E quando o Brasil criar sua direita alternativa, podem apostar que não o farão com parcimônia ou sutileza. Aqui as coisas descambam pra “tem que torturar e matar mesmo!” sem o menor esforço.

E aí, como aconteceu nos EUA, ai de quem estiver defendendo o mesmo candidato que eles sem necessariamente pactuar com o discurso de ódio, vai ser colocado no mesmo saco pelo time vítimas profissionais e talvez até começar aquele processo de só reforçar na cabeça do defensor de Trump que ele está lutando contra gente chata que só sabe gritar. A direita alternativa aparecendo nas ruas do fuckin’ Brasil só me indica que estamos longe de ver até onde isso vai. Mas, novamente, avisado: a moda pegou lá, vai chegar aqui.

Para dizer que ainda não entendeu o que diabos aconteceu, para falar que terminar em briga é tradição brasileira, ou mesmo para dizer que achava que paulista era menos desocupado: somir@desfavor.com

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Comments (7)

  • O lado bom disso tudo é que o povo descobriu o poder que tem. Mas só até aqui, porque tem que exagerar, né?

    Sair no tapa por causa de Trump…Faça-me o favor!

    Tem que dar pitaco até na política internacional? Aí já é demais!

    O nome disso não é manifestação e, sim, presunção.

  • Cacildis! Brasileiro dando pitaco em eleição dos outros assim, desta forma ridícula. E com tanta coisa pior ainda pra resolver no próprio quintal. Bem, este é o BM, né… E é bem isso mesmo, para se acharem, para se sentirem importantes, como se Trump quisesse conta com essa turma.BM precisa ser estudado pela psiquiatria…

      • Pois é, Sally… E isso aí é reflexo da mania de brasileiróide de achar que o mundo todo dá importância para o Brasil, que o Brasil “tá na moda” (que moda? Só se for a de sempre, o país da bunda de fora, da corrupção e dos mal educados kkkkk), essa maldição ufanista que costuma infectar povos que vivem na merda (o brasileiro é um dos piores, senão o pior hahahah)

  • Nunca duvidem da capacidade do brasileiro de fazer merda. E o pior é que brasileiro é sempre assim: nunca lê nada, mas sabe tudo sobre tudo e quem discorda de suas certezas só pode ser uma besta quadrada. E quanto ao surgimento de um “Trump brasileiro” num futuro próximo, já há até quem, com o “exemplo” do Dória na prefeitura de São Paulo, queira ver um no Roberto Justs. Pode? Eis aí um link: http://br.blastingnews.com/politica/2016/09/plano-secreto-de-roberto-justus-e-revelado-e-envolve-a-presidencia-do-brasil-001132317.html

    • Nunca duvido !

      “Tava demorando”…

      Não lembro se pensei – mesmo que sem postar – “no ex da Ticiane” ainda para aquele texto “Trampe”, mas de qualquer forma, tá aí mais uma piorada brasimbecil…

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