Flertando com o desastre: Maldade.

Já repararam como hoje em dia se arruma doença para explicar tudo? Uma pena, porque estamos criando uma geração que explica tudo pela biologia, quando existem outros fatores a serem levados em conta. A banalização das doenças está me irritando, mesmo sem ser médica ou psicóloga. Imagino então quão emputecidos devem estar os profissionais da área. Acredito que seja um efeito rebote à abordagem de algumas décadas atrás, onde ocorria justamente o contrário: era tudo coisa da sua cabeça, era tudo histeria, doença era apenas entupimento de artéria.

Com a evolução da medicina, dos exames de imagem e dos estudos sobre a mente humana, foram descobrindo algumas doenças que antes seriam enquadradas como “falta de força de vontade” (como Distúrbio de Déficit de Atenção), “Possessão demoníaca” (como esquizofrenia) e “frescura” (como a depressão). Mas, vocês sabem, o ser humano é uma merda e adora fazer um péssimo uso das suas descobertas. Se antes nada era doença, hoje em dia tudo se explica por uma doença, uma síndrome qualquer.

Quero começar com uma frase importante: A MALDADE EXISTE. Não precisa de doença para explicar a maldade. Existe gente má, mesquinha, filha da puta, escrota e babaca que não tem doença alguma. Temos que ter isso em mente sempre, e agora mais do que nunca, antes que os maus sejam promovidos a Intocáveis.

Infelizmente hoje, a tendência é que qualquer comportamento escroto ou que fuja da normalidade gere uma presunção de alguma doença. Não demora e já vem os pseudo-diagnosticadores chamar Fulano de psicopata, Fulana de Sociopata e etc, boa parte deles através da imprensa. Sim, já aceitei que a imprensa deseduca, mas jamais vou aceitar a imprensa diagnosticando.

Gente, nem todo mundo que faz maldades é doente, ok? A maldade existe, por ela só. Existem pessoas más que não sofrem qualquer distúrbio psíquico. E mesmo que sofram, não vai ser você, com seu vasto conhecimento de meia dúzia de temporadas de Dexter que vai estar apto a diagnosticar. Você pode achar, mas não pode ter certeza. Se fosse tão fácil a ponto de ser perceptível em poucos minutos não precisava de faculdade e diploma para diagnosticar.

Nem acho que as pessoas façam por mal, acho que é ignorância mesmo. Até porque, fazem isso até com elas mesmas. Canso de ver gente se dizendo “bipolar”. Não, você não é bipolar. Se você soubesse o intenso sofrimento que é, não diria isso rindo de si mesmo. Todos nós mudamos de humor, oscilamos de humor ou temos algum que outro rompante. Ser bipolar é algo completamente diferente que traz muito sofrimento. Porque merdas hoje tudo tem que ser explicado com uma doença qualquer?

O fato é que temos dificuldade de entender e aceitar a maldade pela maldade e tal como fazemos com outras coisas, buscamos uma explicação a qualquer preço. Quem explica qualquer comportamento fora dos eixos, fora da ética, fora do “normal” com uma doença ou uma síndrome está divinizando tanto quanto o homem das cavernas que via um raio cair e por não saber a explicação, achava que tinha sido mandado por Deus. A diferença é que seu Deus é a medicina, mas o mecanismo é o mesmo. E não é saudável. Porque a partir do momento que acreditamos que tudo se funda em uma doença, passamos a condicionar a possibilidade de melhora (ou não) do suposto doente à sua doença.

Por exemplo, garanto que tem alguém lendo isso neste momento pensando que seu chefe é um psicopata. A partir do momento em que você bate o martelo dizendo que uma pessoa é psicopata, está dizendo que ela é assim porque nasceu assim e não tem escolha de ser diferente. Será mesmo que é o caso do seu chefe ou será que ele é apenas um sádico de merda que abusa do poder que tem? É lucro ser psicopata, porque psicopata nasce com defeito de fábrica e é incapaz de sentir culpa ou remorso, enquanto que o filho da puta escolhe deliberadamente ser um filho da puta sem ética.

O mais curioso é que a humanidade vem caminhando a passos largos nas últimas décadas para um processo grotesco de filhadaputização glamurizada. O bacanão, o fodão, o Pica das Galáxias é aquele que fica rico, foda-se como, é aquele que consegue uma promoção, foda-se com, aquele que consegue a mulher que quer, foda-se como. O olhar de todos para construir uma admiração está no fim da linha de chegada, sem se preocupar com o trajeto feito, quando na verdade, o trajeto de cada um de nós é a parte mais interessante e mais importante para determinar quem somos. Ao longo dos anos, a sociedade nos autorizou a seremos tremendos filhos da puta.

Daí a humanidade foca na linha de chegada, valoriza as coisas erradas e quando finalmente começa a cair a ficha que todo mundo está escrotizando além do suportável para uma convivência pacífica em sociedade em vez de culpar a si mesmos pelas merdas de escolhas feitas que incentivaram toda essa filhadaputização, as pessoas tiram os seus da reta e começam a atribuir tudo a doença. Não, Meus Queridos, não é doença não. Acredito que a maior parte dos casos de maldade explícita que vejamos no dia a dia seja maldade pura, filhadaputez purinha. Sim, o ser humano é essa merda aí por ele mesmo, não precisa estar doente para ser capaz de fazer coisas horrendas. Dói e dá medo viver em sociedade com essa consciência, mas é a mais pura verdade.

O problema é que esse mecanismo de explicar tudo o que não conseguimos conceber em matéria de comportamento como doença vai entrando, vai criando raízes, e quando a gente tenta fazer um esforço para pensar de forma diferente vira e mexe derrapa e cai na solução fácil: catalogar o Fulano com uma conduta inaceitável como doente, porque não deixa de ser um conforto pensar “Ok, ele fez uma monstruosidade, mas fez porque é doente, portanto, pessoas normais que me cercam nunca farão isso, só pessoas doentes”. E nem sempre é verdade. Muitas vezes aquela pessoa “normal” que te cerca é capaz de coisas horrendas, mesmo sem nenhuma doença.

Só para levar a discussão para o plano do concreto, quero dividir com vocês uma questão que me atormenta faz tempo, para a qual até agora ninguém nunca me deu uma resposta convincente. Creio que ela vá sair nos comentários de hoje. A dúvida, para a qual eu não tenho resposta (ainda) é: um estuprador é necessariamente doente? Um homem que sente excitação sexual vendo o sofrimento de uma mulher desesperada sendo machucada e fazendo sexo não consensual é doente? Já me disseram que sim, que sentir excitação sexual e conseguir fazer sexo com alguém nesse estado de sofrimento é doença e já me disseram que não necessariamente, que pode ser maldade pura do ser humano. Alguém se arrisca?

Uma das muitas consequências sociais desagradáveis de explicar qualquer comportamento que saia da “normalidade” com doença é o excesso de medicação que a população mundial enfrenta. Qualquer ansiedade é tida como uma síndorme do pânico e é motivo para tomar Frontal, Rivotrol e cia. Qualquer tristeza ou frustração é uma depressão e enfia goela abaixo da pessoa Fluoxetina. Assim cresce uma geração que praticamente não está vivenciando a dor, a angústia e outros sentimentos desagradáveis, infelizmente necessários para a construção daquilo que somos.

Sofrimento é musculação para a alma. Hoje a gente sofre muito por um erro mas isso nos faz aprender e ficar mais fortes, permitindo que a gente não cometa o mesmo equívoco outra vez e arrume uma forma melhor de lidar com o problema. A pessoa fica calejada pelo sofrimento, ele amadurece quem o vivencia. O grande problema é que estamos criando monstros anestesiados sem estrutura para lidar com frustrações, perdas e tristeza. As consequências serão macabras quando esses monstros começarem a procriar e criarem filhos.

Temo que isso já esteja começando a acontecer. São aqueles pais que não aceitam uma criança agitada e já presumem um transtorno de atenção ou de ansiedade e socam Ritalina goela abaixo de seus filhos. Eu não estou negando a existência do Distúrbio de Déficit de Atenção (eu sei que o nome mudou, mas esse é o mais popular). Ele existe sim e em alguns casos é necessário medicar. Mas creio eu que muito mais crianças do que realmente precisam estão tomando medicamentos para gerir seu comportamento. Provavelmente por causa desses pais, que justamente por causa desses medicamentos, não sabem se adequar a novas realidades, não tem tolerância à frustração e não sabem lidar com ansiedade e angústia.

Dificilmente nessa vida a solução está dentro de um pote de remédio. Via de regra, remédio é apenas para impedir que a pessoa se mate ou regular um desequilíbrio químico qualquer, não para ser muleta para o resto da vida. Mas arregaçar as mangas e cavar as merdas do passado em uma terapia ninguém quer, afinal, porque buscar se responsabilizar por aquilo que deu errado se há uma doença catalogada que te dá aval para ser socialmente desajustado? Sinto o cheiro de mais uma categoria de intocáveis. E de fato, isso já está sendo usado, não apenas na esfera social. Vai repercutir também no Judiciário.

Não, você não está na cama chorando por semanas sem comer porque o relacionamento terminou porque você é idiota e centra sua vida no parceiro, na verdade você tem depressão e nada é culpa sua. Vai tomar remédio, que é como apagar o alarme de incêndio sem de fato apagar o incêndio e na próxima bordoada da vida, vai cair de cama novamente, porque não trabalhou a fundo o problema. Mas está tudo bem, porque a sociedade não vai te cobrar nada, afinal a ciência explica: você tem depressão. Este pensamento está cada vez mais abrangente e já se vislumbra um princípio de consequências jurídicas por causa dele.

Enquanto era apenas justificativa para autoperdão, era vergonhoso porém não nos afetava tanto. Mas, estou começando a ver essas supostas “doenças” sendo usadas para tentar eximir as pessoas de sua responsabilidade criminal. Um argumento numa pegada meio Nate Haskall do seriado CSI: “eu não tenho culpa de ser assim, não podem me punir porque eu não tenho a opção de ser diferente. Se eu não tinha escolha de ser diferente, eu não tenho a escolha de cometer ou não cometer crime”. É tosco, eu sei. Em tempos normais e em lugares normais eu nem me preocuparia de ver este tipo de perdido, mas estamos na Intocavelândia. E se colar?

Até onde eu sei (e eu não sei tanto assim), no Brasil ainda não colou. Estou acompanhando alguns pedidos nesse sentido (como curiosa, que fique bem claro) e estou ansiosa para ver o resultado do julgamento. Mas confesso que também estou com medo. Pode surgir uma onda de explicar maldade como doença e consequentemente eximir o filho da puta de culpa. Maldade é a regra e doença a exceção, mas com essa histeria politicamente correta de Intocáveis criamos um terreno fértil para que filhos da puta se safem acobertados pelo manto da doença.

Por estes e outros motivos é indispensável que tenhamos bem claro na nossa cabeça a diferença entre doença e chantagem, doença e maldade, doença e defeitos em geral do ser humano. Também é fundamental que saibamos avaliar nossa parcela de culpa pela forma como lidamos e elaboramos nossos traumas. Nem todo mundo que termina um relacionamento se deprime, nem todo mundo que apanha na infância vira psicopata e nem todo mundo que é abusado sexualmente vira um estuprador. Uma pessoa é mais do que um evento isolado.

O que mais me assusta é que o diagnóstico destas doenças da mente costumam ser algo bem subjetivo. Não há um exame de sangue que indique um “positivo” ou um “negativo”. Não gosto de ficar nas mãos do subjetivismo, porque saber como é, bom senso e bom gosto todo mundo acha que tem. Se de fato surgir um abrandamento das decisões judiciais para crimes cometidos por pessoas supostamente “doentes”, quer apostar quanto que todos os ricos terão laudos de doença mental?

Temos que exercitar nossos cérebros para continuar distinguindo maldade e outros sentimentos escrotos de doença. Se a gente aceitar e se acostumar a enquadrar tudo como doença, vai perder a capacidade de fazer esta distinção e nossa vida vai ficar muito mais complicada e perigosa. Meu conselho: presuma que é maldade, até segunda ordem, é uma pessoa má e filha da puta. Se um dia a pessoa provar que é doente, daí você repensa. Hora de parar de presumir a doença e aceitar que o ser humano “normal” é perfeitamente capaz de cometer atrocidades. Fazem quatro anos que eu repito para vocês: o ser humano é uma merda. Nunca se esqueçam disso.

MALDADE EXISTE. PURA. SEM DOENÇA. E é mais comum do que a gente imagina. Não deixe que aliviem a barra de filho da puta camuflando maldade como doença para que eles fiquem intocáveis.

Para me chamar de má, para me chamar de doente ou ainda para me informar quando começa a sétima temporada de Dexter porque eu não aguento mais esperar: sally@desfavor.com

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Comments (104)

  • Sou psicóloga, psicanalista e professora. E tenho discutido exatamente isso com meus alunxs. A patologização da maldade. Isso não é de hoje, já se fazia nos tempos de Phillippe Pinel, o pai da psiquiatria moderna. Só penso que hoje esse movimento passa a ser um braço do discurso capitalista que precisa sustentar a lógica que opõe normal x patológico e encerra a experiência humana nessa oposição. Enfim… bacana seu texto, parabéns!

  • Sempre gostei de ler/estudar os transtornos mentais, tando que o tema da minha monografia da faculdade foi a execução da medida de segurança.
    Com relação ao estupro, acredito que não há uma classificação absoluta: doente ou não doente. Vai depender do caso concreto. Alguns estudos afirmam que significativa parcela dos estupradores sofreram abusos na infância, porém não pode-se dizer que é uma regra.
    No meu ponto de vista, analisando o crime no nosso contexto social e jurídico, há o estuprador em série (ex. maníaco do parque) que certamente tem transtorno mental, porém deve-se apurar através de perícia se ele tinha capacidade de entendimento e determinação no momento do crime, tem aqueles que aproveitaram quando surgiu uma oportunidade, estes provavelmente não tem transtorno nenhum.
    Para os que tem transtorno mental/psicológico, sou a favor da castração química para prevenir novos crimes.
    Teve um caso na minha cidade de um rapaz que também foi denominado Maníaco do Parque, pois ele atacava nas redondezas de uma área de reserva ambiental chamada Parque dos Poderes. Foi um caso curioso, pois trata-se de um jovem (menos de 30 anos), bonito, classe média, casado (esposa grávida na época dos crimes) que cometeu mais ou menos 6 ataques (ele obrigava as vítimas a cometer atos libidinosos), batia nas vítimas e levava os celulares e MP3. Não aceitaram a alegação de transtorno mental, ele se ferrou por causa dos roubos.

  • Como disse a Sally, o ser humano ja nasce ruim mesmo.
    A cça é o ser mais maléfico, dissimulado e cruel que eu conheço.
    Essa de dizer que toda cça é anjo ta por fora.
    Basta ver o que fazem com animaizinhos, se tiverem chance de pegá-los.
    Com os coleguinhas, mordem, arrancam os cabelos, chutam, por pura maldade mesmo.
    Cça não tem noção do que é certo, mas tem noção do que é que causa dor nos outros e como fazer o outro chorar, sofrer.
    Tem cça que deveria estar em reformatório….
    A maldade ja nasce no ser humano.
    A bondade é que será inserida no conceito da pessoa, ao longo da vida.

  • Primeiramente, cabe ressaltar que o ser humano já nasce atentando contra a sua própria natureza, para ilustrar melhor isso, basta fazer uma analise rápia sobre o complexo de Édipo, onde esse mata seu pai (Figura que proíbe), para ficar com a sua mãe (“Coisa” Proibida).
    No mais só queria expor esse pequeno comentário, pois estou de saida do trabalho e não tive tempo de ler todo o texto.

  • Sou uma TDA diagnosticada. E ao contrário da moda de hj em dia, só fui diagnosticada na idade adulta, e não por causa de hiperatividade, mas por causa da (crônica) falta de atenção, distração pura msm. E nem mesmo fui eu q pensei: “ah, devo ter TDA, vou num médico pra confirmar”. Foram outras pessoas que sugeriram que eu procurasse ajuda, tal é o comprometimento que essa transtorno causa na minha vida.

    Não é bonito e não tem nada de engraçado ou legal ser assim. Me admiro das pessoas q preferem primeiro pensar em um distúrbio ao invés d tentar ver s não é apenas um problema d comportamento. A vida seria bem mais simples na segunda opção.
    Ser um TDA é viver tentando pegar o bonde andando. Msm q algo mto sério demande plena atenção, pelo menos pra mim é impossível. Cansei d começar a atravessar a rua e m distrair no meio do caminho. Não q eu fique parada, mas entro no “automático” e n calculo mais o trânsito. É nesse nível ter déficit de atenção.

    Ter TDA cobra um preço muito caro, q eu daria qqr coisa pra não ter q pagar, mas sou obrigada a isso. A vida fica mais complicada,e pelo menos um ou dois aspectos dela ficam comprometidos, seja profissional, seja social e/ou emocional.
    Eu não fico por aí m escondendo atrás desse transtorno pra justificar meus atos, mesmo q eles sejam comprometidos por ele. Na verdade apenas pessoas mto próximas sabem disso, e podem ser contadas nos dedos. Eu aguento as consequencias em silencio, pq no fundo gostaria d acreditar q talvez eu possa melhorar s tiver uma segunda chance. Msm q minha vida já tenha demonstrado várias vezes q não é assim.

    Essa moda d diagnosticar qqr coisa como TDA prejudica quem realmente sofre disso. Outro dia um psiquiatra q procurei p fazer um acompanhamento m sugeriu procurar “outra opinião”, pq deve ter achado q eu só estava enrolando pra conseguir Ritalina. E disse q quem faz uma faculdade não pode ser TDA. Bom, eu sou TDA, não sou burra. Tenho dificuldades, mas m esforço p q elas n m impeçam d conquistar meus sonhos. Enfim, como já foi dito, precisar d remédios não é legal, sofrer seus efeitos colaterais menos ainda. Eu só tomo quando não tem jeito, quando minha atenção é imprescindível, e msm assim o remedio suaviza, não cura. Ainda posso m distrair, apenas um pouco menos. Não entendo gente q toma Ritalina por curtição, não vejo a menor graça nos efeitos colaterais. Enfim, graças a essa moda, não estou podendo continuar meu tratamento, já q o psiquiatra nem s deu o trabalho d analisar meu caso, e minha vida profissional tem pagado mto por isso.

    Antes d ser diagnosticada, já tive inclusive q enfrentar a desconfiança da minha família d q eu usasse drogas, pq alguém q “viaja” tanto só pode estar usando. Não preciso disso, minha imaginação m distrai e toma conta sem hora e sem controle pra acontecer. Mas é nesse nível que o TDA pode afetar alguém, não é apenas um mal comportamento passageiro, é um puta transtorno, e tem esse nome merecidamente.

  • As vezzes tenho desejos de esquartejar meus desafetos…
    Na minha cabeça até me vejo realizando esse plano macabro…
    Meu psiquiatra diz que apesar de não parecer, é normal na hora da raiva a gente desejar matar….
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk sou normal!! NOT.
    Ele é que devia ser o paciente………………

  • Já disse aqui e repito porque ninguém me conhece mesmo, eu tenho algo realmente diagnosticado. Não justifico tudo com o meu transtorno, não é algo que eu conte pra alguém com quem tenha contato, mas em alguns casos… é complicado.

    Digo coisas que agridem, ferem, machucam legal as pessoas, quando estou surtado…Essa semana ocorreu isso realmente, incontrolável.

    Mas ninguém tem nada a ver com isso e problema meu, eu que me trate, que me controle que faça o caralho que for.

    Não me acho uma pessoa ruim…

    E não, não é cool ou descolado ter um transtorno, o custo é alto, os efeitos colaterais de remédios são terríveis…e o principal né, todos os problemas decorrentes de ter algum assim.

    Mas ainda assim… tem gente que é ruim por natureza mesmo, sem ter qualquer outro problema. Sò acho que tem de um tudo.

    • É o que eu sempre digo: quem tem realmente um transtorno se refere a ele como um problema, não como uma coisa bacana da moda. Ninguém conta rindo e feliz da vida que está deprimido, que é bipolar ou nada do tipo. São coisas que trazem real sofrimento e andam sendo banalizadas.

  • …….ah Sally, assim você me mata!
    Como profissional da área posso dizer: PERFEITO!
    As pessoas realmente não toleram a maldade e sentem-se melhor atribuindo a uma doença.
    Como vc bem disse, no Brasil ainda não colou, porém nos EUA já há alguns anos diagnosticar criminosos virou moda. A legislação americana, principalmente a dos crimes sexuais (Law&Order SVU bombando!) é toda voltada para a “patologização” e “classificação” dos criminosos. Tanto que isto está influenciando muito os novos critérios diagnósticos dos transtornos mentais….se vc soubesse os absurdos que podem vir por aí…..

    • Eu faço ideia e estou com muito medo disso, por isso o texto, na tentativa de cortar o mal pela raiz. Espero que, na medida do possível, muitas pessoas que podem fazer a diferença leiam.

      • “Para a gente do Rio tudo acima do Espírito Santo é a Paraíba”. Você está falando de geografia, preconceito arraigado dos cariocas ou do fato de você ser atéia? Percebeu que frase lapidar você acabou de escrever nesse comentário? Talvez tenha saído até sem querer, mas que essa frase ficou legal, ah, isso ficou…

        • Estou falando de preconceito mesmo, mas as outras versões ficaram bacanas.

          Pessoas que não moram no Sul ou Sudeste são chamadas de paraíbas pelos cariocas

      • Sally, o termo “paraíba” neste caso não tem sua raíz no estado nordestino em si. Seria mais ou menos o mesmo que dizer que o “rio-grandense-do-sul” (“Gaúcho”) e o “rio-grandense-do-norte” (Potiguar) são da mesma origem.

        A referência “paraíba” tinha a ver originalmente com pessoas de fora da cidade do Rio, mas que moravam na região do Vale do Paraíba DO SUL, rio que tem suas nascentes aqui no estado de São Paulo e desemboca em São João da Barra (próximo a fronteira com o ES).

        Com o tempo, foi se aplicando tal termo as pessoas que eram brasileiras, mas que eram de proveniência estranha aos cariocas, sendo que o termo “paraíba” ficou mais ligado ao fim aos nordestinos (talvez por se ter conhecimento da existência de um estado no “norte” do Brasil com o nome de Paraíba).

          • Isso se deve ao aumento dos fluxos migratórios de mineiros, paulistas, “fluminenses” e sulistas numa altura em que as fronteiras estavam melhor delineadas. Como a maioria de nossa população lá pelos idos da primeira metade do século XX era analfabeta, se tornou mais fácil incutir a relação de “Paraíba” com um estado do “norte” no Brasil.

            Hoje, para as pessoas que moram no entorno do Paraíba do Sul ou de seus afluentes se usa a denominação “valeparaibano” (em especial do lado paulista) na tentativa de se evitar confusão com o gentílico “paraibano”, usado para denominar os originários do estado da Paraíba.

                • Talvez quando a gente dominar o Suriname e transformá-lo na RID possamos expandir nossos domínios pelas proximidades

                  • Falando em Guiana… É bom lembrar que o Suriname também era chamado por “Guiana” antes de sua independência. A região não a toa tem o nome de “região das guianas”, sendo uma de colonização inglesa, outra de colonização francesa e outra de colonização neerlandesa.

                    Em tempo, na Francesa, a população local (inferior a de Franca) vem sendo fortemente incrementada por brasileiros que vão tentar buscar a riqueza “fácil” por meio de atividades mineratórias.

      • espirito santo e como apendice. Voce so lembra que ele existe quando alguma merda acontece por la. Mas, por falar em maldade, qual o nome daquele cientista que fez o classico teste dos choques nos anos 50?

        De resto, nao me considero propriamente ma, mas certamente malvada, maldosa e insensivel. E isso e contagiante: quando o primeiro aviao da tam caiu, um conhecido do meu irmao estava la e um parente ficou traumatizado ao ajudar na identificacao dos corpos. Mesmo assim, la estava nos em casa pouco tempo depois no mesmo dia do acidente brincando com a sigla da companhia: “teu amigo morreu”, “todos aqueles mortos”. “turbina acerta morador”

        Ou mesmo agora, nesse caso da yoki. De cara, ja pensei em dezenas de piadas prontas sobre a situacao e, quando me dei por conta, so de dividi-las, os outros vieram com outras piadas sobre a situacao. Ate minha mae riu delas.

        Adoro humor negro, mas as vezes fico triste e incomodada por exerce-lo automaticamente em qualquer situacao. Mas dois segundos depois, isso passa…

          • isso mesmo, Milgram. Ele disse que nao faltaria mao-de-obra para campos de concentracao nos estados unidos.

            Ai uns cinco anos atras, mais ou menos, refizeram o teste, e os resultados foram piores ainda. Quem tiver curiosidade sobre o teste mais recente, ha um documentario com o ator eli roth (o judeu que matava nazistas com um taco de beisebol no bastardos inglorios) no youtube…

    • Apocalipse zumbi! Já veio ao Brasil!

      (para quem não sabe, casos de pessoas devorando outras e não parando nem levando tiros foram reportados nos EUA)

  • Me responde uma coisa com sinceridade: Vc acha a pessoa que só posta falando de estupros nos comentários e usa um apelido de “pixoquinha” pode ser um cerumano normal???

  • Apesar de cada um pensar dum jeito, tem coisas que são idiscutíveis como por ex. ser errado gostar do sofrimento alheio ou só se excitar com estupros. Tudo que foge a normalidade é anormal então é doença. Os psicopatas tem o cérebro diferente das pessoas normais. Maldade também tá no cérebro. Ser sentimentalóide demais porque a relação acabou se cura com antidepressivo sim!
    Maldade ser doença não significa que tá tudo joinha e que os fdp podem ficar soltos. Tem que ser presos, só que não é maldade pura.

    • Nem sempre maldade é doença. Sua premissa está equivocada, a maldade é natural do ser humano comum.

      “Tudo que foge a normalidade é anormal então é doença” – Sério mesmo, poucas vezes na vida li uma frase tão equivocada.

  • A modinha de td mundo ser DDA pelo jeito tá acabando, só q agora td mundo é bipolar….

    E dando meu ‘achismo’ a respeito dos estupradores, creio q alguns sejam realmente doentes, mas outros estupram de filhadaputagem mesmo…

  • Melhor trecho do texto pra mim: “A pessoa fica calejada pelo sofrimento, ele amadurece quem o vivencia. O grande problema é que estamos criando monstros anestesiados sem estrutura para lidar com frustrações, perdas e tristeza. As consequências serão macabras quando esses monstros começarem a procriar e criarem filhos.”

  • Me parece que Dexter volta em Outubro ! Também estou morrendo de saudades <3
    Eu já havia pensado sobre essa questão mas sob outro prisma : o trabalho. O nível de stress no trabalho hoje é uma coisa absurda e gera atitudes das mais grotescas por parte de quem detém algum tipo de poder. E realmente muita gente acaba falando : ah fulano pratica assédio moral mas não é culpa dele, ele deve ter algum problema , a pressão gerou nele algum trauma …. não não fulano é fdp mesmo , tem o poder nas mãos quer aparecer e é um escroto pra conseguir o que quer. As pessoas realmente têm muita dificuldade em aceitar a maldade pura e simples. Sempre tem de haver uma justificativa para as atitudes, antes era frescura, ou era distância da fé ou era loucura. Atualmente com a grande número de patologias psiquiátricas que foram descobertas mudou-se o foco e o que seria um avanço para amenizar o sofrimento daqueles que realmente precisam virou mais uma muleta para justificar o quanto o ser humano não presta mesmo. Acho que essa insanidade do politicamente correto ( eu vejo de fato como insanidade) faz as pessoas procurarem os subterfúgios mais absurdos para justificarem as coisas porque num mundo onde fazer piada é crime cometer atrocidades também tem que ser . Concordo que pode surgir mais um grupo de intocáveis por aí e isso além de causar sérios o problemas sociais será cruel pois banalizará o sofrimento de quem realmente vive com esse males . Para terminar eu acho que estupradores podem ser pessoas com algum tipo de distúrbio ou não , tem mto fdp que estupra e é perfeitamente normal.

    • Claudia, eu concordo que existe estupro sem necessariamente existir doença e concordo com tudo que você disse. Resta torcer para que pessoas com supostas doenças mentais não se tornem Intocáveis

    • Parece que o ator que faz o dexter venceu o cancer, ou melhor, um cancer cruzou o caminho dele, foi torturado e retalhado. Confere?

      • Sim, ele teve um câncer no final da quarta temporada. Fico me perguntando se na quinta temporada ele estava de peruca…

  • Se de fato surgir um abrandamento das decisões judiciais para crimes cometidos por pessoas supostamente “doentes”, quer apostar quanto que todos os ricos terão laudos de doença mental?

    Isso me lembra do caso envolvendo o malandro do Pimenta Neves… Qualquer semelhança NÃO é mera coincidência.

    • Cursei 5 períodos de Direito, e na época, um dos meus professores de Direito Penal me disse que, no Brasil, alegar doença mental pode acabar sendo pior ainda pra pessoa, porque se ela fosse parar num manicômio judiciário iria sofrer até mais do que na cadeia, e ainda corria o risco de ficar lá a vida toda. Assim,essa tática não poderia acabar sendo um tiro no pé?

      E Sally, Dexter volta dia 30 de setembro. Também não aguento mais esperar!

      • Depende, tudo vai depender se ao momento do crime a pessoa tinha consciência do que estava fazendo e se podia determinar seu comportamento. Em tese criminosos “doentes” podem sim ir parar em manicômio judiciário (apesar de quase não existir) mas em alguns casos, como por exemplo quando o julgamento vai a Juri, periga deles serem absolvidos.

        • Vi na tv Cultura que os manicômios judiciais foram quase todos fechados por conta dos abusos, qualquer agressividade era tratada com choque elétrico e isto era desumano.
          Acho sim que daqui pra frente cada vez mais as pessoas vão alegar doença pra se safar de penas criminais. Tendo dinheiro pra comprar o laudo é facílimo. E como não há mais manicômios, a coisa é super convidativa.
          Dentre os poucos ricos/influentes que foram condenados, uma boa parte conseguiu autorização para cumprir pena domiciliar alegando alguma doença, nem precisa ser mental, vide o Juiz Nicolau.
          Como a maioria das questões brasileiras o buraco é mais embaixo. Precisamos mesmo de uma reforma no sistema penitenciário, colocar preso pra trabalhar, punir gente classe média que cometeu delitos leves (ex. crueldade com animais) com multas e indenizações e o mais importante deixar o STF para coisas realmente importantes, não para quem tem dinheiro para chegar até lá. Dessa forma teria dinheiro pra avaliar corretamente se o estuprador é doente mesmo ou se é só maldoso e poderiam construir manicômios que não agissem contra os DH, aí a justiça poderia colocar esses criminosos doentes no manicômio e alegar doença deixaria de ser atrativo.
          (e aí era 5:50 e meu despertador tocou, me tirando dessa utopia linda)

          • Seria muito bom se o sistema penitenciário fosse revisto nos termos que você citou. Infelizmente acho que isso nunca vai acontecer e ele vai continuar sendo usado para superfaturar quentinha e jogar criminosos ainda piores nas ruas.

      • Um exemplo é o clássico caso do Chico Picadinho, que está desde 1976 preso em tais condições e que provavelmente não será libertado em vida.

        Mas ai entra a questão do ônus que é manter alguém na cadeia ou em um manicômio judiciário, sendo que até por isso haveria uma tendência de se relaxar a pena para ser aplicada em “casas de repouso” as expensas daquele que tem uma condição melhor aquinhoada ou até mesmo a aplicação da famosa “prisão domiciliar”.

        Enquanto isso, o cheiro da pizza azeda vai empesteando o ambiente.

        • Daí a gente cai naquela discussão do texto sobre psicopatas: dá raiva arcar com as despesas pelo confinamento para o resto da vida desse tipo de pessoa, mas quais são as outras opções?

          • E é com isso que os apologistas da pena de morte trabalham, sem considerar a burocracia e a polêmica que se tem em torno da aplicação de tal pena.

            Não sei se o Brasil tem acordos de extradição com Portugal, mas caso venha a se ter uma lei com a previsão legal da pena de morte ou da prisão perpétua por aqui, eventuais acordos nessa linha vão por água abaixo.

            • Uma lei não pode criar pena de morte nem prisão perpétua no Brasil. Para fazer isso seria necessário derrubar a atual Constituição da República (a base das nossas leis), convocar uma Assembléia Constituinte e fazer uma constituição nova. Duvido muito.

                • Não, Marciel, o assunto NÃO PODE SER OBJETO NEM DE PEC. Leia a Constituição.

                  Para fazer essa alteração só jogando essa fora e fazendo outra

                  • Mas tem gente já propondo a consulta para a realização de uma nova constituinte já em 2014. Não subestime isso.

                    Odeio a ideia da pena de morte voltando a tona, mas do jeito que as coisas andam, não duvido que isso seja o pretexto perfeito para jogar esta verdadeira “bíblia” no lixo.

                    • Duvido. Mas mesmo que seja convocada Assembléia Constituinte, existe algo chamado Princípio do Não Retrocesso, vai ser muito difícil inserir pena de morte ou prisão perpétua sem levar uma sanção de alguns organismos internacionais

                    • Sally, e o pessoal aqui tá cagando e andando para eventuais sanções internacionais desde que deu o controverso rolo do Iraque.

                      Fica até fácil jogar a culpa no “imperialismo yankee” que “estaria por detrás” de tais decisões.

                      Nossa sorte é que não há consenso nesse campo devido a “colcha de retalhos” que temos no congresso.

                    • Marciel, tanto não está, como todas as vezes que tomou puxão de orelha mudou a legislação, como foi no caso da Lei Maria da Penha.

                  • PS: Não estudei a constituição como um todo ainda, mas um retrocesso nesse campo pode vir no galope… Só não sai pelas distensões existentes no campo político, até porque se o coroné tivesse uma maioria confiável (e não uma coalizão de caráter fisiológico), pintava e bordava que nem certo caudilho venezuelano.

                    • Não, Marciel, não pode vir a galope. Princípio do Não Retrocesso. Só jogando fora a Constituição, convocando uma Assembléia Constituinte e fazendo uma Constituição nova

                    • Não preciso lembrar da parada do Manfresquinho, que aliás já teve “Processa eu” aqui.

                      Ninguém respeita constituição… O povo tá mais preocupado é em agradar ou em tirar vantagem do “patrão”.

                      Para um país que teve SEIS constituições no correr dos 100 primeiros anos de república, não custa muito inventarem de criar uma sétima.

                    • Marciel, custa sim. Não é fácil fazer uma constituição que agrade a todos os organismos internacionais aos quais o Brasil está vinculado nem suportar todos os embargos decorrentes de eventual ofensa aos valores desses órgãos.

                    • E falando em Não-Retrocesso, lembrei da questão da não-retroatividade no campo penal, onde há a apelação de ativistas de esquerda nos casos envolvendo os casos de tortura do regime militar.

                      Só que ai, além da questão da “anistia”, ainda se tem outros dois problemas:
                      1º) A constituição, que estabeleceria o crime de tortura como imprescritivel, é POSTERIOR ao regime militar.
                      2º) A tipificação legal do crime de tortura foi feita apenas em 1997.

                      Ainda que possa estar cometendo erros em tal colocação, acho pertinente que você trate disso num eventual artigo na coluna “Em Direito”, pois se trata de uma questão controversa.

                    • No caso de tortura nos tempos da ditadura militar é perda de tempo discutir no Brasil, muito mais conveniente levar o assunto para cortes internacionais.

                    • Pior… Isso redunda em uma sinuca de bico juridica, sendo que a atuação de uma corte internacional para julgar o caso tende a ser vista por gente da área política como intromissão interna.

                      Ai se tem a grande controvérsia no pensamento de esquerda, que é a de recorrer-se aos tribunais internacionais (supostamente representantes do imperialismo ianque) para se ter a punição dos principais torturadores do regime militar ainda vivos.

                    • PORRA MARCIEL, NÃO FALA DE DIREITO SEM ESTUDAR!

                      Naonde que é intromissão? O Brasil voluntariamente se filia a tratados e pactos internacionais e se obriga a fazer um monte de coisas, se não cumprir, não é intromissão alguma levar uma comida de rabo! Quer soberania? Não se comprometa, não assine tratados!

                    • Não preciso dizer que uma punição a nível internacional tende a ser malvista aqui e considerada como uma intromissão em assuntos que dizem respeito ao país em si.

                    • Marciel, até agora, todas as punições internacionais fizeram Brasil se cagar nas calças e acatar rapidamente o que era imposto. Se quer ter soberania e que ninguém se meta na sua lei, então NÃO SE FILIE a tratados e organismos internacionais se comprometendo a cumprir certas coisas. Simples assim. Caso se filie, CUMPRA. Se não cumprir, é calote e tem consequências.

  • É isso mesmo. Existe uma tendência a jogar com as fronteiras de acordo com a conveniência, além de maus profissionais que ganham dinheiro com essa super-patologização. Você não é da área, mas eu sou e confirmo. Nem todo ato moralmente reprovável escapa ao controle da vontade. Há pessoas com dificuldades maiores nesse controle, mas há os que se aproveitam de já existir um rótulo à disposição para terem desculpa. Tem gente triste que se diz deprimida, gente consumista que se diz compulsiva ou bipolar, e por aí vai. Uma cena interessante de um filme B (ou z, se formos mais realistas) da década de 80 exemplifica bem: “Warlock”. Um bruxo vai numa médium picareta para contactar um demônio. Ela finge que está possuída, engrossando a voz. O bruxo diz: esse não é ele. Aí a cara da mulher começa a se deformar de um modo doloroso, os olhos ficam injetados e a voz fica realmente cavernosa. Aí ele diz: agora sim é ele.

      • Sally, tem que ver caso a caso. Primeiro é preciso chegar a um consenso do que está sendo chamado aqui de estupro. O Assange fez sexo sem camisinha em um país onde isso é considerado estupro… Então o conceito é bastante elástico e vai desde o cara que encosta uma faca na garganta da vítima até o marido que se recusa a parar no meio da transa porque a esposa começou a sentir desconforto. Fora que pela nova lei, molestar sexualmente entra como estupro (incluindo as encoxadas no busão). Então é um leque muito amplo de possibilidades, todas envolvendo falta de respeito com a vontade do outro, em graus variados. Pra ver se é ilegal, imoral e/ou patológico, é preciso detalhar o contexto. Além disso, não se usa mais o termo “doença” (disease) e sim “transtorno” (disorder) para estas alterações de comportamento, até porque doença sugere algo de fundo totalmente biológico, enquanto os transtornos envolvem a interação entre o biológico e o social.
        Tem sujeito que é estuprador pelo mesmo motivo que alguns deputados são ladrões: porque sabe quenão será punido e está pouco se lixando para os direitos dos outros. Porém, em que grau isso pode ser considerado um Transtorno de Personalidade Anti-social (antigamente conhecido como psicopatia ou sociopatia), vai depender do quanto o classificador domina de fatoa psicopatologia. Já estive em uma palestra ao lado de psiquiatras que manjavam menos do DSM-IV do que eu, que lecionava psicopatologia na universidade. O ‘psicopata’ legítimo não sente empatia nenhuma, não é como um filhinho de papai que incendeia mendigo sem remorsos, mas sente pena do amigo que levou um pé na bunda. O problema é que os sem-vergonha “normais” tem traços de personalidade anti-social, insuficientes para o diagnóstico do transtorno, mas o povo mistura. Parte da culpa disso é da psicanálise, que não tem conceito de normalidade e usa terminologia derivada das patologias para definir as características de personalidade. Ex.: se você for organizado, dirá que tem traços obsessivos, se for sacana, dirá que tem traços perversos, se for imatura e provocante, dirá que tem traços histriônicos…

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