Desfavor da semana: Deboste.

Gente bonita!Agora que a campanha “Rafael Pilha para presidente” foi oficialmente lançada, as eleições voltaram a ser interessantes. E nesta semana tivemos o primeiro debate televisivo dos presidenciáveis.

Só que infelizmente a mídia já escolheu seus candidatos preferidos e só fala neles. Tenham em vista que Pilha sequer foi cogitado para o debate na Band. Como era de se prever, apenas com os chatos Serra, Dilma, Marina e Plínio, o momento mais empolgante do encontro dos candidatos foi finalmente ver os créditos rolando, pondo fim ao sofrimento. (Pelo menos até o próximo debate…)

Desfavor da semana.

SOMIR

Tem coisas que eu só faço pelo desfavor. Uma delas foi acompanhar o previsível festival de “cu na mão” que costuma ilustrar os primeiros debates políticos com alguma projeção na mídia. Os candidatos basicamente foram para o motel e resolveram bater uma… (Desfavor: Classe em primeiro lugar!)

Muito embora o medo de falar alguma besteira antes que seus concorrentes seja pra lá de tradicional nas corridas presidenciais, existe mais um fator nessa disputa que torna as coisas tão enfadonhas: A crise de identidade. Serra e Dilma, considerados os candidatos com chances reais de vitória, não devem saber nem eles mesmos qual a real diferença entre sua candidatura e a do adversário.

Enquanto cada pesquisa encomendada (Ah, Datafolha, sua troll…) mostra um resultado diferente, não tem nem como saber quem está liderando e quem está seguindo. Num ambiente como esse, os dois não podem se arriscar a perder a postura de líder, que consiste em ficar na sua e no máximo rebater uma crítica. Brasileiro fica meio azedo quando o primeiro colocado sacaneia o segundo, reflexo direto do nosso complexo de vira-lata.

Como chefes de uma máfia, deixam para seus seguidores toda a pancadaria eleitoral obrigatória. E já que nenhum deles tem sequer um traço carismático em suas caras feias, nem mesmo apelar para o discurso emocional funciona. O que nos resta? Um debate entre duas pessoas que só querem parecer boazinhas.

Precisa fazer debate pra isso? Mandasse pra Band um vídeo deles beijando criancinhas que já resolvia. Essa lenga-lenga dos líderes acaba respingando na terceira (não)opção, a crente ecochata feminista (aposto que debaixo da saia dela tem pelo suficiente pra forrar um colchão…) também tem que ficar na moita porque (atual) terceiro lugar tem que seguir uma rígida estratégia de bater muito no (atual) primeiro lugar e mais ou menos no (atual) segundo.

Se Marina escolher errado a vítima ou mesmo se sair cacetando sem distinção, tende a ficar sem apoio no segundo turno, caso consiga seu milagre. E ninguém pode bater nela ainda, já que seria de novo uma ofensa à política dos coitadinhos que rege nossas eleições.

Tudo engessado. Só mesmo Plínio Mumm-Ra Arruda tinha aquela bem-vinda liberdade de franco atirador, o suficiente para render alguns totós divertidos na trio inatividade. E mesmo assim, grandes bostas. Não apertou o Serra sobre seu vice, não provocou Dilma sobre as multas de campanha, não forçou Marina a falar sobre religião… Não cutucou ferida alguma e continuou sendo uma nulidade no processo todo.

E que merda de debate é esse que não traz TODOS os candidatos? São NOVE candidatos registrados, apenas quatro fizeram o debate.

Se era para ver Serra, Dilma e Marina, aquelas coisas feias e sem graça, falando de assuntos tão insossos quanto eles, era mais negócio chamar a “turma do fundão” para botar fogo no debate.

Tínhamos à disposição:

Ivan Martins Pinheiro (PCB), o candidato do partido que resolveu fazer birra. Ele está na disputa só de sacanagem mesmo. Daria um baile no Plínio no quesito franco atirador.

Ey-ey-eymael, eterno candidato à presidência pelo PSDC. Considerando que ele é o dono do partido, um que tem CRISTÃO no nome (estado laico de brincadeirinha), era de se esperar alguma tensão em perguntas para a crente maluca Marina e para os ateus Dilma e Serra. (Brasileiro vota em ateu, só não pode saber que é…)

Levy “Monorail” Fidélix (PRTB), outro que tem um partido só para fazer palhaçada na época de eleição presidencial. Vai dizer que não seria hilário vê-lo explicando o projeto único de criar aquela merda de trem elevado do qual ele fala desde as primeiras eleições pós-ditadura? “Senhor Levy, eu perguntei sobre a questão da saúde…”

E a dupla comunista Rui Costa Pimenta (PCO – Pão Com Ovo?) e José Maria de Almeida (PSTU)? Adoraria vê-los atacando Dilma com a acusação de traidora do movimento socialista-pobre-irrelevante. Como essas idéias socialistas deixaram de ser relevantes para o mundo no começo do século passado, mas ainda fazem parte do imaginário popular latino americano como “solução para todos os problemas”, seria divertido ver os candidatos com alguma chance se virando para não chamar os dois de malucos depois de ouvir que a burguesia é o problema da nação…

Agora, se quiserem mesmo tornar isso um evento memorável, é só chamar Rafael Pilha (PDESF). O melhor candidato ainda está com alguns problemas para validar sua candidatura (maldito Ficha Limpa!), mas definitivamente participaria de forma digna, adicionando algum carisma na disputa:

“Drácula, responde aí: Você vai destinar verbas para a FUNAI ou vai continuar sua política de deixar o Índio fazer cagada sem supervisão?”

“Baranga, você acha que gente que foi presa pode ser presidente? *sorriso canastrão*”

“Ô hippie… sinceridade… Que merda você aprontou antes de começar a dizer que era crente? Eu roubei um real e um passe…”

Para dizer que achou todos os candidatos iguais e vai votar no mais bonito, pare reclamar que a chance de escrevermos qualquer coisa séria sobre as eleições foi para as cucuias com a candidatura do Pilha, ou mesmo para o Plínio acabou de se tornar o sucessor espiritual do Enéias: somir@desfavor.com

SALLY

Não tem como falar de outra coisa: o debate mais sem sal de todos os tempos, SEM A PRESENÇA DE RAFAEL PILHA, foi o desfavor da semana.

Poderiam ter se limitado a Dilma e Serra, mas chamaram Marina Gremlin Silva e Plínio Mr. Burns Arruda Sampaio. Convenhamos que a presença de Plínio deu um toque de diversão ao debate, apesar de ter uns 300 anos, foi o mais enérgico e corajoso. Ainda assim, se tivessem chamado Pilha, teria sido muito mais divertido. Se em um debate sobre uso de drogas no programa da Luciana Gimenez Pilha já virou e chamou o médico de “Zé Buceta”, imaginem o que teria acontecido em um debate para a Presidência!

Dilma estava visivelmente nervosa. Pilha teria falado com mais eloquência, uma vez que está na vida pública desde a infância. Mas Dilma não, definitvamente ela não se saiu bem. Gaguejou, confundiu palavras, deixou aquele silêncio constrangedor no ar e saiu do assunto muitas vezes. Tanto escândalo, tanto preparo, para ISSO? Dunga Feelings. Deixou frases incompletas, estourou o tempo de respostas, enfim, uma decepção. Cheia de botox e com preenchimento na beiça, Dilma errou no figurino. Tentaram fantasiar ela de menina, com uma roupa com babadinhos e brinco e colar de pérolas. FAIL! Quando ela abre aquela boca com aquela voz de Darth Vader e seu jeito suuuuper macho man, o look bonequeinha destoa. O cabelo dela também me preocupou. Em uma vibe meio algodão doce, estava tão fofo e armado que fiquei com medo de um passarinho fazer um ninho ali. Avisa para ela que os anos 80 já passaram.

Serra, sem sal como sempre, com uma gravata vermelha que parecia de tafetá de tanto que brilhava, até que não se saiu tão mal. Claro que Pilha teria ido melhor, com seu carisma universal e suas certezas sempre tão ponderadas. Serra não foi tão apático como de costume e mandou uns totozinhos da Dilma, isso bastou para que fique em destaque. No meio de tanta gente sem sal não é difícil. Mesmo assim, apelou em vários momentos e mostrou que continua um mala sem alça. O país não tem saúde, não tem educação, tem uma desigualdade social galopante e Serra insistindo em saber a importância que seria dada às APAES e aos excepcionais pelo próximo governante! Eu hein…

Marina Baranga Silva, como sempre, suuuper baranga. Pilha e sua beleza de astro do rock e garoto propaganda teriam estampado muito melhor o vídeo. Marina agrediu meus olhos. Ela parece aqueles bonequinhos de ventríloco, que ficam sentadinhos e só mexem o maxilar inferior, sabe? Pior: ELA PARECE A LINDAMAR! Para piorar ainda mais a sua situação, estava de cabelo preso de forma pouco feminina que fazia parecer estar com uma touca de natação na cabeça. Usou seu discursinho de esquerda ultrapassada, romântico e utópico. Se é para ser do contra e ter menos de 10% dos votos, que seja ao menos radical, assim a gente se diverte. Faz que nem o Enéas fazia: sabia que nunca seria eleito e criou factóides. Ficava gritando “BOMBA ATÔMICA” e coisas do tipo. Chegou a alcançar o terceiro lugar em uma eleição à presidência.

Plínio Jigsaw Arruda Sampaio foi a boa surpresa da noite. Distribuiu desaforos. Chamou Serra de hipocondríaco, esculachou Dilma e soltou farpas destinadas aos ex-governantes. Ao menos me divertiu. Mas mesmo assim, não tem muito mérito, porque se sobressair no meio dessa gente feia e sem sal é fácil. Pilha com certeza faria melhor – e ainda por cima é bonito. Eu sei, eu sei… eu sei que beleza não deve ser o primeiro critério para se escolher um candidato, mas porra, precisam ser feios, horrorosos? Vai dizer que não tem outra pessoa mais estética do que Marina e tão inteligente e articulada quanto?

Dilma e Serra se mantiveram em uma zona segura, só falaram daquilo que tem mais conhecimento. Chegou a ser ridículo: Dilma fez a Serra uma pergunta sobre fornecimento de energia elétrica e Serra respondeu falando de cirurgia de varizes e próstata. Serra fez uma pergunta a Dilma sobre saúde e ela repondeu citando dados de fornecimento de energia. Só sabem falar sobre suas áreas de atuação. Dois despreparados.

Mas o que mais me aborreceu neste debate foi o enfoque equivocado que foi dado. Até onde eu sei, o objetivo do debate é conhecer as propostas dos candidatos, suas idéias, seu valores. Mas não foi bem isso que aconteceu. Dilma em vez de falar de seus planos, ficou citando as realizações do Governo Lula. Frequentemente, quando se via acuada sem saber como responder a uma pergunta, começava a cuspir dados e estatísticas. Ora, todos nós sabemos que dados e estatísticas podem ser manipulados. Sem contar que se eu quiser saber dados, eu pesquiso no Google. Eu queria conhecer as idéias de Dilma. E a única idéia que ela me passou foi: Lula é foda.

Se as pessoas que falavam já não eram muito interessantes, imagina então que tristeza tudo isso com o áudio precário da Bandeirantes. Uma merda, o som meio baixo, meio abafado, meio que com chiados. Mas uma coisa eu devo elogiar na Band: respeitaram o tempo de resposta de cada candidato a ferro e fogo. Quando estourava o prazo eles cortavam o audio sem dó. Dilma ainda tentou continuar respondendo berrando, mas foi em vão. Bota o Pilha lá para debater com eles! HÁ! Ele ia engolir (sem trocadilhos) os candidatos.

Uma coisa me chamou a atenção: com tantos assuntos para serem discutidos, Dilma usou sua pergunta feita à Marina para questionar o que ela pretendia fazer contra o uso de crack. Se tivesse perguntado sobre políticas de saúde e segurança pública no combate às drogas, eu até entenderia. Mas crack? Eu achei que foi uma indireta. Acho que Dilma leu o Desfavor e ficou com medo da força política do Pilha, que pode alcançar à Presidência pelos braços do povo. Acho que ela começou a dar totozinhos no Pilha. Foi uma indireta. Mocréia insergura!

Dilma, Dilma. Não compre briga com o Pilha. Logo você, que usa a frase “não é prudente” como vírgula, fazer uma porra dessas? Se você não tem propostas de governo, se não tem preparo, se gasta suas considerações finais no debate para elogiar o Lula porque não tem mais o que dizer, não desconte no Pilha!

Na minha opinião quem brilhou foi Plínio Mun-Rá, o de vida eterna. Chamou as políticas de Dilma e Serra que “quinquilharias”, debochou de Marina dizendo que ela não sabe pedir demissão e chamou Serra de hipocondríaco. A melhor frase da noite foi dele, sobre os outros candidatos: “Ficou claro que todos são Poliana. O bem tem que ser feito e o mal tem que ser evitado”. Será que ele é avô do Pilha?

Falando sério, depois de ver esses candidatos, eu tenho a íntima convicção de que Rafael Pilha se sairia melhor naquele debate. O mais triste? É que eu estou falando sério.

Para dizer que infelizmente concorda com a gente, para dizer que agora vai votar em Plínio ou para dizer que não viu o debate mais vai tirar onda de que viu citando frases que a gente escreveu aqui: sally@desfavor.com

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Comments (8)

  • Uma coisa que eu percebi sobre a candidata ecologista, evangélica e com presunção de super honesta: seu patrimonio declarado é 150 mil dinheiros, valor de uma casinha mais ou menos numa cidade pequena ou um apartamento pequeno num bairro bom em uma grande cidade; ela se gaba de ter sido senadora durante 10 anos. DEZ ANOS SENADORA e não conseguiu poupar mais do que 150 mil?
    Ou é muito incapaz no quesito finanças pessoais ou é mentirosa mesmo. Claro que todos mentem na declaração do patrimonio, mas um pouco de coerência de vez em quando é bom.

  • Essa macaquice toda é preocupante!!! A quem entregar o governo do país?!

    Me recuso a votar em qualquer um desses energúmenos! Vou de BRANCO mesmo… [o que não sei se não é pior!]

    Mais 8 anos fudidos pro Brasil, pq como sempre na maldita história dessa porra de país, a anta do candidato sempre consegue a reeleição!

    >.<

  • aff
    não vi o debate, mas vou tirar onde citando o texto de vocês.

    talvez o critério para ser candidato seja a feiura e a esquisitice.

    o povo brasileiro é feio e mal arrumado, acho que só uns 10% se salvam.

    é só dar uma olhada para sua diarista e nos centros de compras das ruas e veja como o brasileiro é bunitu, no inverno ainda piora, é um monte de roupa toda descombinada e colorida.
    :(

  • Quem não tem nada a perder pode ser livre para virar franco atirador. O debate foi tão previsível, mas tão previsível, que eu nem precisei ver pra saber o que aconteceu:

    Dois candidatos completamente despreparados e inúteis, que entendem mais de politicagem do que de política e problemas sociais, brigam pela presidência tentando comprar o voto do povo com frases feitas e enrolação, dignas de políticos que não sabem o que fazem.

    Uma outra candidata, que levemente tem alguma chance se chegar ao segundo turno, insegura sobre quem atacar, como e porque, sendo ela mesma uma bostinha sem sal e apeladora para a ecologia e gzuis.

    E por último, aquele que não tem nada a perder, Plínio Matusalém Arruda, que já tá nessa há tempos mesmo, não vai ganhar, e quer ver o circo pegar fogo. Novidade?

    Nenhuma.

    Alguém faz favor de clicar em fastforward pros próximos quatro anos?

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