Piadinha boooooua a do título, hein?Domingo, 08:30 – No quarto.

O despertador começa a tocar:

SOMIR: *grunhido*
SALLY: *desligando*
SOMIR: *virando e dormindo de novo*
SALLY: Somir…
SOMIR: Dormin…
SALLY: Se estivesse dormindo, não diria que está dormindo.
SOMIR:
SALLY: Somir…
SOMIR: Que parte de “dormin…” ficou confusa pra você?
SALLY: Sempre um amor quando acorda, não?
SOMIR: Errado, eu não acordei. Como eu já disse… Dormin…
SALLY: Vamos votar agora de manhã.
SOMIR: Sally, eu reclamo de acordar cedo até para fazer sexo. Não vai ser uma eleição que vai me cativar…
SALLY: A gente tem compromisso de tarde. É melhor se livrar logo da obrigação.
SOMIR: Ah saco… o aniversário da sua amiga…
SALLY: É. E não seja chato, vai ser um churrasco… Carne e cerveja.
SOMIR: Sally, sua amiga é pobre.
SALLY: E o que isso tem a ver?
SOMIR: Pobre só faz churrasco de pobre. E eu odeio churrasco de pobre.
SALLY: Churrasco é churrasco!
SOMIR: Não, em churrasco de pobre servem meio quilo de carne vagabunda, mais nervosa que você de TPM… Além disso, bate aquele complexo de senzala e resolvem assar tudo quanto é pedaço de bicho que normalmente não se come. Odeio ter que recusar coração de frango e ser chamado de fresco sem poder me defender de verdade.
SALLY: Ai minha paciência…
SOMIR: Sem contar o grande momento! Quando resolvem servir aquele pedaço filho único de mãe solteira de picanha… Cortam uns pedacinhos ridículos que mal cobrem o buraco do dente e te oferecem como se fosse a oitava maravilha do mundo.
SALLY: Ok, glutão. Pelo menos você enche a cara, pode ser?
SOMIR: Mal posso esperar para abrir aquele isopor e ver boiando aquelas marcas vagabundas, fermentadas numa caixa-d’água… E eu nem posso levar a minha marca preferida porque não vende em latinha. Sem contar que voariam em cima como um bando de refugiados etíopes após ver…
SALLY: Somir, você já concordou em me acompanhar.
SOMIR: Sim, mas não concordei em gostar.
SALLY: Pelo menos você acordou. Vamos lá votar?
SOMIR: Não. Eu me recuso a acordar antes do meio-dia no domingo.
SALLY: Agora não tem fila! Se você for de tarde, vai atrasar a gente.
SOMIR: Quem te garante que todo mundo não pensou em ir de manhã desta vez?
SALLY: A HISTÓRIA! Vai ou não vai?
SOMIR: Não. A minha seção é caminho para a casa da sua amiga. A gente sai um pouco antes e eu voto.
SALLY: Bom, eu vou agora. Durma bem!

Sally abre as cortinas e ilumina o quarto todo antes de sair.

12:01 – Na cozinha.

SOMIR: Bom dia! Pegou muita fila?
SALLY: Nenhuma. Fui e voltei em meia hora.
SOMIR: Você deu sorte…
SALLY:

14:00 – Na sala.

SALLY: Estou vendo aqui que as filas estão aumentando…
SOMIR: Ótimo, a pobralhada se mata nas filas agora e eu não pego nenhuma no final da tarde.

16:00 – Na sala.

SALLY: Vamos agora?
SOMIR: Tá cedo ainda. A gente tem que estar lá às 17:30… *esparramado no sofá*
SALLY: Você vai me fazer atrasar, né?
SOMIR: Você se preocupa demais.

16:45 – Na sala.

SALLY: Somir, se você não for agora, não dá pra ir mais. E depois vai ter que fazer toda aquela chatice para regularizar sua situação eleitoral e…
SOMIR: Ok, ok. Vamos então.

16:50 – O casal entra no carro e se depara com um congestionamento no caminho:

SOMIR: Não quero ouvir um pio.
SALLY: *imitando um burro*
SOMIR: Ha ha.

16:59 – Na frente da seção eleitoral.

SOMIR: Opa! Entrando!
PORTEIRO: Já deu o horário.
SOMIR: Seu relógio está no horário de Brasília?
PORTEIRO: Erm… Não sei…
SOMIR: O meu está. Você me barrou antes de dar 17:00.
PORTEIRO: Se eu te deixar entrar, tenho que deixar todo esse povo entrar também.
SOMIR: Ninguém mandou andar com relógio descalibrado. Os seus superiores não gostariam de saber que o direito à cidadania de tantos brasileiros foi proibido por um funcionário mal equipado!
PORTEIRO: Ai meu Deus! Não faz isso comigo que eu sou porteiro dessa escola não faz nem um mês. Entra, mas não conta pra ninguém…
SOMIR: Errar é humano. Você fez um bem para a democracia.

Alguns passos adentro depois:

SALLY: Horário de Brasília, né?
SOMIR: A vida é um improviso.

17:05 – Na fila para votar.

SALLY: *olhar matador*
SOMIR: Vai me culpar pela aleatoriedade do universo? Poderia ter fila ou não. Eu já votei aqui no último minuto antes e não tinha…
SALLY: Minha raiva é que você está com a chave do carro.

Enquanto isso, uma senhora idosa caminha em direção ao começo da fila.

SOMIR: É isso que fode a fila! Essa veiarada que nem precisa estar aqui passando na frente! EI VÓ! PODIA TER PARADO QUANDO VOTOU NO GETÚLIO!

*todos olham*

SALLY: Cala a boca!
SOMIR: *pensativo*
SALLY: Você nunca me obedeceu antes…
SOMIR: E não comecei agora. Tive uma idéia!
SALLY: *suspiro*
SOMIR: Finge que é deficiente que a gente passa na frente! Olha, até rimou!
SALLY: Não, seu vacilão. Olha, rimou também!
SOMIR: Não precisa fingir que é monga, dá uma arrastada na perna e diz que tem dores se ficar de pé muito tempo.
SALLY: Não, nunca.
SOMIR: Sua amiga é sensíííível com atrasos… Ainda mais depois que a gente atrasou e perdeu o casamento dela.
SALLY: Foi culpa sua!
SOMIR: A gente pode ficar aqui apontando o dedo um para o outro, ou pode resolver isso agora e evitar mais um daqueles dramas dela.
SALLY: Tá, mas você vai mancar! Você que atrasou. E eu vou ficar longe de você.
SOMIR: Não senhora. Não é realista que eu venha sozinho. Vão desconfiar.
SALLY: *bufando*
SOMIR: Vamos!

Somir começa a arrastar a perna enquanto se escora em Sally. O povo na fila olha desconfiado, mas não fala nada enquanto o casal vai seguindo em frente.

MESÁRIO: Gente, a urna está com um problema e já estamos trocando.
SALLY: Era só o que me faltava…
SOMIR: Isso não é culpa minha!
SALLY: Você está pedindo pra apanhar!
SOMIR: Você não bateria num deficiente…
SALLY: Me aguarda…

Alguns minutos depois:

SALLY: Ah não!
SOMIR: O quê?
SALLY: Tem uma equipe de TV filmando aqui!
SOMIR: Você fala como se fossem entrevistar justo a gen…
REPÓRTER: Boa tarde!
SOMIR:
REPÓRTER: Eu vou fazer umas perguntinhas, ok?
SALLY: Olha, não é uma boa hora…
SOMIR: Por quê? Você tem vergonha de ser vista comigo?
SALLY: *olhos arregalados*
SOMIR: *sorriso troll*
REPÓRTER: Podemos? *todos olhando*
SALLY: S-s-sim…
REPÓRTER: Nenhuma dificuldade te impede de votar, não?
SOMIR: É meu dever como cidadão.
REPÓRTER: Você pode nos dizer o que aconteceu com a sua perna?
SOMIR: … No rio… *escondendo a cara e fingindo que está chorando*
REPÓRTER: *colocando o microfone na frente de Sally*
SALLY: É… Ele… estava pescando com uns amigos…
SOMIR: … Jacaré… *com a cara escondida*
REPÓRTER: *colocando o microfone na frente de Sally*
SALLY: Um jacaré atacou o barco e… *visivelmente irritada*
SOMIR: … Tic-tac… *deixando escapar um som parecido com uma risada*
REPÓRTER: *colocando o microfone na frente de Sally*
SALLY: E aí ele foi sequestrado e levado para um campo de refino de cocaína boliviano, onde foi violentado sexualmente por meses.
SOMIR: OPA!
SALLY: Não precisa ter vergonha, meu amor. Eu sei que você não queria… no começo.
SOMIR: MINHA PERNA ESTÁ ÓTIMA! FOI TUDO MENTIRA!
REPÓRTER: Vocês são doentes!

Meia hora depois:

SOMIR: Não precisavam ter mandado a gente pro final da fila. Mas pronto, votei!
SALLY:
SOMIR: O que foi?
SALLY: Minha amiga… aliás, ex-amiga… ligou e disse que eu não precisava mais ir.
SOMIR: Finalmente um pouco de sorte!

Para questionar a veracidade da história, para concordar que pessoas que se respeitam não votam antes da hora do almoço, ou mesmo para reclamar que foi escolhido para mesário (haha, loser!): somir@desfavor.com


ATENÇÃO! DR FOREVER É FICÇÃO.
“Somir segura a respiração, flexiona os músculos para evitar qualquer espasmo, tal qual um predador ele espera o momento exato para…”

SOMIR: GOOOOLLL!!! Toma essa, goleirinho de merda!!! E Somir assinala a última cobrança de pênalti, dando o título da Copa dos Campeões para seu time! *fazendo som de platéia ensandecida*
ALICATE: Cagada! Você ganhou na cagada!
SALLY: Você precisa mesmo narrar o seu próprio jogo, Somir?
SOMIR: O narrador do videogame não sabe passar emoção.
SALLY: *bufando* Dá pelo menos para abaixar o som?
SOMIR: Não, o som está alto para garantir que eu não tenha que ouvir baleiês.
SALLY: Somir! Respeita minha amiga!
SOMIR: Eu não disse que era ela que estava falando baleiês, mas bacana que você tenha finalmente admitido que ela é uma baleia.
SALLY: Eu não disse isso!
MARISTELA: Não se preocupa, amiga, ele está tentando criar uma briga entre nós. Típico de um serzinho sujo como ele.
SOMIR: Sally, você está ouvindo? *imitando uma baleia*
SALLY: Pára com isso!
SOMIR: Chama o Flávio Silvino pra traduzir! Hahahaha!
MARISTELA: Que mau gosto. O que você viu nesse aí, amiga?
SOMIR: Algo que você não vê há anos, encalhada! Hahahaha!
SALLY: Vamos sair da sala, quando ele começa a rir das próprias piadas sem graça, não pára mais… Deixa esses dois nerds aí.

Sally e sua amiga vão para a cozinha para continuar conversando.

ALICATE: Mano, ela não fica puta quando você sacaneia a amiga balofa dela?
SOMIR: Fica. Mas ela fica puta com tanta coisa que eu faço diariamente… Na média nem faz diferença.
ALICATE: Mijar num oceano de mijo.
SOMIR: Exato. Falando nisso… Preciso dar aquela mijada dos campeões.

Somir parte para o banheiro. Poucos segundos após entrar, começa a berrar.

SOMIR: MAS QUE CARALHO! QUE MERDA É ESSA?

*várias descargas*

SOMIR: SALLY! VEM CÁ VER ISSO!
SALLY: Nem vem que eu não caio mais nessa. Não me interessa que você tenha “feito” o Titanic…
SOMIR: A BALEIA TEVE UM FILHOTE NA MINHA PRIVADA!

Alicate começa a rir. Maristela faz uma expressão desesperada. Sally, furiosa, levanta-se e segue em direção ao banheiro.

SOMIR: Puta que pariu! E ainda fede muito… Baleia, o que você anda comendo?
SALLY: Somir, pára com isso imediatamente! Você passou do limite!
SOMIR: Não, esse tolete aqui que passou do limite! Esse treco não desce! *dando a descarga novamente*
SALLY: Isso é de uma falta de educação sem tamanho!
SOMIR: É mesmo, a baleia tinha que ter soltado isso na casa dela!
SALLY: Não importa, dá logo a descarga e vai pedir desculpas para a Maristela!
SOMIR: Não vai! *descarga* Alicateee! Chega aqui! Isso tinha que estar no livro dos recordes!
SALLY: Ridículo!
SOMIR: Olha!
SALLY: Eu não vou ficar olhando. Você é um exagerado.
SOMIR: Olha!
SALLY: *espiando* Gezuiz…
SOMIR: Eu disse.
ALICATE: Deixa eu ver… PUTA QUE PARIU!!!
SOMIR: Nem fodendo que eu vou quebrar isso para afundar. A baleia que resolva o que começou.
MARISTELA: Não fui eu! Eu juuuro!
SOMIR: Só você tem tamanho pra produzir uma obra dessas… Larga de ser mentirosa e faz isso sair da minha privada!
MARISTELA: Não fui eu! *começando a chorar*
SALLY: Somir!
ALICATE: Eu tenho uma dinamite lá no carro, pode ser que dê conta…
SOMIR: Hahahahah!
MARISTELA: Não fui eu!
SALLY: Se a minha amiga disse que não foi ela, não foi ela!
SOMIR: E foi você então? Você não usa esse banheiro… Eu que não fui porque se fosse minha eu já estaria tirando foto.
SALLY: Foi você, Alicate!
ALICATE: Nem vem! Eu nem fui no banheiro daqui.
SOMIR: Estou de prova. Assume logo, baleia!
MARISTELA: Vai à merda, seu babaca! Eu não fiz isso, juro por Deus!
SALLY: Não foi ela, Somir!
SOMIR: Ah, então entrou um duende do toletão aqui em casa e deixou esse presente pra gente?
ALICATE: Talvez com um guindaste…
SALLY: Cala a boca, Alicate!
SOMIR: Isso exige uma investigação!
SALLY: Não, isso exige que alguém quebre essa merda e dê a descarga.
SOMIR: Manda ver então.
SALLY: Eu não!
SOMIR: Vai logo, baleia.
MARISTELA: Baleia é a sua mãe e eu não vou mexer nesse cocô que eu não fiz. Manda o seu amiguinho fazer!
ALICATE: Galera, está na hora de ir embora… Foi um prazer…
SOMIR: Ninguém sai daqui enquanto essa monstruosidade estiver aí!
SALLY: Dá pra conversar fora do banheiro? O cheiro…
SOMIR: Não! A gente vai resolver isso agora!

*Somir pára na frente da porta*

SOMIR: Cagou? Sente o cheiro! Até essa privada estar limpa esse banheiro está interditado!
SALLY: Eu não acredito…
ALICATE: Você acreditaria se eu te dissesse que é a segunda vez que eu vejo ele fazendo isso?
SALLY: Acreditaria…
MARISTELA: Eu tenho claustrofobia…
SOMIR: Então começa a quebrar essa trolha o mais rápido possível!
SALLY: Somir, ela desmaia…
SOMIR: Então faz o papel de amiga e limpa a cagada dela!
SALLY: Isso é um absurdo! Prisão domiciliar!
ALICATE: Prisão normal deve cheirar melhor do que isso…
SOMIR: O que será que a baleia comeu para cagar fedido assim?
MARISTELA: NÃO FUI EU!
SOMIR: Alicate, faz o relatório sobre a merda.
ALICATE: Ok.
SALLY: Você já fez isso antes?
ALICATE: Você não vai querer saber… Seguinte, mano… O esverdeado significa que quem cagou comeu muitos vegetais. Tem algum vegetariano aqui?
SALLY: A Ma… *confusa*
MARISTELA: NÃO FUI EU!
SOMIR: Vegetariana? DESSE TAMANHO? Bom, continua a análise.
ALICATE: O ponto de impacto sugere que o cu de quem fez essa coisa aqui estava próximo da parte frontal da privada. Indicador de bunda grande.
SALLY: Você está inventando isso…
SOMIR: Imagina a baleia cagando… Com o meio metro de banha na bunda, obviamente ela vai cagar bem mais pra frente que a gente.
ALICATE: Saca só… A merda bateu aqui e escorregou pra cá.
SOMIR: *entoando o tema do CSI*
SALLY: Faz… faz sentido.
MARISTELA: SALLY?
SOMIR: Mais alguma coisa, Alicate?
ALICATE: Só uma pessoa não fez cara feia por causa do cheiro até agora. E todo mundo sabe que o cheiro da própria merda é mais tolerável.
SOMIR: Eu também notei isso. Olha pra sua amiga, Sally! Ela não reclamou do cheiro e não tapou o nariz nenhuma vez!
MARISTELA: Eu estou gripada!
SOMIR: Que conveniente… *desdenhando*
SALLY: Mari… eu acredito em você, mas é melhor você fazer logo o que eles estão pedindo para que isso acabe logo.
SOMIR: Eu só quero justiça!
SALLY: Cala a boca!
SOMIR: Vai logo, baleia! Até a sua merda é encalhada!
ALICATE: Hahahahaha!
SALLY: *controlando o riso*
MARISTELA: Nós não somos mais amigas, Sally.
SALLY: Desculpa.

Maristela começa a quebrar o tolete com um palito que prendia seu cabelo, após ser proibida de usar o limpador de privada por Somir.

MARISTELA: Pronto! *dando a descarga*
SOMIR: Viu? Na vida é importante que assumamos as merdas que fazemos.
MARISTELA: Tomara que você morra.
SOMIR: Sempre um prazer conversar com você. Porta liberada.

Maristela sai do banheiro com pressa, agarra sua bolsa e sai da casa dos Somir com passos duros. Sally corre atrás tentando pedir desculpas. Somir e Alicate voltam para o videogame.

Após alguns minutos, Alicate olha ao redor para garantir que Sally continua pra fora.

ALICATE: Mano, você estava podre.
SOMIR: Fiquei três dias sem cagar para potencializar. O pior foi ter que comer aquele monte de vegetais no restaurante.


ATENÇÃO! DR FOREVER É FICÇÃO, OU NÃO
SOMIR: Gostou do banner do Flamengo?
SALLY: Adorei! Só achei que poderia ter colocado por mais tempo o escudo do meu Mengão…
SOMIR: Hehehe… Legal, eu vou deixar lá um bom tempo.
SALLY: Hmmm…
SOMIR: Você sabe que eu não acho muito legal fazer uma postagem só de seu time e ainda dar esse destaque todo, né? Mas você merece.
SALLY: Saco!
SOMIR: O quê?
SALLY: Vai querer mais coisa…
SOMIR: Você está insinuando que eu, JUSTAMENTE eu…
SALLY: O nosso acordo foi bem vantajoso pra você!
SOMIR: Não estou negando isso.
SALLY: Mas?
SOMIR: Por que você sempre acha que tem um “mas”?
SALLY: Mas?
SOMIR: Você me ofende assim!
SALLY: Mas?
SOMIR:
SALLY: Tudo bem então, se não tem mais nada, precisamos decidir o…
SOMIR: Mas eu acho que a minha boa vontade nos ensinou uma lição.
SALLY: SEMPRE tem um “mas” com você, Madame!
SOMIR: Eu deixei de lado uma convicção minha, a de fazer só o que eu quero, para o nosso bem.
SALLY: Nosso bem? Foi uma porra de um banner!
SOMIR: E você tem a convicção que nunca vai tirar férias do desfavor.
SALLY: Você está me ouvindo?
SOMIR: Está na hora de deixar essa convicção de lado, para o nosso bem.
SALLY: Alô?
SOMIR: Veja bem, se ficarmos postando sem parar em Dezembro vamos gastar assuntos na época onde menos pessoas vão ler.
SALLY: Puta que pariu! Eu odeio quando você começa a argumentar sozinho!
SOMIR: Com as férias, as datas comemorativas, as viagens… O número de leitores vai desabar.
SALLY: Eu recebi um convite para desfilar no Carnaval só com um tapa-sexo e vou aceitar, viu?
SOMIR: O QUE FOI QUE VOCÊ DISSE?
SALLY: Vai ter um pouco de purpurina, para não dizer que é só um tapa-sexo…
SOMIR: VOCÊ FICOU MALUCA?
SALLY: Bacana que vai ser bem no alto de um carro alegórico, certeza que todo mundo vai me ver. Se o tapa-sexo cair aí que eu fico famosa mesmo!
SOMIR: EU TE MATO! TÁ ME OUVINDO?
SALLY: Acho que vou pedir pro rapaz que cola o tapa-sexo pra deixar uma folguinha pra aumentar as chances, se eu pedir com jeitinho… ele topa.
SOMIR: ALÔ?
SALLY: E daí para o convite para posar nua vai ser um pulinho.
SOMIR: DÁ PARA RESPONDER?
SALLY: Não gosta que eu fique te ignorando, meu bem?
SOMIR: NÃO!
SALLY: Nem eu.
SOMIR:
SALLY: Do que você estava falando mesmo?
SOMIR: Você… vai… desfilar… com… o tapa… sexo?
SALLY: Claro que não! Parece até que não me conhece! Meu querido, eu nunca que sairia pelada com o cu purpurinado na frente de uma escola de samba….
SOMIR: Eu sabia.
SALLY: Não, não sabia. Eu conheço os seus chiliques e esse foi um.
SOMIR: Por que eu daria chilique? Nós não estamos namorando…
SALLY: Então você não liga? O convite foi verdade, sabia?
SOMIR: Mas você nunca aceitaria.
SALLY: Você falou uma verdade, eu não preciso me segurar por homem nenhum… Posso muito bem aceitar.
SOMIR: SE VOCÊ ACEITAR EU TE…
SALLY: Caiu de novo! Não sabia coisa nenhuma. Está aqui a prova.
SOMIR:
SALLY: Entenda isso como uma MSE. Se me ignorar eu te ignoro.
SOMIR:
SALLY: Ficou mudo, é? Está planejando a vingança?
SOMIR: Sobre as férias…
SALLY: Você pode sair à vontade. Eu vou continuar postando.
SOMIR: É estranho se só eu sair. A regra-de-ouro deveria valer nas férias.
SALLY: Você vai sair de vez do desfavor?
SOMIR: Não, só umas duas semanas.
SALLY: Então não tem regra-de-ouro. A gente não precisa fazer tudo junto.
SOMIR: Eu sei que não, mas eu não quero deixar você se fodendo sozinha com o blog enquanto eu estou descansando, eu não acho justo.
SALLY: Não precisa se preocupar. Eu dou meu jeito.
SOMIR: Além disso, vai parecer que eu não ligo para os leitores…
SALLY: Hmmm…
SOMIR: Merda!
SALLY: Sempre se entrega quando resolve exagerar na mentira.
SOMIR: Tá! Eu não quero que você poste umas 15 colunas mal formatadas sobre o que o povo pedir…
SALLY: Então o problema é não ter essa sua tirania “do contra” durante suas férias? Agora sim parece você falando.
SOMIR: Sejamos honestos… Se deixar rolar solto você vai acabar transformando o desfavor no Diário do Pilha!
SALLY: Quer dizer que você acha que eu sozinha vou baixar o nível?
SOMIR: Basicamente, sim.
SALLY: VOU MERRRMO! Quando você voltar o blog vai estar cheio de vídeo de dançarinos de Axé quicando no calcanhar! Tudo de sunga branca!
SOMIR: Visão do inferno…
SALLY: Vou te poupar da minha opinião sobre o inferno se ele for mesmo assim…
SOMIR: Obrigado.
SALLY: Larga de ser babaca, Somir. Você quer que eu tire férias também para eu não ficar te chamando de faixa-branca.
SOMIR:
SALLY: Fraquinho! Precisa de férias! Está estafado? Precisa que eu pegue mais leve para você agüentar, é?
SOMIR: Só nos seus sonhos! Já que você não liga para o nível do desfavor… Vamos fazer do seu jeito.
SALLY: Eu trabalho e você descansa?
SOMIR: Também. Mas para garantir que você sinta na pele como vai ser um desfavor deixar o blog sem a minha presença elitista, eu vou chamar umas pessoas para cobrir minhas férias.
SALLY: Umas pessoas?
SOMIR: Você conhece, eu já fiz isso antes no Orkut, lembra?
SALLY: Não… elas não.
SOMIR: Elas sim.
SALLY: Isso é ridículo demais até para o desfavor, Somir…
SOMIR: Calma, tem mais…
SALLY: Não, Somir!
SOMIR: Sim.
SALLY: Não ouse trazer aquela coisa amarela pra cá também!
SOMIR: Faço questão de ver o “Ele disse, ela disse”
SALLY: Você ganhou! Eu tiro férias!
SOMIR: Fraquinha! Precisa de férias? Quer que eu pegue mais leve para você agüentar, é?
SALLY: Eu te odeio…
SOMIR: Boa sorte nas minhas férias!
SALLY: Vamos negociar!
SOMIR: Boa noite, minha CARA!
SALLY: Somir?
SALLY: Somir?
SALLY: Somir?


ATENÇÃO! DR FOREVER É FICÇÃO.

Somir entra sorrateiramente em casa após um longo dia de trabalho e um ainda mais longo happy-hour:

SOMIR: EU BEBU SIM… E TUÔ VIVEEENUUU!
SALLY: Boa noite.
SOMIR: TEM GENTE QUI… Hã?
SALLY: Eu disse boa noite.
SOMIR: Bas notche!
SALLY: Você é ridículo.
SOMIR: Ihhh… hic… ihhh… vai começá!
SALLY: Não avisou nada, desligou o celular… Eu estava preocupada!
SOMIR: Não… hic… não precisa mais ficar pro… pro… procupada, amor! Tô aqui ou num tô?
SALLY: Você não tem mais idade para essas bebedeiras!
SOMIR: Você não tem mais idade pressas bebedeiras! *imitando mal e porcamente a voz de Sally*
SALLY: Ridículo! Bêbado ridículo! Eu deveria ir embora e te deixar se matar sozinho!
SOMIR: Você… você me respeita! *caindo de bunda no chão*
SALLY: Você não se respeita! Você não me respeita! Você não respeita nada!
SOMIR: Nhé nhé nhé… você… hic… é uma chata! Não manda em mim!
SALLY: Um dia desses eu vou embora!
SOMIR: Calaboca e vai me fazê um chan… suan… san… díche! Hahahaha!
SALLY: Vai mandar a maluca da tua mãe calar a boca, seu porco nojento!
SOMIR: Quem manda nessa porra aqui sô eu! *levantando de forma pateticamente ameaçadora*
SALLY: Ah, vai dar uma de machão? Vai bater em mim, é? Covarde!
SOMIR: Eu… eu deveria! Um dia desses… *caindo no sofá*

Na manhã seguinte, Somir acorda com a cabeça latejando de dor:

SOMIR: Aaaai… Sally, pega uma aspirin… Sally?

Somir está sozinho na cama. Sem alternativas, levanta-se e vai até a cozinha buscar um copo d’água. Ao chegar lá, depara-se com Sally, lavando louça.

SOMIR: Sally?

Sally continua quieta.

SOMIR: Tá bom, tá bom… Pode me xingar. Eu voltei bêbado ontem. Não me lembro de muita coisa, mas lembre-se que foi uma das poucas vezes que eu fiz isso até hoje. Era aniversário do Valdemar, a gente bebeu um pouco mais e aí eu voltei daquele jeito.
SALLY: *ainda de costas*
SOMIR: Ah, Sally… Prefiro quando você me xinga. Eu prometo que aviso na próxima…
SALLY:
SOMIR: E nem é como se eu fosse um daqueles maridos bêbados, vai. No máximo eu devo ter cantado alto e beliscado a sua bunda…
SALLY:

Somir se aproxima de Sally:

SOMIR: Pô! Larga de drama! Olha pra mim!

Sally se volta para Somir, ela está usando óculos escuros.

SOMIR: Pirou? Esse gelo do nada e agora está achando que é estrela de cinema para usar óculos escuros de dia?

Sally tira os óculos sem falar uma palavra. O coração de Somir quase pára quando percebe que o olho esquerdo de Sally está roxo.

SOMIR: Eu… eu… você… eu… Ai meu Deus!
SALLY: Posso colocar os óculos de volta?
SOMIR: Eu… eu… Eu não fiz isso!
SALLY: *começando a chorar*
SOMIR: Eu fiz?
SALLY: *chorando e concordando com um aceno de cabeça*
SOMIR: Deixa eu ver o machucado… *chegando perto de Sally*
SALLY: *se encolhendo* Por favor, não!
SOMIR: Seja lá o que aconteceu, não foi minha intenção… Me desculpa!
SALLY: *recolocando os óculos escuros* Ainda estou pensando nisso. Não sei se quero ficar por aqui. Eu… eu… nunca achei que ia acontecer comigo… *chorando mais ainda*
SOMIR: Me deixa pelo menos te ajudar a cuidar do olho…
SALLY: O olho vai sarar. O meu coração eu já não sei mais…
SOMIR: Eu… eu nunca mais bebo na minha vida, Sally! Eu prometo aqui e agora!
SALLY: Não sei se isso é o bastante, Somir. Foi muito sério. Eu acho que vou para a casa da minha mãe por um tempo.
SOMIR: Não! Não! Me dá mais uma chance! Eu nunca bati numa mulher na minha vida! Esse não sou eu, Sally! Não sou eu!
SALLY: Então quem me bateu, o Batman? Estava escuro, pode ter sido ele, né?
SOMIR:
SALLY: Eu… estou transtornada. Me dá um tempo, Somir.
SOMIR: Tudo bem…
SALLY: Eu preciso ficar sozinha.

Sally corre até o banheiro, com as duas mãos no rosto. Somir senta-se à mesa e começa a tentar se lembrar do que acontecera na noite passada. Uma solitária lágrima derramada sobre a mesa por Sally chama sua atenção. Ao passar o dedo sobre ela, percebe o que deveria fazer.

Meia hora depois, Sally sai do banheiro e anda cabisbaixa até a sala. Lá, depara-se com Somir subindo no parapeito do apartamento.

SALLY: O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?
SOMIR: Não tenta me impedir, Sally!
SALLY: NÃO FAZ ISSO! PELAMORDEDEUS NÃO FAZ ISSO!
SOMIR: Eu… eu bati em você, Sally! Eu bati no amor da minha vida. Eu não mereço viver!
SALLY: DESCE DAÍ!
SOMIR: Eu não quero mais viver sabendo que eu fiz isso com você.
SALLY: VOCÊ NÃO FEZ NADA! OLHA PRA CÁ! ERA MENTIRA MINHA! *Tendo um princípio de AVC*
SOMIR: Não adianta tentar me enganar, meu amor. Eu cometi um crime e vou pagar por ele. Adeus, vida!
SALLY: OLHA PRA MIM! OLHA PRA MIM! É MAQUIAGEM! OLHA! *Sally tira os óculos escuros e passa o dedo na camada de maquiagem, provando sua mentira*
SOMIR:
SALLY: Me desculpa! Desce, por favor.
SOMIR: *descendo com cara de espanto* Você… me enganou?
SALLY: Eu estava com raiva de você porque você voltou bêbado pra casa ontem. Queria te ensinar uma lição.
SOMIR:
SALLY: Eu nunca imaginei que você ficaria tão arrasado. Por favor, me perdoa!
SOMIR: Não… não sei se posso te perdoar. *lágrima solitária*
SALLY: Eu nunca mais minto para você! Nunca mais! Faço tudo o que você quiser! Me perdoa!
SOMIR: Você nem imagina como doeu no meu coração quando eu achei que tinha feito aquilo com você, Sally. Nem imagina… *cara de decepcionado*
SALLY: *chorando* Eu fui longe demais… Mas eu vou fazer de tudo para te compensar…
SOMIR: Me dá um tempo sozinho, Sally. Não consigo ficar olhando para você agora.
SALLY: *arrasada* Tudo… tudo bem… Quando quiser que eu volte…

Sally olha para o dedo indicador de Somir.

SALLY: A ponta do seu dedo… está roxa?
SOMIR: *escondendo as mãos* Hã?
SALLY: MOSTRA A MÃO!
SOMIR: Sally, eu preciso mesmo de um tempo agora e…

Sally circunda Somir e pega sua mão.

SALLY: Você percebeu! Você percebeu antes de eu contar!
SOMIR: *sorriso vitorioso* Queria te ensinar uma lição.
SALLY: *rosnando*
SOMIR: Estamos quites. Agora vai me buscar aquela aspirina, vai…

Uma hora depois, no pronto-socorro:

SOMIR: Eu caí da escada.
PLANTONISTA: Claro… claro…


ATENÇÃO! DR FOREVER É FICÇÃO.
De manhã, no quarto dos Somir:

SALLY: Sabe que dia é hoje?
SOMIR: Minha folga. Agora me deixa dormir mais um pouco, vai…
SALLY: Insensível, hoje é dia dos namorados!
SOMIR: Parabéns para eles.
SALLY: Nós não vamos comemorar?
SOMIR: Ué, mas nós somos casados.
SALLY: Justamente por isso!
SOMIR: Quando criarem o dia dos casados, a gente vê isso. Agora me deixa quieto um pouco, faz tempo que eu não consigo dormir até mais tarde.

Sally se levanta da cama, chateada, e vai tomar um banho.

Somir espera até ouvir o som do chuveiro e abre apenas um olho para confirmar que está sozinho. Depois de se levantar com extremo cuidado, avança sorrateiro até a sala, de onde faz uma ligação:

SOMIR: Alô? Tudo confirmado? Perfeito! Estou me preparando, não vai atrasar, hein?

Da mesma forma com que saiu, volta para a cama e se enfia debaixo do cobertor. Alguns minutos depois, Sally sai do banheiro trajando seu robe. Com uma voz desanimada e robótica, avisa que vai preparar o café-da-manhã.

SOMIR: Um-hum… *fingindo sono*

Meia hora depois, na cozinha:

SOMIR: Bom-dia.
SALLY: Só se for para você.
SOMIR: Sally, dia dos namorados é só uma data comercial! Foi criada por uma rede de lojas para aumentar a demanda de presentes numa época do ano fraca para o comércio da área.
SALLY: Tudo bem…
SOMIR: Além disso, o registro mais antigo da tradição não tinha nada de romantismo, os romanos forçavam as mulheres a namorar…
SALLY: EU DISSE TUDO BEM!
SOMIR: Maravilha! Você comprou pão hoje?
SALLY: Não.
SOMIR: Poxa, Sally, você já não trabalha e ainda deixa de lado essas tarefas?
SALLY: Somir, eu detestaria ser presa por assassinato. Me faça o favor de calar a boca.
SOMIR: Alguém está naqueles diiiaaas

Sally observa demoradamente a faca de manteiga. Percebendo que não conseguiria cortar a jugular de Somir a tempo, desiste de sua idéia inicial.

SOMIR: Mas relaxa, Sally, hoje eu tenho o dia todo para ficar com você aqui em casa. Seja boazinha com o papai aqui e nós tiramos o atraso, ok? *arrotando*

Sally contempla a possibilidade de decapitar seu cônjuge com um garfo torto. Sorri imaginando a cena.

SOMIR: Assim que eu gosto. Mau-humor feminino só vai embora com uma boa dose de…

*o telefone toca*

Percebendo que Sally não vai atender, já que está fazendo movimentos estranhos com uma colher de chá, Somir tira Sally de seu mundinho de imaginação psicopática:

SOMIR: Atende lá! Hoje eu estou de folga.
SALLY: Tudo para ficar longe de você.
SOMIR: Também te amo. *mandando um beijo*

Depois de desviar do beijo imaginário, Sally atende o telefone. Somir sorri de forma satisfeita.

SALLY: Era a piranha da sua secretária.
SOMIR: Ela não é piranha, Sally.
SALLY: Nunca vi secretária chamar o chefe de Tiaguinho.
SOMIR: Larga de paranóia, ela é só uma pessoa carinhosa.
SALLY: Carinhosa com um vadio que nem você, que deve incentivar!
SOMIR: Ei, eu não dou intimidade para ela. Vai, diz o que a Lu queria.
SALLY:
SOMIR: He… hehe… *sem graça*
SALLY: Ela tinha boas notícias. Você vai ter que trabalhar hoje. Papai não vai poder dar um jeito no humor da Sally hoje. *mordendo o dedo* Hahahaha!
SOMIR: Mas que merda! Era só o que me faltava!
SALLY: Vai dizer que você queria tanto assim ficar em casa?
SOMIR: Claro! Eu tinha planos para nós dois!
SALLY: *sorriso*
SOMIR: Mas a gente vai ter que limpar o quintal outro dia! Hahahaha…
SALLY: SOME DAQUI!

Somir corre para o quarto, enquanto desvia de facas, garfos e colheres. Depois de devidamente trajado para o trabalho, passa pela sala cruzando o campo de visão de Sally para a televisão.

SOMIR: Até de noite!
SALLY: Por que você está levando uma sacola?
SOMIR: Isso? São… Roupas velhas! Vou doar lá na empresa.
SALLY: Você xinga mendigo que te pede qualquer moeda, Somir.
SOMIR: Bando de vagabundo!
SALLY: Por isso que não faz sentido.
SOMIR: É… para… impressionar o chefe. Ele gosta dessas viadagens.
SALLY: Agora sim. Esse é o Somir que eu conheço e desprezo.
SOMIR: Até mais, te amo! Ah sim, eu vou de carona hoje, ok? Pode ser que volte tarde.
SALLY:

Saindo pela porta da frente, Somir observa seu relógio e começa a sorrir assim que enxerga um carro se aproximando.

Dentro de casa, Sally imagina como seria sua vida se tivesse se casado com o namorado anterior a Somir. Seus devaneios são interrompidos por uma altíssima música vinda da rua. Aparentemente a música tema de “Ghost”. Curiosa, espia pela janela. Um carro daqueles serviços de surpresas românticas está parado bem em frente à casa.

Sally abre a porta correndo e vai de encontro a Somir, que observa duas mulheres vestidas com uma ridícula roupa cor-de-rosa dançarem ao redor do carro popular todo decorado com corações e cupidos.

SALLY: Não acredito que você fez isso!
SOMIR: *sorriso confiante* Você sempre cai nessas, tolinha!
SALLY: Óhnnn… *beijando Somir de forma apaixonada*
SOMIR: Gostou?
SALLY: Meio… brega, né? Mas o que vale é a intenção!
SOMIR: Amor é uma coisa brega!
SALLY: Hahahaha! Você está certo. Como você lembrou da música?
SOMIR: Música?
SALLY: A gente estava vendo esse filme na casa de uma amiga minha quando nos beijamos pela primeira vez.
SOMIR: Digamos que foi sorte.
SALLY: Hmmm… Tudo bem, honestidade é uma qualidade sua que eu não vejo com frequência. Só ficou melhor!

*buzina*

SOMIR: Pára com isso, porra!
SALLY: Calma, Tiago, tem gente que se irrita mesmo com o som alto. Sem barraco, por favor.
SOMIR: É… tudo bem. Por você!

Um homem sai de dentro do carro decorado, segurando um papel e um microfone.

SALLY: Hahaha! Você fez um discurso brega?
SOMIR: Amigo, não precisa! Deixa!
SALLY: Não precisa ter vergonha! Deixa o moço falar, você pode ser brega o quanto quiser, amor!
SOMIR: Não, melhor não! Depois eu falo para você em particular…
SALLY: Você fica uma gracinha com vergonha. Moço, pode fazer o discurso. *abraçando Somir*

HOMEM: Hoje é o dia dos namorados, o dia em que celebramos a beleza do amor e a força dos laços que unem um casal… Casal como o formado por Pedro e Teresa! Que se conheciam desde a infância e…

SALLY: Pedro?
SOMIR: … Teresa?
SALLY: Tiago?
SOMIR: Devem ter errado o discurso…
SALLY: Eu conheço essa sua cara.
SOMIR: Sabe do que mais, já está de bom tamanho! AMIGO! DESLIGA TUDO AÍ!
SALLY: *veia saltando da testa*

*buzina*

VOZ DO OUTRO LADO DA RUA: Porra, Somir, vem ou não vem?
SALLY: *empurrando Somir para longe*
SOMIR: É…
SALLY: Quem são aqueles no carro te cha… Alicate? São os seus amigos?
SOMIR: Eles vieram complementar a surpresa…
SALLY: TIAGO SOMIR! *puxando a sacola da mão de Somir*

Sally abre a sacola e percebe um uniforme completo de futebol.

SOMIR: Eu posso explicar.
SALLY: Eu vou te matar.
ALICATE: Ah, fica com a patroa então. Mas da próxima vez que a gente marcar uma pelada eu não venho te buscar, mané! Fui!

O carro do outro lado da rua arranca. O carro do serviço de surpresas amorosas continua parado, com os funcionários confusos.

Sally entra em casa, procurando aquele garfo torto. O homem que fazia o discurso se aproxima de Somir.

HOMEM: Deixa eu adivinhar, você mentiu quando disse que era o Pedro.
SOMIR: Hehehe… Eu tive que pensar rápido, a patroa gostou e… AI! *sendo agarrado pelo colarinho*
HOMEM: Você fez a gente perder um cliente, filha-da-puta!
SOMIR: Você não bateria em um cara usando óculos, não? AI! AI! AAAAIII!

Enquanto isso, na rua de trás:

PEDRO: Eu juro que tinha uma surpresa! Devem ter se perdido!
TERESA: Chega! Essa foi a gota d’água! Eu nunca mais quero te ver!
PEDRO: Não vai embora, sem você eu não tenho motivos para viver…
TERESA: Tem uma corda no seu quintal. Divirta-se. *indo embora*

FELIZ DIA DOS NAMORADOS!

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