TCHU TCHU PÁ EDITION, MOTHERFUCKERS!Nunca escondi de vocês que eu não presto, nem fiquei pagando de boa pessoa. Eu acho que quem vai para reality tem mais é que se foder, e se foder MUITO. Ficava revoltada no BBB quando via os acéfalos jogados na piscina e os chatonildos sendo eliminados. NÃO PODE, os insuportáveis tem que ficar até o fim paunocuzando as pessoas sensatas. Adoro ver gente sendo paunocuzada. É por isso que eu amo cada dia mais e mais Cumpadre Washington.

Não bastasse tudo que ele fala e canta quando está acordado, descobrimos que Cumpadre Washington também ronca feito um trator. Não é um ronco comum, é um ronco especialmente irritante. BACANA que ele paunocuza 24h por dia os ouvidos daquela gente! Quando está acordado E quando está dormindo! Paunocuzação full time! Faço votos que ele fique cantando músicas do É o Tchan o dia todo.

O Nobody irmão do Bruno Gagliasso tentou até subornar as pessoas para trocar de cama e não ter que dormir do lado de Cumpadre. Normal, mulheres normalmente se irritam com ronco. Para ficar perfeito só falta colocar no quarto um João Bobo com a cara da Carla Perez para ele ficar batendo. Tchu tchu pááá! (*olhos fixos na tela esperando pelo pandeiro imaginário).

No dia seguinte, quando todos foram reclamar do ronco dele, a resposta não poderia ter sido melhor: Cumpadre fez uma FUCKIN´ MUSIQUINHA sobre seu ronco e ficou cantando, o que fez com que os participantes efetivamente se arrependam de ter reclamado. João Kleber, com sua cara de boneca inflável até fez cara de quem estava impaciente. Olha só, João Kleber, você é um cara que, de tão ruim, teve que ir morar em Portugal porque aqui ninguém gostava do teu humor. Quando pessoas que riem com Zorra Total te desprezam, é sinal que chegou a hora de se suicidar. Quem você pensa que é para fazer carinha de desprezo para Cumpadre Washington? Vai processar o médico que pesou a mão no teu preenchimento facial, que tu tá parecendo o Stay Puft dos Caça-Fantasmas, ok? Kiko barbado!

Preconceito é uma merda. Fiquei puta quando vi o Nobody Alguma Coisa Gagliasso (profissão: irmão de famoso), conversando sobre moda com um homem, vejam bem, eu disse HOMEM, chamado François. Senti uma certa crítica implícita a Cumpadre Washingtons, seja pela roupa (ele usava uma sensacional camiseta escrito “Tá legal? Tá Legal?” com uma mão fazendo “joinha”) seja pelo shape do Cumpadre (era uma blusa coladinha). Senti veneno.

Queria dizer algumas palavras. Para começo de conversa, ambos deveriam ir se foder. Um porque tem um irmão galã da Globo e tudo que consegue é estar na Fazenda e o outro se chama FUCKIN´ FRANÇOIS sendo homem e não opta por mudar de nome e, como se isso fosse pouco, anda com aquele cabelinho horrendo propositadamente despenteado que parece ter sido arrumado com porra de girafa. Se acham super na moda, né?

E se é para falar de CORPO, o Alguma Coisa Gagliasso deveria comprar um espelho, porque ele tem o mesmo shape estufadinho do irmão, um eterno fofolete que só de abir um bombom engorda 2kg. Faz lipo no começo de tudo quanto é novela e quando chega no final já tá todo embagulhado com pochete e bochecha de fofão. Família de gordinhos. Quero só ver como ELE vai estar na idade do Cumpadre Washington. Aliás, primeiro quero ver ele vender seis milhões de CDs, DVDs ou qualquer merda com aquela carinha dele de cachorro cagando na chuva e só depois ele fala mas do Cumpadre.

Cumpadre Washington é meio lento. Ainda não percebeu a maldade que tá rolando naquele cerebrozinho de miojo dele. Mas quando perceber… ele é porradeiro. Pode estar fora de forma mas esse tipo maloqueiro costuma bater em qualquer um, de qualquer jeito. Cumpadre Washington é 100% Street Fighter. Tem cara de quem vai pro matar ou morrer e dá pedrada na boca dos outros. Cumpadre Washington é uma versão baiana do Pilha. Anota aí o que eu estou falando.

No mais, sem muitas novidades. Bacana ver os ignóbeis cuidando dos bichos. A líder daquela birosca, só de sacanagem colocou semelhante para alimentar semelhante. Por exemplo, Valesca foi designada para cuidar das galinhas. Cumpadre Washington, curiosamente, ficou encarregado dos porcos. Só falhou com João Kleber, que foi encarregado de cuidar da horta. Deveria ter sido chamado para alimentar um Jumento. João Kleber começa a sofrer da “Síndrome de Diana”, só porque é o menos burrinho da casa tá achando que inteligentão. Não é. João Kleber, eu vejo os olhares de desprezo que você lança quando Cumpadre Washington faz suas proposições, super pertinentes por sinal. Você é um BURRO que acha que por estar em terra de cego é rei. Sua cara parece uma hemorróida estourada, o botox deve ter corroído seu cérebro. Retire-se à sua insignificância e pare de tentar humilhar os outros.

Não tem nada a ver com a postagem, mas gente, eu tenho que fazer um comentário: tem certeza que a Bruna Surfistinha se prostituía? Tipo… não seria blefe para vender livro e filme? TEM CERTEZA que seres humanos efetivamente PAGAVAM para fazer sexo com ela? Ela é MUITO FEIA, não me entra na cabeça nem mesmo que façam sexo de graça, é tipo um Gollum de cabelos longos. Tem certeza que não era ELA quem pagava para que fizessem sexo com ela e inverteu a coisa só para não pagar de baranga? Se cortar o cabelo dela curto fica os cornos do Chucky, o Brinquedo Assassino. Bruna Surfistinha acordando sem maquiagem é uma das piores coisas que eu já vi na vida.

Continuo firme na torcida para que Cumpadre Washington com seu carisma massivo ganhe essa porra e traga de volta o Tchan com força total. Assim como no outro reality que assisti este ano, não torço apenas pelos participantes, mas sim pelo axé. Tenham medo, Cumpadre Washington já foi candidato a Deputado Estadual, só que acabou renunciando à sua candidatura. Já tem um pé na vida política. Será que finalmente achamos um Vice para nossa campanha de Pilha Presidente?

Ah sim, por causa da merda que o Somir fez na postagem anterior, a semana que vem toda vai ser só de Siago Tomir.

Para dizer que prefere Cumpadre Washington na presidência do que o Tiririca, para dizer que só vai assistir essa merda quando sair porrada ou ainda para dizer que quer mais detalhes sobre a merda que o Somir fez: sally@desfavor.com

TCHU TCHU PÁ EDITION, MOTHERFUCKERS!Nós não falamos sobre reality show. Somir proíbe. Mas este plantão não vai ser sobre reality show, vai ser sobre um homem que a gente admira faz tempo e que, por um acaso, está participando de um reality show. Não vai afetar em nada as postagens normais, é um plus. Quem não gostar não leia os plantões e continue lendo nossa programação normal. Como eu consegui isso? Eu só concordei em fazer aquela semana nerd do futuro por um bom motivo: ter direito a postar plantões extraordinários sobre um mito, um poeta moderno, um homem sábio: Cumpadre Washington.

Para quem não se lembra (ou nunca soube) quem é Cumpadre Washington, é um dos vocalistas do É o Tchan. Vocalistas? Bem, vocalista meeesmo é o Beto Jamaica, Cumpadre Washington fica gritando baixarias no meio da música. Desde a década de 90 que acompanho seus passos com profunda admiração: o sujeito era feio feito a fome, casado e pegava a Scheila Carvalho, aquela dançarina eleita um milhão de vezes a mulher mais gostosa pela revista VIP. Não bastava pegar a Scheila, ele ainda deu umas porradas na Carla Perez! Tem coisa mais cidadã do que dar umas porradas na Carla Perez? Até o Somir respeita Cumpadre Washington.

Suas entrevistas são sempre sensacionais. Até hoje me lembro de uma entrevista para um famoso apresentador de um programa de auditório dominical que tentou fazer um momento sentimental discursando condolências pela morte de um filho de Cumpadre, com música triste ao fundo e tudo, quando Cumpadre Washington pega o microfone e solta “Tem problema nããão, tem mais oito lá em casa!” e começa a cantar. Tem como não amar? Se não fosse a discrepância física, eu apostaria que ele é pai do Pilha.

Pois bem, Cumpadre Washington foi trancafiado com mais uma dúzia de ignóbeis em um reality show chamado “A Fazenda”, onde, além de conviver com subcelebridades do mais baixo nível, também terá que executar tarefas rurais. E quando falo que são baixo nível, não é elitismo meu, são baixo nível MESMO. Só para vocês terem uma idéia, vou citar alguns dos colegas de confinamento: Valesca Popozuda, Bruna Surfistinha, João Kleber, Dinei e Joana Machado. Gente, acompanhar este grupo diferenciado é quase que uma experiência antropológica!

Já na entrada Cumpadre Washington gritou “Chegueeei! Estou no paraíso!”, bordão de uma famosa música do Tchan. Camisetinha rosa, pânceps maior que o do Ronaldo e tênis branco com conjunto preto. Chegou logo dizendo que como era feio tinha a obrigação de ser limpinho e cheiroso e conquistou meu coração. Depois soltou umas frases pejorativas sobre gays e queimou o filme de uma dançarina do É o Tchan contando que já tinha “dado uns pega” nela. Isso em dez minutos de programa. “Isto é magnífico, Mãe!”

Depois, com seu vocabulário regional, ele chamou um cavalo de “Pai” e como se isto não fosse pouco, tirou um melecão à beira da piscina, mas não de forma discreta. Ele enfiou até o cotovelo nesse nariz de barraca e fez movimentos concêntricos, depois retirou o braço de dentro do nariz e filho encarando a meleca por uns segundos, com olhar analítico. Infelizmente a câmera cortou a cena dali pra frente, então vou dormir com a dúvida sobre o fim da meleca, mas algo me diz que ele é do tipo que tira meleca e come.

Também achei bacana que não faz muito tempo ele deu uma entrevista dizendo que o corpo das ex dançarinas do Tchan estava embarangando e mandou elas se cuidarem mais. Pudemos ver a perfeita forma de Cumpadre Washington. Acho que se abrir o Google Earth ele aparece. Sua barriga só pode ser vermes, porque eu o vi pessoalmente em fevereiro e não estava daquele jeito nem perto disso. Fica a dica para a produção: vermífugo urgente. No fundo, no fundo, uma parte ruim da minha pessoa torce para que sejam oxiúros, que dão bastante coceira na bunda. Estamos de olho.

Eu acho que são grandes as chances de Cumpadre Washington sentar a porrada em uma dessas vadias semi-famosas ou se meter em um bate-boca muito bacana com alguém. Para quem não sabe, ele tem um vasto histórico de agressão física a vadias, além de bater na Carla Perez (=ato de cidadania), também batia na Scheila Carvalho quando dava uns pega nela. Se tudo der certo, ele dá uns catiripapos numa dessas bonecas infláveis falantes que estão lá dentro. Se tudo der mais certo ainda, ele é idiota o suficiente para encrencar com a lutadora de box e leva uma sova em rede nacional. Tantas esperanças… Eu também tenho a esperança de aprender algum palavrão típico da Bahia e enriquecer meu vocabulário, porque não sei se vocês sabem, mas este homem é um poeta: tchu tchu pááá! Também quero ver uma exibição em tempo real do seu sensacional pandeiro imaginário.

Ele também vai nos brindar com sua vasta cultura geral, assim como o faz nas músicas do Tchan. Enquanto Beto Jamaica canta, ele faz adendos aos berros, sempre com alguma pertinência temática sobre o assunto abordado. Por exemplo, em uma música temática sobre Egito (wat) e dança do ventre (wat) ele solta pérolas como “Olha o kibe!”, “Sayid!” e “Olha a cobra!”. Em outra obra prima com alusão à milenar cultura japonesa ele diz “Venha minha ninja nissei… sansei? Não sei! Só sei que é o Tchaaan do Brasil!”. Por fim, em uma música que narra a descoberta do Brasil com riquíssimos detalhes culturais ele profetiza: “Enquanto Cabral anda, Pero Vaz caminha”. É dele o fabuloso grito de “ÓÓÓÓrdináááária!”, expressão máxima de elogio à alma feminina.

Para você que pensava que É o Tchan havia terminado, fique sabendo que não acabou. O que aconteceu é que Cumpadre Washington se afastou por um tempo, levando consigo todo o carisma do grupo, que acabou caindo no esquecimento. Mas agora ele está de volta, preparem seus ouvidos porque no próximo carnaval tem mais Tchu Tchuu pááá! Tchaaan! Tchaaan!.

Bom, como foi o primeiro dia de programa, sem muito além da apresentação, não tenho material para me estender mais. Começo de qualquer convivência é assim: todos são maravilhosos, todos são amigos, todos se abraçam. Quero ver é quando a coisa começar a pegar fogo. Mas, mesmo sendo o primeiro dia, ficou claro que o único verdadeiro e espontâneo é Cumpadre Washington. Ele é um resquício raro de verdade e sinceridade, tão incomum nos dias de hoje, ainda mais neste meio de subcelebridades.

Sempre que acontecer alguma baixaria ou algo relevante para a humanidade podem contar que escreverei um Plantão Extra ÓÓÓrdinááário. Mas atenção: é sobre Cumpadre Washington, não sobre o reality show. Caguei se a Bruna Surfistinha enrabar o João Kleber com um nabo. Em breve você conhecerá melhor esta personalidade fascinante que é Cumpadre Washington.

OBS: Não tem nada a ver com Cumpadre Washington, mas tem uma coisa me afligindo. Uma das participantes, uma lutadora de boxe chamada Duda Yankovich, nasceu na Sérvia. O que me aflige? Que ela é A CARA DO PETKOVIC! Sério mesmo, é o Pet de cabelo longo e batom. Será que sérvio é como chinês, tudo igual? Alguém sabe me informar porque os sérvios são todos tortos e parecidos?

Para dizer o quanto eu estou caindo no seu conceito, para cantar “toca esse pandeiro, taca a mão no couro…” ou ainda para fazer um protesto silencioso deixando esta postagem com zero comentários como prova de desprezo: sally@desfavor.com

Para quem achava que isso não existia e eu estava inventando, apresento a prova de que é sim chumbo trocado.

Postagem da modelo e atriz e Letícia Birkheuer em seu Twitter: “Atendimento da TAM em Buenos Aires péssimo, no embarque. Quem manda contar com esse povinho de merda daqui?”

Além da vírgula, tem mais coisa incorreta nesta frase.

Eu acho que Letícia Birkheuer tem o sagrado direito de achar os argentinos um povinho de merda e de falar que acha os argentinos um povinho de merda, mesmo sem conhecê-los em profundidade para tal. Só queria saber o que teria acontecido se uma modelo argentina fizesse uma postagem em seu Twitter chamando brasileiro de “povinho de merda”.

Queria perguntar se não vão gritar que tem processar ela por algum crime, ou acusá-la de bullying ou racismo alguma coisa do tipo, porque se fosse o inverso, a histeria punitiva já estaria dando as caras. Quem fica indignado, fica indignado com A ATITUDE, e não com o prejudicado, certo?

Ah, sim, uma última coisa: barraquear no Twitter e dizer que o perfil foi roubado para negar autoria é ainda mais vergonha alheia, espero que ela não faça isso. Ainda mais vindo de alguém que tem histórico em barracos via Twitter.

Para perguntar pelo Somir e dizer que isto aqui tá ficando uma bagunça, para dizer que brasileiro pode xingar o quanto quiser mas não pode ser xingado de volta se não é racismo ou ainda para alegar que a pior parte do barraco dela foi exaltar os deficientes físicos: sally@desfavor.com

Pela primeira vez foi autorizado o casamento civil entre duas pessoas do mesmo sexo, hoje, por um juiz de São Paulo. Vai dar o que falar, então, você, Leitor do Desfavor que não tem saco para correr atrás do que se passa neste país, ganha agora toda a polêmica mastigada. Quando dá o que falar, queremos que o leitor do Desfavor fale!

Quem: O reconhecimento partiu do Juiz da 2ª Vara de Família e Sucessões de Jacareí, que curiosamente se chama Fernando Henrique PINTO! Piada pronta não tem graça, vamos deixar passar. Os noivos são cabeleireiro Sérgio Kauffman Sousa e o comerciante Luiz André Moresi

Quando: A decisão saiu hoje mesmo, dia 27 de junho de 2011

Como: O casal homossexual não se casou naquela forma de casamento convencional que a gente conhece, o que lhes foi permitido foi CONVERTER uma união estável que já existia em casamento.

Porque: A lei prevê que se as partes desejarem, a união estável pode ser convertida em casamento sem maiores formalidades. Como o STF reconheceu que pessoas do mesmo sexo podem ter uma união estável, o Juiz (para este eu uso letra maiúscula) entendeu que eles tem todos os direitos inerentes à união estável, inclusive o direito a convertê-la em casamento. Perceberam a malemolência? É como se houvesse uma promoção no Mc Donald´s dizendo “Ao comprar um Big Mac você ganha o direito a um biscoito!”, assim, de forma genérica. Daí você vai e compra especificamente uma promoção contendo um Big Mac, uma batata frita pequena e uma Coca pequena e pede o brinde. Inicialmente o atendente estranha e diz que o brinde é só para quem comprar Big Mac, mas, depois de alguns argumentos, ele percebe que TODOS AQUELES que comprarem o Big Mac, não importa a forma, na forma individual ou de promoção, devem ter direito a ganhar o biscoito.

É definitivo? : Não se sabe. Pode ser anulado, pode haver recurso. O Ministério Público foi favorável à decisão do Juiz, então, ao que tudo indica, existem chances reais deste casamento ser mantido.

Como chamar? : União homoafetiva, casamento homoafetivo ou casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas, o ideal é que a gente comece a se condicionar para chamar só de casamento mesmo, afinal, somos todos iguais, não?

O que isso indica?: Se esta decisão se consolidar, deverá ser aceito o casamento entre pessoas do mesmo sexo, apesar de estar expresso na Constituição da República e no Código Civil que casamento deve ser entre pessoas de sexos opostos.

Qual é o valor histórico disto?: Mostra que mesmo que é possível mudar as leis e adequá-las a novas realidades sociais. ISTO SIM é avanço, é progresso, e não ficar na rua gritando que fuma maconha!

Leis?Pausa na Semana do Avesso para um Plantão. Pausa mesmo, porque eu não consigo escrever um texto sobre o assunto sem palavrões cabeludos

Decisão do STF, aquela corte muito coerente que inocentou o Collor, estipula que marcha a favor da legalização da maconha não configura apologia à droga. Até aí eu aceitaria discussão, pois há uma linha tênue entre pedir legalização e fazer apologia. Poderia discutir o precedente perigoso que se abre se for possível pedir a legalização de um ato criminoso, fazendo aquela metáfora da marcha pela legalização do estupro ou da pedofilia. O problema é que não paramos por aí.

Para criticar é preciso conhecer os argumentos. Vamos ver os argumentos do STF?

“No caso da marcha da maconha, do que se pode perceber, não há qualquer espécie de enaltecimento defesa ou justificativa do porte para consumo ou tráfico de drogas ilícitas, que são tipificados na vigente lei de drogas. Ao contrário, resta iminente a tentativa de pautar importante e necessário debate das políticas públicas e dos efeitos do proibicionismo”

Esse é o problema de ter questões relevantes decididas por pessoas da terceira idade que vivem encasteladas. Fico me perguntando se eles não sabem o que se passa nessas marchas ou se eles simplesmente não entendem a terminologia do que é dito. Porque quando um grupo de pessoas se reúne para entoar cânticos e levantar faixas dizendo “Eu uso sim e é uma delícia” fica muito claro no meu pequeno cérebro mil vezes inferior ao dos doutos Ministros que está sendo feito enaltecimento, defesa ou justificativa do porte para consumo da maconha.

Se a marcha pela legalização da maconha fosse o que DIZ ser, eu mesma não veria problema. Mas não é isso que acontece na prática, qualquer pessoa que anda pelas ruas sabe disso. Talvez seu avô não perceba o que se passa de fato na marcha da maconha. O STF também não. Fala pro seu avô que além da mesma faixa etária, ele tem o mesmo conhecimento que um Ministro do STF.

“Não é adequado que crianças e adolescente cuja autonomia é limitada sejam compelidos a participação ativa no evento. O engajamento de menores em movimentos dessa natureza, expondo deles a defesa ostensiva do consumo legalizado de entorpecentes, no meu modo de ver, interfere no processo de formação de sua autonomia”

Tipo… não tem problema algum, não está sendo feita apologia, estão apenas exercendo um direito como outro qualquer, MAS… criança e adolescente não pode participar, táááá? E salvo engano, havia sido alegado que não havia “enaltecimento ou defesa do porte para consumo”, como é que se proíbe a presença de crianças alegando que este movimento pode expor menores a “defesa ostensiva de consumo legalizado?”. Eu sou burra ou eles são burros? Pergunta ousada, qualquer ser humano racional vai dizer que é muito mais provável que eu, Sally Nobody Somir, seja burra. Bacana permitirem que algo que “interfere no processo de formação das crianças e adolescentes” seja feio em praça pública! Tipo, se tiver criança na rua nessa hora faz o que? Tampa seus ouvidos? Ou faz toque de recolher e nesse dia crianças e adolescentes não podem nem ir à escola para não sair à rua? Vamos continuar ouvindo os argumentos.

“A Liberdade de reunião, tal como delineada pela Constituição, impõe, ao Estado, um claro dever de abstenção, que, mais do que impossibilidade de sua interferência na manifestação popular, reclama que os agentes e autoridades governamentais não estabeleçam nem estipulem exigências que debilitem ou que esvaziem o movimento, ou, então, que lhe embaracem o exercício”

O que me ensinaram na faculdade é que a Liberdade de Reunião encontra limites dentro da própria lei. Por exemplo, se alguém se reúne para praticar uma conduta nociva à sociedade, pode ser repreendido. Quando o STF diz que os agentes e autoridades governamentais não “estabeleçam ou estipulem exigências que debilitem ou esvaziem o movimento”, fico imaginando que eles não poderão dizer aos manifestantes o que pode e o que não pode ser dito. Logo, os manifestantes poderão gritar todo tipo de apologia à droga. Sabem que porta este parágrafo abriu? A porta que eu chamo “Porta Sou de Menor”. Quando os menores de 18 anos perceberam que não poderiam ser presos, começaram a tocar o terror e quando um policial ameaçava encostar neles, levantavam as duas mãos e gritavam “Sou de menor” (não repitam, esta expressão não se usa mais, agora é “criança ou adolescente” – pausa para vomitar).

O que quero dizer é que o STF blindou qualquer baderna que possa acontecer em marchas pró maconha porque se encostarem em um único manifestante ele vai alegar que só estava na passeata como defesa. Praticamente deu carta branca. Aparentemente o STF não sabe bem como funciona o Brasil e como funciona o brasileiro.

E para fechar com chave de ouro, o parágrafo que segue o anterior:

“Disso resulta que a polícia não tem o direito de intervir nas reuniões pacíficas, lícitas, em que não haja lesão ou perturbação da ordem pública. Não pode proibi-las ou limitá-las. Assiste-lhe, apenas, a faculdade de vigiá-las, para, até mesmo, garantir-lhes a sua própria realização. O que exceder a tais atribuições, mais do que ilegal, será inconstitucional”

Palavras do STF tem peso. Quando se escreve que a polícia só pode intervir se houver perturbação DA ORDEM PÚBLICA, como ÚNICA CONDIÇÃO para intervenção, imaginem vocês o que neguinho não vai se sentir no direito de fazer. Se esta fosse uma sociedade civilizada, poderia até dar certo. Mas não é, aguardem e verão os excessos. Se policial espirrar vai ter neguinho gritando que é inconstitucional.

Por fim, um breve esclarecimento: EU NÃO GOSTO DE MACONHA, EU NÃO GOSTO DE MACONHEIRO, mas eu gosto da lei. Se esta for a nova interpretação da lei, não adianta ficar esperneando: ou tento fazer valer meu ponto de vista usando a própria lei, ou aceito. Meu grande problema é um só: COERÊNCIA. Se isto é o que vai valer, façam o favor de abolir ou reescrever o artigo do código penal que fala da apologia ao crime, porque se ficar gritando que usa e que é muito bom não for apologia a algo, eu sinceramente não sei o que é. O legislador vai ter que me explicar melhor. Se eu não posso me eximir da prática de um crime alegando seu desconhecimento, então o legislador tem que me explicar clara e inequivocamente o que constitui aquele crime.

Qual vai ser? Muda o Código Penal ou revê a decisão?

Se eu tivesse um grande meio de comunicação nas mãos, uma infraestrutura nível Pânico ou CQC, juro que armava uma marcha a favor da legalização de um crime BEM HEDIONDO e esperava para ver a reação do STF. Mais: armaria minha defesa com base na redação da decisão do STF, citando “liberdade de expressão”, “direito a manifestação” e todo o resto. Vai ver é justamente por esse tipo de coisa que ninguém me dá um programa de televisão… uma lástima.

Para dizer que esta decisão foi tão boa quanto inocentar o Collor, para dizer que velho quando quer pagar de moderninho bem informado só faz merda ou ainda para dizer que você sabia que teria um plantão sobre isso no Desfavor: sally@desfavor.com