Dilema roubado.

Um banco foi assaltado. Não machucaram ninguém, não houve vítimas, mas levaram uma grande quantia em dinheiro. Você é a única testemunha, dependendo do que você fale, a polícia encontrará quem fez isso e recuperará o dinheiro ou jamais descobrirá. Você tem a certeza absoluta que esse dinheiro será todo doado para instituições de caridade e os assaltantes não ficarão com um centavo. Você é perguntado sobre o evento.

Tema de hoje: você denuncia os assaltantes ou não?

SOMIR

Não. O tema de hoje é um dilema por um bom motivo. Se a pergunta fosse denunciar um estupro, por exemplo, não acredito que precisaríamos sequer discutir o assunto. O simples fato de gerar uma dúvida, por mais rápida que seja, já demonstra como tem mais nesse tema do que um simples descaso pelas leis.

O Estado existe para fazer as coisas que o indivíduo não faria naturalmente, todo o conceito de leis é baseado na ideia que uma pessoa tende a flexibilizar regras de acordo com a própria consciência. Porque é humano fazer isso. Sustentar uma regra quando ela parece pouco intuitiva não faz parte do conunto de habilidades comuns das pessoas. Então, indivíduo e Estado tem que ser separados aqui. Se a pergunta fosse se um juiz deveria absolver os assaltantes, eu com certeza diria que não.

Quando um indivíduo acaba na posição de decisor sobre as regras do sistema, ele não está preso às mesmas limitações que o Estado teria, até porque ele não conta com as mesmas proteções. Especialmente num sistema como o brasileiro. O Estado tomando uma decisão “antipática” como prender assaltantes não-violentos de banco que deram todo o dinheiro para a caridade pode fazê-lo com a desculpa de estar de mãos atadas. Segue as leis por prerrogativa, afinal, só existe se as leis existirem.

O indivíduo não tem isso. A pessoa que denuncia os criminosos (e são criminosos) tem que fazer uma escolha muito mais fria e calculista do que é esperado de qualquer pessoa. Isso é tão verdade que o Estado considera atenuantes para crimes baseados em comportamentos esperados de seres dotados de reações emocionais. Em tese você deveria seguir todas as leis da forma mais estrita possível, mas na prática até o sistema sabe que não somos capaz disso.

Até porque se fôssemos capaz de tomar a decisão de denunciar os assaltantes 100% das vezes neste exemplo, o Estado seria supérfluo. E justamente por não achar que ele é que eu digo que diante do meu senso de justiça, posso “absolver” os assaltantes por achar que eles geraram saldo positivo no mundo com suas ações. E sem culpa de ter falhado em meu papel como cidadão, afinal, leis e pessoas que as aplicam só existem porque é natural que a maioria de nós não tome a posição de punir quem faz algo moralmente discutível por um bom motivo.

O problema é do Estado nesse caso. Quem tem que fazer a escolha tecnicamente certa e emocionalmente incômoda é o Estado. É literalmente o que pagamos para ele fazer por nós. Quando você resolve tomar para si toda a responsabilidade por algo criado para te aliviar dela, está simplesmente dizendo que tudo bem o Estado não funcionar e que você vai fazer melhor. Tem uma sutileza poderosa aqui: Sally vai argumentar que denunciar é uma defesa do sistema, mas da forma como eu estou posicionando as coisas aqui, na verdade é um ataque por declaração de incompetência do Estado.

A polícia e o sistema judiciário com certeza dependem da colaboração popular para aplicar as leis, mas essencialmente nos casos onde o crime em questão fere o senso de justiça da maioria. Porque em tese esse é o crime “fácil” de punir. Se os assaltantes tivessem matado vários trabalhadores no processo e usado o dinheiro para comprar carros e prostitutas, convenhamos que não seria um dilema de forma alguma: a denúncia parece certa. Tão certa que o Estado existe justamente para evitar que as pessoas resolvam tomar a justiça nas próprias mãos e sair linchando pessoas por aí.

Agora, quando a denúncia parece errada, é justamente quando esperamos que o Estado “brilhe” fazendo o difícil, pegando e punindo quem vai contra as leis. Que ele tire de nós, indivíduos fracos em comparação, o peso de tomar esse tipo de decisão e das consequências dela. Periga de você denunciar esses assaltantes e ainda apanhar na rua quando descobrirem que você fez isso. A ideia de denunciar ofende o senso de justiça da maioria das pessoas, e existem consequências por isso. O Estado é uma entidade que não vai sofrer linchamento físico ou moral ao fazer a coisa certa de acordo com suas leis.

Nós, indivíduos? Nós estamos comprando uma briga enorme ao fazer isso. Interna e externa. Se a polícia e o judiciário não tem capacidade de achar e punir os assaltantes nesse tipo de situação, estão sendo incompetentes e empurrando suas obrigações em cima de quem trabalha para sustentar o sistema criado justamente para nos livrar delas!

Se eu tenho que denunciar quem eu acho que não fez algo errado o suficiente para merecer uma punição por incapacidade do Estado de me livrar desse problema, o Estado falhou. O banco que se vire com o Estado para conseguir esse dinheiro de volta, como… spoiler… sempre faz. Não temos obrigação de cobrir todas as falhas do nosso sistema, se queremos que as leis sejam aplicadas com perfeição, não podemos deixar que seres dotados de reações emocionais como “eu não quero que a entidade de caridade perca o dinheiro” sejam obrigados a tomar esse tipo de decisão.

Ou tem Estado, ou não tem. Se for para decidir sozinho, que me deem o título de ditador de tudo que eu garanto que vai sair tudo do jeito que eu acho melhor. Democracia existe para não deixar uma pessoa só assumir o controle do sistema. Ninguém é obrigado a denunciar um crime desses, e toda a sociedade que criamos está baseada nisso. Cada um no seu quadrado.

Para me chamar de bandido, para dizer que não esperava eu tomar esse ângulo, ou mesmo para dizer que fica triste por eu ganhar o argumento de hoje: somir@desfavor.com

SALLY

Sim, eu denuncio. É crime do mesmo jeito.

Utilitarismo é um câncer que sorrateiramente mata a ética no Brasil. Tolerar que se flexibilizem regras conforme um critério subjetivo, pessoal de cada um, é abrir portas para corrupção, desonestidade e favorecimentos. Todo mundo é capaz de encontrar uma bela desculpa para justificar as ilegalidades que faz, por isso este país está a bosta que está. Se não pode fazer, não pode fazer e ponto final.

“Mas Sally, o saldo final compensa, pois vai ajudar pessoas que estão precisando”. Não, não compensa. É uma conta burra pensar que a questão envolve um crime isolado x crianças que receberão agasalho. Estamos falando de relativizar a lei, de tolerar crimes, conforme seu achismo, olhe para a big picture. Isso é muito grave, muito mais grave que um simples roubo a banco. Quando abrimos essa porta, sérias chances da coisa toda desandar.

A mentalidade de se achar tão centrado, ponderado e inteligente a ponto de avocar para si mesmo o direito de relativizar a lei é um dos grandes problemas do brasileiro: “eu dirijo melhor quando estou bêbado, pois ando mais devagar e tomo mais cuidado”, “não tem problema fumar maconha, sempre fumo e nunca fiz nenhuma besteira” ou ainda “a hospedagem neste hotel é cara, eles estão lucrando muito comigo, tenho o direito de levar uma toalha”. Isso é UM CÂNCER para a sociedade. Se não pode, não pode, foda-se você concordar ou discordar, a lei não é feita com base no que você acha, você não é assim tão importante.

Curiosamente são as mesmas pessoas que exigem que a lei seja duramente cumprida com os outros, que pedem cadeia, que pedem bandido morto. Mas quando é com elas, se recusam a aceitar restrições que lhes desagradam e montam seu próprio Código Penal personalizado, onde decidem o que deixarão de fazer e o que não conforme seu achismo. Se você não consegue ver quão nocivo isso é para uma sociedade, peço que reflita bastante sobre o assunto, pois você está em um grau de contaminação que causa cegueira ética.

Leis existem por um motivo. São séculos de experiência vendo o que dá errado, o que causa um mal social, o que leva ao caos. Sério mesmo que você acredita que você, Zé Ruela, com décadas de vida, sabe o que pode ser relativizado e o que não? Sério que você se acha tão esperto, bacana e acima da média que pensa que só você pode relativizar algumas proibições? Isso se chama bandalha, isso se chama jeitinho, malandragem, e é um dos grandes atrasos civilizatórios deste país.

Quem cumpre as regras é certinho (em tom pejorativo), é caga-regra, é inflexível no Brasil. Em países civilizados, é cidadão e quem não cumpre é criminoso. Hora de acordar para a vida e ser uma pessoa melhor, perceber que os valores totalmente deturpados vigentes no Brasil não te autorizam a ser mais um babaca na multidão, pois se todo mundo continuar agindo assim, o país não melhora.

“O banco não precisa do dinheiro, o banco já é rico, instituições de caridade precisam muito mais”. Concordo. Porém, é uma falsa simetria. O fato do banco não precisar do dinheiro não autoriza um crime. É esse o ponto onde o cérebro brasileiro dá um bug e a pessoa abre as pernas para a ilegalidade: nem sempre o ilegal é imoral, nem sempre o ilegal é antiético, nem sempre o ilegal é errado. Mas, continua sendo ilegal. E para uma sociedade funcionar de forma decente, é preciso que o cidadão respeite e deixe de fazer o que é ilegal, concordando ou não com isso.

É ilegal e pode ter certeza que existe um bom motivo para isso, que após séculos de problemas e caos social, depois de tentar de tudo, não houve outra alternativa a não ser transformar essa conduta em crime. E o fato de VOCÊ não precisar desta restrição social para que a comunidade viva em paz não significa que outras pessoas não precisem. E, se vale para um, tem que valer para todos, pois o ser humano é uma criatura sem noção que acha tudo que faz lindo, então, spoiler, talvez você precise sim das limitações da lei, só não consegue ver por ser um sem noção.

Quem você pensa que é para decidir pela sociedade? A sociedade fez um pacto onde abrimos mão de alguns direitos para, em troca, tentar alcançar um pouco mais de paz social, criando regras sobre que pode e do que não pode ser feito. Para violar esse pacto, você tem que consultar todos os participantes (o que costuma ser feito através de plebiscito ou referendo). Você sozinho decidir que um pacto feito por toda a sociedade não se aplica ao caso porque na sua opinião é melhor assim? Sério mesmo, vai se foder. Ou você é lunático ou é arrogante no nível máximo.

“Mas Sally, você mesma diz que o Judiciário brasileiro é um lixo, que é tudo uma merda e até abandonou sua carreira por causa disso, tá defendendo as leis?”. As leis são uma bosta, o Judiciário brasileiro é uma bosta, mas é o pouco que temos. Por sinal, o que faz com que Judiciário e lei brasileiras sejam esta merda que vemos hoje é justamente essa postura de seus operadores. Se as coisas fossem levadas a sério, sem privilégios, sem devaneios de poder e sem jeitinho, estaríamos bem melhor.

Se você acha que a solução é virar anarquistão e não obedecer mais nada, faz um favorzinho e vai vender gnomos na beira da estrada de alguma cidade point de Zé Droguinha ou se embrenha no mato de alguma republiqueta latina e fica trocando tiros para libertá-los. Não venha me passar sermão sentado no sofá com smartphone na mão que fica vergonhoso para você. O fato da lei ser uma merda não te exime do dever de cumpri-la. Se a acha uma merda, siga as vias legais para contestá-la em vez de fazer birra de criança se recusando a fazer sua obrigação.

Sei que hoje serei voto vencido e, pior, que meu texto não vai nem fazer sentido para muita gente. No geral, brasileiros tem uma blindagem muito forte que os impede de ver quão incorretos, pouco civilizados e medíocres são, pois precisam deste escuto para se proteger de um violento complexo de vira-lata. Então, o que estou dizendo aqui vai ser taxado de exagero, rigidez excessiva e utopia.

Beleza, vivam em negação. Mas ao menos sejam coerentes e não fiquem clamando por justiça apenas quando lhes convém, pois, no fundo, no fundo, brasileiro não quer justiça se isso lhe gerar restrições. Acobertar assalto a banco é de fazer cair o cu da bunda.

Para se ofender, para me ofender ou para dizer que eu tenho razão, a blindagem te fez pensar que meu texto é exagerado: deixe seu comentário.

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Comments (36)

  • Ah, mas é obvio que sim. Ser cúmplice de um crime pra fazer obras de caridade? Isto em si já anula a “boa” acao. Código Penal Personalizado…Sally, não da idéia! Já pensou se a moda pega?

  • Percebi que as pessoas estão se posicionando baseando-se em culpar o banco por ter muito dinheiro e se omitindo por não concordarem com o sistema, porém o que tornava o dilema “justificável” era o beneficiado da doação, a instituição de caridade, e nesta, quase não se falou. Cheguei a conclusão que os assaltantes não seriam denunciados, mesmo que a finalidade do roubo fosse pessoal aos criminosos.
    Lamentável.
    O certo é certo, mesmo que ninguém esteja olhando. O errado é errado, mesmo que todos estejam fazendo.

  • Sally, já concordava com seus principais argumentos antes de os ler. A violação do pacto social por todos é o que mais tem contribuído pra essa sociedade estar como está.
    No entanto, tenho percebido que, realmente, você tem apelado muito pra linha do “se você não concorda, tem sérios problemas e precisa se tratar” em várias edições do Ed/Ed. Acho que isso coloca o leitorna defensiva, bloqueando a entrada de qualquer argumento racional, em vez de estimular a reflexão.

    • Azar de quem ficar na defensiva. Em muitos temas eu chego a dizer que não há uma resposta correta, mas, naqueles em que eu acho doentio, eu vou expor minha opinião.

  • Em teoria, sim, eu denunciaria. Mas na prática, supondo que um caso impossível desse acontecesse, quais seriam as consequências dessa decisão em minha vida? O que me prejudicaria mais? No mundo real o buraco é mais embaixo.

    • As consequências desse tipo de falta de ética são coletivas: quando todo mundo faz, o país vira um lixo. Quando todo mundo tem essa mentalidade “se só eu fizer, só dessa vez, não muda nada” o país vira um lixo. Não existe outra forma de reverter isso a não ser que as pessoas tenham a consciência de que, se não pode, NÃO FUCKIN´ PODE, pois a coisa só funciona se cada um fizer sua parte. Parem de olhar para o “eu”, parem de pensar pequeno nas consequências para o banco, estamos falando de algo maior aqui!

      • Supondo que as circunstâncias do crime e a minha identidade como testemunha sejam expostas ao público: a ética poderia me custar a cabeça, Sally…

        • Mas que caralho… O problema não é sobre coragem, é sobre ética. Nem se cogita o desdobramento de nome vir a público, parem de overproblematizar.

  • Sou Sally all the way nessa… essa relativação Robin Hood das leis é muito perigosa.
    E moralmente falando, não acho que o simples fato de alguém não precisar do dinheiro roubado seja justificativa para que ele seja privado desse dinheiro, que… bem, é dele.
    Ouço muito “mas o banco fica enriquecendo às nossas custas”, minha resposta é simples: não quer pagar pelo serviço, não use.

  • Concordo com o Somir, foda-se o banco eu não tenho a obrigação de denunciar e não denunciaria, sem falar em toda perda de tempo que eu teria para enriquecer um bandido engravatado (banqueiro brasileiro) que explora a população com o aval do governo, eles que vão pedir ajuda ao amiguinhos políticos eu não mexo um dedo por essa corja.

    • Oi?

      Todo cidadão que presencia um crime tem obrigação de falar sim, se não comete crime.

      Não é “foda-se o banco”, não é sobre o banco, é sobre a ética.

  • Ou seja, para a maioria de vocês uma cadeia é melhor para a sociedade do que uma clínica de reabilitação. Recado entendido.

    • Isentaço Idealista

      Se alguém realmente puder inventar uma cadeia que possa sempre ser reabilitadora / justa / espaçosa independentemente do lugar; isso poderia ser igualmente prioridade, para “uma superagência sociocientífica”…

      DSVS

  • Sei que hoje serei voto vencido e, pior, que meu texto não vai nem fazer sentido para muita gente.

    Pra mim fez muito sentido ! ( Mesmo sobre banco($), fiquei ainda mais “balançado” depois que li – até – detalhes normais dele$ na edição atualizada de “Crash”…Além da possibilidade de “Grécia feeling$”… )

    Porém fico neutro, já que não sei como é realmente ter esse tipo de certeza de anonimato…

  • Innen Wahrheit

    Tenho que confessar que esta coluna é que menos me chama atenção, mas vou deixar registrado que, neste tema, concordo com a Sally.

    Coincidência ou não, antes de acessar o Desfavor, li isto aqui (http://m.folha.uol.com.br/poder/2017/03/1865771-nao-e-a-imprensa-ou-o-stf-que-vai-falar-o-limite-pra-mim-diz-bolsonaro.shtml) e acho que influenciou minha posição a respeito – acho que já tem gente demais querendo relativizar regras para defender sua própria noção de justiça e ordem social.

  • O primeiro texto teve ótima argumentação. Eu também não denunciaria. O segundo texto foi apelativo e parece ameaçar: “ou concorda comigo ou não tem ética!”

  • O Zé Droguinha que mencionei nos comentários daquele texto, que por sinal também é funcionário merda, era desse jeito que a Sally disse. A frase marcante dele era “eu não vejo problema” cada vez que surgia um impasse relacionado a respeito às leis. Eu tinha vontade de morrer cada vez que explicava longamente que estávamos em uma empresa pública, sujeita a leis rigorosas de licitação, que devíamos dar o exemplo, e o filho da puta respondia com “não vejo problema”.

    • Eles nunca acham que nada dá problema, uma vida respaldados por papai e mamãe geram essa falsa percepção. Por isso a cadeia tá cheia de Zé Droguinha, um dia a casa cai…

  • Concordo com a Sally!

    Mas se fosse eu, denunciaria anonimamente, justamente pela reação hostil que surgiria do povo todo…

  • O Estado não consegue garantir a minha proteção e o banco tem seguro. Além disso, o banco é privilegiado com taxas de juros que permitem que pague o seguro sem grandes problemas. No mundo real, haverá retaliação. Não denuncio. Só vira um dilema moral para mim se a vítima for alguém cuja recuperação do dinheiro significa a sobrevivência, como um aposentado que sacou sua poupança para pagar uma cirurgia, por exemplo.

    • Sua segurança estaria garantida. O foco do problema é a questão ética. O banco ter seguro não tem que tornar menos errado assaltá-lo!

      • A Ética não existe sem aplicação concreta, Sally. Criar esse cenário artificial estimula reações artificiais. Na vida real, não se aplicaria.

        • Aplicação concreta: a pessoa está violando um pacto feito por toda a sociedade de forma unilateral por um achismo seu.

          • O contrato social é como qualquer outro contrato. Uma parte é obrigada a algo se receber a contrapartida.

            Se o Estado imaginário der essa segurança imaginária, eu faço a acusação imaginária.

            O Estado real não me dá segurança. Onde está a contrapartida? Então é preciso sair da letra fria da lei e pensar em Justiça, não em legalismo.

            • Se o Estado não dá o que o cidadão espera, a coisa digna a fazer, se houver insatisfação, é se mudar e ir para um lugar onde o Estado atenda de acordo com sua vontade. Acho feio bandalhar e não fazer a sua parte pq o Estado não faz a dele. Eu sou correta e tenho minha ética independente do que os outros fazem.

    • “Só vira um dilema moral para mim se a vítima for alguém cuja recuperação do dinheiro significa a sobrevivência” .
      Então supondo que você tenha uma mãe, ela seja aposentada e esteja tirando dinheiro (30 mil reais) da sua própria poupança para pagar por uma cirurgia que dará chances de vida a ela. Ela é assaltada. Você é a única testemunha, mas você pode pagar pela cirurgia e, então, ela sobreviverá.
      Você não denunciaria?

      • Depende da ponderação dos riscos. Você poderia colocar assim: você preferiria perder 30.000,00 pra salvar a sua vida e a da sua mãe ou você preferiria ser literal e fundamentalista sobre o contrato social, mesmo que pudesse morrer por isso?

        Não, eu não morro por nenhum fundamentalismo.

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