Aluno que não aprende…

O nível da educação não é muito alto ao redor do mundo, e o Brasil passa longe de ser exceção. Aliás, considerando os recursos disponíveis, pode-se dizer que é um dos sistemas de educação mais fracassados do planeta. Sally e Somir discutem o quanto disso pode ser colocado na conta dos professores. Os impopulares ensinam o que sabem.

Tema de hoje: quando o aluno não aprende, a culpa é do professor?

SOMIR

Embora o professor contribua, eu não acredito que seja o fator determinante. Inclusive vou argumentar que professor ruim como problema na educação é um luxo que boa parte do mundo não pode ter. Tem coisas muito mais impactantes nesse processo: proteína na primeira infância e os exemplos que a criança recebe em casa.

O cérebro humano depende de desenvolvimento físico e treinamento para funcionar bem. Tem um aspecto mecânico no desenvolvimento intelectual da pessoa: eu brinco que o cérebro é um músculo feito de neurônios porque em muitos aspectos ele reage de forma parecida com os estímulos externos recebidos. Músculo só cresce se o corpo tiver matéria prima na forma de proteína e incentivo na forma de exercícios. O cérebro também.

O problema é que a janela de oportunidade do pleno desenvolvimento cerebral é bem mais curta do que a do músculo. É logo na primeira infância que se constrói uma boa base para o resto da vida. O cérebro é planejado para ser uma esponja nos primeiros anos de vida, é nessa fase que ele tem a maior capacidade de absorver informações, e não à toa, é nessa fase que ele produz a maior quantidade de ligações.

Sim, manter ele bem treinado durante a vida ajuda bastante, mas essa fase é crítica para definir o potencial máximo de uma pessoa. Se ela perdeu a oportunidade com uma infância pobre, não volta mais. Não quer dizer que gente pobre seja burra, só quer dizer que tinha mais potencial para extrair dali. Perdemos potenciais gênios todos os dias por causa dessa falta de recursos que tanta gente tem que enfrentar enquanto se desenvolve.

Por melhor que um professor seja, ele não consegue recuperar uma deficiência dessas. Não dá para voltar no tempo e dar à criança todo o suporte fisiológico necessário, só dá para trabalhar com o que já está lá. Muita gente tem dificuldades de aprendizado por limitação física mesmo, falta matéria prima para desenvolver o intelecto. É terrível dizer isso, mas é verdade. Não quer dizer também que gente que tem dinheiro é magicamente mais inteligente, quer dizer que elas tiveram a chance de ir até o limite do seu potencial. Se vão usar esse potencial ou não, são outros quinhentos.

Os melhores treinadores da NBA podem trabalhar com você por anos e ainda sim não muda o fato que você tem um metro e sessenta. Professores só podem ajudar a desenvolver um potencial que já está ali, não dá para criar inteligência do nada. E falando em potencial, tem outro fator fundamental, também muito conectado com a primeira infância: o exemplo que vem de casa. Como já disse, o cérebro da criança é uma esponja, mas ela não consegue aprender muito se deixada por conta própria. Muito antes dela estar numa escola, a criança vai aprender uma quantidade absurda de coisas observando os pais e outros adultos ao seu redor. É o que eu disse sobre janela de oportunidade: na fase com o a maior capacidade de absorção de informações, a criança precisa da maior quantidade de informações.

Quem nasce numa família de gente mais educada tem uma vantagem natural, desde os primeiros momentos da vida tem acesso não só a um vocabulário mais qualificado, como também inúmeras oportunidades de aprender mais sobre seus primeiros interesses. Uma criança que fica fascinada com astronautas logo cedo pode ter um monte de brinquedos, livros e jogos com o tema, ensinando milhares de informações sobre o espaço; ou pode ter apenas acesso eventual a um livro de escola defasado, quando tem. Qual delas vai estar mais pronta para aprender sobre ciência anos depois?

Novamente, não estou dizendo que se a pessoa não teve isso ela não consegue aprender, e sim que ela não consegue mais alcançar o potencial total da sua mente. São vários interesses soterrados por falta de estímulo, e normalmente também excesso de estímulos para se tornar adulta logo, forçando a pessoa a ignorar sua fase de maior capacidade de aprendizado para perseguir dinheiro e sexo o mais rápido possível. É complicado fazer alguém que está sendo bombardeado por estímulos instintivos parar para desenvolver a curiosidade sobre outros temas.

E voltamos ao professor: ele pode ser excelente, mas se o aluno não consegue sequer entender as palavras que ele está falando, ou se estiver precocemente “adultizado” com preocupações que não cabem na mente de uma pessoa em idade escolar, não adianta. Um bom professor pode gerar interesse em vários alunos, mas poucos vão ter as condições necessárias para desenvolver esse interesse.

Especialmente em escolas públicas. Eu estudei em escolas estaduais de baixa qualidade, com muitos professores ruins que viviam faltando. Mesmo assim, sempre tirava notas altas e raramente tinha dificuldade de entender qualquer coisa. O professor não impactava muito no final das contas: eu me sentia obrigado a entender a matéria com ou sem ajuda do professor, porque era o padrão mínimo que eu aprendi em casa. Meus pais nunca se portaram como intelectuais, mas demonstravam na prática como educação era importante. Sempre estavam estudando e aprendendo coisas. Eu entendia “ser nerd” como a minha obrigação mínima. Nunca precisei ser forçado a estudar.

Na época eu não sabia, mas eu dei muita sorte: a maioria dos meus amigos não tinham isso em casa. Estudar e aprender não era algo natural, eles sofriam muito mais para prestar atenção na aula e para usar seu tempo para estudar sobre o que ia cair na prova. Pra mim era só mais uma coisa básica da vida, para eles era um sacrifício. Não precisei tomar bronca ou ser subornado com presentes para querer tirar 10 na prova, era a minha obrigação e ponto. Hoje eu sei que fui muito privilegiado por isso, e que meus pais só eram assim porque seus pais também valorizavam muito estudar. É uma sequência.

Digo isso porque eu lembro de alguns professores muito bons que de vez em quando apareciam na minha escola. Quase sempre recém-formados que ainda não tinham se bandeado para o setor particular. Eu aprendi muito com eles, adorava as aulas. Eu tinha aprendido a achar isso importante. Mas boa parte dos meus colegas estavam desinteressados como sempre, tirando notas baixas por não ter interesse nenhum.

Se não tem potencial para extrair, não adianta ter professor bom. Eu concordo que um profissional que faz bem o trabalho de ensinar ajuda muito, mas ajuda só quem já tem o que desenvolver. Quem me dera o problema fosse só a qualidade dos professores…

Para dizer que a culpa é sempre dos outros, para dizer que pelo menos não é nerd, ou mesmo para dizer que o mundo é injusto: somir@desfavor.com

SALLY

Quando o aluno não aprende, a culpa é do professor?

Quando o aluno não aprende a culpa é do professor.

“Mas Sally, quando alguém não entende o que você escreve você chama a pessoa de burra”. Ok. AQUI, eu sou professora por um acaso? Não, né? Eu tenho obrigação de ser didática? Eu estou sendo paga para ensinar? Não, né? Foi o que eu pensei.

Ninguém mete uma arma na cabeça de ninguém e obriga a pessoa a ser professor(a). A pessoa escolhe. E no Brasil, escolhe bem ciente de todas as dificuldades que vai enfrentar: problemas de cognição, problemas básicos na casa do aluno que afetam a cognição, salários baixos, falta de infraestrutura e tudo mais que já conhecemos. Me poupem de listar as mazelas do professor brasileiro que eu já conheço bem.

Quem, apesar disso tudo, decide ser professor, tem que ter a raça, a coragem e a criatividade de encontrar formas, didática e estímulo para fazer esses seres humanos rudimentares aprenderem nas condições ainda mais rudimentares que os cercam. Qualquer coisa diferente disso te faz um hipócrita, um cínico, um estelionatário que, sabendo que não vai poder cumprir a missão, aceitou o cargo só para receber o dinheiro, sem entregar sua contraparte.

“Ain Sally que horror, tá falando mal de professor, essa profissão tão nobre”. É nobre quando a pessoa faz direitinho, né? Quando ela de fato passa por cima de todas as dificuldades e ensina. Caso contrário é só mais um filho da puta fingindo que trabalha, que, desculpa aí, é o que mais tem. Não é pelo filho da puta ganhar mal que eu vou passar a mão na cabeça.

A didática não é algo estático. Não é como se o professor preparasse uma aula e seu dever estivesse cumprido. Ficar por anos repetindo o mesmo cronograma de aulas preparadas é um trabalho porco e escroto. Cada turma, cada aluno, pede uma abordagem diferente.

Cada aluno que não prestou atenção pede uma abordagem melhor que prenda sua atenção ou uma repreensão melhor, que o impeça de atrapalhar quem quer aprender. Essa coisa de “eu fiz a minha parte, azar o seu se não quiser aprender” é ótima para uma turma de iguais: universitários, por exemplo, que tem a mesma capacidade intelectual do professor. Mas para alunos mais novos? Sim, faz parte das atribuições do professor prender sua atenção.

“Ain mas você acha que é fácil…”. PARE. Pode parar por aí. Sempre essa maldita frase presumindo que eu acho fácil. Eu não acho nada fácil nesta vida. Eu acho possível, e com conhecimento de causa, pois ao longo da vida dei aula de uma coisa ou de outra para todas as idades. Não é fácil, é possível. E se você acha impossível, não deveria estar dando aula. Vai fazer outra coisa e não um trabalho que você julga impossível, pois ganhar dinheiro por algo que você acha impossível de executar é estelionato.

Um bom professor inspira. Garanto que todo mundo aqui deve lembrar de algum bom professor que te inspirou e que te fez ter interesse em algum assunto. Alexandre, meu professor de geografia política, Roberto, meu professor de história, Luiz Roberto, meu professor de português, que tanto gritava com a turma mas conseguiu me dar um bom português mesmo sendo meu segundo idioma. Carlão, meu professor de Medicina Legal na faculdade, Fátima, minha professora no Mestrado, todos eles me inspiraram e até hoje eu lembro das suas aulas, da sua didática e do que eles me ensinaram. Da mesma forma como um professor bosta estraga sua vida, te faz odiar a matéria, né Márcia, sua arrombada pior professora de matemática do mundo?

Didática não é só o que se aprende nos livros, é ter a sensibilidade, a percepção e a intuição do que aqueles alunos precisam naquele momento. Se você se esforçar, seus alunos vão se interessar e vão aprender. Se você for criativo o suficiente para prender a atenção deles, eles vão escutar. Não importa o entorno. Já dei aula em escola pública do Rio de Janeiro com tiroteio rolando do lado de fora. Não existe “não dá”, existe “não quero” ou “não sei fazer”.

E tem gente que não sabe ensinar mesmo. Caiu por um acaso ou por falta de escolha nessa função tão importante que é a de professor e nunca mais mexeu o cu para sair dela, prejudicando centenas de alunos. Não sabe? Sai fora, desgraça! Não consegue? Pede pra sair! “Ain mas o meu sustento…”. O seu sustento é um problema SEU, é bastante escroto cagar a vida de centenas de alunos para você poder receber seu salário.

Eu já vi gente aprender nas condições mais desfavoráveis que existem. Eu já vi professor fazendo vaquinha para pagar café da manhã a alunos que não conseguiam aprender pois estavam com fome. Sim, ser professor não é só jogar a matéria, ser professor é fazer o que esteja ao seu alcance para que os seus alunos aprendam, e é o que professores que tem amor pela função fazem.

Eu já vi professor ficar até depois da sua hora com um aluno um pouco mais atrasado até ele se recuperar e acompanhar a turma. Eu já vi professor bater o pé e reprovar aluno para que ele tenha a oportunidade de aprender melhor o que não entrou e não ficar para trás na turma. Um bom professor sabe que todos podem ser ajudados e sabe como ajudar.

Aí vai vir alguém e contar um caso escalafobético de um aluno que por trocentos impedimentos não consegue aprender com o resto da turma. Percebam que eu não estou falando que um professor tem que ser capaz de enfiar 100% da matéria na cabeça de todos. Vai muito além. Um bom professor desperta vontade de aprender, desperta amor pelo conhecimento, desperta a vontade de estudar. Um bom professor educa uma aluna que, anos depois, escreve Desfavor Explica de graça para quem quiser ler.

Por mais que as limitações X ou Y afetem o aprendizado, um bom professor ensina algo. Algo do que está passando entra. Ensina a vontade de pesquisar mais, de aprender mais, de ver o conhecimento e o estudo como um patrimônio. E isso, meus queridos, ninguém nunca mais te tira.

Professor brasileiro anda muito intocavelzinho para o meu gosto, colocando muita culpa em fatores externos. Quem quer faz, quem não quer dá desculpas.

Para dizer que você se chama Márcia e é professora de Matemática e agora está na dúvida se eu estou te xingando, para dizer que a culpa é do sistema (o caralho que é) ou ainda para dizer que Luiz Roberto fez um ótimo trabalho gritando diariamente comigo: sally@desfavor.com

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Comments (30)

  • Não gosto muito desta classe. Tive professores horríveis ao longo a minha vida, mesmo estudando nas melhores escolas particulares. No primário, elas eram abusivas e desrespeitosas. No ginásio, ausentes. No ensino médio, a coisa melhorou. Na faculdade, cada um por si e Deus por todos. E no mestrado, ele fingiam que davam aula e a gente fingia que aprendia. Era um show de horrores. Queria tanto que a capes soubesse. Mas vai você denunciar nesse momento.
    Vontade até de escrever um livro sobre como sobreviver ao mestrado.
    Bem, se vc não aprende, a culpa é sim do professor.

    • Não pode denunciar nem falar nunca: professor no Brasil é santo imaculado, o “guerreiro” que faz um trabalho nobre por um salário baixo.

  • Provei pessoalmente do argumento da Sally durante a minha trajetória escolar. Eu simplesmente odiava matemática na segunda metade do ensino fundamental. Quando troquei de escola para fazer o ensino médio, conheci outras professoras, e peguei gosto pela matéria. Comecei a gostar, e pasmem, até esperar ansiosamente pelas aulas de matemática, mesmo o conteúdo sendo mil vezes mais complexo que antes.

    O segredo da mágica? Professoras não apenas interessadas na matéria sendo passada, mas envolvidas na dinâmica do aprendizado como um todo.

    • Um professor pode mudar por completo a vida de um aluno. Mas infelizmente a maioria quer bater ponto e despejar conteúdo na cabeça deles.

      • “Mas infelizmente a maioria quer bater ponto e despejar conteúdo na cabeça deles.” É mediocridade que chama…

  • Complicado e pra fazer pensar. Eu tendo, ou pelo menos tendia até certo momento da vida, aconcordar com a Sally. Ser o melhor professor do mundo, se esforçar, se empenhar, transmitir conteúdo, estimular o aluno, inspirar…

    Tudo isso muito lindo, muito belo, mas exige esforço demais por parte da gente, e nem sempre (quase sempre!) somos recompensados a altura por isso.

    E do jeito que a coisa anda, desculpe talvez o pessimismo, mas tá bem assim mesmo: aluno finge que aprende, prof finge que ensina, e assim segue.

    Soa bizarro, logo eu que fiz uma licenciatura, segui com mestrado e doutorado, mas… Já sonhei bastante sim com querer mudar o mundo através da educação, fazer a diferença ensinando literatura, inspirar os alunos através da leitura etc etc, mas cansei no meio do caminho, cheguei no limite do extremo do meu cansaço físico e mental, e vi que não vale a pena mais tanto esforço assim, que vai continuar do jeito que tá, mesmo com nossos esforços.

    Então, nesse caso, considerando tudo, a culpa é minha por ter desistido e me cansado? A culpa é do aluno? Dos pais?
    Acho complicado responder, e talvez deva relativizar a questão e dizer que é um pouco culpa de todos.

  • Tem muito professor merda por aí, mas também não dá pra ensinar quem não consegue ou não está a fim de aprender. Se o aluno não liga pro conhecimento por falta de bons exemplos em casa ou foi “desequipado” pra aprender por ter vivido a primeira infância em más condições, não há muito o que se possa fazer. E tanto em escolas particulares muito bem estruturadas quanto em escolas públicas em petição de miséria existem casos de professores heroicos que fazem de tudo por alunos (mimados ou zé droguinhas) que nem se importam.

    • Se o aluno não quer, ele está desmotivado. É papel do professor motivá-lo e fazê-lo gostar do conteúdo e ter vontade de aprender.

      Se o aluno não consegue, é papel do professor sinalizar aos pais, aos avós, ao conselho tutelar, à polícia ou a quem possa ajudar ou proteger essa criança.

  • A culpa ou o mérito são do professor. Eu já disse pra uma professora de história que odiava a matéria dela e ela respondeu calmamente que eu pensava que odiava porque não sabia, mas ela ia me ensinar que história não se decora e se entende. Dito e feito! O problema é que tem professor que não tem vocação ou não sabem explicar. Todos podem aprender, até eu que sou burro consegui.

  • (Categorização?)

    “Pra mim era só mais uma coisa básica da vida, para eles era um sacrifício.”

    “o conhecimento e o estudo como um patrimônio.”

    Sobre a discordância, prefiro somente a própria: a culpa é por quase todos os lados; quase nunca lembrada…

  • Ohhhhhh céus!

    Nem todo professor tem o dom de ensinar qualquer matéria em qualquer grau que seja.
    Muitos caíram de pára-quedas na profissão de professor por falta mesmo de opção.
    Não encontro emprego? Vou dar aula em alguma escola da vida e lá fico por comodismo,
    muitas vezes sem notar que o cuspe caiu na testa.
    Detesta o emprego, o salário é pouco, mas… que se há de fazer? É aqui ou aqui.
    Muitos sonhos acabam na beira do precipício, fato que acaba prejudicando os alunos, a si e a família.

    • Isso não é cair de paraquedas, a pessoa FEZ UMA ESCOLHA.
      O mínimo que se espera é que ela honre essa escolha.
      Eu posso vir a me tornar vendedora de churros, que bem por isso vou fazer corpo mole: vou querer ser a melhor vendedora de churros que puder,

      • Complicado, Sally, a pessoa se empenhar quando nem o ambiente é propício a isso, nem as pessoas, nem o salário é convidativo…

  • “O cérebro é planejado para ser uma esponja nos primeiros anos de vida, é nessa fase que ele tem a maior capacidade de absorver informações, e não à toa, é nessa fase que ele produz a maior quantidade de ligações”.

    Mas a utilização desmedida de celular por crianças nos primeiros anos de vida também não pode acarretar o problema atribuído a infância desprovida?

    • Celular, tablet e essas e-craps todas podem causar problemas sim. O ideal, segundo especialistas, é que as crianças não usem nos primeiros anos de vida.

      • Sem dúvida. Mais uma vez vale o velho ditado do “é de pequenino que se torce o pepino”. É nos primeiros anos de vida que o cérebro se desenvolve e certas conexões entre neurônios se formam. Perdida essa chance única na vida, já não dá mais para consertar a cagada, embora, com certo esforço, as conseqüências até possam ser minoradas. Quem não é bem cuidado nessa fase – com alimentação nutritiva, estímulos adequados, incentivos, ambiente sadio, bons exemplos em casa, etc. – acaba ficando para trás na vida, embotado, com a cognição e até a coordenação motora comprometidos. Muitas boas mentes acabam se perdendo logo na infância por desleixo de pais e responsáveis. E não tem nada mais triste do que um potencial desperdiçado…

  • Na maioria das vezes a “culpa” é do aluno, mesmo que não seja de propósito, como problemas em casa, problemas de saúde/condições mentais não diagnosticados etc. Além disso, também tem o gosto pessoal. Por exemplo, eu tive bons professores de história, que meus colegas adoravam, mas nunca gostei dessa matéria, só estudava pra tirar uma nota “passável”. E também tem a boa e velha vagabundagem, ainda mais adolescente em fase rebeldinha, que detesta tudo e contraria só por contrariar.

  • A culpa é dos outros alunos que ficam badernando enquanto tem gente que quer ter algum futuro. Numa turma que eu estudei tinha uns moleques que só iam pra escola bagunçar, causar terror, agredir, vandalizar, uma vez até levaram drogas. Aí não tem didática de professor que salve, só um reformatório mesmo.

    • Foi mal, mas aí a culpa é da coordenação/direção. Eles que tem poder para expulsar aluno, eles que convocam os pais em caso de problemas. E numa escola normalmente não existe uma única turma para cada série, eles podem decidir dividir os alunos por nota. Daí não vai ter muito problema de quem quer aprender ser atrapalhado por quem quer bagunçar.

  • “Eu já vi gente aprender nas condições mais desfavoráveis que existem. Eu já vi professor fazendo vaquinha para pagar café da manhã a alunos que não conseguiam aprender pois estavam com fome. Sim, ser professor não é só jogar a matéria, ser professor é fazer o que esteja ao seu alcance para que os seus alunos aprendam, e é o que professores que tem amor pela função fazem.”

    É isso mesmo. Até me lembrei da professora Helena de Carrossel, por mais que seja uma novelinha infantil, muitos professores poderiam aprender algumas coisas com ela. Se eu ganhasse 1 real por cada professor passivo-agressivo que já tive… que falavam coisas tipo “o problema é de vocês, eu já tenho meu salário e minha vida feita”.

    • Sim, quem quer dá seu jeito, é criativo, é compassivo, é paciente, é mentor.
      Quem cruza os braços e diz “não tem nada que eu possa fazer aqui” não deveria ser professor.

    • Há professores que conhecem bem a matéria, mas parecem esquecer que estão falando para alunos e não para seus pares com igual conhecimento. Há outros que até que são esforçados, tem boa vontade, mas não sabem tanto assim. Há ainda os que nem sabem ensinar e conhecem menos ainda do assunto sobre o qual são pagos para discorrer em frente a uma turma e tampouco parecem estar se lixando.

      E por fim, há o tipo de professor que, infelizmente, ao menos aqui no Brasil, parece ser o mais raro de todos: o que se importa com seus alunos, que os inspira e que lhes ensina não apenas a matéria, mas o próprio ato de aprender.

      • Pois é, conhecer o assunto não é sinônimo de saber passar o assunto. Nem todo mundo sabe explicar com didática. Para isso é preciso organização mental e empatia: se colocar no lugar do outro e entender o que uma pessoa que sabe pouco do assunto precisa saber para conseguir compreender.

      • W.O.J,

        Vejo muito isso em meu ambiente de trabalho. Como no cargo para qual assumimos temos que lecionar da pós-graduação ao cursos FIC (formação profissionalizante para os diversos níveis de escolaridade) há muitos colegas que simplesmente não conseguem “modular” as informações e acabam falando com o mesmo linguajar que usam para os discentes do doutorado e os dos cursos técnicos.

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