Desfavor explica: A crise econômica mundial.

Atenção: Assunto chato.
Tirando isso do caminho, fico livre para começar o desfavor explica de hoje.

Até mesmo se sua maior preocupação na vida é como as cores de suas peças de roupa vão combinar, você já deve ter ouvido falar da crise econômica mundial. *trovões*

E a não ser que você conviva com fabricantes de canetas vermelhas, deve ter ouvido falar muito mal dessa tal de crise econômica mundial. *trovões* Os sintomas dessa intempérie financeira global… *trovões*

Ok, chega!

SONOPLASTA: Foi mal.

Como eu ia dizendo, os sintomas já podem ser sentidos por aí: Diminuição no número de empregos, diminuição de crédito, diminuição de confiança do consumidor e aumento de diversidade étnica na Casa Branca.

Ok, os jornais, as revistas e a TV dizem que a crise existe, até tentam explicar como ela foi desencadeada, mas não vi ninguém ainda explicar esse assunto desde o começo, desde um elemento básico que é a chave para a compreensão do assunto.

O QUE É UMA CRISE ECONÔMICA?

Uma noção errônea que o grande público ainda carrega sobre as crises econômicas é a mecânica delas na atualidade. Para evitar que esse assunto fique distante demais da realidade, vamos exemplificar com uma situação muito mais banal, o fim de uma festa:

O cidadão deixa a mulher em casa lavando suas cuecas e resolve galinhar numa festa da sua empresa. Ele observa impotente vários outros paquerarem e conquistarem as mulheres mais bonitas e desejadas da festa, e logo depois vacila novamente e até as vadias do recinto já encontraram seus pares. Resignado, ele resolve encher a cara e encontrar a baranga mais aceitável que puder.

“Pelo menos nas barangas eu posso confiar…”

Eis que para a sorte do cidadão surge uma loira escultural na sua frente, desacompanhada. Como é um dos que ainda não tinha pegado nenhuma mulher ali, aproveita a chance e mesmo sabendo que não está com o juízo nas melhores condições, paquera a loira.

A mulher conta que é nova na cidade e ainda não tinha feito nenhuma amizade. Papo vai, papo vem e o homem consegue convencê-la a esticar a noite num motel. Para o espanto e inveja de todos os outros homens da festa. Nosso anti-herói faz questão de se exibir bastante e demonstrar que foi o grande felizardo da noite para quem quisesse ver.

Chegando no motel, ele descobre da pior forma possível que não vai ser o único que vai fazer a barba pela manhã. Ao pagar a conta do motel com “sua parceiro” visivelmente aborrecida, ele começa a pensar que deveria ter ficado com as barangas mesmo…

Ele chega em casa sem dar um pio, deita na cama enquanto sua mulher dorme e começa a pensar em formas de escapar da vergonha.

No dia seguinte, seus colegas de trabalho que estavam na festa o enchem de perguntas sobre a misteriosa loira. Não querendo dar o braço a torcer, ele mente falando maravilhas sobre a performance sexual daquela mulher. Percebendo que está fazendo sucesso, exagera a ponto de deixar todos que ouvem desesperados para ter uma chance com aquela deusa da luxúria.

As coisas acabam saindo de proporção. O cidadão que comprou gato por gata vira lenda na empresa e acaba inventando um caso com a mulher em questão, cada dia com mais e mais histórias incríveis sobre o desempenho dela.

Mulher bonita e melancia têm uma coisa em comum: Ninguém come sozinho.
Não demora muito até que outros encontrem e seduzam a mulher da qual se falava tão bem.

Curiosamente, até os que viram ao vivo, a cores e veias que a loira tinha um algo a mais acabam corroborando com a história contada inicialmente. Os homens que realmente sabiam o segredo da história se entreolhavam num pacto de silêncio incômodo. Os poucos homens que ainda não tinham tido esse “prazer” continuavam pedindo informações sobre como encontrá-la.

Até que um deles, diretor da empresa, é pego pela mulher com a loira na cama do quarto de casa. Para se vingar resolve abrir o bico e dizer para quem quisesse ouvir que seu agora ex-marido estava de caso com um travesti.

Os homens que sabiam de tudo fingem que não é com eles e deixam o que foi pego levar a culpa sozinho. Os que não sabiam mantém o silêncio, já que muitos dos seus superiores tinham tido caso com a loira em questão.

A corna bota a boca no trombone e a cidade inteira fica escandalizada. As mulheres de todos os funcionários da empresa começam a desconfiar de seus maridos, gerando atritos e acusações para todos os lados. O desempenho dos funcionários no trabalho desaba por causa dos problemas domésticos, gerando enormes prejuízos para a empresa, não só econômicos como de imagem.

Desesperada, a empresa resolve subornar a loira com um acordo de sigilo eterno, torcendo para a poeira abaixar.

Ou até que outra coisa desvie a atenção da população…

O QUE QUE ISSO TEM A VER COM A CRISE ECONÔMICA?

Tudo. Acabei de descrever a crise econômica mundial com outras palavras.

Mulheres mais bonitas e desejadas da festa: Ações em alta por méritos próprios. De uma empresa que está vendendo mais que todas as outras do seu setor, por exemplo.

Mulheres vadias da festa: Ações rentáveis, mas de alto risco. Investimentos em países emergentes, que apesar de atraentes podem te passar alguma doença.

Barangas da festa: Ações com baixo retorno, mas sempre disponíveis. Investimento em países com economias estáveis que vão estar em casa se você ligar.

Loira: Ações que fazem muito mais sucesso do que fariam se todos soubessem a verdade. São os títulos imobiliários que desencadearam a crise. Também conhecida como “bolha”.

Funcionários da empresa: Investidores do mercado de ações.

Funcionários da empresa que sabiam que a loira era homem: Especuladores. Mesmo sabendo que os investimentos no mercado imobiliário tinham um segredinho inconveniente, eles botaram para foder.

Funcionários da empresa que não sabiam que a loira era homem: Otários que não tinham como saber que estavam sendo feitos de otários. Por exemplo aquele seu tio que arriscou o seu fundo de garantia em ações “loiras”.

Funcionário que foi pego com a boca na botija: Bancos de investimento que sabiam que a trolha poderia entrar neles e mesmo assim continuaram com a safadeza. Pagaram o pato.

Empresa: Os governos, principalmente o americano. Tinha como saber que ia dar merda a qualquer momento, mas como tinha gente do alto escalão metida na confusão, esperou até a coisa não ter mais volta. Agora tem que abrir o bolso para resolver a situação.

Mulheres dos funcionário: Eu e você. Vai dizer que não sentiu uma dor-de-cabeça enquanto eles estavam se divertindo por aí?

COMO RESOLVER A CRISE?

Também já expliquei.

Ou espera a poeira abaixar até que nós, as cornas, voltemos a ter confiança neles enquanto continuamos a lavar as cuecas imundas deixadas nos nossos cestos…

Ou ache outra coisa que desvie a atenção da população… Uma outra boa definição de crise econômica que ela é o período que antecede uma guerra.

(Claro que nos dias de hoje pode ser o período que antecede a descoberta de armas de destruição em massa num país que cujos carros mais modernos são Passats, mas prefiro ficar com a idéia mais clássica por agora.)

Mais ou menos como espalhar que se a loira tivesse ficado na cidade dela, nada disso teria acontecido. Ou mesmo que a culpa de tudo é dos homens que trocam de sexo. Pronto, é muito mais fácil ser vítima, une o povo.

Não sei quanto a vocês, mas eu prefiro lavar umas cuecas.

Alguém sabe tirar freada?

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Comments (10)

  • hahahaha
    tem até igreja evangélica prometendo proteção contra a crise econômica. sempre penso o que será de nós, pobres mulheres assalariadas nestes momentos.

    :P

  • Genial!
    Quando vc disse na primeira linha que o assunto seria chato achei que falaria sobre as origens da crise estarem na quebra da Nasdaq durante os anos 90, ou ainda mais, que a história é ciclíca, e mencionaria as crises de 1929 e choques do petroleo… mas vc não fez nada disso. O texto não ficou chato (se bem que eu adoro economia e ia gostar se vc entrasse em detalhes xD).
    Parabens pela ótima analogia.

  • Marian Oliveira

    Finalmente alguém explicou essa bagaça de uma forma simples.
    Só se ouve falar que a “crise” não vai atingir o Brasil (não é, senhor Lula?), mas ninguém diz realmente o que ela é.
    Valeu Somir!

  • Hahahaha adorei a metáfora.
    Muito bom, Somir. É como você disse “é muito mais fácil ser vítima, une o povo”.
    Se bem que, não adianta nada o povo ficar dando uma de inocente e não procurar saber mais do que se passa no mundo. Não dá pra colocar toda a culpa nos “poderosos” né.
    Vamos ser solidários e dividir a culpa.

  • Hahaha! Boa sorte com as cuecas! Não serão as primeiras e muito menos as últimas que precisarão ser lavadas…

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