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A máscara ficou.

A máscara ficou.

| Desfavor | | 34 comentários em A máscara ficou.

A quarta pesquisa Ibope/Estado/TV Globo desde o início oficial da campanha eleitoral nas eleições 2018 revela que o candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, subiu 11 pontos porcentuais em uma semana e se isolou na segunda colocação, com 19%, atrás de Jair Bolsonaro (PSL), que oscilou dois pontos porcentuais para cima e chegou a 28%. LINK


Se as pesquisas são minimamente confiáveis, o segundo turno está basicamente garantido agora. Se Bolsonaro era ruim, quem está chegando para disputar vai ser ainda pior. Desfavor da semana..

SALLY

Você se dá conta do ridículo da situação quando tenta explicar para pessoas de outro país o que está acontecendo no Brasil: um condenado por crimes relacionados a corrupção, que tem mais media dúzia de processos pendentes, nos quais provavelmente será condenado também, cisma que quer concorrer à Presidência da República mesmo estando preso. Quando, por óbvio, isso não lhe é permitido, há uma campanha difamatória vitimista.

Perfis falsos o robôs propagam exaustivamente que eleição sem Lula é golpe. Um golpe que observou os princípios da ampla defesa e do contraditório, por sinal, nunca vi ninguém exaurir tanto o contraditório como o Lula: foram literalmente centenas de recursos e ações para tentar tumultuar os processos nos quais é réu, usando o seu e o meu dinheiro para pagar uma fortuna em advogados, na esperança de atrasar julgamento e conseguir ser candidato à Presidência da República.

O partido força a barra para que um PRESO seja candidato até o último minuto, dizendo barbaridades que são claras apologias à violência, insinuando que vai morrer gente, que vai ter derramamento de sangue e outros. Os mesmos que dizem que a facada no Bolsonaro foi fruto de suas falas agressivas. Ao não conseguir emplacar o Lula como candidato, colocam o Haddad e a coitada da Manuela Dávila, que sequer aparece nas fotos oficiais da campanha.

Desrespeitam uma dezena de proibições do TSE, coisas como o slogan “Haddad é Lula” e nada, absolutamente nada acontece. O candidato que substitui o Lula, em vez de se distanciar, pois em tese, ninguém quer sua imagem vinculada a um corrupto que está CONDENADO e PRESO, vai ao presídio pedir orientações a Lula. Ainda tem a cara de pau de dizer que o Plano de Governo foi todo feito pelo Lula, ou seja, de diz um fantoche de um presidiário condenado por corrupção.

Eu simplesmente não consigo explicar isso para pessoas de outros países. Quando me perguntam como é que alguém pode votar nele se foi condenado após um processo judicial com ampla defesa e contraditório, eu realmente não sei explicar. Essa idolatria que brasileiro desenvolveu por político, que os torna mais groupies do que eleitores, me causa uma vergonha extrema.

O discurso de que Lula foi condenado sem provas cai por terra quando se tem acesso ao processo judicial e, para quem não sabe, salvo casos excepcionais de segredo de justiça, no Brasil, o processo é público. Essa fixação vitimista pelo Brasil surpreende, enquanto isso Maduro come do bom e do melhor em restaurante ostentação e o povo da Venezuela passa fome, tudo isso apoiado pelo PT, que não acha que o Companheiro Maduro seja um ditador. Sobre isso, ninguém dá um pio, nem a ONU.

É difícil não ficar perplexo ao ver Haddad chegando ao segundo turno. Aliás, de uma forma bastante duvidosa. Pesquisas oficiais o colocam com números muito, mas muito mais elevados do que pesquisas alternativas (algumas feitas pela própria militância do PT). Não que a gente alguma vez tenha acreditado em pesquisa eleitoral, se havia alguma dúvida, o caso Trump jogou uma pá de cal, mas a coisa está gritante, discrepante. Há um claro movimento manipulatório para colocar Haddad como único contraponto possível ao Bolsonaro.

Eu chamaria de burrice, pois a rejeição ao PT é muito maior do que a rejeição aos demais candidatos, mas não tem inocente nessa brincadeira. Não é burrice não. A pecinha que eu precisava para fechar esse quebra-cabeça e entender o que o PT pretende e de onde veio a tentativa de assassinato do Bolsonaro e tantas outras coisas chegaram para a gente na forma de um e-mail anônimo esta semana. Depois de muito ponderar, decidimos publicar esse e-mail no domingo, como Desfavor Convidado. Não deixem de ler os possíveis desdobramentos políticos do Brasil.

Talvez o que o PT precise seja mesmo essa posição de segundo lugar, para dar veracidade a uma suposta vitória. Um Cabo Daciolo da vida não poderia, por mais recursos que tivesse, forçar uma barra para se eleger, afinal, ninguém sai do 1% para os 35% em duas semanas. Não vou entrar no mérito “urnas eletrônicas” aqui, é óbvio demais para ser discutido, tem material demais na internet para que seja reexplicado. Recomendo uma entrevista do The Noite com o Diego Aranha, é bem didático e desarma todas as narrativas.

Fraudado ou legítimo, continua sendo um tremendo desfavor que um candidato que já se admitiu um fantoche de um presidiário condenado por corrupção tenha chances de chegar no segundo turno. É imoral, é vergonhoso. Um partido cuja base toda está ou presa, ou respondendo a processo por corrupção (Zé Dirceu, Palocci e tantos outros). Um partido que vai perpetrar mais do mesmo, mais do que vem acontecendo na última década, onde fica bastante claro que o país, além de vários escândalos de corrupção de grande porte (Petrolão, Mensalão, etc) também se afundou economicamente.

E nem precisamos chegar ao final das eleições. O mercado dá claros sinais de queda ou de alta, segundo movimentação política. Quando ocorre algo que alavanca o PT, o mercado se retrai. Quando acontece algo que vai contra o PT, o mercado dá sinais de melhora. Fica bem claro como a economia vai para a casa do caralho se o Haddad ganhar.

Um partido que já afirmou com todas as letras que se vencer vai fazer regulação da imprensa, mexendo com uma das últimas coisas boas que havia no Brasil, a liberdade de expressão. Um partido que vem funcionando em um modus operandi ultrapassado, mimizento, vitimista, “nós x eles”, incitando discórdia, desunião e agressividade. É inadmissível que todo este conjunto da obra vença, na base da facada no oponente. Será o desfavor do ano, da vida, da história deste país.

E não tenho dúvidas que, em uma contagem séria, real, Haddad não está em segundo lugar. É estratégia para pegar os votos dos anti-Bolsonaro. Esta é a eleição do voto útil e é nisso que estão apostando. O que espanta é que, após tantas denúncias, tanta baixaria, tantos absurdos, as poucas pessoas esclarecidas do país ainda não tenham entendido como é o jogo.

“Mas Sally, você não disse que tinha certeza absoluta que o Bolsonaro ganhava? Você não tem coerência não?”. Meu anjo, a pessoa sofreu uma TENTATIVA DE HOMICÍDIO que o deixou entrevado em uma cama de hospital. Você não acha que isso muda um pouco as coisas não? Não é algo excepcional? Se as coisas tivessem seguido seu rumo normal, eu continuo afirmando que Bolsonaro se elegeria. Agora, longe das ruas, dos debates, debilitado… é uma incógnita.

Só tenho certeza de uma coisa: essa facada foi grave, muito grave, e vem sendo minimizada. Ela alterou o curso do processo eleitoral. Nem na porra da Venezuela, ao contrário do que afirma o PT, uma ditadura do pior tipo, se vence eleição esfaqueando rival. Sério, Brasil, vamos deixar o fanatismo de lado e olhar friamente para a situação? Acabou a brincadeira, situações extremas pedem medidas extremas.

Para dizer que tem certeza que Marina Silva está em segundo, para dizer que está curioso com o texto de domingo ou ainda para dizer que está cagando baldes para a eleição: sally@desfavor.com

SOMIR

O Brasil nunca desaponta se você espera o pior. Logo depois de ver os planos de Paulo Guedes, guru escolhido por Bolsonaro para gerenciar a economia do país, comecei a ficar preocupado com os rumos do país caso o candidato do PSL realmente ganhasse. Depois, o vice dele, general Mourão, disse que queria reescrever a Constituição. Mas, tinha algum alento na ideia de que Bolsonaro e sua turma teriam muitas dificuldades para navegar pela complexidade da cleptocracia brasileira.

Mas, piorou. Lula disparou nas pesquisas quando o povão finalmente entendeu que Haddad era sua máscara. O populista encarcerado conseguiu fazer sua estratégia funcionar, realizando a campanha com seu nome até o último segundo, e só aí passando a vaga para o substituto. Não deu tempo do povo pensar sobre quem era quem ou mesmo desgostar de Haddad, e dia 7 de Outubro vão votar no Lula como se nada, só com outro nome. O número continua o mesmo, inclusive.

Apesar de Lula ser o único candidato com rejeição suficiente para tornar um segundo turno com Bolsonaro minimamente disputável, vai colocar no chinelo a disputa entre Dilma e Aécio que tanto detestamos eleição passado. Não só porque ambos os lados são terríveis, mas porque um deles é tão desastroso que o Bolsonaro se torna viável. Lula vai comandar o país de dentro da cadeia, como corrupto condenado, caso Haddad vença mesmo.

E não é só o tapa na cara da ética e da justiça, de passar vergonha e raiva com essas coisas o brasileiro está escolado. A questão vai bem mais além: com o PT no poder de novo, é inevitável uma “venezuelização”. O capital estrangeiro vai correr pra longe até saber se Lula volta com vontade de vingança (contra a Justiça) atacando os poucos pontos de defesa das instituições e liberdades que temos. O PT é mais articulado que o Bolsonaro para organizar um assalto às liberdades civis dos brasileiros.

Eu tenho sérias dúvidas que Lula chegaria tentando uma consolidação de poder absolutista, até pelo clima explosivo do país caso vença, mas o grau de burrice que seu governo e seus fantoches demonstraram nas últimas décadas não é de se ignorar. Pagaram reeleições explodindo a Petrobrás e o setor energético em geral, gastaram horrores em obras questionáveis e subornaram sem dó quem quer que levantasse uma dúvida sobre suas ações. Quando uma ideologia política tão focada em fins justificando os meios recebe a caneta e o cheque, tudo pode acontecer.

Carregado ao poder pela parcela mais miserável e pouco educada da população, Lula vai se sentir pressionado a fazer algum show com dinheiro público e religar a máquina de desperdício que caracterizou seus últimos governos. Quando o mundo todo vivia num crescimento econômico, fazia sentido gastar mais, inclusive com redistribuição de renda. Mas quando a economia global desabou em 2008 e nos colocou num caminho de mais austeridade, o PT ficou para trás. A incapacidade de adaptação gerou os desastres de seu segundo mandato e os de Dilma.

Antes de tudo, fora Temer, mas quem pagou o pato foi justamente ele. A desaprovação recorde era algo que o PT deveria receber pelo conjunto da obra, mas por algumas malas de dinheiro, a turma do Temer ficou mais do que satisfeita em assumir a bronca e fazer o povão esquecer quem criou de verdade a realidade do país que vivemos agora. De uma certa forma, a administração do atual presidente é um excelente escudo para os petistas, que podem posar de oposição dos erros que eles mesmo cometeram. Pelo discurso dos petistas, parece que não aprenderam nada com o desastre do governo Dilma e querem mais do mesmo. A campanha é basicamente sobre retomar de onde pararam antes do “golpe”, com a esperteza, é claro, de apagar a Dilma da memória popular e fingir que os últimos 8 anos não aconteceram.

Além de todo esse imbróglio político e econômico, ainda temos uma possibilidade real de uma vitória de Lula ser a gota d’água para uma população cada vez mais radicalizada. De cordial o brasileiro não tem nada – somos recordistas mundiais em assassinatos – a diferença é que esse povo nunca conseguiu se organizar ao redor de uma causa pelo tempo suficiente para mostrar suas verdadeiras cores. Se com o Aécio, notório corrupto sem carisma, metade da população ficou puta o suficiente para apoiar a Lava-Jato e todas suas repercussões, imaginem só se o candidato derrotado por uma margem pequena de votos for o muito mais carismático e popular Bolsonaro?

Bolsonaro que tem merda na cabeça o suficiente para incitar seus defensores a fazer mais do que protestar contra o governo petista. Como a concentração de defensores de ditadura militar é altíssima entre seus simpatizantes, a coisa tende a ficar bem tensa logo após uma eleição de Lula (o Haddad nem merece ser mencionado, de tão fantoche que é). E como o PT vai estar saindo de um momento onde se julgou oprimido, vai ter uma atitude bem mais agressiva contra seus detratores. Uma reação agressiva dos perdedores pode escalar a situação para um desastre nacional. Por incrível que pareça, eu estou enxergando uma possibilidade maior de golpe militar com a vitória do PT do que com a do militar Bolsonaro. Se vai ser de direita para tomar o poder ou de esquerda para consolidar, vai depender de quem puder prometer mais dinheiro para o exército (porque, né… ainda é Brasil).

Eu acho o Bolsonaro um merda. Mas no segundo turno vou votar nele sem pensar meia vez se o Haddad for a outra opção. Quem quer que ganhe, nós perdemos, mas se for o PT, perdemos em outro nível…

Para nos chamar de reacionários, para dizer que não acredita nas pesquisas (Brasil é Brasil, EUA é EUA), ou mesmo para dizer que até o Cabo Daciolo parece uma boa opção: somir@desfavor.com


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