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Colunas

Estressante.

Hoje é o nosso feriado nacional de Dia dos Fracos, uma data destinada a antagonizar com aqueles que se dedicam a mimimi, vitimização e choradeiras no geral. Para celebrar, normalmente fazíamos postagens ou semanas temáticas apontando quão ridículo era o comportamento destes grupos ou pessoas, focados no aspecto psicológico mesmo. Era o que mais os aborrecia e a gente achava graça de ver os floquinhos de neve únicos e especiais se debatendo por alguém não se deixar calar por faniquito.

Porém, já faz um tempo, estes grupos estão se trucidando entre si. Criticá-los, hoje em dia, seria chover no molhado e, pior, ainda ganharíamos a simpatia de um grupo “rival” igualmente mimizento. Isso nos colocou diante de um dilema: como fazer uma semana temática irritando todos esses grupos sem que nenhum deles fique feliz?

A conclusão que chegamos é: ciência. A bela menina ciência, ela sempre nos salva!

Não importa a origem do mimimi, estes grupos sempre se ofendem com ciência, seja por você dizer que gênero é biologia, seja por você dizer que vacina funciona. A irritação aparece, de um jeito ou de outro, quando a gente aponta quão injusto é mulher competir em esporte com mulher trans, o quão imbecil é mulher ser colocada na mesma cela que mulher trans. A irritação aparece, de um jeito ou de outro, ou quando a gente diz que 5G não causa câncer e vacina não muda seu DNA.

Então, ciência neles! Em todos eles! Foda-se o mundo lá fora, esta semana só vamos postar textos com foco em ciência. Sábado voltamos à nossa programação normal para falar dos desgraçamentos rotineiros.

E hoje eu começo com um tema diretamente relacionado: como o mimimi, a vitimização, o estresse constante, além de destruírem sua saúde mental, também destrói sua saúde física.

Levar uma vida em constante “luta” contra alguma coisa (comunismo, capitalismo, machismo ou qualquer outra causa, por mais justa que ela pareça) faz um mal enorme ao corpo. Um mal que muitas vezes sequer é reconhecido, pois a pessoa está acostumada a funcionar nesse “modo sofrimento” por tanto tempo que crê que os desconfortos e dificuldades são inerentes à vida e não fruto da sua escolha de estar sempre se desgastando.

Muitos tem problema para dormir, chegam ao final do dia inchados (especialmente na região abdominal), adoecem com frequência, tem problemas intestinais (diarreia ou prisão de ventre), dores de cabeça frequentes e vários outros sintomas de origem “desconhecida”, que podem sim ter causa nesse estilo de vida patético de ver o mundo de forma maniqueísta, com grupos bons que precisam ser defendidos contra grupos maus.

Cada vez que a pessoa se aborrece com o que ela classifica como uma “injustiça” ou “opressão” ou “hate” ou o nome que se queira dar para a opinião de outra pessoa que a ofenda, o corpo começa uma série de reações químicas.

O sistema nervoso central é acionado, passando ao corpo o dever de ficar em prontidão, em máxima atenção e começa a liberar algumas substâncias que podem ser muito úteis quando precisamos sobreviver a um perigo real e iminente, mas que, se tornam um veneno se forem jogadas na nossa corrente sanguínea o tempo todo.

Uma das primeiras reações é o corpo ficar tenso, os músculos ficam contraídos. Isso acontece como um mecanismo de proteção. Se a pessoa só ficasse estressada quando realmente precisa, com uma ameaça real e iminente, os músculos tensos seriam úteis para proteger o corpo contra lesões e dores. Tenta socar uma pessoa com a musculatura toda contraída e uma com a musculatura flácida e veja quem se machuca mais.

Mas, no caso, não vem nenhum soco depois de ler algo que a pessoa não gostou em redes sociais, ou escutar algo que ofenda seu político de estimação em um bar ou não receber os privilégios, compensações ou bônus aos quais se acha merecedora por ser uma minoria. A pessoa fica com a musculatura tensa, às vezes várias vezes por dia, para nada. O resultado? Enxaqueca, dor de cabeça, dor muscular intensa, dor na coluna e coisas até piores.

Outro problema é a respiração. Uma pessoa nesse modo vítima/lutador por causas em defesa da sua minoria coitadinha tende a respirar muito errado.

Pessoas relaxadas, com a saúde mental em dia, de bem com a vida, naturalmente fazem uma respiração diafragmática, ou seja, aquela na qual não só os pulmões, mas a barriga também se enche de ar. É uma respiração profunda, serena, lenta. É como bebês respiram quando estão dormindo, por ainda não estarem contaminados com todo o esgoto emocional deste mundo.

A pessoa que está empenhada em “combater”, “lutar”, “resistir” e todas essas imbecilidades que antes eram atributos apenas do jovem idiota mas agora parecem ser praticadas por todos, respira curto. Não só respira apenas movendo o peito, como entra muito pouco ar a cada inspiração. E, meus amigos, isso faz um mal…

Isso acontece por um reflexo do corpo, que, ao ser colocado nessa situação de estresse, faz com que as vias aéreas entre o nariz e pulmões se contraiam, em parte pela contração muscular sobre a qual falamos, em parte por outros fatores combinados. Não que todo mundo precise puxar o ar até doer a barriga, mas respirar curtinho desse jeito é uma das piores coisas que você pode fazer com seu corpo e com a sua mente.

O resultado disso é não oxigenar corretamente nosso corpo, gerando um estresse e mau funcionamento sucessivos que pode culminar em ataques de asma, hiperventilação, náuseas, dores de cabeça e até mesmo Síndrome do Pânico ou crise de ansiedade.

Quando o corpo passa o dia respirando desta forma curta, tensa, com a musculatura contraída, isso retroalimenta o cérebro confirmando que, de fato, existe um risco, um perigo, uma ameaça iminente. O cérebro, então, libera mais substâncias que seriam ótimas caso houvesse um perigo real, que podem te ajudar a correr mais rápido ou a ver de forma mais focada. Como recurso imediato, para escapar de um perigo, é sensacional. Como algo para ser constantemente usado, é um veneno.

Vamos falar do coração. Você só tem um coração e, via de regra, vai passar o resto da sua vida com ele. Quanto menos dano causar a ele, a tendência é que mais tempo ele funcione corretamente. Pense em um carro e no motor: quanto menor o desgaste, maior a vida útil da peça e do veículo.

Pois bem, viver nesse modo sofrência ou luta (tanto faz) aumenta a frequência cardíaca. Além de elevar a pressão arterial e aumentar os riscos de todas as doenças e consequências decorrentes (desde hipertensão até AVC), também força o seu coração, fazendo com que ele bata em um ritmo que não seria o seu regular. Isso gera muito mais trabalho do que o necessário. Como já foi dito, quanto maior o desgaste da peça…

Viver assim também afeta seu intestino, um órgão muito mais importante do que podemos imaginar. Esse sofrimento constante, essa luta contra algo, essa ansiedade, essa inquietação alteram a microbiota intestinal (microrganismos que vivem lá e são fundamentais para nossa saúde), afetam os movimentos e o funcionamento do intestino.

Isso pode ser percebido como inchaço abdominal que só aparece no final do dia, náuseas, vômitos, diarreia, prisão de ventre, diminuição (ou aumento) preocupante do apetite. Também pode ser sentido, de forma mais sutil, como falta de energia, constante cansaço e até desmotivação.

Outro setor que padece é o hormonal. Viver assim pode alterar a produção e distribuição correta de hormônios no corpo. E alteração hormonal causa danos que vão muito além do aumento de peso, também pode gerar danos ao sistema imunológico (em casos leves você adoece mais, em caso graves você ganha uma doença autoimune), descontrole glicêmico e até problemas cognitivos.

Nem precisamos falar do sono, não é mesmo? Mais da metade da população brasileira já experimentou algum problema no sono, geralmente ligado à dificuldade para dormir. Não tem como um corpo enxarcado de substâncias de alerta, de combate, de estresse, deitar em uma cama e ter uma boa noite de sono. E sem o sono, a memória vai pro saco, o aprendizado fica deficiente e o corpo não tem o descanso, a reparação que merece.

Um corpo sem sono de qualidade vai adoecer, não é uma questão de “se”, é uma questão de “quando”. E, spoiler, para ter sono de qualidade, tem que ficar sem pegar em telas e em redes sociais várias horas antes de deitar para dormir.

E agora, um dado triste, porém curioso: todos esses efeitos nocivos ao corpo que a gente narrou aqui, acabam potencializados com o tempo e gerando novos efeitos nocivos, como uma espécie de efeito em cascata. Então, qualquer um deles tem potencial para chamar todos os outros se o corpo for exposto a ele por muito tempo. Estamos falando de um dano em progressão, não apenas pela qualidade do estrago, mas também pela quantidade.

Outro dado igualmente triste e curioso é que saúde física e mental andam de mãos dadas, uma interfere diretamente na outra. Então, dificilmente o dano a uma não impacte a outra. Não é só ao corpo que se está causando dano, é à mente também.

Além de tudo isso, tem as cagadas que as pessoas fazem tentando lidar com essa sobrecarga que colocam no corpo, que muitas vezes vem na forma de vícios igualmente nocivos para a saúde. Ninguém consegue viver nesse grau de dano ao corpo sem se anestesiar de alguma forma, para tentar relaxar. Consegue? Não consegue. Um corpo encharcado de substâncias que geram estresse não relaxa, no máximo se engana e se anestesia por um tempo. Mas as pessoas sentem falta, pois é muito duro viver nesse esquema. E aí recorrem a vícios, igualmente nocivos.

Pode ser um fumante agarrado a um cigarro como uma chupeta, para acalmar, dar segurança e concentração. Pode ser um alcoólatra agarrado a uma garrafa como uma mamadeira, para relaxar, saciar e anestesiar. Pode ser um insone emulando um ninar materno se forçando a desligar com comprimidos que nunca, jamais, em tempo algum serão capazes de promover um sono de qualidade. Pode ser uma pessoa querendo fugir do mundo buscando consolo em pornografia, tal qual um adolescente. Os remendos que o ser humano arruma costuma ser ainda piores do que os danos originais.

Então, antes de forçar suas glândulas suprarrenais a descarregarem adrenalina, noradrenalina e cortisol em baldada no seu corpo, respire fundo e se pergunte: “Vale à pena?”. Estas substâncias vão ficar na sua corrente sanguínea e vão causar danos imediatos. Provavelmente também vão causar danos graves no longo prazo. E se você der esse estímulo ao corpo diariamente, isso acaba se tornando um hábito, um vício, uma forma de funcionar.

Realmente vale à pena detonar seu corpo para se sentir visto, olhado, aplaudido por uma bolha? Para obter credencial social de boa pessoa? Sabendo que precisará fazer isso novamente, novamente e novamente? É de uma burrice inimaginável uma coisa dessas, me espanta que quem faz ainda se ache ou se diga elite intelectual do país. São os mais burros de todos, inclusive mais burros que aqueles que eles chamam de burros por não ler livros ou não votar no seu partido.

Talvez as pessoas estejam tão acostumadas a viver desta forma, agredindo seu corpo com este modo de vida, que nem percebam os sinais de alerta. Não é normal não ter energia, não é normal ter dificuldade para levantar da cama, não é normal não conseguir se concentrar. Não é normal não ser produtivo. Não é normal não achar graça em nada. Não é normal viver com dor de cabeça, com resfriado, com alergia ou com desconfortos.

Não é normal corpo e mente não funcionando em harmonia. Não é normal não sentir paz. Não é normal não apoiar a cabeça no travesseiro e dormir sem ter uma mente inquieta remoendo seu dia, seus medos, seu futuro. Não é normal depender de remédio para qualquer coisa. Não é normal sua mente te controlar em vez de você a ela.

A ciência explica exatamente o mal que essas pessoas estão fazendo a seus corpos. Resta a elas escolherem se continuam de mãos dadas com a ciência e mudam seu comportamento ou se pulam para o outro lado da cerca, que tanto criticaram, e se assumem negacionistas de uma vez.

Para negar a ciência descaradamente mesmo sendo seu principal argumento para criticar o Bolsonaro, para dizer que esta semana vai ser um saco ou ainda para dizer que você, floquinho de neve único e especial, consegue ter esse estilo de vida e não agredir seu organismo: comente.

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cérebro, dia dos fracos, estresse, saúde mental

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