Ele disse, ela disse: Solução?

Whoa!O desfavor vai começar uma semana mórbida. Mais mórbida que o normal, pelo menos… E para começar a sua semana com o astral lá em cima, vamos falar sobre suicídio.

Enquanto ele diz que cara um decide se sua vida vale a pena, ela defende que suicídio nunca é a resposta. E não, não se considera eutanásia como modalidade válida na discussão.

Tema de hoje: Suicídio pode ser a solução?

SOMIR

Sim. Mas isso não quer dizer que seja a única. E isso é importante para esta discussão: Vencer a mania de achar que cada história tem apenas dois lados… Esforço e dedicação podem levar ao fracasso. Não vamos entrar na ilusão que as coisas SÓ podem melhorar para quem desiste do suicídio.

Claro que existe nobreza no ato de ficar e lutar até o fim, mas a conotação positiva só pode existir se for uma escolha. Não existe nenhuma obrigação “formal” a viver o máximo possível. Tanto que… você pode se matar assim que der na sua telha.

O normal é que uma pessoa contemple o maior número possível de soluções para seus problemas antes de pensar em acabar com tudo e sair de campo no meio do jogo. Mas quem disse que normal é sempre a única opção? Tem gente que luta contra todas as dificuldades e vence, tem gente que olha para o horizonte e manda tudo à merda.

É a sua vida, são as suas escolhas. Por uma série de motivos que vão desde o melhor funcionamento de uma sociedade estruturada até mesmo a ganância de instituições que dependem de suas ovelhas, a idéia de sobreviver está erroneamente atrelada a de viver. Uma coisa é estar respirando, outra completamente diferente é estar vivendo.

Qualidade de vida não é só qualidade do funcionamento dos seus órgãos. O ser humano precisa de uma série de elementos muito mais abstratos do que um pulso para ser feliz. Liberdade, relacionamentos, planos, objetivos, realizações… A lista vai longe.

Se a pessoa não sente mais que está vivendo, apenas sobrevivendo, existe lógica na idéia do suicídio. É politicamente incorreto dizer, mas a verdade frequentemente é. Ninguém é obrigado a gostar da vida que está levando. PONTO.

O que eu faria numa situação “passível” de suicídio? Quem se importa? A questão não é escolher a melhor solução para qualquer pessoa, é definir o que é uma solução. Um jeito perfeito de parar de viver uma vida ruim é se matar. Estou mentindo?

A sociedade (sistema, ou algo que o valha) tenta roubar de você o seu direito mais básico: O de existir. Não estou ficando maluco, a capacidade de decidir livremente se vai continuar nessa vida ou não é ESSENCIAL para a existência ter valor.

Esse discursinho sentimentalóide de valorização da sobrevivência nada mais é do que uma forma de reforçar a mentalidade de escravo de uma ordem cósmica imutável. “Você não é livre, a sua vida pertence a outras pessoas.”

Cacete, basta ver a posição da maioria das religiões sobre o assunto para perceber a obviedade da ferramenta de controle. O ÚNICO motivo para continuar vivendo é querer viver. O poder dessa escolha é o único que não podem tirar de você. E eu não vou ser hipócrita de criticar algo e logo após reforçar seu discurso.

Como negar que terminar a vida é uma solução para quem perdeu tudo? E sem esse golpe de relativizar para o grupo. O que faz a vida de uma pessoa válida não é necessariamente o que faz a vida de todos válida. Se o cidadão quer se matar porque ficou pobre, pode ter certeza que dinheiro era parte integrante do que fazia sua vida ter graça. Foda-se que a Creusa na favela vive feliz na miséria, não é a vida dela que está em jogo, o referencial muda de pessoa para pessoa.

É personalíssimo. Não me furto do direito de julgar os motivos para uma pessoa se matar como fúteis, mas isso depois de entender o ÓBVIO que eu sou eu, e a pessoa é a pessoa. Enquanto ela não estiver ME matando, está exercendo seu direito pessoal de existência.

E quando não temos o elemento da ferramenta de controle em ação, a argumentação pró-vida se escora num outros elementos altamente discutíveis…

Em primeiro lugar, aquela chantagenzinha emocional baraaaata de dizer que está jogando fora uma vida que muita gente adoraria estar vivendo. É a mesma coisa que aquela mãe manipuladora que tenta convencer os filhos a comer toda a comida do prato porque tem crianças na África passando fome… Na prática, não passa de uma baboseira. Da mesma forma que a comida no prato da criança “rica” não poderia ser enviada diretamente para as crianças passando fome, não tem como entregar uma vida para outra pessoa que faria melhor uso dela.

E eu sei que estou soando extremamente egoísta ignorando que uma pessoa que se mata quase sempre deixa parentes, cônjuges e amigos. Mas não podemos esquecer que uma pessoa que realmente quer se matar não se compara com uma que quer viver. Uma pessoa “no estado de espírito” necessário para se matar é a encarnação do dizer “antes só do que mal acompanhado”.

Quem só fica vivo por obrigação VAI FODER a vida de quem está por perto. Seja pelos impulsos auto-destrutivos (MUITO melhor ser filho de alcóolatra do que ser órfão, né?), seja pelo desânimo e falta de objetivos (ajuda muito ter que ficar carregando alguém feito uma cruz…). Ou a pessoa QUER viver, ou só vai atrapalhar “quem fica”. Se vai ficar vivo para atrapalhar, não vai fazer falta, por mais escroto e insensível que essa frase soe.

Vamos recapitular: A vida não é uma obrigação, não é apenas estar respirando que vale como referencial de viver bem e ser uma boa influência para as pessoas ao seu redor. Reforçar a idéia de que batimento cardíaco tem esse valor mágico serve para fazer as pessoas preguiçosas se sentirem bem com suas vidas. Batemos nos suicidas porque eles não validam o nosso joguinho de auto-valorização.

Não quer ficar? Não fica. Você é livre. E quem quer que te diga o contrário não está te dando um bom conselho. Tem coisa mais depressiva do que ser obrigado a viver?

Para dizer que resolveu se matar por causa deste texto (não vai fazer falta), para me chamar de irresponsável por dizer a verdade, ou mesmo para dizer que vai torcer para que um ônibus desgovernado me suicide: somir@desfavor.com

SALLY

Tudo passa. O tempo cura tudo. Nós aprendemos a viver e a nos adaptar em novas realidades com mais facilidade do que podemos imaginar. Aprendemos a viver sem pessoas que poderiam nos parecer essenciais ou sem bens materiais que pareciam indispensáveis. Excluindo nossa saúde, todo o resto é reconquistável, de uma forma ou de outra. Uma adversidade, por maior que seja, não justifica o suicídio. Quer se matar? Vá em frente, elimine seus genes idiotas do mundo, Prêmio Darwin para você! Respeito o direito que a pessoa tem de se matar, mas jamais vou concordar com isso como uma escolha válida para uma pessoa que é mentalmente normal. Entendo que pessoas com discernimento comprometido ou mentalmente doentes não possam fazer uma avaliação clara, por isso fiz esta ressalva.

A pessoa que concorda em se matar está dizendo que seus problemas são “irresolvíveis”, que são maiores e piores do que o dos outros e que não tem capacidade de solucioná-los e superá-los. Manucu. Todos nós passamos por problemas graves ao longo da vida e todos nós passamos por momento de desespero e dor que podem nos fazer pensar se seremos capazes de suportar isso. E quase todos nós superamos. A pessoa que se mata não o faz porque tem problemas maiores ou piores que os nossos e sim porque não tem estrutura para lidar com a vida. O suicídio não tem como causa o fato externo que o desencadeia e sim o interno que faz com que a pessoa seja tão fragilizada que não consiga se reerguer.

Logo, partindo dessa premissa, fatores externos (salvo as exceções citadas) não justificam suicídio. Um “defeito” interno, emocional também não pode avalizar esse tipo de coisa. Ninguém está condenado a ser como é para sempre, sobretudo se esse “ser como é” lhe for prejudicial. Pessoas podem se fortalecer, buscar ajuda. Acho muito simplório um “vou me matar porque não consigo lidar com isso”. Que tal substituir por um “vou BUSCAR AJUDA, porque não consigo lidar com isso”? Inaceitável se matar para fugir de um sentimento ou de uma situação.

Tanta gente cheia de projetos, querendo viver e doente ou morrendo sem ter escolha e um babaca saudável dá tamanha importância a um problema a ponto de tirar a própria vida! Não tem como concordar ou justificar esse tipo de coisa. A sensação que já senti de querer muito viver e quase morrer mesmo lutando contra isso não me permite autorizar o suicídio como possível solução válida ou compreensível.

É como se você comprasse um carro muito caro, andasse nele, gostasse dele mas um dia ele quebrasse no meio da rua e te causasse um problema enorme. Você chama o reboque ou você simplesmente vira as costas e vai embora, abandonando o carro no meio da rua? Pois é, não se faz isso nem mesmo com um carro, quem dirá com a própria vida, que é um bem maior! (grandes chances do Somir achar que o carro um bem maior que a vida, mas tudo bem).

Infelizmente as pessoas estão ficando cada vez mais mimadinhas e intolerantes ao sofrimento e à frustração. O sofrimento faz parte de nossas vidas, faz parte de quem somos. Mas neguinho não quer sofrer nem por meio segundo. Neguinho é tão frágil, tão cuzão, que qualquer sofrimento desestrutura, desestabiliza e faz a pessoa começar a ter siricoticos como parar de comer, parar de trabalhar, ignorar seus deveres com filhos e chorar o dia todo. Daí esse tipo de gente sai enchendo o rabinho de Fluoexitina ou qualquer outro remedinho que aplaque sua dor, porque simplesmente não sabe levar uma vida com dor, mesmo esta dor sendo temporária.

Pois eu tenho uma novidade: Dor faz parte da vida. Dor TEM QUE SER VIVENCIADA, vivenciar a dor é normal e necessário. Através dessa vivência vamos ficando calejados e aprendendo a lidar melhor com ela. Mas a pessoa que foge dela nunca aprende a lidar, daí o namoro termina e a pessoa sente tanto medo da dor que prefere se matar do que passar por ela. Atentem para o fato que o “se matar” pode ser direto (tiro na cabeça, veneno…) ou indireto (pessoa que se entrega, não come, se auto-destrói…). Se matar, seja de imediato, seja aos poucos, a longo prazo, é babaquice.

Também tem outra coisa: eu acho que a maior parte das pessoas que se matam, é motivada mais por vingança do que por tristeza. Isso mesmo! Para foder coma vida de alguém, para deixar alguém com culpa ou até mesmo para finalmente conseguir ser importante na vida de alguém. Na minha opinião de leiga, que pode muito bem estar errada, poucas pessoas se matam por não suportar mais o sofrimento. Coisa ridícula dar tanta importância a outra pessoa (ou a outras pessoas) a ponto de tirar a própria vida, hein? Uma imbecilidade sem fim. Não importa o motivo, nada justifica o suicídio. Há sempre uma saída melhor. Eu posso até aceitar que se “suicide alguém”, mas a si mesmo jamais.

Suicídio não resolve problema algum, apenas transfere o problema do suicida para seus entes queridos, uma vez que são eles que terão que lidar com as consequências emocionais e financeiras desta gracinha e com as pendências da vida do suicida. Puta egoísmo, sobretudo quando a pessoa tem filhos. Uma pessoa que tem filhos não deveria ter o direito de se suicidar e não aceito que alguém venha me dizer que pode ser compreensível se matar por algum motivo e deixar filhos desamparados no mundo. Babaquice tem limite.

Sem contar que a maior parte dos suicidas paunocuzam toda a sociedade para se matar, promovendo mega-espetáculos mórbidos em uma última tentativa desesperada de chamar a atenção: se jogam do alto de prédios (e as vezes levam junto um coitado de um transeunte ou o carro de alguém) ou cortam os pulsos e vão parar em pronto-socorro tomando horas do trabalho de médicos que poderiam estar salvando vidas de quem realmente quer viver. Quer se matar? Suicide-se de forma discreta no conforto do seu lar e não encha o saco dos outros!

E se você, seu Débil Metal, está cogitando ou um dia cogitar por algum motivo se matar, pense no seguinte: ainda tem milhões de coisas boas por vir na sua vida, por mais que você tenha certeza de que a dor nunca vai passar e que você nunca vai superar o que quer que esteja acontecendo, VAI PASSAR. Quer perder essas coisas boas que estão por vir? Quer passar os seus problemas para as costas dos outros? Você é um merda. Não importa o que o Somir disse acima, SUICÍDIO NÃO É SOLUÇÃO E NÃO É ACEITÁVEL.

Para sugerir que a gente se suicide, para sugerir que suicidemos um ao outro ou ainda para se suicidar depois de ler este texto: sally@desfavor.com

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Comments (20)

  • Na minha opinião, o SOMIR tem razão.

    Se alguém não encontra motivos pelo qual viver, se não tem esperança ou não consegue lidar com os próprios sentimentos e DECIDIU que a vida não vale à pena, apesar de TENTAR mudar sua forma de enxergar o futuro, ela TEM TODO O DIREITO DE TERMINAR COM SUA EXISTÊNCIA. Melhor isso do que onerar todos os seus familiares ou pessoas próximas com comportamentos destrutivos que trazem infelicidade aos demais.

    Ser obrigado é viver, pra quem não o deseja, é DEPRIMENTE.

  • Ueba. Uma briga pra ver onde tem gente 'melhor e mais bonita' entre Argentina e Rio Grande Do Sul.

    Continuem por favor, estou adorando.

  • pro argentininho,
    Manolo, sempre que fui fazer turismo na Argentina (Posadas, Busnos Aires, Oberá) vi uma porrada de neguinho "marginalizado". Muito mais que na região que eu moro (Sul do Brasil)

    é neguinho pedindo esmola em porta de qualquer loja, restaurante, estacionamento, se bobear até em hospital tem neguinho pedindo dinheiro. E falar que aquilo é gente bonita? MANUCU! Vai ter mal gosto assim na, na… na … sei lá, escolhe. è um povo feio, medonho.
    Ainda bem que é só falar portugues na Argentina que o cara fica bonito, e pode escolher as mais gostosinhas pra carregar

    (sem preconceito Sally, adoro a Argentina. Principalmente umas Argentininhas meio taradas que conheci em Posadas)

    (sem contar que na Argentina é MUUUITO barato fazer festa e beber)

  • Egoismo é vc ter vontade de morrer e neguin vir dizer pra vc pensar no sofrimento de quem fica, quer dizer sofrimento de quem fica é válido, sofrimento de quem quer ir não???
    Suicídio pode não ser a solução dos seus problemas, mas com certeza é o de muita gente

  • Sally, se vc não trollou no texto, débil mental é vc! Que base tem isso de dizer que tem millhões de coisas boas por vir? Acorda! Vc está postando um texto pra brasileiros. Juro que fico pra baixo com os noticiários. Eu ganho salário mínimo, trabalho em 2 lugares. Como ser feliz com essa bosta de país? Jogadores drogados fazendo merda e ganhando milhões, políticos escrotos ganhando milhões. Eu só não me mato por cagaço, assim como eu tem muita gente igual. Tentei aceitar seu texto mas não deu. Tudo passa, pode melhorar? Melhorar o caralho! Eu vivi nos anos 80, foi a última infância feliz. A tendência é só piorar.

  • Porra, só de cara ao ler o texto do Somir eu mandaria um nemli pra Sally. Disse tudo, nerd!
    Não tem nem o que argumentar, foi perfeito.
    Tchau, Sally.

  • "Vc ja viu a cracolandia?
    imagina aquele lugar trocentas veses mais ruim.É pra onde vai os suicidas."
    VOCÊ PELO JEITO JÁ VIU, NÉ! TÁ FALANDO COM TANTA PROPRIEDADE… PODE ME INFORMAR SUAS FONTES?
    Obs: É pra onde VÃO os suicidas.
    Obs: Não suicide o português!

  • Eu so não me mato, porque "o Fiuk me da forças pra viver."
    Anonimo da net.

    E quando o cara DEVIA se matar mesmo, mas não o faz, porque não percebe a necessidade disso?!

  • O anonimo da argentininha se mata pra vc ver o que te espera.
    Vc ja viu a cracolandia?
    imagina aquele lugar trocentas veses mais ruim.É pra onde vai os suicidas.
    Segura na mão do tinozo e vaiiiiiiiiiiiii.

  • Observaçao # 1- gostei da expressão. Acho elogio ser chamado de Argentino. Brasileiro tem inveja de Argentino. Até os pobres na Argentina são bonitos….Lembra de uma edição do BBB que tinha uma argentina pobre que passava fome, por isso veio ilegal pro Brasil trabalhar de garçonete?
    Agora mentalize na sua cabeça uma brasileira pobre que passa fome….

    Observação # 2- Sally e Somir, se vc's sofressem um estupro coletivo por 8 homens estilo aqueles clientes da Vila Mimosa, vc's se suicidariam depois?

  • "toda argentininha"

    Só queria adicionar que estou rindo muito dessa expressão e vou utilizá-la sempre que possível.

  • manocu somir
    Eu quero que vc morra afogado com a tua lingua.Olha so seus leitores aqui são todos cabeçaa fraca , ai vc vem e diz que fodam se quem quer acabar com a vida ai ai ai em.
    Vai haver suicidio coletivo desses seus leiores maria vai com as outras em aqui em hihihihihihi

  • Sobre o exemplo do carro, vc vai e leva o carro pro reboque, aguarda o conserto e tals, mas e se o carro não tiver conserto? Vc vai jogar fora, não vai? Às vezes a vida não tem mais conserto ou às vezes a vida já começou destinada ao fracasso. Vc fala isso porque deve sempre ter tido uma vida tudo de boa. Queria vc toda boneca, toda argentininha tendo nascida na favela se iria ter essa marra toda de valorização da vida. Eu concordo 100% com o Somir, se a pessoa está aqui infeliz é melhor acabar logo com tudo, só não me mato por medo. Se hovesse a certeza de que não existisse nada após a morte, eu já teria ido pro beleléu faz tempo.

  • Ah…tá! Depois das histórias sinistras sobre EQM, vai que eu decida me matar e depois o Todo Poderoso venha me foder. Não! Tô fora! Prefiro foder com os outros, mudei de idéia sobre me matar.
    Obs: Covarde é sua mãe!

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