Pelo menos essa é simpática...O STF continua dando das suas, suspendendo uma resolução do Conselho Nacional de Justiça que previa a uniformização dos horários de atendimento do Judiciário em todo o país.

Como vocês já devem estar prevendo, a resolução AUMENTARIA a carga horária.

Desfavor da semana.

SOMIR

Com esse esquema de decidir quantas horas trabalhar, eu até ficaria tentado a voltar a ser empregado. Claro, não é melhor do que o Legislativo, que decide o quanto vai ganhar, mas já é uma bela de uma mamata. O mercado fora das paredes dos prédios públicos passa longe de ser tão benevolente.

Quando se vive num país onde os horários de atendimento dos serviços públicos ainda estão no século REtrasado, medidas como a proposta pelo CNJ são extremamente bem vindas. O dia está cada vez mais curto, as jornadas de trabalho cada vez mais pesadas… Mas o Estado, que deveria servir às pessoas, continua não dando a mínima para nossos tempos modernos.

O cidadão vira e mexe precisa de documentos, que já são essencialmente inúteis dada a TARA burocrática nacional, e ainda tem que lidar com o fato que a porra da repartição pública que vai complicar sua vida fecha às cinco da tarde! Isso foi planejado para ser um pé no saco, só pode ser.

O setor privado não tem nenhuma obrigação de tratar bem e facilitar a vida de seus clientes, quando o faz, é por pura necessidade de sobrevivência. Sempre que possível, empresas voltadas para o lucro aumentam sua faixa horária de atendimento para servir o máximo de pessoas possíveis.

O setor público, cujo ÚNICO objetivo é servir ao público que o sustenta, esperneia e reclama a cada tentativa de fazer seus serviços alcançarem um mínimo de qualidade que seja. Tudo bem que esse país seja mesmo uma bagunça, mas o corporativismo desses prestadores de serviço tem papel decisivo nesse atraso absurdo em relação ao setor privado.

Numa empresa sem dono (e é assim que boa parte dos brasileiros enxerga a máquina estatal) não tem ninguém para dar esporro em vagabundo e mandar para o olho da rua quem não faz o trabalho exigido. E para piorar, quem toma as decisões está mais preocupado em ser bem visto pelos seus colegas do que efetivamente entregar resultados.

E pode vir com a historinha triste que quiser, funcionário público, estou cagando e andando. Sou seu chefe. O mendigo na porta da repartição? Também é o seu chefe. A criança que acaba de nascer na maternidade da esquina? Pois é… Já estou de saco cheio de ouvir lamentação e chilique de sindicato para que a classe de trabalhadores com o maior número de benefícios e estabilidade desse país possa receber um aumento mesmo não tendo batido porra de meta nenhuma de qualidade nas últimas décadas.

Nem banco (que atende mal pra caralho) deixa o seu potencial cliente na mão com tanta facilidade quanto a repartição pública. Que merda é essa de estar fechado para o atendimento antes mesmo do sol se por? Já inventaram iluminação artificial, existem meios de transporte públicos… Não tem desculpa. Por mim todos os serviços públicos deveriam funcionar 24 horas por dia. Não, ninguém precisa trabalhar mais do que oito horas por dia, basta contratar mais gente e baixar os salários irreais de alguns inúteis oficiais para bancar a conta.

Não precisa gastar um centavo a mais, esse país já gasta ABSURDAMENTE mais do que o razoável com sua folha de pagamento. E de forma bem desigual. Mas eu quase nunca vejo alguém bater nessa tecla… Professor e médico não recebem salários bisonhos porque o país não tem dinheiro, eles recebem essa mixaria porque tem muito burocrata e safado embolsando essa grana. Não é só deputado e senador enfiando a mão nos cofres públicos, a coisa está mal planejada e mal dividida mesmo.

Sem contar que esses funcionários públicos tem o Estado como refém, se alguma coisa sair contra suas vontades, dá-lhe greve e “operação tartaruga” para jogar a opinião pública contra quem depende da aprovação popular para manter seus cargos… Ás vezes são manifestações justas, às vezes não. Temos “cultura de greve” por aqui: Imaginamos os funcionários como coitadinhos sem sequer conhecer o mérito de suas reivindicações.

E se você não é muito bom para entender textos, facilito: Não estou dizendo que todos os funcionários públicos são preguiçosos e/ou incompetentes, mas o sistema no qual estão incluídos É.

Só que ao reclamar disso, pode ser que a coisa realmente mude e as boquinhas desapareçam… E duvido que essa idéia seja muito agradável aqui no país dos espertos. Melhor manter algo errado só pela POSSIBILIDADE de levar vantagem no futuro. É uma indústria da esperteza que possibilita que o STJ decida sobre a conveniência dos funcionários do poder que representa. Você colocaria funcionários da sua empresa para decidir os próprios salários?

Não tem mimimi, aumentar a carga horária de atendimento não passa da obrigação. O objetivo de tudo que é público é servir à população, ponto. Numa sociedade moderna os horários de atendimento praticados atualmente são ridículos. Se surge uma medida para resolver esse problema, é muita cara-de-pau suspender sua implementação. O ministro Luiz Fux (you) lança uma decisão corporativista dessas na certeza que um país como o Brasil faz vistas grossas para o assunto.

Afinal, vai que um dia o cidadão pode aproveitar a boquinha? Dinheiro público não é de ninguém e o Estado é uma teta. A verdade dolorida é que boa parte da corrupção e da ineficiência dos serviços públicos é resultado direto da conivência do brasileiro.

Infelizmente, o chefe insiste em tirar férias…

Para provar que funcionário público é corporativista reclamando do meu texto, para dizer que é contra o aumento do horário de atendimento por não ter mais oportunidades de sair mais cedo do trabalho (brasil-sil-sil), ou mesmo para dizer que preferia ler sobre subcelebridades (azar o seu): somir@desfavor.com

SALLY

O que aconteceu com as subcelebridades esta semana? Foi um desfavor atrás do outro: Panicat dizendo que a outra Panicat fez macumba para a sua bunda cair, um Nobody tentando forjar a própria morte no twitter para ganhar 15 minutos de fama, Sandy dizendo que desde que ficou loira ficou mais sacana, Letícia Birkheuer chamando os argentinos de “povo de merda”, Latino chocando porque não conseguiu conhecer Jim Carrey (“ele é o único fã que eu tenho”), a ex-BBB Maria alegando que está sofrendo bullying na Oficina de Atores da Globo, Chico Buarque de mimimi por causa de críticas, padre Marcelo Rossi alegando que está de cadeira de rodas por causa da inveja e Lady Gaga embolsando dinheiro destinado às vítimas do Japão! Ufa! Mas nenhum deles foi páreo para nosso Desfavor da Semana!

Pois é, teve uma polêmica que venceu todos estes forte candidatos. Porque subcelebridade quando faz cagada enche de merda apenas a si mesmo, mas o STF quando faz merda respinga em todos os brasileiros.

Gostaria de agradecer mais uma vez ao Supremo Tribunal Federal por uma decisão DE MERDA (censura eu! Segundo o próprio STF, EU SOU JORNALISTA! HAHAHAHA). Me refiro à decisão de suspender a resolução que começaria a valer a partir de segunda-feira e obrigava juízes a trabalhar na cruel e desumana jornada de… ohhhh! OITO HORAS por dia!

Brasil contra o trabalho escravo! Diga não à exploração de juízes! O que as pessoas estão pensando? Que só porque os juízes brasileiros tem um dos maiores salários do mundo devem trabalhar durante esta extenuante jornada? Só porque ganham vinte mil tem que se sujeitar a esse desgaste todo? Não tem a menor necessidade disso, afinal, os processos andam rápido e a prestação jurisdicional está em dia! Medidas assim devem ser tomadas em países como a Suíça, onde uma ação pode demorar mais de vinte anos para ser julgada!

Só debochando mesmo. Pior do que a decisão, foram as alegações. Fiz questão de procurar nome e sobrenome, se não periga vocês acharem que estou inventando. Por exemplo, o Presidente do Colégio Permanente de Presidentes dos Tribunais de Justiça (wat), Desembargador (juiz de segunda instância, que, simplificando enormemente, é aquele que lê os recursos enquanto de primeira instância julga e dá a sentença) MARCUS FAVER disse que em alguns estados é muito difícil trabalhar em certos horários da tarde devido ao intenso CALOR. SÉRIO MESMO que isso é desculpa válida para não trabalhar! Sr. Desembargador, seu eu soubesse tinha ficado em casa em todos os verões da minha vida! Fica a dica, gente!

Já pensaram se todos os profissionais começarem a alegar que não podem cumprir uma jornada de oito horas por causa do calor, que beleza que vai ser? Vai desculpar mas, por mais calor que esteja (e eu entendo de calor!), um bom ar condicionado resolve. Nunca vi tribunal pobre, até porque, com o valor de custas, emolumentos e essas tralhas que a gente paga para utilizar o judiciário, eles enchem os cofres de dinheiro! Tem dinheiro para juiz ter carro com motorista e tantas outras regalias que não cabem aqui, mas não tem dinheiro para comprar um ar condicionado? HÁ! MENTIRA, tem ar condicionado sim! Será que ele tem dificuldades com o controle remoto do ar? Será que ele se confunde com o “on” e o “off”? Será que ele tem Síndrome de Lyme e perdeu a força nas extremidades, então NÃO CONSEGUE LIGAR O FUCKIN´ AR CONDICIONADO?

Trabalhar das 9 às 18h não seria mais do que OBRIGAÇÃO se a pessoa tivesse vergonha na cara. A maior parte da população trabalha oito horas (ou mais) por dia e ganha menos de vinte mil! Por isso não vou entrar no mérito jurídico da decisão do STF: esta questão nem deveria ter sido levada ao STF se os magistrados tivessem vergonha na cara. E o STF, por sua vez, é muito babaca de se apegar a uma formalidade alegando autonomia. Para quem passou por cima da Constituição faz menos de um mês, subvertendo um texto literal (“entre homem e mulher”) para algo completamente diferente, estão muito conservadores.

A justificativa também foi bizarra. Alegaram que ao consultar os tribunais, estes teriam afirmado que seria inviável o funcionamento nesta carga horária. DÃÃÃÃÃÃ! Seu chefe te pergunta se você PODE trabalhar oito horas por dia? Ele te dá a faculdade de escolher se você pode trabalhar oito horas por dia? TEM QUE TRABALHAR E PRONTO, se não tem condições (mentira) CRIE condições e se adapte!

Porra, a partir do momento que o Judiciário monopoliza a resolução dos conflitos na sociedade, ele tem a OBRIGAÇÃO de prestar seus serviços de forma eficiente. Se vai demorar dez, vinte anos para resolver um processo, então me libera para que eu arrombe a casa do meu devedor e tome à força algum bem! Me libera para encarcerar o cara que tentou me estuprar! Me libera para me divorciar sempre sem ter que recorrer a um juiz! Nós DEPENDEMOS do Judiciário, porque se nós fizermos justiça pelas próprias mãos cometemos crime (exercício arbitrário das próprias razões). Nós dependemos do Judiciário para prender bandido. Nós dependemos do Judiciário para muita coisa! Eles tem que prestar um serviço eficiente. Se conseguirem isso sem trabalhar ao menos oito horas por dia, ok, mas não é o caso.

O que tem de processo abarrotado, atrasado e esquecido não é brincadeira. Em vez de sentir vergonha disso, porque sim, pessoas MORREM por causa dessa morosidade, as madames pulam dois metros quando se fala em trabalhar oito horas por dia! Não vai ter funcionário? Abre concurso! Tá calor? Liga o ar condicionado! CAGUEI, DÁ TEU JEITO. É assim que eles tratam a sociedade: não tinha o que comer e roubou? Tinha que ter dado outro jeito, toma aí dez anos de prisão. Ok, então é assim que a sociedade deve tratá-los também! ESTAMOS TODOS CAGANDO para os motivos que inviabilizam, tratem de dar um jeito, porque dinheiro para isso vocês tem!

A decisão do STF foi uma decisão liminar, que partiu do Ministro Luiz Fux. Isso quer dizer que a questão ainda não foi decidida em definitivo, ou seja, o que o STF decidiu é que, no correr do processo, ENQUANTO NÃO SE DECIDE DE FORMA DEFINITIVA, os juízes não são obrigados a cumprir as oito horas de trabalho. Pode ser que ao final, a decisão definitiva os mande cumprir as oito horas, mas eu duvido é muito. Esta decisão é um bom indicativo do que está por vir. Aliáááás, já ia esquecendo… Será que aqueles que acreditam que protesto na rua tem eficácia vão pra rua protestar? Ah, desculpa, vão sim. Neste sábado tem Marcha das Vadias aqui no Rio. Então tá. Tem Copa América também, melhor não sair de casa. Fica lá vendo meus primos jogarem banana nos jogadores enquanto o STF debocha de vocês!

Anota aí, o STF vai fazer uma destas duas coisas: decidir que não é viável estabelecer esta jornada alegando que a Constituição lhes dá autonomia administrativa e que na prática seria inviável por _______ (complete aqui com uma desculpa idiota que poderia ser solucionada), OU vai sentar em cima do processo e não vai decidi-lo tão cedo. Brasil, um país de tolos.

Para se manifestar ferrenhamente contra o texto e depois assumir que é funcionário do TJ e no fundo não quer trabalhar oito horas, para dizer que vai tentar trabalhar menos alegando para seu chefe que está calor ou ainda para dizer que preferia um dos temas ligados às subcelebridades: sally@desfavor.com

Homossexuais nem sempre são viados.No dia 26 de Junho, também conhecido como amanhã, ocorrerá a famosa Parada Gay de São Paulo. Chegando à sua décima quinta edição, o evento atrairá milhares de pessoas, atenção da mídia…

E será um desfavor.

SOMIR

Sou um ferrenho defensor da evolução intelectual humana. O que frequentemente me leva a argumentar em favor da aceitação social plena dos homossexuais. Só que é esse mesmo ideal que agora me coloca na pele de um detrator da Parada Gay.

Não é o tema, é o carnaval. Carnaval até que tem suas funções, mas demonstração de auto-respeito não é uma delas. Aquela pobralhada (intelectual) vestida de forma ridícula em carros alegóricos toscos não ensina tolerância, apenas reforça a caricatura homossexual criada por uma sociedade tarada por um hipocrisia.

O Brasil tem dificuldades de aceitar homossexuais, mas adora uma bicha. Sim, a bicha das piadas, a bicha dos quadros humorísticos, a bicha espalhafatosa que acalma a mentalidade retrógrada de gente pouco educada. A bicha é facilmente reconhecível, a bicha faz de tudo para chamar a atenção e não pode ser confundida (como personagem) com mais nada. A bicha é o inofensivo bobo-da-corte moderno.

O Brasil enlouquece quando homossexuais recebem um reconhecimento de cidadania merecido do poder público, mas o Brasil bate palmas e acha lindo o desfile de milhares de bichas (e sapatões) numa de suas avenidas mais famosas. A prefeitura de São Paulo adora a parada, enche a cidade de turistas e faz o comércio girar. Foda-se a diversidade sexual, só é tão aceito e apoiado porque rende financeiramente e não desafia de verdade a visão das pessoas sobre o assunto.

E se eu não bato palmas para nenhuma data comercial vazia no resto do ano, não vou começar agora. Não há substância num bando de pessoas rebolando em carros alegóricos. E como em qualquer evento público de grande porte, a quantidade de álcool envolvida mina qualquer possibilidade restante de promoção de dignidade. Muita gente perde a linha e reforça generalizações sobre a falta de respeito do gay ao exibir sua sexualidade.

Não é diferente em outras manifestações públicas, mas nesse caso específico, há uma reunião definida de elementos de uma mesma minoria. Homem, mulher, rico e pobre fazem merda e passam vergonha num carnaval da vida, mas na Parada Gay tudo recai sobre o público que tenta defender sua inclusão social. Fazer uma parada dessas para pedir respeito é a mesma coisa que começar uma guerra para pedir paz.

E eu nem vou tentar pintar essa argumentação como preocupação com um grupo querido, já disse outras vezes: Quero que façam a porra da obrigação ao incluir os homossexuais na sociedade da forma correta para a humanidade ter mais tempo para se dedicar a coisas REALMENTE importantes (vida eterna, conquista espacial, coisas bacanas…). Tenho horror a demonstrar afeto por grupos tão genéricos, já que a média de qualquer grande grupo humano é formada por pessoas incapazes até de entender o que estão lendo.

Enquanto a parcela semi-babuína dos gays está dançando bêbada numa avenida movimentada, a bancada evangélica (100% babuína) está fazendo pressão atrás de pressão para desfazer qualquer avanço social considerável no que toca os direitos dos homossexuais.

Entendo que as pessoas gostem de festas, entendo que seja um dia divertido para vários dos gays (ou não) que frequentam o evento, mas é inocência achar que a parada não é mais do que um quadro do Zorra Total em larga escala. É a Parada das Bichas, caricatural e condescendente com o preconceito generalizado. Influencia pouco ou quase nada a parcela em cima do muro e dá munição para os contrários.

A cidade que a abriga é basicamente subornada para aceitá-la pelo poder turístico, a mídia aproveita para fazer de tudo um grande circo, um desfile de seres estranhos. A discussão decorrente de um evento desses é TÃO vazia que estamos na décima quinta edição, com avanços medíocres na questão social.

Resta o quê? O carnaval. E como apaixonado defensor da evolução intelectual humana, digo com orgulho: Enfiem o carnaval no cu. Não serve para nada além de perpetuar cultura rasteira e mentalidade de vira-lata. O pobre da comunidade vira estrela por um dia, devidamente fantasiado, no seu desfile. O homossexual vira estrela por um dia, devidamente fantasiado, no seu desfile. Círculo vicioso, o protagonismo é PERMITIDO a ele uma vez por ano, e é completamente subordinado à fantasia.

É tão difícil assim entender o aspecto de subserviência de um evento como a Parada Gay?

“Veste essa roupa colorida e dança para o sinhozinho, dança…”

Quando se expressa individualidade como grupo organizado, é a imagem do todo, e não a da parte, que fica registrada na mente das pessoas. O todo esvazia o conceito e reduz o evento aos preconceitos mais bidimensionais de um povo que já não é muito intelectual para começo de conversa…

Se era só para fazer folia, podia ter outro nome.

Para dizer que eu estou sendo preconceituoso, achando que isso é um argumento, para ignorar tudo dizendo que eu tenho ENVEJA da “alegria” alheia, ou mesmo para dizer que perto da Marcha para Gezuiz a Parada Gay é santa: somir@desfavor.com

SALLY

Antes que algum simplório encare este crítica como um discurso anti-gay, eu quero lembrar que eu não apenas não tenho preconceito como ainda tenho uma enorme admiração pela comunidade gay. Justamente por isso, por sempre ter defendido e aplaudido, me sinto no direito de criricar quando acho que estão fazendo alguma coisa idiota. A Parada Gay, tal como vem sendo realizada, é uma coisa idiota.

A idéia original de se organizar e se manifestar, pleiteando um lugar na sociedade é muito válida. Pena que a Parada Gay se perdeu no meio da bandalha que é este país, onde tudo vira um carnaval. Um movimento para dar visibilidade a um grupo discriminado, onde eles seriam ouvidos e mostrariam o que tem a dizer virou um festival de baixaria e oba-oba.

Pelas declarações dos participantes já vemos que tem algo estranho no ar. Na última parada gay um entrevistado disse que os homossexuais estavam ali buscando um reconhecimento como um grupo legítimo. Fiquei triste. Precisava reforçar esse idéia dos “grupos”? Somos um grupo só: seres humanos. Se fechar em uma panelinha, seja ela pela cor da pele, seja pela religião, seja pela sexualidade, é empobrecedor. Nota-se que alguns participantes estão imbuídos de um espírito revanchista, em uma vibe meio Zagalo: vão ter que me engolir. Não é essa a melhor postura.

Independente de opiniões individuais, afinal, em todo grupo sempre tem quem fale merda, o movimento como um todo me parece um pouco depreciativo à causa gay. Seria muito mais benéfico se fosse conduzido de outra forma. Da forma como vem sendo feito, só reforça o clichê de “bichas purpurinadas” fazendo “pouca vergonha” no meio da rua para chocar “cidadão de bem”. Tanto na forma como no mérito, acho muito questionável.

Na forma, acho feio. Vocês sabem, eu sou contra fazer baderna na rua. Isso é coisa dos anos 60/70. Até uso a expressão “o povo ir para a rua” no sentido de que pessoas se manifestem das mais diversas formas para obter visibilidade, mas isso não quer dizer que tenham que sair fisicamente em bando no meio de uma avenida. Pessoas em bando me incomodam. Parece que as pessoas regridenm quando estão em bandos. E por regridem, não me refiro a virar crianças, me refiro a uma regreção maior na escala evolutiva: parecem macacos. Tem coisa mais eficiente e mais sofisticada, o pessoal GLBT pode fazer melhor do que isso.

No mérito, questiono a abordagem ao tema dada na manifestação pública. Que bem poderia trazer para a causa gay aquele carnaval que fazem na passeata? Eles devem ser reconhecidos por sua competência profissional, por sua credibilidade, por sua seriedade e por tantas outras qualidades que são postas em dúvida quando a pessoa se assume homossexual e é marcada por aquele estigma de “bichinha alegre”. Gays podem ser excelentes chefes, ótimos pais, maravilhosos professores. Isso é o que eles tem que mostrar: seu lado profissional brilhante, seu lado familiar exemplar, seu lado sério e dedicado. O outro lado, o alegre e festeiro, já está estigmatizado.

Porque não mostram os líderes bem sucedidos que se assumem gays? Porque não mostram o diferencial que isto pode fazer na liderança de uma empresa ou de um pequeno negócio? Porque não mostram um outro lado que os Bolsonaros da vida insistem em denegrir? Porque tem que ficar nessa postura de oba-oba, de tudo é festa, de “hoje é o meu dia”? Não, hoje não é o seu dia, seu dia são todos os dias do ano, fazer de um dia o “seu dia” é reforçar o preconceito, tal qual dia do orgulho negro ou dia da mulher. Ótimo… ganhou um dia só para você! O resto do ano é do Bolsonaro? Tem que mudar essa postura. Eles que faça um único dia do ano para ser o Dia do Preconceito Gay, falar todas as besteiras que quiserem nesse dia e depois calarem a boca o resto do ano!

Eu sempre digo que nada melhor do que se colocar no lugar dos outros para avaliar uma situação. Olha, se houvesse um “Dia do Orgulho Argentino” com passeata no meio da rua, EU NÃO IA NEM A PAU! E quando os heteros forem minoria socialmente esmagada, tida como obsoletos, cabeça fechada e ultrapassados e tiver o Dia do Orgulho Hetero, EU TAMBÉM NÃO VOU. Meu dia é todo dia e eu não acho que manifestar minhas preferências sexuais na rua possa fazer algo a meu favor a não ser evadir minha privacidade. Os idiotas que odeiam gays ou argentinos (ou ambos) não vão deixar de odiar por causa de uma passeata. Eu gastaria tempo e dinheiro investindo em outra forma mais útil e educativa de visibilidade social.

Eu amo gays. Mas, ao contrário do que muita gente pensa, amar não significa nunca criticar: “se criticou a Parada Gay É PORQUE não gosta de gay” – sempre tem uma mente brilhante soltando um desses nos comentários. Eu amo gays e não quero que eles virem um grupinho de “intocáveis” tal qual viraram os negros, os idosos e os deficiente físicos, que podem cuspir na sua cara e te dar um chute nas costelas que você tem que agradecer se não vai parar em uma delegacia e fica com a opinião pública toda contra você. Então, eu critico algumas atitudes dos gays porque sei que eles são fortes e inteligentes o bastante para assimilar e refletir. Eu critico porque me importo e porque acho que há cabeças pensantes capazes de ouvir esta crítica de forma construtiva. Sim, eu critico porque tem retorno de cabeças pensantes, que mesmo que discordem comigo, tem uma opinião coerente. Mas isso só vale para mim, Somir acha que quem discorda dele não tem uma opinião coerente – e é burro.

Novamente nessa linha de se colocar no lugar da pessoa, vamos supor que as dançarinas de axé quisessem ser lavada a sério. Vamos supor que elas quisessem mostrar ao mundo que dançar axé não é nada de mais, é apenas uma escolha de um entre muitos ritmos de dança e que podem ser tão profissionaos como qualquer dançarina de ballet ou dança do ventre e que axé não é só baixaria, também requer habilidades profissionais de dança. Vamos supor ainda que elas buscassem respeito e reconhecimento social. Daí organizam uma Parada Axé para mostrar às pessoas que elas merecem um lugar no mundo da dança tanto como qualquer outra pessoa.

Agora imagina que na hora da Parada do Axé elas aparecem semi-nuas rebolando na boquinha da garrafa até o chão (ou seja, fazendo o que há de mais ignóbil no mundo do Axé), ao som de músicas de axé com letras toscas, repetitivas e de duplo sentido (sim, existem outras formas de axé, ouça “Firme e forte”, feita para as vítimas das chuvas do RJ, por exemplo). COMO isto pode ajudar a categoria? COMO? Só estaria reforçando tudo de ruim que as pessoas pensam sobre o axé. Se é para fazer assim, melhor ficasse em casa!

Parada Gay, da forma como é feita, só reforça o estereótipo negativo, o estigma de falta de seriedade e a idéia de que os gays tem direito a um único dia do ano para se manifestar. Tem dó, eles merecem algo melhor do que isso como movimento representativo. Eu, que sou uma Nobody que nem ao menos trabalha no nessa área, organizaria um evento bem melhor.

Só para não passar em branco: a queda de um helicóptero provou, sem querer, muitas acusações que já fizemos aqui a Sérgio Cabral: favorecimento a Eike Batista, à construtora Delta e outras baixarias que não cabem aqui. Mas o pior, na minha opinião, é perceber que se para pilotar o helicóptero onde viajava seu FUCKIN’ FILHO Sergio Cabral é tão irresponsável (o piloto estava com a licença e os exames médicos vencidos faz tempo e o helicóptero não tinha equipamento para voar à noite nem com tempo ruim em segurança), imagina COMO ele cuida do Estado do Rio de Janeiro! TAQUIPARIU!

Para ignorar a essência do texto e dizer que eu sou contra o movimento gay, para dizer que não tem jeito, tudo neste país vira um carnaval ou ainda para dizer que eu deveria calar a minha boca porque o último blogueiro que meteu o pau no Sergio Cabral levou tiro em plena luz do dia no meio da rua: sally@desfavor.com

A ponta do lápis preto é mais grossa? Racista!“Foi publicado no “Diário Oficial” do estado do Rio de Janeiro desta terça-feira (7) o decreto nº 43.007, que reserva 20% das vagas para negros e índios em concursos públicos para preenchimento de cargos efetivos do poder Executivo e das entidades da administração indireta.”

(…)

“O decreto leva em consideração o artigo 39 da Lei Federal 12.288, de 20 de julho de 2010, que impõe ao poder público a promoção de ações que assegurem a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a população negra, inclusive com a criação de sistema de cotas.”

FONTE

Não é só uma palhaçada carioca, é uma palhaçada potencialmente nacional.
Desfavor da semana.

SOMIR

Sabem como eu sei que negros e índios sofreram com preconceito racial na história deste país? A proporção de pobres e miseráveis dentre esses grupos étnicos é desproporcionalmente maior que em outros. Sabem como políticas públicas como essas do exemplo reconhecem o mesmo fato? Porque negros e índios não se tornaram brancos.

E é basicamente isso que o Estado diz quando coloca cotas de aprovação raciais em seus concursos. Sei que não vivemos num país muito afeito ao pensamento moderno, mas discriminação institucionalizada é passar do limite! O cidadão tem direito de ser julgado por seu mérito muito antes de ser por sua etnia. É uma questão de dignidade pessoal.

Imagine uma pessoa esforçada, disciplinada e inteligente que fez por merecer passar em primeiro lugar num concurso público; agora imagine essa pessoa lidando com olhares de desconfiança no seu trabalho porque outros acreditam que ela SÓ ganhou a vaga por causa do sistema de cotas raciais. Isso não pode acontecer com uma pessoa branca, pode?

A pessoa faz das tripas coração para passar por um sistema que já nasceu contra ela e não pode colher os louros do seu sucesso por causa da sua etnia? Porra, se isso não define uma forma de preconceito escroto, não sei mais o que pode.

A solução mais lógica é investir pesadamente na educação pública, mas considerando que o “sistema” depende da ignorância, a forma de quebrar um galho e tentar pelo menos alguma coisa é implementar cotas SOCIAIS. Se o Estado não reconhece que é a posição social do negro e do índio que explicita sua desvantagem, está reconhecendo que eles são inferiores. Tem que ter um motivo para soltar uma cota dessas, porra!

Se 20% das vagas fossem para pessoas que estudaram exclusivamente em escolas públicas, ainda incorreria em alguns problemas de capacitação, mas pelo menos não seria uma porcaria de um passo para trás na questão racial brasileira. Os americanos fazem dessas de cota racial, tem limitada função social, mas aumenta a tensão racial. Se sua política pública segrega, você está fazendo algo errado.

Uma medida dessas é tão babaca que até mesmo uma bolsa-esmola desse governinho populista seria mais racional. Se o Estado começasse a pagar um salário mínimo por mês para todos os negros e índios desse país, SÓ pelo fato de serem negros e índios, ainda seria mais inclusivo e menos ofensivo que essa merda de cotas raciais. Ei, eu já pago os luxos do Palocci com meus impostos, acharia muito mais bacana que o dinheiro fosse para quem precisa. E além do mais, não seria uma armadilha feito as outras bolsas-esmola, o cidadão não seria punido por melhorar de vida. A não ser que você seja o Michael Jackson, vai nascer e morrer com a mesma raça.

Claro, não que eu queira que isso aconteça, mas até isso faz mais sentido.

O serviço público brasileiro já é tão ruim que vai se tornar uma armadilha para negros e índios, independentemente de serem cotistas ou não. A falta de estrutura vai respingar em quem for percebido como cotista… E mais uma vez, é com os brancos que isso vai acontecer?

Precisa criar um campo minado desses para negros e índios sendo que seria bem mais “leve” botar na conta do próprio Estado e tratar a cota como uma questão social? O povo pegar bronca do sistema de educação nacional é mais honesto e bem mais útil do que reforçar a mentalidade “serviço de preto”.

O governo tira o seu da reta e vai deixando o povo brigar entre si. Ser pobre no Brasil é tão limitante porque os serviços públicos são uma merda. Cota social explicita isso. Cota racial mascara. Não é de se surpreender que essas medidas passem com mais facilidade. Eu já escrevi em outro texto, repito: “Culpa branca” é exclusividade de gente que com muito dinheiro e tempo livre. Não passa nem perto de incomodar os safados que decretam essas medidas. Adoram botar a responsabilidade de medidas como essa na conta do politicamente correto, mas o buraco é ainda mais embaixo.

Meia dúzia de idealistas são cooptados a dar credibilidade de um movimento para tornar o Estado MENOS responsável pelas cagadas que faz. Cota racial é contraproducente E é um embuste.

Encano tanto com o aspecto ideológico, antes mesmo do que com o prático, porque não é como se fossem aprovar quem não preenche os requisitos básicos das vagas. Ainda tem que passar. Evidente que prefiro sempre contar com os melhores funcionários, mas não é aquele lance Bolsonaro de dizer que o piloto do seu avião vai ser um cara que tem formação de taxista. Não misture a nossa argumentação no desfavor com essas bobagens sensacionalistas de quem quer ganhar voto de reaça.

Mas não se pode negar que É uma sacanagem ter que aceitar a possibilidade de um quinto dos funcionários públicos terem só os requisitos mínimos da função, contanto. Não é assim que a sociedade funciona, a vaga deveria ser da pessoa mais bem formada. Tudo além disso é terreno arenoso.

Pena que na política a cota que vale é a da cara-de-pau.

Para me chamar de intelectualzinho de esquerda e racista na mesma crítica, para fazer alguma argumentação sobre cotas raciais que não seja muito mais eficiente no caso de cotas sociais (boa sorte…): somir@desfavor.com

SALLY

Eu ainda acho que o grande Desfavor da Semana (do mês e do ano) é Rogério Skylab completando o ciclo com o lançamento do SKYLAB X e se recusando a continuar e fazer o SKYLAB XI, mas estou muito triste para falar sobre isso, sem contar que tenho esperança que ele mude de idéia. Ainda falando de música, cheguei a pensar que o Desfavor da Semana seria Suzana Miss Piggy Vieira gravando um CD, mas depois que a vi em uma entrevista dizendo “Cazuza merece que eu grave suas músicas” tive que concordar com ela. Merece mesmo, bem feito!

Acabamos caindo em outro tema que já foi discutido no Desfavor. A gente não tem culpa se neguinho faz um desfavor e depois vai e faz outro desfavor maior ainda por cima! Eu sei que vocês gostam de assuntos inéditos, mas não tem como fingir que não vimos esta atrocidade: um decreto instituindo 20% das vagas em CONCURSOS PÚBLICOS reservadas para negros e para índios!

Adivinha de ONDE saiu o maravilhoso decreto que instituiu estas cotas? Da minha Cidade Maravilhosa, mãe da maior parte dos absurdos que acontece neste país. Ele, sempre ele, Sérgio Eu Bebo Sim Cabral. Se eu ganhasse um real por cada vez que critico um ato do Sérgio Cabral… “A paisagem do serviço público brasileiro vai começar a mudar a partir do Estado do Rio de Janeiro.”, ele teria dito. Vai sim. Tomara que coloquem um índio de tanga com o rego de fora para trabalhar no seu gabinete.

Já não batava a cota para deficientes, né? 10% para deficientes, 20% para negros e índios. Qual é o critério? Grupos excluídos e discriminados? BOTA COTA PARA ARGENTINOS LOGO! Se continuar assim teremos cotas para judeus, para orientais, para gays e para portadores de HIV. Para representar o ESTADO DO RIO DE JANEIRO tem que ser é COMPETENTE, e não negro, índio ou deficiente. São cargos pagos com o nosso salário, a pessoas que devem nos servir. O critério de seleção não pode ser outro que não o da competência, pois do trabalho destas pessoas depende parte da vida dos contribuintes.

Quer criar mecanismos de inclusão? Vai fazer na iniciativa privada! Se uma empresa contrata um determinado número de negros, índios, deficientes ou seja lá o que for, dá benefícios fiscais ou algo do tipo. Sabe porque? Porque se eu procurar um serviço de uma empresa e este serviço for uma titica, já que preferiram dar prioridade a negro/índio/deficiente do que a quem teve a melhor nota, eu posso PROCURAR OUTRA EMPRESA. Na iniciativa privada a gente tem essa opção. No serviço público não.

Eu quero ver se na hora de escolher o médico que vai operar seu coração o Sérgio Cabral escolhe o profissional porque é negro, índio ou deficiente. Não, ele vai escolher o melhor (seja ele branco, negro, índio, deficiente ou esquimó). Pois é, é assim que ele deveria escolher as pessoas que trabalham para ele e representam o estado. Pagamos caro demais para não ter os melhores que se prontificam a ocupar aquele cargo.

Vamos combinar que além de tudo é discriminatório. Ou por acaso não existem negros de classe média ou ricos? Adianta selecionar pela cor? No Brasil, ao contrário dos EUA, o preconceito não é pela cor e sim pela CLASSE SOCIAL. Negro que fica rico é tratado da mesma forma que branco. E pode apostar que essas vagas vão para os negros com recursos, que poderão pagar por livros, cursinhos e toda a infraestrutura para estudar para concurso público. Já pensaram que é injusto dar a um negro classe média alta prioridade em detrimento de um branco pobre ou classe média pobre que se matou de estudar? Isso não é inclusão, é castigo para os brancos. Estamos entrando na era do preconceito racial velado contra brancos.

Sem contar que eu adoraria saber o critério que vão usar para determinar quem é negro ou quem é índio. Porque se for como nas cotas das faculdades, QUALQUER UM que se diga negro ou índio é beneficiado. Bacana. Na hora em que o IBGE passa na casa das pessoas para fazer o CENSO quase 80% das pessoas se dizem brancas, na hora de entrar na faculdade quase 80% se dizem negras. No Brasil as pessoas escurecem conforme a ocasião! Somos uma nação de camaleões que muda de cor conforme a necessidade. No caso dos índios, pior ainda, porque nem na aparência física podemos classificar. Quem de nós não tem um índio na família? (Eu! Como sempre, me fodendo).

Pior do que fazer uma lambança mal feita e injusta como essa é ver as pessoas batendo palmas para isso. Outros estados já avisaram que vão aplicar a medida também. Estima-se que em breve ela seja de caráter nacional. Mascararam uma medida politiqueira barata com uma capa de igualdade social e cidadania e AS PESSOAS ESTÃO ACREDITANDO! SOCORRO! Impressionante como no Brasil você pode fazer a maior merda, sem caráter, sem escrúpulos e por interesses escusos, desde que convença os outros de que ela é politicamente correta. As pessoas se pelam de medo de questionar o politicamente correto. O rei está nu e ninguém tem coragem de dizer.

O serviço público já não é lá essas coisas. Se a gente for contar que tem muita gente que entra “pela janela” em concurso, eu chutaria, por baixo, 20%, e somar ao 10% de deficientes que passarão na frente dos melhores colocados mais ao 20% de negros e índios que também furarão a fila na frente dos primeiros colocados, teremos 50% do serviço público nas mãos de pessoas que provavelmente não teriam passado em um concurso igualitário, ou seja, metade das vagas que poderiam ser ocupadas por pessoas altamente competentes e preparadas estão sendo distribuídas como medida paternalista camuflada de inclusão social.

“Mas Sally, quem te garante que o deficiente, negro ou índio não passaria também em um concurso igualitário? Ele pode ser muito mais inteligente e preparado que o branco!” – Pois é, nesse caso, as cotas seriam desnecessárias, não é mesmo? É isso que venho dizendo desde o começo do texto.

Todos nós utilizamos o serviço púbico. Muitas vezes nossas vidas dependem dele. Nós pagamos por este serviço com impostos muito caros, merecemos O MELHOR, seja ele preto, branco, torcedor do Botafogo ou Travesti. O MELHOR não se mede pela etnia ou pela cor da pele. Tá tudo errado.

Para passar atestado de analfabeto funcional e me chamar de racista, para dizer que vai começar a fazer bronzeamente artificial nos seus filhos ou ainda para dizer que se o Sergio Cabral não pudesse ter acesso a serviços particulares e tivesse que dispor apenas dos serviços estaduais ele com certeza não faria esse tipo de coisa: sally@desfavor.com

Baby, you're so vain...Aconteceu semana passada em SP, aconteceu do mesmo jeito em Brasília ontem. É praticamente como se estivessem pedindo um desfavor da semana.

“Começou por volta das 16h30 em Brasília a Marcha pela Liberdade de Expressão, que substitui a Marcha da Maconha, proibida pela Justiça.”
FONTE

Desfavor da semana.

SOMIR

O desfavor não é conservador ou liberal. Sally e eu estamos frequentemente mais preocupados em ter uma linha básica de princípios que regem nossas análises. Ou em sacanear gente que se acha muito especial por pouca porcaria… *orgulho troll*

Temos em nossos arquivos dois textos que falam explicitamente de maconha e seus usuários. Um deles, também desfavor da semana, define os motivos pelos quais eu e Sally somos contra a legalização da maconha. O outro é um desfavor convidado enviado por um leitor, tirando sarro de maconheiros.

Ambos antigos, mas sempre aparecem comentários póstumos em nossas postagens. Adivinhem qual recebeu mais respostas de defensores da maconha até hoje? O convidado, texto que debocha de usuários.

E eu não vejo casualidade nesse fato, o pessoal que defende a maconha tende a tratar o assunto num foro exclusivamente pessoal. A pessoa quer SE convencer que fez a escolha certa e pede aprovação social para tal. A questão aí é que se você passa muito tempo olhando para o próprio umbigo (ou as mãos…), tende a não perceber que existe um mundo ao seu redor.

Eu sei disso porque devo ser um dos únicos do meu círculo social que efetivamente se posiciona contra a legalização da maconha. Depois de tanto discutir, comecei a sacar o padrão:

Se você provoca dizendo que maconheiro é bandido (não tem nada a ver, mas é engraçado dizer), recebe uma resposta ofendida de alguém SE defendendo.

Se você sobe o nível e quebra a fantasia de que maconha não é droga e faz bem, recebe uma resposta ofendida de alguém SE defendendo.

Se você leva a sério e aponta a inconsistência da legalização em relação a outras políticas de saúde pública… recebe uma resposta ofendida de alguém SE defendendo.

É SEMPRE A MESMA MERDA. Parece que nem estão te ouvindo. Discutir o assunto do lado contrário à legalização não é sinônimo de atacar os usuários. Nem todo mundo precisa resumir suas argumentações a críticas pessoais (embora elas possam acontecer…). E não estou só reclamando por reclamar, essa noção de universo-umbigo dos maconheiros está diretamente relacionada à palhaçada dessas marchas recentes.

O cidadão enfia na cabeça que por não cometer crimes apesar de fumar maconha (eu sei, eu sei…), automaticamente se faz prova incontestável de que a proibição é um atentado contra a liberdade de todo um povo. Bom, primeiro que comete sim, não tem que gostar da lei, tem que cumprir a lei. Segundo que não cometer crimes não passa da porra da obrigação.

E nessa ego-trip de cidadão exemplar, enfia na cabeça também que o Estado está cerceando seu direito de expressão por não permitir que uma manifestação PÚBLICA faça apologia a um crime definido pelo nosso Código Penal. Nem vou me aprofundar nisso porque o texto de Sally é de passar atestado de retardado para quem não entender de uma vez por todas.

O resultado disso é gente achando que o Estado está as atacando pessoalmente ao invés de assegurar o cumprimento de uma lei que já existe. O povo engraçadinho que faz manifestação como se fosse um concurso de frases de efeito está completamente alheio ao fato de que NÃO vivemos num país com liberdade de expressão total.

Querem pedir a legalização de um crime, são proibidos e automaticamente exigem um direito que nunca tiveram? A noção de que a resposta do Estado foi uma maldade de figuras públicas que odeiam a maconha é INFANTIL. Coisa de criança que acha que o mundo termina onde acaba sua sombra.

Tem muito ego trabalhando nessa história. É IMPOSSÍVEL que nenhum dos organizadores, no país inteiro, não tivesse pelo menos o conhecimento de que não era uma manifestação legal. Sabiam disso e CONTAVAM com a proibição. A Marcha da Maconha foi liberada em várias cidades, mas só virou notícia MESMO nas onde foi proibida. Isso era esperado. Por trás de todo o processo tem gente querendo atenção.

É mais bacana pagar de revolucionário para as menininhas da faculdade do que realmente tentar liberar a utilização da substância. Não tem mobilização no sentido legal da coisa, é só festa e POSE. Pose sim. Porque o dia que liberarem de vez, o Zé Ruela que se sente o máximo por queimar uma erva e “expandir os horizontes” (faz-me rir) vai voltar a ser só um mané genérico. Não é verdade para todos os usuários, mas combina muito bem com o tipinho que organiza esses eventos.

Se o máximo que a turma da marcha é capaz de fazer é essa ridícula masturbação pública ao som de suas próprias vozes, pode ter certeza que a causa vai demorar décadas para ser levada a sério. Agora só falta esperar os comentários de quem vai SE defender. Gezuiz…

Para escrever o seu currículo aqui e confirmar meu ponto, para tentar argumentar as vantagens sociais da legalização (não custa sonhar), ou mesmo para dizer que esperava de mim mais concordância com as suas opiniões: somir@desfavor.com

SALLY

Como já falamos no assunto uma vez, estava me segurando para ficar calada. Mas não dá, praticamente toda semana publicam algo ligado a esta porra de “Marcha da Maconha” em algum lugar do Brasil. Pior são as opiniões que ando lendo por aí, muitas delas de “juristas” que não fizeram faculdade de direito mas “acham” um monte de coisas sobre a lei, como sempre, partindo de premissas erradas e chegando a conclusões teratológicas. Sério, quer falar sobre a lei? ESTUDE A LEI. Caso contrário fale apenas a sua opinião sem citar aspectos legais!

Eu acho bacana o fato das pessoas não conseguirem diferenciar o que é expressar uma opinião pessoal e organizar uma FUCKIN´ MANIFESTAÇÃO NAS RUAS. Neguinho acha que é a mesma coisa. Não é. Para organizar uma manifestação você mobiliza o Poder Público (deslocamento de força policial, fechamento de ruas, etc). Logo, você, cidadão, pode falar o que quiser, e que se foda, se houverem conseqüências, você que arque com elas. Diferente de uma passeata ou manifestação, onde você mobiliza o Poder Público, por muitas vezes provocando gastos que serão pagos com o meu, o seu, o nosso imposto.

Logo, quando um grupo se reúne para defender o uso e a legalização da maconha está se manifestando em prol de algo que é ILEGAL, que configura CRIME no nosso Código Penal. Cago e ando baldes se você ACHA que não deveria ser crime, o seu ACHAR só seria juridicamente relevante se você fosse Ministro do STF e com isso pudesse mudar a interpretação da lei (quem foi meu aluno está cansado de ouvir essa frase). O Poder Público não deve ser conivente, nem apoiar, nem participar de um movimento que defende algo ILEGAL, CRIMINOSO, sob pena de abrir um precedente perigoso, uma vez que todos são iguais perante a lei. Só porque maconha é a SUA CAUSA não quer dizer que se deva abrir uma exceção, se a sua causa for crime.

Já pensou se amanhã ou depois um bando de tiozinho se reúnem e começam uma marcha ou uma passeata PELA LEGALIZAÇÃO DA PEDOFILIA? Ora, se o Poder Público permitiu e participou na da maconha, que também é crime, vai ter que dar suporte na marcha pela pedofilia! Realiza que bonito! Um bando de homens com cartazes com fotos de bebês gritando que eles tem direito a fazer sexo! Manifestantes entoando musiquinhas como “Ô Dilma, cadê você, eu quero comer a bundinha de um bebê!” Você quer isso para a sociedade?

Daí sempre vem um PAU NO CU dizer coisas como “Mas Sally, não tem como comparar o uso de maconha com pedofilia!”. Observe que eu não estou comparando o uso de maconha com pedofilia, eu estou comparando PASSEATAS, MARCHAS, MANIFESTAÇÕES PÚBLICAS, DEFENDENDO A PRÁTICA DE UM ATO CLASSIFICADO COMO CRIME. Se você ACHA que maconha é menos ofensiva é irrelevante. É CRIME do mesmo jeito. Não tem essa de mais grave ou menos grave. Tem CRIME e NÃO CRIME. Poder Público não pode avalizar um movimento que defende a prática de um crime, sinto muito, essa é uma porta que não pode ser aberta. E só pra constar, PARA MIM (e para muitas outras pessoas), maconha é extremamente ofensivo.

As pessoas tem a arrogância de pensar que, porque na sua visão pessoal determinado ato não é ofensivo ou perigoso, merecem regalias no tratamento e que esta visão tem que ser imposta aos outros. CARALHO, VAMOS RESPEITAR A LEI? Você não está acima da lei por não concordar com ela! Outra frase que eu repetia para meus alunos: É LEI. FEIA OU BONITA, CERTA OU ERRADA, É LEI. Quer mudar a lei? USE A LEI. Isso mesmo, a lei prevê mecanismos para mudar a lei.

Curioso que esses pesudo-intelectuais pau no cu que usam maconha comecem a se vitimizar alegando “censura” e outras babaquices. Isso não é censura, não é vedação infundada ou baseada em critérios tirânicos e repressores. É um limite legalmente imposto, previsto em uma Constituição democrática. Muito fácil alegar “censura” só por ser contrariado! Que bonito! Então o Poder Público tem que permitir tudo? Não, tudo não, só o que VOCÊ considera legal, bacana e inofensivo. UNIVERSO UMBIGO! Vou com o Somir para uma praça pública exibir vídeos de padres currando criancinha para provar que a Igreja Católica é uma merda e quando me mandarem tirar o vídeo vou começar a gritar que é censura! Que tal?

O Código Penal funciona de uma forma justa: você pode fazer TUDO, só não pode fazer o que está escrito ali. São cerca de 360 artigos que tem que ser prévios à sua conduta e tem que ser bem específicos. Até admito que há um erro do Poder Público nessa história toda, o erro está aqui. Deveria existir ensino jurídico nas escolas para que as pessoas saibam o que podem e o que não podem fazer aos olhos da lei. Este é o erro.

Tem que ser muito imbecilóide para parar no meio da rua, ficar berrando “Ei, polícia, pamonha é uma delícia” e “Dilma Rousseff, legalize o beck” e achar que não há qualquer violação ao Código Penal. Basta ler a Lei 11.343 ou o art. 287 do Código Penal. Momento VERGONHA ALHEA: “Estamos sendo reprimidos pela possibilidade de um crime que sequer foi cometido”, disse o advogado do movimento à Folha de São Paulo. Faço questão de citar nome e sobrenome: Mauro Machado. É se sujar por muita pouca merda, Meu Colega. Um operador do direito, independente das convicções pessoais, não deve abraçar uma causa que, até a presente data, é contra a lei, não deste modo. Quer mudar a lei? USE A LEI. Aliás, fica aqui meu recado à Folha: contratem uma assessoria jurídica para parar de escrever MERDA JURÍDICA.

Vamos criar vergonha na cara? Não é qualquer proibição que configura CENSURA. Parem de usar a palavra censura com a leviandade de um menino mimado! Parece que já esqueceram o que de fato é censura. Viver sem proibição nenhuma é tão nocivo quanto viver sob censura. Nós do Desfavor somos os primeiros a zelar pela liberdade de expressão, mas somos RACIONAIS e sabemos a bandalha que esta porra de país vai virar (mais ainda) se cada um puder criar manifestações em prol de qualquer causa que quiser. Em casa faz o que quiser e arque com as conseqüência, mas tomar via pública, fechar rua, utilizar um espaço comum a todo cidadão para defender algo que é CRIME? Vá à merda.

Para provar que é um analfabeto funcional e deixar um longo comentário sobre como maconha é menos prejudicial do que álcool e cigarro, para tirar uma frase do contexto e tentar detonar meus argumentos ou ainda para dizer que censura em kit explicativo de homossexualidade, que não é crime, pode, mas contra maconha não pode: sally@desfavor.com

Foram eles que... sniff... começaram...A semana foi cheia, então vamos listar as notícias:

Lula é chamado de volta para salvar o parti… a nação;

Dilma defende Palocci dizendo que ter dinheiro não é crime;

Código Deflorestal aprovado pelo Congresso;

Kit anti-homofobia vetado por fazer “propaganda de opção sexual”

Tudo bem que a presidência da república não se exerce sem renúncias, mas a frouxidão de Dilma já passou de qualquer limite aceitável.

Desfavor da semana.

SOMIR

No país das controladoras de vôo que ocupam linha oficial para tietar e das marchas da maconha disfarçadas, mais uma vez é a política que ocupa as páginas do desfavor da semana. Eu nunca tive a ilusão de que Dilma fosse realmente se destacar como uma grande líder, mas pelo menos havia uma esperança que ela fosse pelo menos manter as pernas menos abertas do que a vadia política de seu antecessor.

Até que começou bem esfriando o relacionamento com os teocratas iranianos, mas foi só acabar a “trégua” habitual de começo de mandato que o prospecto de Lula de saias se confirmou. Pior: Nem para imitar Voça Majestádi ela está prestando, tiveram que chamar o próprio para tentar acalmar a base governista e esfriar os ânimos da oposição. Não duvido nada que a Dilma que está aparecendo na mídia recentemente é o Lula barbeado e de peruca.

Porra, não dava para ter batido o pé em pelo menos UMA coisa? Ninguém (com cérebro) está pedindo para resolver todos os problemas do país, presidência é o tipo do cargo que exige bolas. Mesmo que figurativas. Tentar agradar situação, oposição E opinião pública demonstra que a nação da bolsa esmola realmente botou no cargo mais alto do país uma pessoa que não tinha noção do que fazer por lá.

Pode até parecer confuso para muita gente depois de oito anos de presidente populista, mas essa função não tem nada a ver com se manter bem visto por todos. Vamos para a América do Norte buscar um exemplo: Pode até parecer maluquice, mas tirando TODAS as escolhas e ideologias, o Bush foi um bom presidente. Falem o que quiser dele, mas o filho-da-puta fez valer tudo o que queria e acreditava apesar da rejeição absurda de quase todos os setores da sociedade. O objetivo dele era enriquecer um pequeno grupo de amigos e sócios? Sim. Ele conseguiu? Sim. O país que ele pegou e o país que ele deixou são bem diferentes. Um cara desses com um pouco de cérebro e objetivos LEVEMENTE mais nobres teria feito muito pelo seu país. Tanto que essa crítica já está caindo nas costas do Obama. Quer agradar muito e acaba fazendo pouco. Não foi ele que chamou o Lula de “o cara”?

Lula modernizou o populismo com oito anos de equilibrismo midiático. Como a maioria dos populistas, ele foi um PÉSSIMO presidente. Pegou e deixou o país basicamente do mesmo jeito (se você olhar no verso da nossa economia, vai ver “Made in China”… o safado teve sorte, não se pode negar). O lixo é o mesmo, as baratas que mudaram. A função que ele exerceu é a mesma que os reis e rainhas de monarquias parlamentaristas exercem: Estão lá para fazer cena e manter o povo anestesiado pelo tempo suficiente para que um primeiro-ministro enfie a trolha e reforme o que é necessário reformar.

O problema é que aqui não tem primeiro-ministro. A nossa rainha da Inglaterra passou quase uma década acenando em frente de um parlamento vazio. Mas o brasileiro se amarrou nisso, deve vir daí esse ufanismo barato de gente que defende que estamos chegando no Primeiro Mundo. Veio Dilma para não mexer no time que estava ganhando (o time ganha muito, a torcida é que fica na mão) e NEM PRA ISSO está servindo.

Passou o Código Florestal com as emendas que anistiam desmatadores costumazes e liberam estados totalmente idôneos como o Amapá (Oi Sarney!) para decidir o tamanho de suas áreas de preservação. Dilma, que verbalizou sua contrariedade aos adendos, resumiu-se a mandar um recadinho para pelo líder do governo para os nobres colegas: Disse que aquilo era uma vergonha. Bacana, né? Mas foi só isso. Se essa merda passar inteira pelo Senado, ALGUÉM duvida que Dilma sanciona? Vai ficar muito bonito não vetar (ela tem poder para isso) algo que considera uma vergonha…

Parece aquelas mães frouxas que pedem para o filho não queimar a cortina: “Congreeessooo… não aprova isso senão Dilminha fica triiiiste…” Não cola botar banca de quem tem opinião se o máximo que faz para defendê-la é uma reclamada meia-bomba depois de ter deixado tudo correr livremente por meses. Sintam o drama: Pelo menos o Lula não teria ficado de nhé-nhé-nhé, teria topado qualquer coisa que lhe trouxesse vantagem política, cagando e andando para a aquele bando de “árvre”. Como cagou, descaradamente, durante todo o mandato.

E falando em cagar: Brasil, um passo para frente, dois para trás. Depois da vitória mais moral do que técnica do reconhecimento da união homoafetiva, a PAC Celular me declara para toda a nação que kit anti-homofobia é propaganda de opção sexual? Se fosse aquele cachaceiro, eu até entenderia, mas ela? Presume-se que essa presidente não seja analfabeta funcional. Salvo engano o bode expiatório da jogada é um vídeo (tosco, eu proibiria pela animação horrível) onde há uma frase dizendo que bissexuais podem escolher dentre um número maior de parceiros. ISSO é propaganda?

Não sei se os anos de Duda Mendonça borraram a linha entre propaganda e realidade na mente do pessoal do governo, mas um kit aprovado pela UNESCO não teria em si idéias voltadas para a “conversão” de crianças e adolescentes à homossexualidade. Até porque esse medo de “propaganda gay” só afeta a turma do armário. Bissexuais REALMENTE tem um universo maior de parceiros possíveis. Fato não é conclusão, porra! Se eu disser que armas atiram, estou fazendo propaganda de assassinato?

Mas sabem o grande desfavor em ambas as situações? O Brasil sofreu retrocessos no aspecto social e ambiental para proteger o Palocci. Isso mesmo, pode botar essas duas cagadas na conta dele também. A mesma oposição cheia de interesses em criar confusão nas duas questões foi a que jogou a merda no ventilador. Colou perfeitamente.

Estou quase me orgulhando de ter votado no outro bundão. Quase. Tem coisas que só o Brasil faz por você…

Para dizer que eu estou fazendo propaganda da corrupção, para dizer que esse lance de fazer charminho antes de abrir as pernas é típico de mulher, ou mesmo para dizer que ainda está tentando entender o contexto onde o Bush foi um bom presidente: somir@desfavor.com

SALLY

Quanta merda em uma semana só! Vai ser difícil escrever sobre tudo em duas páginas!

Dilma mal chegou e já está dando vexame! Primeiro foi o “maravilhoso” Código Florestal, depois um silêncio constrangedor sobre a corrupção de Palocci, em seguida uma visível intromissão de Voça Majestade Çilva I, o eterno monarca que se apoderou do país, que não apenas pagou geral cobrindo Dilma de esporro como ainda deu ordens de que ela coloque sua cara feia na imprensa para defender Palocci e fazer outros absurdos. Por fim, Dilminha Bulldogue me veta o kit contra homofobia que seria distribuído nas escolas após três anos de preparativos, aos 48 do segundo tempo, alegando que o “Governo não pode fazer propaganda de opção sexual”. *voz metalizada: BOLSONARO WINS! FLAWLESS VICTORY

Vergonha é isso: é roubar e não poder carregar. Dilma sabia no que implicaria esse kit contra homofobia e mesmo assim decidiu peitar. Pena que decidiu peitar e peidou pra dentro na reta final, como fez com a questão do aborto na campanha eleitoral. Graças à pressão da bancada religiosa (que nem ao menos se preocupou em esconder essa pressão) ela desistiu na última hora, com a desculpa mais esfarrapada do mundo. Ela acha que o kit era “propaganda de opção sexual” (não percebeu antes não, Dilma?). Gente, eu to muito curiosa para saber o que tem nesse kit que configure PROPAGANDA de opção sexual. PROPAGANDA! Deve ter coisas como “Dê seu cu você também!” ou ainda “Dar o cu é muito mais legal, seja gay!”. ISSO É PROPAGANDA. Duvido que tenha propaganda!

Até onde eu sei o kit se destinava a esclarecer e informar à população que a opção sexual de alguém não torna a pessoa melhor nem pior e que não é permitido bater, discriminar ou destratar alguém por isso. Mas Dilma acha que é PROPAGANDA de opção sexual, termo curiosamente usado por Bolsonaro. Que conforto saber que a Chefe do Poder Executivo está em sintonia com um crápula fodido da cabeça como Bolsonaro! Depois querem que eu bote filho no mundo! É Tiririca fazendo lei e Dilma Bolsonaro regendo o país. Se eu pudesse arrancava meu útero pelo umbigo.

Engraçado foi a pressão evangélica. Garotinho, que para quem não sabe, inspirou aquele Governador corrupto do filme Tropa de Elite 2 (sim, tudo aquilo aconteceu), que tem mais podre na vida do que qualquer um de nós possa imaginar, liderou a grande revolta contra o kit. Uma mão lava a outra, sabe? Palocci cagou de montão no pau, se Dilma quiser salvar o pescoço dele mais uma vez teria que abrir as pernas. E foi o que fez. Ou melhor, foi o que Çilva I mandou ela fazer. Porque quem caga com o próprio cu ainda merece algum respeito, mas fazer merda com o cu dos outros é nojento.

Momento vergonha alheia total: Dilma em close para um zilhão de câmeras defendendo Palocci em um discurso completamente decorado. Parecia aqueles bonecos de ventríloquo, quase pude ver ela sentada no colo de Çilva I e ele falando por ela. Uma vibe meio Cyrano de Bergerac, quase pude ver Çilva I atrás de uma moita assoprando palavras para ela. Péssima atriz, repetindo feito um papagaio um discurso ensaiado, tava na cara que não eram palavras dela. Muita vergonha ocupar um cargo tão alto e não ter poder algum. Muita vergonha ocupar um cargo tão alto, não ter poder algum e ainda deixarem bem claro para quem quiser ver que ela não tem poder algum.

Voltando ao kit, para você que ainda tem alguma dúvida sobre seu conteúdo, saiba que este kit já havia sido aprovado pela UNESCO. Sim, FUCKIN´ UNESCO, cujos critérios são muito mais rígidos do que nosso padrão tupiniquim “nós pesca – Livro escolar com português errado”. Sem querer ser escrota (mentira, quero sim), o kit é resultado de um projeto que vem sendo preparado há TRÊS ANOS, com a participação do MEC, de ONGs e aprovação da UNESCO. SÓ AGORA esta Senhora percebeu que não tava do seu agrado? E tipo… MEC aprova, ONG aprova, UNESCO aprova… e Dilma reprova? Ela se acha mais avalizada do que a UNESCO para julgar o conteúdo? Dilma, o que você tem de BARANGA você tem de IDIOTA. Se não ia segurar o rojão da briga, melhor não tivesse deixado sair do papel. Quanta falta de planejamento! Quanto desperdício do dinheiro público! Se era para vetar em cima da hora, melhor tivesse pensado em uma desculpa plausível. Impressionante como o Brasil só tem gente mal assessorada! Quero largar o direito e assessorar alguém, porque com certeza eu faço melhor do que isso! Contrata Sally & Somir Assessoria!

Até para negociar e ceder politicamente é preciso competência. Não sou ingênua de achar que é possível governar sem troca de favores no Brasil nem que isto não aconteceu em outros governos. Mas porra, desta forma ostensiva, vergonhosa, sem um pingo de respeito, esfregando na nossa cara que quem manda no país é uma bancada ruralista ou evangélica e que o Governo abre mão do bem estar da população para proteger um corrupto que por mais uma vez não teve competência de corromper nem de ser corrompido discretamente é foda! Estou puta pela corrupção, pela bandalha e TAMBÉM pela INCOMPETÊNCIA.

A reação GLBTS está sendo tímida. Uma pena, queria ver Jean Willys “Dilma se precipitou” iniciando uma revolução. Ok, ele tem um decoro a zelar. Mas todos aqueles Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Simpatizantes (me incluo) tem que começar a pensar em reagir à altura. Já levantei a bandeira da trollagem como solução para o Brasil e insisto nisso. Tá na hora de começar a espalhar câmera oculta e armar ciladas para certos congressistas e depois chantageá-los com vídeos deles fazendo sexo com travesti para aprovar o que querem. E depois de aprovar, jogar o vídeo no YouTube de qualquer jeito, porque esse povo não merece ética. Esse discurso de “manter o nível” é muito bonito porém contraproducente. Não dá para manter o nível com essa gente.

Se fosse um kit contra preconceito racial, o que teria acontecido se fosse cancelado porque “O Governo não pode fazer propaganda de raça”? E se fosse um kit explicando os horrores do holocausto e repudiando o tratamento dado aos judeus, o que teria acontecido se fosse cancelado porque “O Governo não pode fazer propaganda de religião”? DILMA É UM FANTOCHE QUE ABRE AS PERNAS PARA TODO MUNDO, QUATRO ANOS TERRÍVEIS NOS ESPERAM. Repita comigo: APRENDI MINHA LIÇÃO, NUNCA MAIS VOTAREI NO PT.

OBS: Para aqueles que acham que eu não faço nada além de reclamar neste blog, saibam que eu faço sim. Só não entro em detalhes porque isso acabaria por expor meu nome real e o nome real do Somir, coisa que pretendemos preservar até o fim.

Para sugerir um kit pró preconceito contra argentinos, para dizer que se for reclamar da Dilma a cada merda que ela fizer só vamos falar dela ou ainda para dizer que tem que pagar um negão para currar o Bolsonaro e filmar: sally@desfavor.com