Autor: Desfavor

Imagem levemente modificada para grudar na sua retina para sempre.Hoje vamos colocar na balança, mais uma vez, opiniões divergentes sobre como se cuidar da própria forma física. Com a popularização das cirurgias de redução de estômago, não são mais apenas os “mortalmente” obesos que submetem à prática.

Tema de hoje: Redução de estômago por motivos estéticos é aceitável?

SOMIR

Sim. E olha que eu tenho lá meus estranhamentos com a vaidade habitual da humanidade. Fico puto quando percebo que muitas pessoas fazem esforços incríveis para ficar mais bonitas, mas não levantam um dedo para aprender a conversar sobre algo além de… outras pessoas. Vão até o limite do supérfluo de um lado, ignoram o básico do outro.

E não é discursinho hippie “todo mundo é lindo do jeito que é”, vaidade é uma coisa muito boa, mas deveria valer no campo intelectual também. Falar coisas estúpidas e demonstrar ignorância sobre diversos assuntos é até motivo de orgulho para muita gente!

Pois bem, se isolarmos o fato de que uma pessoa está fazendo uma intervenção cirúrgica com o objetivo de parecer mais atraente para outros seres humanos (e para si mesma, por que não?), a operação de redução de estômago não é tão diferente assim de colocar uma prótese de silicone ou fazer uma lipoaspiração.

É evidente que cada tipo de operação tem seus riscos e recompensas próprias, mas a idéia de modificar o corpo para se adequar a padrões de beleza que não alcançaria facilmente (ou nunca, no caso do silicone nos seios) está lá. Quando começaram as primeiras cirurgias plásticas, o alvoroço sobre “as implicações éticas” foi grande, mas bastaram algumas gerações de narizes mais finos e decotes mais preenchidos para o povo sossegar.

A cirurgia de redução de estômago para fins estéticos é um passo além das plásticas. Pode ser difícil de digerir agora (ha), mas não é nada tão chocante assim. A tendência é que uma sociedade com avanços tecnológicos significativos comece a achar soluções “preguiçosas” para problemas solucionáveis com esforço e dedicação.

Afinal, evoluímos para quê? Você não caça touros para fazer o churrascão de domingo, ou caça? Você não atravessa uma cidade grande andando todos os dias, atravessa? Tecnologia serve para diminuir a carga de esforço físico do ser humano (teoricamente para aumentar o mental, mas… pequenos passos…). O que nos leva a uma população cada vez mais sedentária e obesa. O caminho que pegamos, como espécie, não permite mais uma volta às raízes de muito esforço para pouco resultado.

Então chega de frescura! O que quer que inventem para “desembalofar” esse mundo de forma rápida e preguiçosa é ÚTIL. Porque a solução que a Sally prega NÃO tem mais lugar no mundo de hoje.

Força de vontade e disciplina não são características presentes em todos os seres humanos. Isso é papo de livro de auto-ajuda. É no mínimo de uma inocência incrível achar que dieta e exercícios são uma alternativa viável para todas as pessoas. Tem gente que simplesmente não tem saco para isso, tem gente que prefere morrer de infarto aos 40 do que fazer algo que não gosta até os 80. Ei, essa é a humanidade! Não deveria ser surpresa.

E se o poder interior não está em todas as pessoas, tem algo que está: O estômago. E existe uma cirurgia que o diminui e faz a pessoa perder peso! Pode não ser o mais saudável, mas é prático. Principalmente para quem nunca vai conseguir emagrecer de outro jeito (SPOILER: Quase todo mundo.).

E como em todo procedimento invasivo, existem riscos incluídos. Se vacilar dá até pra morrer no consultório do dentista. A questão é saber dosar o quanto você pode se arriscar com a necessidade da operação.

A vida não é feita só de sacrifícios, prezamos a conveniência (sabiamente) em vários aspectos da nossa vida. Só porque é uma decisão estética não precisa-se criar esse clima todo de reprovação. Fazer o mais fácil por um motivo fútil é algo tão alheio para você assim? (Pergunta retórica, eu sei que você que está lendo vai mentir quando responder…)

Mas nem tudo são flores. Um dos motivos pelos quais eu sou favorável à operação de redução de estômago para quem quiser é o simples fato de que essas pessoas podem parar de ENCHER O SACO dos outros com aquele nhé-nhé-nhé de gordo vítima. Sabe a pessoa que fica reclamando que não consegue emagrecer? Ou pior, que exige que outras pessoas a achem atraente? Ela é justamente quem não consegue seguir o caminho “natural”.

Mete a faca na pessoa e pronto! É a única chance dela conseguir. E se o mundo precisa de alguma coisa atualmente, é de menos gente gorda com mentalidade de minoria perseguida. Do jeito que a sociedade funciona atualmente, emagrecer traz felicidade e aceitação para esses chatos (pelo menos até eles descobrirem na prática que a personalidade repulsiva era o que afastava os outros…)

E se algum deles morrer no processo… O pool de genes fica mais limpo. Dá certo dos dois jeitos.

Enquanto não estiverem cortando o MEU estômago (Gezuiz me livre de não conseguir mandar um bife de meio-quilo goela abaixo ao meu bel-prazer), não vejo o menor problema.

Pessoas diferentes precisam de soluções diferentes. Menos idealismo romântico e mais tecnologia, por favor! Bem-vindos ao século XXI!

Para dizer que eu estou me defendendo neste texto, para dizer que prefere ser saudável do que ser feliz, ou mesmo para dizer que meu texto foi muito quadrado, bicho!: somir@desfavor.com

SALLY

É aceitável fazer cirurgia de redução de estômago para fins meramente estéticos? NÃO. Não é aceitável, é um absurdo, é bizarro mutilar um órgão em nome da estética. E olha que eu faço quase tudo em nome da estética, se EU estou dizendo que não é aceitável, melhor prestar atenção.

Uma cirurgia agressiva como essa só deve ser utilizada como último recurso para não morrer ou ficar seriamente doente. Isto, claro, se a pessoa tiver um mínimo de bom senso. E lhes fala de camarote quem fez uma colectomia em função de um tumor que também é realizada para emagrecer gordinhos (remove-se a parte do intestino que absorve a gordura, que calhou de ser o local onde eu tinha um tumor), então, não falo em tese aqui. Falo com o conhecimento de causa do que é e das consequências que uma cirurgia mutiladora desse porte deixa em uma pessoa para o resto de sua vida.

E não me venham com argumentos falsos do tipo “melhor isso do que ser gordo”, porque hoje em dia existem INFINITAS OPÇÕES. Você pode colocar um balão dentro do seu estômago e inflá-lo para ter sensação de saciedade sem cortar fora nenhum pedaço do seu sistema digestivo. Você pode tomar medicamentos que suprimam o apetite, como anfetaminas e cia. Você pode tomar medicamentos que impeçam a absorção de gordura como xenical e cia. Você pode recorrer a um milhão de coisas que não caberiam nas minhas duas páginas de hoje. Não há necessidade de se mutilar em nome da estética.

Vou contar um caso bizarro: a irmã de uma amiga minha viajou para outro país para fazer uma cirurgia de remoção dos dois últimos dedos de cada pé. Ela optou por amputar dois dedos de cada pé, o mindinho e o do lado. Sabem porque? Para poder usar seus sapatinhos Christian Louboutin, Manolo Blahnik e Jimmy Choo com conforto. Seus sapatos de bico finíssimo não cabiam em seu pé, que era largo. Ela mandou ver, cortou fora dois dedos de cada pé. Você está chocado? Você está indignado? EU TAMBÉM. ABSURDO! O mesmo absurdo que cortar fora um pedaço do estômago de alguém. Sendo que eu considero o estômago ainda mais importante que um dedo mindinho na hierarquia de funções corporais!

Até entendo aquela pessoa morbidamente obesa que está hipertensa, diabética, cardiopata, correndo mil riscos à sua saúde faça uma intervenção tão radical. Esta pessoa não pode esperar nem pode se dar ao luxo de tentar procedimentos menos invasivos e mais demorados. Mas atentem para o tema de hoje: PARA FINS MERAMENTE ESTÉTICOS. Quem mutila um órgão importante para fins meramente estéticos é débil mental. Nem eu que venero a estética faria uma porra dessas. Não é aceitável se mutilar com consequências e restrições para o resto da vida para fins meramente estéticos. Faz quem quer, mas não é aceitável. Existem outros meios de obter o mesmo resultado.

Porque tem dessa: as pessoas soltam um “faz quem quer” como se o fato da pessoa optar por aquilo fosse aceitável. Vomita após cada refeição quem quer e isso não é nem um pouco aceitável, se chama bulimia. Pessoas fazem coisas não aceitáveis o tempo todo.

Você sabe a que se resume a vida alimentar de alguém que faz essa cirurgia? Você sabe as complicações que a pessoa enfrenta para o resto da vida? Você sabe os riscos? Você sabe como é o pós operatório? É um absurdo que alguém ainda cogite isso como solução para problema de sobrepeso. Isso é último recurso para um obeso não morrer! Fico pau da vida quando vejo mulheres que tem filhos para criar se expondo a esse risco de morte por questões puramente estéticas. Egoístas é pouco!

Olha, não vou nem pedir para ter força de vontade, fechar a boca e malhar, porque as pessoas me metralham quando eu falo essas coisas. Parece que estou mandando os outros roubarem ou usar drogas. Sem contar que vem aqueles argumentos numa vibe auto-perdão do tipo “não tenho tempo para malhar”. Não tem tempo de malhar? NEM EU, FILHA. Daí eu abro mão de uma hora do meu sono e malho mesmo assim. Faça-me o favor… Bem, como ia dizendo, não vou mandar ninguém malhar porque isso parece que ofende, pedir força de vontade dos outros causa comentários irritados. Então ta, vamos pegar um atalho. Se quer pegar um atalho, toma remédio, faz até uma lipo ou quem sabe alguma providência mais “definitiva” só que sem mutilação! Porque fazer algo que é irreversível? Até eu, que sou EU, Estética Queen, fútil e obcecada com corpo, me recusaria a fazer algo irreversível por estética que implique em uma mutilação de um órgão!

Isso é tosco, é medieval. E muitas vezes, ineficaz! A compulsão por alimentos está na cabeça das pessoas. O estômago diminui mas a carência e a compulsão não. Muitas vezes os pacientes acabam comendo tanto por compulsão que simplesmente arrebentam o próprio estômago meses após a cirurgia! Pior: muitas das pessoas que fizeram redução acabaram virando alcoólatras, porque já que não pode comer, canaliza o vício e a compulsão para a comida. Vou repetir uma frase que eu sempre digo: GORDO SE É. Você não está gordo, você É gordo. O fato de mutilar seu estômago (seja cortando, seja grampeando), não te tira a forma doentia de lidar com comida. As pessoas se iludem achando que será uma solução mágica e não é. E ainda que fosse, repito: Não é aceitável mutilar um órgão para fins exclusivamente estéticos.

Que tal chegar até a raiz do problema em vez de sair se cortando? Que tal uma terapia, reeducação alimentar… Não? Malhar, quem sabe, e aprender a gastar mais do que se come, porque peso é matemática: gaste mais do que ingere e você vai emagrecer. Não? Ok, que tal procurar endocrinologistas, nutricionistas, nutrólogos e quantas outras especialidades forem necessárias e fazer dietas, tomar medicamentos… não? Que tal então algo cirúrgico mas que não te mutile?

E só para constar, não adianta merda nenhuma emagrecer vertiginosamente com redução de estômago e depois ter que se entupir de cirurgias nos braços, pernas e barriga porque tá parecendo um Sharpei pelancudo. Se estética era o objetivo… bem… FAIL!

Para dizer que esperava ver opiniões invertidas hoje, para dizer que nunca achou que fosse me dar razão em uma polêmica envolvendo estética ou ainda para ficar em cima do muro e dizer que cada um sabe o que é melhor para si: sally@desfavor.com

A performance do humorista Rick Gervais como apresentador do Globo de Ouro 2011 foi duramente criticada por causa de piadas ácidas vitimando estrelas da TV e do cinema americano. O assunto rendeu na mídia internacional, mas algo ficou confuso: Quem foi que se ofendeu mesmo?

Desfavor da semana.

SOMIR

Para quem não conhece, Rick Gervais é o criador do The Office original. Com o sucesso da versão americana (produzida por ele também), caiu nos gostos da mídia ianque e neste ano estava apresentando o Globo de Ouro pela segunda vez seguida.

Ano passado algumas de suas piadas “levantaram sobrancelhas”, mas no final das contas tudo acabou sem maiores problemas. E se o convidaram novamente, havia de se imaginar que seu estilo de humor fora aceito. Quem já viu seus stand-ups sabe que ele pega relativamente pesado e não tem muita frescura quando o assunto é sacanear assuntos polêmicos.

Pois bem… Aconteceu o óbvio. Sally vai dissecar melhor a performance, eu quero mesmo é me concentrar no pós-show. A polêmica foi noticiada pela imprensa mesmo antes da imprensa saber se tinha alguma polêmica ali. Eu vi a entrevista de Gervais na CNN e ele diz que ninguém veio reclamar diretamente com ele. Vários dos sacaneados deram declarações públicas que tinham achado hilária a apresentação.

Mas a mídia é uma criatura de hábitos: Se algum discurso ou comentário ultrapassa os limites da falsa polidez pública (o famoso politicamente correto), alguém TEM que ficar ofendido. Sem a idéia que uma pessoa em algum lugar ficou arrasada pelo assunto discutido, é difícil transformar a notícia em… notícia.

Mesmo durante a premiação, enquanto milhares de antas gastavam suas cotas de 140 caracteres inflando a importância das piadas do humorista britânico, ninguém sabia apontar exatamente quem estava ficando ofendido. Presumia-se que os atores e atrizes estavam achando horrível, mas era só isso mesmo: Presunção.

Talvez até tenham achado mesmo, mas paus nos cus deles: Nada é sagrado e piada só ofende DE VERDADE gente muito burra. Não sou conhecido pela minha simpatia pela desprivilegiados intelectuais.

A questão é que tantos os americanos como os brasileiros (tem relevância aqui) acham o máximo fazer drama quando alguém toca em assuntos “intocáveis”. Temos essa conexão direta em relação à hipocrisia e a auto-repressão social. Povo adora vitimização.

E relevância é para otários. Não importa se a piada ofendeu alguém de verdade ou não, importa botar banca de defensor da moral e dos bons costumes e capitalizar em cima do medo colossal das pessoas de se destacar por alguma opinião. O bando é seguro, nada de se desgarrar! É mais ou menos como se as regras do que é politicamente correto já estivessem organicamente agregadas ao comportamento humano.

A mídia (e incluo a internet como parte dela) alimenta essa babaquice para criar um crime sem vítimas que chame atenção suficiente. E onde tem atenção, tem gente querendo aparecer. Não demorou para a associação das estrelas de Hollywood (ou algo que “não” o valha) soltar um comunicado oficial repreendendo o comediante por ter feito… piadas! Mas o comunicado não foi assinado por nenhum dos atacados. Talvez estivessem muito bêbados ou não conseguissem achar a chave do armário…

No final das contas, um grupo de ninguéns decidiu tomar as dores dos famosos na esperança de aparecer também. A máquina funciona tão bem que atualmente é só questão de tempo até capitalizarem em cima da suposta ofensividade de algo dito por alguém com bolas de apontar para os intocáveis e tirar uma com a cara deles.

Bacana que TODOS os comentários de fãs que tentaram defender seus ídolos que li em fóruns e no Youtube demonstravam exatamente a mesma coisa que sabemos aqui no desfavor desde os primeiros Processa Eu!: Fãs são em sua grande maioria completos retardados que só enxergam a possibilidade da ENVEJA na sua frente. Gentinha besta e limitada querendo uma carona na visibilidade de seus idolatrados. Humanize alguém idealizado e muita gente vai ficar puta da vida.

Vivemos uma era de causas vazias, definitivamente. O povo criticando Gervais mal sabe do que está reclamando. Estão defendendo alguém ou estão se defendendo? Pouco importa: Espera-se que alguém reclame depois de uma apresentação daquelas, não faz sentido que a humanidade já esteja pronta para ter senso de humor.

E falando em gente incapaz de entender piadas, vários religiosos ficaram putos com o agradecimento de Gervais no final do evento: “Obrigado Deus… por ter me feito ateu!”. Soltar uma dessa na TV americana (e até na brasileira) é receita de problemas. Não deveria ser, claro… Se os ateus (pelo menos os que pensam um pouco) não dão a mínima para os famosos que professam sua fé de forma pública, os religiosos também deveriam aceitar uma declaração de falta de fé numa boa.

Mas, ei… mesmo que uma pessoa sozinha vá dizer que não se importa com um encerramento de discurso desses, o grupo tem a “obrigação moral” de achar errado. Impressionante como tem tanta gente nesse mundo que troca feliz da vida seu senso crítico pessoal pelo conforto (covarde) da revolta do bando.

Esse senso de importância que surge sem muita explicação contagia o povo e quem precisa dele para lucrar. E parece que ninguém percebe o quão fabricada é a idéia. O desfavor da semana não é só um bando de chatos que se ofendem com coisas que não entendem, é a incrível capacidade que adquirimos de criar polêmicas completamente vazias pela simples possibilidade de fazê-lo.

Quem mesmo que se ofendeu?

Para dizer que eu não tenho senso de humor para entender que até mesmo a repercussão foi uma piada, para reclamar que estamos falando de coisas que você não entende, ou mesmo para dizer que isso aqui vai estar chamando Histéricas Unidas! quando eu voltar: somir@desfavor.com

SALLY

Você chamaria o Somir ou a mim para apresentar algum tipo de evento? Bem, se você respondeu que “sim”, provavelmente você é do tipo de pessoa que teria a intenção de ver o circo pegar fogo nesse evento. Vocês, que nos conhecem, sabem o que esperar da gente. Passarinho que come pedra sabe o cu que tem.

Supondo que algum maluco nos contrate para apresentar algum evento e na hora H, Somir solte piadas ridicularizando religiosos e eu comece a falar mal de homem… você iria se chocar? Iria se revoltar? Pois é. Pela segunda vez: Passarinho que come pedra sabe o cu que tem.

Foi isso que aconteceu com Ricky Gervais, notoriamente conhecido por seu estilo polêmico de piadas que flertam com o politicamente incorreto e com o mau gosto. Você pode adorar ou pode abominar, a questão é que ele nunca escondeu seu estilo de ninguém. Ainda assim o chamaram para fazer algumas apresentações no Globo de Ouro.

Evidente que ele fez piadas dentro do seu estilo. Se você contrata o Somir para uma apresentação e ele reza um Pai Nosso, periga até pedirem o dinheiro de volta! Quem chamou sabia qual era o estilo de Ricky. E foi exatamente isso que ele apresentou. Sinceridade? Nem achei as piadas pesadas. Dizer que balada e bebedeira são café da manha para Charile Sheen ou sacanear o photoshop no cartaz do filme “Sex and the City” parecem até brincadeiras de criança. Mas celebridades são crianças mimadas, muito sensíveis, que não assumem responsabilidade por seus atos.

Evidente que Gervais foi colocado ali para polemizar. E deu certo, porque a audiência do troço aumentou. Só que não contavam com o mimimi das celebridades e quando elas fizeram beicinho e se ofenderam, todo mundo se voltou contra ele. A corda costuma mesmo arrebentar para o lado mais fraco, até em Hollywood. Gente, o que que tem brincar dizendo que Bruce Willis é o pai do Ashton Kutcher? (atual marido de Demi Moore, ex de Willis). Tem dó de mim, Titia Demi pega um moleque 200 anos mais jovem que ela e não espera uma piadinha sobre o assunto? Tá se achando blindada? Tá se achando melhor que os outros? Tá se achando acima do bem e do mal e de críticas e piadas? Pois não está. Eu hein…

Em um meio hipócrita, artificial e plastificado como aquele, eu acho é muito saudável que tenha alguém disposto a fazer esse tipo de humor e mexer com o “imexível”. Não é saudável divinizar aquelas pessoas, tão humanas quanto nós. Qualquer um que quebre com esse padrão é um FAVOR para a sociedade. E todos aqueles que joguem pedras são um tremendo desfavor. E esse foi o desfavor da semana: toda a histeria por causa de uns comentários ácidos. Atores querem o bônus da profissão (fama, dinheiro, reconhecimento) mas não querem os ônus dos holofotes. Vão tomar banho!

Agora mais do que nunca Desfavor ama Gervais. Quando falava do filme “O Golpista do Ano”, onde que Jim Carrey e Ewan McGregor interpretam um casal homossexual, ele brincou dizendo que era uma produção com “dois atores heterossexuais fingindo ser gays. Mais ou menos o oposto completo de alguns famosos cientologistas”. Percebam a genialidade da piada: além de ridicularizar a cientologia (para mais informações, Desfavor Explica de 19/02/2010), ainda meteu o pau no Tom Cruise e no John Travolta! Tem como não amar? Já estava na hora de alguém dizer que eles são dois viados, afinal, eles abrem a boca para julgar os outros e falar um monte de merda. Porque Tom Cruise pode meter o pau na Brooke Shields dizendo que ela não tinha que ter tomado remédios para depressão e deveria ter se tratado com exercícios físicos e vitaminas, mas não quer ouvir de volta nada sobre sua vida pessoal? Ninguém é santo ali. Não há vítimas.

Vamos combinar que as piadas de Ricky não foram “reveladoras” ou “invasivas”. Dizer que Cher está velha e ultrapassada não é segredo de estado, como também não é dizer que Mel Gibson é racista, que Robert Downey Jr. passou um tempo na prisão e muito menos dizer que Tom Cruise é gay. São coisas que já foram ditas e “reditas” um milhão de vezes. O grande problema é a hipocrisia americana, que infelizmente nós importamos para o Brasil, onde não se podem falar certas coisas em certos eventos. Ali, “entre eles”, tem que fingir que é tudo lindo e que não são um bando de drogados e/ou gays e/ou photoshopados plastificados e/ou promíscuos e/ou criminosos. Romper com essa ditadura do silêncio foi romper com a hipocrisia. E como sempre, quem rompe com a hipocrisia leva pedrada.

O curioso é que o próprio Ricky emitiu uma nota para a imprensa dizendo que sabiam muito bem o que ele ia fazer e que o clima nos bastidores depois da apresentação estava ótimo. Ou seja, neguinho não teve cu de se ofender na cara dele. Esperaram para ver se geral se ofendia e conspiraram no dia seguinte. Medonho. Porque não foram tirar satisfações com ele ou dizer que não tinham gostado de determinada piada?

Ouvir piadinha sobre erros seus que VOCÊ tornou públicos faz parte do pacote que vem quando se é uma celebridade (para quem não sabe, tem até vídeo do Tom Cruise fazendo sexo com ator pornô). O objeto das piadas não foram informações confidenciais obtidas através de confiança e amizade, o que seria uma tremenda baixaria, e sim coisas que as próprias celebridades deixaram vir a público. Não tem porque se ofender.

Muito bom que alguém rompa com esse padrão de conduta falso, com esse pacto perverso de tentar fazer o resto do mundo acreditar que celebridades são deuses, são infalíveis, não tem rugas e não tem celulite. Isso cria uma falsa imagem nas cabecinhas mais frágeis que acaba por gerar os desdobramentos mais bizarros: desde anorexia até essa fixação por fama Quero Ser Um BBB, por achar que se você for uma celebridade não vai ter problemas na vida.

Para quem acha que ele pegou pesado, bem, leiam os Processa Eu sobre algumas das celebridades que estiveram na premiação aqui no Desfavor e vejam como tudo poderia ser muito pior. Vocês acham que ele não filtrou –e muito- tudo que podia falar?

“Mas Sally, queria ver se fosse com você, se você gostaria”. NÃO, eu não gostaria. Mas não teria o direito de dar faniquito. Vejam bem, eu aceito que as pessoas tem o sagrado direito de desgostar de mim e apontar meus erros. Eu aceito comentários altamente ofensivos AQUI (piranha para baixo), de graça! Se tivesse que ser esculachada tendo em troca uma mansão com piscina e motorista ficaria ainda mais fácil. Eu não apenas estou dando meu ponto de vista, estou também mostrando que ele não é uma mera tese. Na prática eu aceito críticas.

Bando de celebridades mimadas. E bando de escrotos que caem no seu chororô e querem crucificar Ricky Gervais. Pensem antes de reclamar! VOCÊS que arreganharam suas vidas e deram margem a isso! Pela terceira e última vez: passarinho que come pedra sabe o cu que tem!

Para dizer que devemos escrever um Processa Eu sobre Gervais para ver se na hora da verdade ele tem mesmo senso de humor, para dizer que ainda não está falando comigo por causa do Processa Eu de quinta passada ou ainda para dizer que eu sou como doce de leite, no começo é bom mas depois enjoa e implorar pela volta do Somir: sally@desfavor.com

FuckfuckfuckfuckfuckComprovando a vocação intelectual do desfavor, hoje trataremos sobre um assunto de suma importância na vida de um ser humano que se preze: O dilema da falta de papel higiênico. Diante da merda literal e da figurativa, Sally e Somir divergem sobre o papel mais aceitável…

Tema de hoje: É aceitável pedir papel higiênico para terceiros?

SOMIR

Não é agradável, não é motivo de orgulho, mas dadas as seguintes circunstâncias é mais do que aceitável! A vida é feita de escolhas, a vida é feita de comprometimentos com seus ideais… E podem me chamar de romântico incorrigível, mas manter minha bunda limpa é um desses ideais.

Mesmo que exista um preço a se pagar por isso. Reconheço que não é um dos momentos mais glamourosos da vida berrar pela porta do banheiro que precisa de um rolo de papel higiênico, mas ignorar completamente sua humanidade por um senso de dignidade distorcido também não diz maravilhas sobre você.

Sempre considerei o papel higiênico uma das maiores invenções da humanidade. Frequentemente negligenciado por sua função desagradável no imaginário popular, é definitivamente uma das idéias mais brilhantes da humanidade. Uma que nos carregou a uma nova era de cus menos fedidos no dia-a-dia. Vamos cagar em cima da evolução social e tecnológica humana por medo de descobrirem que cagamos?

Ah, vá à merda!

Pensemos numa situação possível: Você acaba de fazer sua arte barroca, pintando a porcelana. Aquele alívio que só um intestino seguro de ter cumprido sua missão dá lugar ao desespero ao se notar que não há mais papel higiênico no rolo… E agora? Temos uma bunda cagada e uma tragédia anunciada!

Primeira idéia: Adeus, meia! Mas… isso só funciona em alguns casos específicos, e mal e porcamente, para completar. Se você está usando uma meia branca comum, o tecido consegue absorver os resíduos, até mesmo se eles forem mais líquidos que o normal (Diarréia atrai falta de papel, lei de Murphy…). Mas nem sempre estamos de tênis. Principalmente no caso das mulheres… E várias meias são feitas de tecidos mais finos e elásticos, que além não coletar merda ainda fazem o desfavor de espalhá-la mais ainda.

E para completar, convenhamos que é uma oferta de área útil muito limitada. Duas meias, frente e verso. Mas é tecido, capaz do verso já estar irremediavelmente amarronzado quando você finalmente puder utilizá-lo.

O mesmo vale para a maioria das outras peças de roupa que acabam se tornando vítima da falta de papel. Falta espaço e nem todos os tecidos servem para isso. E reze para o banheiro ter lixo. Resultado: BUNDA SUJA.

Segunda idéia: Água! Parece a solução mais higiênica, mas as coisas não cheiram tão bem assim na realidade. A primeira idéia é o bidê, caso você o tenha por perto… Mas sem usar o papel antes, grandes riscos de você soltar micro-toletes (os famosos Tarzans de pelo de cu) no fundo da porcelana, e eles tem o péssimo hábito de ficar onde pousam. Uma pequena distração e a próxima pessoa que usar o banheiro vai ter a maravilhosa oportunidade de ver um pequeno pedaço do seu almoço do dia anterior depositado no fundo do bidê.

E jamais nos esqueçamos: O cidadão (ou cidadã) não vai enfiar a bucha da privada no rabo para fazer o serviço, vai ser na mão mesmo. Sexy. Essa pessoa vai secar a mão na toalha do banheiro e usar o sabonete da pia? Que bênção!

E sem o bidê na equação, temos a nefasta possibilidade da pia. Imagine a cena: A pessoa fazendo conchinhas com água da torneira e se limpando enquanto aquela água cagada escorre livremente pelas pernas. Se não for esperto para tirar a meia, é mais ou menos como utilizar a primeira opção sem o bônus de jogar a meia fora.

Fica também a possibilidade de tomar um banho completo: O que depende de se estar num banheiro com chuveiro. E como a idéia original era cagar, duvido que se tenha uma toalha à disposição. Pedir uma toalha é mais digno, mas não engana o elemento externo… É capaz até da outra pessoa achar que você cagou nas calças. Lá se vai o fator “não tenho cu”.

E outra: Prefiro mil vezes entregar papel para alguém do que imaginar que essa pessoa limpou a bunda cagada num chuveiro que eu pretendo usar. Água é um passo posterior ao papel.

O resultado de usar a água pode ser uma PORQUICE ou mesmo a CONFIRMAÇÃO que você estava lá para cagar.

Uma última idéia: Mão marrom. Nem preciso dizer como isso joga muito mais contra a presunção de dignidade de um ser humano do que pedir um rolo de papel, não?

O certo é largar de frescura e usar a opção mais higiênica. Nem que isso te exponha ao “ridículo” de assumir que tem funções fisiológicas como qualquer outro ser humano.

Uma pessoa digna escolhe o caminho mais digno NO CONJUNTO DA OBRA(da), e não apenas na visão de outras pessoas. Erguer a voz e pedir por um rolo de papel higiênico te exporá como ser humano cagador, mas pelo menos demonstrará sua determinação em se manter limpo.

A longo prazo é melhor entregar alguns rolos de papel higiênico do que ficar imaginando que cheiro estranho é aquele na sala… Merda fica no banheiro! E longe da pia, bando de porco!

O correto mesmo é prestar atenção se tem papel no banheiro antes de arriar as calças, mas todos sabemos que em alguns momentos da vida esse é um luxo com o qual não podemos contar: Nossas calças estão em jogo.

Não inventaram meias ou pias para limpar a bunda, inventaram o papel higiênico, parte do grupo de coisas que nos diferenciam dos animais irracionais. E eu faço questão de honrar nossa tradição racional.

Olhos podem ser fechados, respirações podem ser seguradas… Só vê e cheira o produto final dos outros quem QUER.

Para me chamar de porco para fazer pose na internet, para me perguntar se eu pedia papel para a Sally, ou mesmo para sugerir formas mais eficientes/nojentas/criativas de limpar a bunda sem papel: somir@desfavor.com

SALLY

Lá está você, sentado(a) no troninho, obrando. Acaba o processo desagradável de soltar um tolete e você se depara com aquela verdade que causa aquela sensação de desamparo, como se a alma estivesse escorrendo pelo pé: não tem papel. Qual é a sua reação? Isso nos leva ao Ele Disse, Ela Disse de hoje: Se acaba o papel higiênico no banheiro, você pede para alguém de fora?

Uma das coisas que eu mais prezo nesta vida é dignidade. Sim, eu acho indigno você, toda cagada, pedir aos berros (porque vamos combinar que você não vai se levantar e ir até a pessoa com as calças arriadas e a bunda suja) para trazer papel. Principalmente quando esta pessoa for o seu parceiro, ou seja, uma pessoa que, presume-se, fará sexo com você poucas horas mais tarde. Não há condições.

Existem momentos em nossas vidas que, apesar de todos nós sabermos que existem e que acontecem com todo mundo, não devem ter a participação de terceiros. Muito pelo contrário, terceiros não devem sequer se lembrar de que este momento existe. Solicitar os préstimos de terceiros para viabilizar sua limpada de bunda depois de cagar fere a dignidade da pessoa humana. Ninguém tem que lembrar que você caga, muito menos saber quando está cagando.

Há outras opções. Sempre há outras opções. E todas elas me parecem melhores do que gritar por terceiros! Sei lá, toma um banho. Limpa com notas de dois reais (foi o Jacinto que uma vez contou nos comentários uma história muito engraçada sobre alguém ter limpado a bunda com notas de um real? queria ouvir essa história em um Desfavor Convidado). Tira a meia, limpa com a meia e depois joga fora. Dá um jeito. Tudo é menos indigno do que pedir auxílio externo, sabe porque? Porque o que quer que você faça para se limpar, o fará na privacidade do banheiro e ninguém nunca vai saber.

Não é inofensivo uma pessoa levar papel higiênico para outra pessoa toda cagada. Equacionem a cena: primeiro a pessoa vai saber QUANDO você está cagando. Sabemos que todo mundo caga e todo mundo fode, mas é extremamente constrangedor saber o exato momento em que a pessoa está cagando (ou fodendo). Excesso de informação. Segundo que quando a pessoa se aproximar para te entregar o papel (ainda que ela não entre no banheiro), vai sentir aquele aroma floral. Ninguém tem porque cheirar o seu cocô. Levar papel para uma pessoa que acabou de cagar é constrangedor e desconfortável tanto para quem demanda como para quem provê o papel.

O tamanho do vexame é inversamente proporcional ao grau de intimidade que se tem com a pessoa. Ao pensar neste tema fascinante de total relevância para a humanidade, provavelmente você se imagina pedindo papel higiênico para sua mãe ou para sua irmã. Pois bem, esta seria uma exceção, pois se você estivesse em uma casa onde tivesse total intimidade com o anfitrião poderia tomar um banho sem constrangimentos ou abrir os armários em busca de papel. Pedir papel a um familiar próxima continua sendo inaceitável, apesar de que algumas pessoas bizarras fazem questão de ter uma relação de total evasão de privacidade com a família. Existem coisas que são personalíssimas. Não devem ser compartilhadas nem com seu irmão gêmeo siamês. Você faria sexo na frente da sua mãe? Você faria sexo na frente da sua irmã? Cagar está nesse grau de privacidade na minha opiniãom e quem discordar de mim está mais perto de ser bicho do que de ser gente. (e lá vai alguém nos comentários dizer que eu disse que cagar e fazer sexo é a mesma coisa… aff).

Atentem como tudo piora quando se está na residência ou no consultório de uma pessoa com a qual não temos muita intimidade. Novamente quero frisar que a existência de intimidade não justifica o ato. Roubar um real ou roubar um milhão são crimes da mesma forma. Mas é inegável que a falta de intimidade piora as coisas. Realiza você berrando por papel na casa de um mero conhecido ou no consultório do seu dentista. Para começo de conversa, você NEM DEVERIA ESTAR CAGANDO LÁ, ok? Pessoas com semancol tem uma trava anal imaginária e involuntária que tampona seu cuzinho quando estão fora de casa. Pessoas dignas só cagam em casa e não me importa o quanto eu vou ser criticada por essa frase.

Mas supondo que você seja um hippie anal, super liberal e desprendido com essa questão e saia cagando sem a menor cerimônia em locais estranhos tal qual uma vaca ou um cavalo. Ciente disso, você deveria andar com um pacotinho de lenços de papel no bolso ou algum outro material de emergência. Supondo que além de hippie anal, você seja relapso e desprevenido e não ande com nenhum lenço, ainda assim, pense na vergonha recíproca que pedir papel vai implicar. Pense nos efeitos irreversíveis de perda de dignidade. Pense nos comentários que as outras pessoas que estão no recinto farão, pense no constrangimento e na fama de sem noção que você ganhará. É uma mancha na sua dignidade que não se apagará mais.

Pense, antes de fazer um estrago irreversível. A gente nunca sabe quem está nos vendo. A pessoa que hoje lhe leva um papel higiênico enquanto sua bunda está melada pode ser seu chefe ou sua esposa no dia de amanhã. E mesmo que você nunca mais veja esta pessoa, dignidade é como confiança: uma vez perdida, demora-se anos para reconquistar.

Solictar auxílio de terceiros para qualquer ato que envolva defecção em qualquer fase do processo é FUCKIN´ INACEITAVELMENTE SEM NOÇÃO, e se você não pode ver isso, bem, lamento informar mas você não é bem resolvido e sim um porco sem noção que paunocuza os outros com situações constrangedoras.

Para dizer que lamenta que o número de comentários em postagens como esta seja superor aos comentários de postagens de cunho político e social, para dizer que seu comparo cagar com sexo devo ter merda na cabeça ou ainda para dizer que sem noção é a pessoa que faz o desfavor de deixar seu banheiro sem papel higiênico: sally@desfavor.com

Deja VúDesfavor da semana, mas pode chamar de “NÃO DISSE?”.

SOMIR

Excepcionalmente vamos só com o texto da Sally hoje. Concordo em gênero, número, grau e volume pluviométrico com o que ela escreve.

SALLY

Ano passado, dia 09 de janeiro de 2010, ou seja, no segundo final de semana do ano, escrevíamos um Desfavor da Semana chamado Águas de Mais, onde falávamos de fortes chuvas que provocaram mortos e desabrigados e da falta de preparo do Poder Público para lidar com a situação. Pior do que isso, dissemos que apesar destas mortes e do escândalo que foi, NADA IRIA MUDAR e a história iria se repetir. E esse é o grande desfavor da segunda semana de 2011, que dois cretinos como nós estejam corretos.

Vocês sabem, somos pessoas azedas, escrotas, céticas e pessimistas. Quando nossas previsões se concretizam é sinal que se deu o que os americanos chamam de “worst case scenario”, ou seja, aconteceu a pior coisa possível. Alguns trechos da nossa postagem do ano passado:

SOMIR:

“tem algo de muito errado acontecendo quando um país tropical não consegue mais lidar com as chuvas, deixando um rastro de vítimas fatais e desabrigados por onde quer que as nuvens”

“evitar que uma ocorrência comum e previsível como a chuva numa merda de um país tropical acumule-se de tal forma a alagar cidades e causar gigantescos estragos estruturais nas cidades é a porcaria da obrigação”

“O problema não é ser pego de surpresa por uma catástrofe (meteorologia é uma das ciências mais afetadas pela Teoria do Caos), o problema é ser pego de surpresa pelo fato de que vai chover em locais onde sempre chove.”

“Assim que acabar a temporada das chuvas nossos queridos governantes vão ficar livres para “esquecer” do assunto. Até o próximo desfavor da semana sobre tragédias causadas pela chuva, ano que vem.”

SALLY:

“Pura que me pariu! Água caindo do céu desestabiliza nosso país, mata gente, fecha estrada etc. Ainda bem que aqui não tem terremoto, porque se apenas com chuva já dá essa merda…”

“Somos um país que tem dificuldade em escoar a água que cai do céu. Somos cheios de rios e de mar, e mesmo assim, nos fodemos todos quando chove. Prefeitos fazem caras obras de embelezamento em seus Municípios e não dão conta de fazer um sistema de escoamento de água funcional”

“Tá chovendo mais? Beleza, se prepara que vai piorar. Tudo vai piorar (pérolas de otimismo com a Tia Sally), porque do jeito que estamos tratando o planeta, me espanta que não tenha nevado no Rio de Janeiro ainda. Não sou ecológica, vocês sabem. Não estou pregando desenvolvimento sustentável. Estou dizendo que os imbecilóides que decidem sobre infraestrutura neste país tem a ciência de que a coisa vai piorar e tem a obrigação de estar preparados para isso. E com uma margem segura de erro. A desculpa do “eu não sabia” não cola se você tem mais de cinco anos de idade.”

Sem falsa modéstia eu lhes digo, um mundo onde Somir e eu temos razão é um mundo DE MERDA. Ano passado a Defesa Civil disse “aprendemos nossa lição” depois dos desabamentos em Angra e em Niterói (Morro do Bumba e cia). Aprenderam? Então, por favor, coloquem em prática, porra!

E nem adianta vir com esse papo de que gente pobre vai morar em área de risco blá blá blá. Desabou casa de rico, casa de pobre, casa de classe média… o evento foi bem democrático. Teresópolis está debaixo dágua, Friburgo virou um grande barro. Não estamos falando de um bairro ou uma área, estamos falando de FUCKIN´ MUNICÍPIOS INTEIROS DESTRUÍDOS. Já se tem notícias de mais de 400 mortos e tem áreas onde os bombeiros ainda nem conseguiram chegar! Não duvido que esse número bata na casa dos mil (isso se divulgarem).

E o discurso continua o mesmo: choveu mais do que o esperado. Cacete! Todo mundo sabe que no Rio de Janeiro CHOVE MUITO nesta época do ano. Tem que estar sempre preparado para chuva além do esperado. Está na hora de “esperar” mais chuvas, de ter uma margem de segurança bem maior. Até entenderia um pequeno alagamento, mas porra, um MUNICÍPIO inteiro destruído porque choveu mais do que o esperado? Isso não pode acontecer, a chuva, por mais exagerada que seja, NUNCA pode ter a capacidade de destruir um MUNICÍPIO!

É possível achar notícias de jornal falando dos estragos da chuva mais velhas do que eu. E sempre com os mesmos argumentos. A chuva era imprevisível, choveu mais do que o esperado. Vamos combinar assim: a partir de 2011, todos os municípios devem esperar um dilúvio de 40 dias e 40 noites e estar preparados para ele, pode ser?

Sergio Cabral, nosso alcóolatra favorito, não deve mais nem estar bebendo, deve estar INJETANDO WHISKY DIRETO NA VEIA, porque, puta merda, beber é pouco depois de mais este vexame. Teve um ano inteiro para aprender com os erros, para se preparar e em 2011, a catástrofe foi PIOR! É assim que ele quer chegar à Presidência da República? A coisa piora a cada ano que passa, ano que vem vai ser o que? Vai desabar o Cristo Redentor por causa da chuva?

O que foi a entrevista que ele deu à rádio CBN culpando os Municípios pelo desastre e pelas mortes por permitirem ocupações irregulares? Governador, teve muita mansão que não estava no morro destruída. Eu perguntaria se ele bebeu, mas seria uma piada óbvia demais. Coisa mais horrenda culpar as vítimas.

Além disso, nada justifica que vários Municípios estejam sem telefone (fixo ou móvel), sem transporte público, sem hospitais e sem luz. É culpa do pobre que fez um barraco no morro que não tenha luz? Que celular não funcione? Ok, continuem culpando as vítimas, mas cuidado porque um dia elas cansam e se revoltam. Isso me enoja. Tem que culpar alguém, né? Vai que as pessoas percebem que a culpa é dele! E só para constar, não excluo a culpa nos Municípios não. A culpa é do Poder Público como um todo.

Vão catar os corpos, pagar um aluguel social merreca para aqueles que sobreviveram e perderam suas casas, vão dizer que aprenderam a lição, culpar o pobre, culpar a mãe natureza e o assunto vai se abafado por algum outro escândalo ou alguma outra cagada. E ano que vem vai ser a mesma coisa novamente – ou pior. Ano que vem? NÃO, DESCULPEM, esse ano ainda. Esse ano tem mais morte e desastre por causa de chuva.

Enquanto os representantes do Poder Público não sentirem MEDO, nada vai mudar. É preciso cogitar atos de desobediência civil, um terrorismo sócio-educativo. Eles tem que ser compelidos a fazer seus trabalhos e ter respeito pelas vidas humanas e já que não o fazem por ética, que seja pelo medo. Tá na hora do brasileiro acordar para a vida e começar a se organizar e trollar. Vou bater muito nessa tecla neste ano.

Não estou pregando violência nem assassinato. Existem formas dentro da lei de infernizar uma pessoa, de assustá-la, de aterrorizá-la. Chega de ser espectadores dessa baixaria que está se transformando o Brasil. Tá na hora que tenham um pouquinho de medo da gente para que esse descaso não continue.

Na Argentina fizeram muito esse tipo de coisa. Uma operação chamada “escracho”. Por exemplo, descobriam em que colégio estudavam os filhos dos torturadores na ditadura militar e iam até as salas de aula informar a todo mundo o que o pai do Fulaninho fez. Mostravam documentos, passavam slides com fotos das pessoas mortas ou machucadas depois das torturas… e se o aluno mudasse de colégio, eles iam atrás e faziam tudo novamente. Muitos tiveram até que sair do país.

Vamos todos desenvolver esta idéia, com muito amor e carinho, ao longo do ano. Vamos todos traçar estratégias para paunocuzar aqueles que nos paunocuzam por anos. Revolução com armas e sangue é brega e ultrapassado. Somos mais sofisticados do que isso. Estão comemorando que uma presidente mulher assumiu no Brasil e um presidente negro assumiu nos EUA? Pois esperem só até ver o que acontece quando um presidente TROLL assumir em algum lugar. Aí sim teremos motivos para comemorar.

Está na hora da nossa dor doer neles também. Pensem nisso. Com inteligência é possível fazer isto sem cometer nenhum crime. Sally, sua Assessora Jurídica para trollagens, à sua disposição.

Para dizer que tem certeza que deste ano eu não passo, para dizer que concorda plenamente mas não tem uma mentalidade do mal, por isso precisa de sugestões de trolladas ou ainda para reclamar com o Somir do Sally Surtada desta semana: sally@desfavor.com

100%... nada.

Quer ter seu texto publicado aqui? Sério? É cada uma que me aparece… Mande seu texto para desfavor@desfavor.com e seja você também um desfavor convidado.

ATRÍCIA PAMORIM

Depois de ler aqui sobre o leilão promovido pelo Ronaldinho Gaúcho, principalmente pela forma que conseguiu levar a diretoria de três grandes times no papo (até agora), ficou interessante analisarmos personagens desses três times.

Assim, como a diretoria do Palmeiras é, basicamente, um bando de sexagenários jogadores de boccia com pouca inteligência e muita disposição para jogar dinheiro fora ano após ano e o Grêmio sendo um time tão relevante fora do eixo Rio-São Paulo, porque não tentar aprender algo sobre a atual presidente do Flamengo: Atrícia Pamorim?

(Ainda bem que o São Paulo não embarcou nessa idiotice. Já basta ter vendido o jogador com maior identificação com a torcida: Richarlyson).

Como atleta, Pamorim competiu nos Jogos Olímpicos de Seul, quebrando um jejum de 12 anos sem participação feminina na natação brasileira. Participou, e ponto final.
Diante de uma carreira pouco interessante (com a natação feminina no país sempre fraca, a sul-americana também), restou visitarmos o site dela, que é um prato cheio para divagações.

O primeiro dos trechos encontrados foi do Flamengo ser a extensão da casa dela. Um comentário curioso, se levarmos em conta quem tem freqüentado o clube ultimamente: o Goleiro Bruno, Vagner Love, Adriano, Luxemburgo e o Goleiro Felipe, de quem o Somir deve ter muita saudade.

Se a presidente realmente acredita que a Gávea é o jardim da sua residência, será que seria tão frouxa na criação dos seus quatro filhos quanto o foi no trato com o Imperador? Se os filhos dela fizessem 10% do que o cidadão tem aprontado, muito disso noticiado aqui mesmo, será que receberiam também apenas como punição um desconto de X por cento na mesada? Se for assim, longe de mim tê-la como mãe, mas adoraria muito que fosse minha chefe.

Ou, pelo jeito, não veria problema em convidar o atual treinador do Flamengo, um paladino da ética, culto, poliglota e cidadão de ficha exemplar, para um churrasco em sua casa.

Outra passagem hilária encontrada foi “Atrícia Pamorim está presente em todas as sessões e votações parlamentares sempre votando com responsabilidade”.

Minha senhora, com todo o respeito, estar presente em todas as sessões e votações é o mínimo esperado. Assim como limpar a bunda depois de fazer o número dois. Considerar essa obrigação uma qualidade demonstra uma enorme pobreza de espírito e de inteligência. Como exemplo de mulher e de dirigente, está a anos-luz da Magic Paula, até mesmo da Hortência.

A frase localizada logo a seguir é ainda pior: “Jamais abriu mão de sua integridade moral para compactuar com interesses pessoais. Na Câmara Municipal, conquistou o respeito dos parlamentares e dentre os vereadores cumpre papel de destaque devido a sua postura ética”.

Novamente, jamais abrir mão de sua integridade moral é OBRIGAÇÃO de qualquer ser humano, especialmente daquele que optou por ter uma prole tão numerosa. Até porque, tendo quatro filhos (uma merda em termos ambientais), multiplicará por quatro, no mínimo, o efeito de eventuais falhas nos ensinamentos passados a eles, mesmo procurando ao máximo manter tal integridade.

Além disso, em um país em que os cidadãos escolhem quais leis cumprir, como bem disse Sally, quem se vangloria de sua integridade moral deve ter em conta que será muito mais cobrado, ainda mais sendo uma pessoa pública. Será que dá para se vangloriar dessa integridade moral conciliando o cargo de presidente do Flamengo com o de vereadora? Jamais se utilizou de um carro oficial para ir à Gávea ou para cuidar de interesses privados? Ou de forma alguma se aproveitou da máquina pública para beneficiar o clube, tal como fez Meurico Iranda?

Nisso, fica ainda pior afirmar que se destaca dos outros vereadores por sua postura ética. Isso não é algo mesmo para se vangloriar, afinal qualquer um consegue se destacar deles. É uma comparação tão medíocre quanto da concorrência que ela devia ter enquanto nadadora, colocando em dúvida aquilo que Pamorim deve considerar ético.

Por fim, analisemos os mottos que aparecem no alto da tela enquanto acessamos o site:

Austeridade: quem está prestes a cair no conto do Ronaldinho Gaúcho e pagou altos salários para Vagner Love e o Imperador produzirem pouco ou nada é qualquer coisa, menos austera. Burra, talvez?

Desempenho: o que dizer de uma presidente de um time que, de campeão brasileiro em 2009, quase caiu no ano passado?

Modernidade: a escolha do Andrade, com aquele jeito de professor de educação física do colégio, como bode expiatório para os problemas que assola(va)m o Flamengo é de uma atualidade impressionante.

Determinação:
fica difícil mensurar a determinação de uma presidente que deixou o imperador fazer o que quis do maior time do Brasil.

Eficiência: é a propaganda mais pífia que alguém pode fazer de si mesmo. Até aí, o Dunga foi eficiente no que se propôs a fazer, e perdemos da Holanda daquele jeito nas quartas. Poderia ter trocado para eficácia, mas aí cairia na propaganda enganosa.

Liderança: dizer, no ano passado, que assumia toda a responsabilidade por uma eventual queda para a série B não é um atestado de liderança. É dizer o óbvio e admitir publicamente sua incompetência.

E, como aconteceu no caso do Ronaldo, corre o risco de deixar Ronaldinho Gaúcho e seu irmão usarem o clube como uma ponte para o Corinthians, uma vez que Andres Sanchez já manifestou interesse. Nesse ponto, Kleber Leite pode ter arruinado o clube, mas conseguiu trazer Romário, Edmundo e Sávio para jogarem no mesmo time.

Talvez devesse concentrar-se em seu trabalho como vereadora, que parece ser um pouco melhor.

Diante do que foi analisado, fica o conselho para Pamorim reformular o site, retirando as palavras de efeito e frases escabrosas ou então retirá-lo do ar. Prove o que alegou ser trabalhando no dia-a-dia, em silêncio, tal como as pessoas realmente íntegras fazem. E deixe os outros falarem de suas qualidades em cima de resultados efetivos.

(Poderia começar deixando o Ronaldinho Gaúcho na mão, preservando a imagem do Flamengo dessa foca amestrada que só quer um clube para se encostar…)

SUELLEN