Gostosa! A batata-frita...

Escala de nerdice: Super-size.

Sei lá se essa notícia saiu em algum desses sites nacionais que reúnem os absurdos desse mundo, mas fuçando pela internet me deparei com esse exemplo de ser humano chamada Donna Simpson. Uma americana que está tentando bater o recorde mundial de… BANHA! Sim, Donna quer ser reconhecida como a mulher mais gorda do mundo.

E para tanto, nada de preguiça. Com uma conta semanal de U$ 750,00 só para comprar a comida que consome, ela ainda toma cuidado para não se colocar em nenhuma situação onde possa perder essas valiosas calorias. Claro que o fato de pesar 273 quilos atualmente já ajuda bastante. Uma pessoa assim não consegue andar mais que poucos metros antes de desabar sob o próprio peso.

Imagino que algumas tarefas, como limpar a própria bunda, devam ser terceirizadas. Alguém tem que alcançar aquela montanha de gordura esmerdeada… Talvez Donna ainda consiga, com algum sofrimento. Mas quando chegar no seu objetivo (e eu reclamando de mulheres sem metas na vida) de pesar sexys 450 quilos… Sei não.

O marido (sério) de Donna é o maior incentivador de tal projeto. E a maior prova de que ele não está de pura sacanagem com a mulher é o fato de do casal ter uma filha. Pelo menos UMA vez o cidadão conseguiu achar o buraco e mandar ver. Essas coisas se reproduzem, até porque com esse peso uma mulher não consegue fechar as pernas…

O caso em si nem é o pior para mim. Gente louca e irresponsável tem em tudo quanto é lugar. Eu mesmo sou um retardado quando se fala de manutenção de uma vida saudável. É sim nojento que uma mulher corra em direção a uma vida de doenças e mais doenças tendo uma filha para criar, mas sobre isso eu já falei várias vezes.

Como esta coluna está se especializando em assuntos nerds, eu preciso destacar um fato dessa história, um que define o grande problema dessa era da comunicação.

Para manter seus exorbitantes gastos com alimentação, Donna mantém um site onde homens pagam para assisti-la…

Comendo fast-food.

Eu não estou inventando. Existe toda uma classe de homens cujo maior fetiche é encher mulheres de comida e vê-las engordando. São os “feeders”. Não se sinta mal se é a primeira vez que você ouve falar disso, eu deixei metade da minha crença na espécie humana despedaçada em diversos sites de fetiches alternativos por aí.

Somos uma espécie perturbada, com certeza.

De qualquer forma, não bastasse Donna e seu marido serem dois desperdícios de oxigênio, ainda vivemos num mundo onde eles podem ser reconhecidos e incentivados. O fenômeno das celebridades instantâneas só veio à tona de verdade quando a tecnologia da comunicação finalmente permitiu que qualquer babaca tivesse sua platéia (oi!).

Imaginemos o caso de Donna há algumas décadas atrás. Primeiro que essa história de recordes mundiais ainda era baseada em dedicação, talento e esforço. Hoje em dia tem mulheres disputando qual o maior implante de silicone do mundo… Se eu não me engano a cretina que tem a coroa atualmente é brasileira. (Orgulho, hein?)

Ninguém ia pensar numa disputa para GANHAR o título de maior bola disforme de gordura nojenta do mundo. Essas pessoas eram simplesmente aberrações de circo e infartos ambulantes. Donna seria categorizada como o que realmente é: Uma balofa. Mesmo que o marido tivesse o parafuso a menos que gera esse fetiche maluco (não é gostar de mulher mais cheinha, eu também gosto, é se sentir mais atraído por mulheres morbidamente obesas do que por quaisquer outras), ele nem poderia sair por aí alardeando isso.

Sem a defesa de saber que faz parte de um grupo maior, o “feeder” teria que se manter discreto ou ser segregado completamente da sociedade na qual vivia. (Claro, hoje em dias as pessoas em geral não acham isso positivo, mas ele tem o conforto de não precisar abandonar qualquer forma de socialização caso a história se espalhe.)

A mulher não estaria disputando o recorde mundial, a mulher seria apenas uma cretina que pariu uma filha e está tentando se matar antes de vê-la se formar no ensino médio. O marido seria o filho da puta que estaria ajudando tudo isso a acontecer.

Com menos compreensão da diversidade de pessoas no mundo, as pessoas tinham menos medo de apontar o dedo na cara de um cretino e dizer exatamente o que eles eram.

Sim, estar conectado com o mundo, receber mais informação e conhecer pessoas muito diferentes tem o seu lado positivo na diminuição do preconceito e da ignorância. Mas ao mesmo tempo cria uma área cinza perigosa onde se torna difícil reconhecer onde acaba a intolerância e onde começa o bom senso.

Por mais que as pessoas tenham o direito de fazer suas escolhas, isso não as exime da possibilidade de estarem fazendo algo incrivelmente estúpido. Talvez seja uma das “dores do crescimento” dessas gerações que viram o mundo diminuir consideravelmente durante suas vidas. É como se tentássemos globalizar nossas opiniões para não ficarmos para trás.

Erre a mão e compreensão soa como complacência.

Eu entendo que muita gente nesse mundo sinta-se desesperada com a noção de que não vai deixar nada que possa ser lembrado quando morrerem. Eu entendo o valor da aceitação.

Mas não dá para entender porque uma pessoa vai querer deixar como legado o corpo mais morbidamente obeso do mundo. É de uma falta de perspectiva impressionante. E esse tipo de estupidez não é algo novo, o fato disso finalmente poder ser reconhecido por muitas outras pessoas em pouco tempo que torna essa união entre limitação intelectual e visibilidade perigosa.

Em grande parte, as pessoas com um mínimo de bom senso ainda vão estar olhando para a aberração de circo, assim como faziam no passado. Mas as que só não seguiam esses caminhos insanos por falta de oportunidade vão enxergar ali um modelo de sucesso.

Vários malucos homicidas usaram essa idéia de gravar o nome na história como motivação para seus crimes. Esse número incrível de tiroteios em escolas nos últimos anos não é culpa dos videogames violentos ou dos “bullies”… O problema é que agora tem platéia.

A pessoa que desiste de buscar a glória pessoal pelo esforço ou talento genuíno acaba numa encruzilhada, cujos caminhos levam ao ostracismo completo ou à busca de fama a qualquer custo. O caminho da fama a qualquer custo finalmente está aberto para a maioria das pessoas. Não só pela internet… Uma notícia corre o mundo por vários meios de comunicação em questão de segundos.

O mundo está pequeno demais e as pessoas ainda não parecem à vontade para apontar que o diferente pode sim ser uma coisa horrível. E sem esse mecanismo tradicional de parar maluco antes que ele exagere, logo surge outra balofa dizendo que vai chegar a 500 quilos e esmagar o futuro recorde de Donna.

Porque essa reportagem pode fazer alguém pesquisar sobre o assunto e descobrir uma chance de ser menos anônimo nesse mundo, uma chance que nem sonharia ter antes disso. Uma mulher muito acima do seu peso ideal pode passar anos se matando para entrar em forma ou pode começar a comer mais e achar uma comunidade de homens que vão masturbar-se vendo-a comer batata frita pela internet. Nem sei se ela ficaria satisfeita exatamente com a parte das homenagens anônimas, mas a atenção… Ah, a atenção…

Não parece um absurdo que uma pessoa busque um recorde que não é a recompensa em si? Parece e é. Tentar entender o lado dessa pessoa é ignorar o fato de que ela está buscando atenção de uma forma doentia. Pessoas diferentes pensam diferente, o que não evita que essas pessoas diferentes sejam TOTAIS E COMPLETAS CRETINAS.

Um pouco de intolerância não mata. Cada vez que uma Donna fica famosa, a humanidade fica mais burra. Não digo que devemos censurar a internet ou algo assim, digo que botar o dedo na ferida e criticar os outros é uma forma de auto-regulação eficiente. Essa baboseira de “politicamente correto” ainda vai desabar sob o peso (há) do monstro que está criando.

Esses sites para ver gorda enchendo o rabo de comida só estão por aí por falta de trolls! Aceitação meu ovo! Isso é falta de gente perguntando para ela se ela vomita com o cheiro da própria bosta gordurosa.

Para dizer que eu atraso para esconder meus textos vagabundos das críticas, para dizer que toda mulher bate esse recorde quando se olha no espelho, ou mesmo para dizer que o verdadeiro ultraje é que Donna não esteja encalhada: somir@desfavor.com

Whoa, dude...

Escala de nerdice: 5.8928388109032984293299991001000009212

Como normalmente faço, decidi o tema desta coluna alguns minutos após abrir o editor de texto e começar a escrever. Uma das minhas táticas é escrever um título praticamente aleatório e ver se consigo desenvolver. Desta vez escrevi “inteligência artificial”, mesmo sem saber muito bem de onde saiu isso. Não tinha visto nada sobre o assunto recentemente e uma página em branco não é algo lá muito inspirador para o tema.

Mas, de alguma forma, surgiu uma idéia para seguir em frente com uma variação do título inicial. E a idéia tem a ver com a forma como ela surgiu. Sim… wat.

E mesmo nesse momento, onde já estou escrevendo a abertura da coluna, ainda não tenho muita idéia sobre como vou desenvolver a idéia sobre a qual vou me basear. Mas, que seja, é uma forma bem humana de se expressar.

Vamos então à inteligência artificial.

Nos vários e vários filmes, séries, gibis e jogos de ficção científica (livros são para perdedores) que já vi, sempre me pareceu “estranho” que os robôs nunca fossem capazes de produzir arte da mesma forma que um ser humano.

Claro, eu entendia a analogia com a “alma” humana e a impossibilidade de um ser sem emoções produzir algo tão cheio de significados emocionais como a boa arte. Mas apesar de entender qual o objetivo conceitual das cenas, achava aquilo meio mal contado.

Como se fosse uma espécie de preconceito contra algo que ainda nem existia. Uma forma de diminuir as supostas máquinas dotadas de consciência para não nos sentirmos tão obsoletos.

Afinal, uma inteligência artificial teria praticamente todas as vantagens de um ser vivo, sem as desvantagens. Um robô não precisa comer, respirar, cagar… (morra de inveja, Sally) Um robô inteligente ainda pode se aproveitar da fragilidade da vida biológica para se tornar o dono da humanidade (roteiro batido).

Tremei, máquinas, pois se vocês são imortais, nós somos mais artísticos! Há! Acabamos com eles, não?

Claro que na vida real ainda estamos terrivelmente longe de uma verdadeira inteligência artificial, daquelas que sabem que existem e que podem aprender e evoluir sem intervenção humana. E por terrivelmente longe nesse tempo de evolução tecnológica exponencial pode ser 20 ou 200 anos… Mas de uma coisa eu não duvido: Uma inteligência artificial imitando a humana não é impossível e eventualmente estará disponível numa loja pertinho de você. (Por “você” eu quero dizer algum descendente seu…)

Mas, voltemos ao assunto da arte humana e a sua suposta irreprodutibilidade robótica. Um dos maiores clichês ao se retratar uma inteligência artificial nessa área é o caso da pintura de um quadro… O robô observa uma paisagem e começa a pintar numa velocidade impressionante. O resultado é quase sempre uma reprodução fotográfica da cena.

O robô é incapaz de enxergar algo além da cena, ele é incapaz de representar algo diferente do que consegue captar. Mas aí que sempre surgiu a minha impressão de que algo estava errado…

As brilhantes mentes que programaram essa inteligência artificial que não tinham a menor noção do que seria essa “alma” da arte humana. O robô foi programado para tomar as melhores decisões possíveis dentre uma quantidade de variáveis que simplesmente não cabem nas nossas cabeças.

Um robô com a capacidade de pintar um quadro perfeito, programado para tomar as melhores decisões… Não tinha como ser diferente. O que não quer dizer que o robô jamais conseguiria pintar como Picasso, por exemplo…

Basta o robô ser programado para tomar decisões aleatórias, limitar sua percepção e esperar até que um dos quadros seja cubista. Infinitos macacos em infinitas máquinas de escrever reproduziriam sim a obra de Shakespeare. Tanto que foi exatamente o que aconteceu na vida real.

Alguém poderia dizer sobre uma inteligência artificial: “Queria só ver esse robô pegar um pincel e fazer o que Salvador Dalí fazia!”, bom, eu queria só ver OUTRA pessoa pegar um pincel e fazer isso. Reproduzir é uma coisa, criar é que são elas. A quantidade de fatores que precisam estar reunidos para criar a mente única de uma pessoa é tão avassaladora que mesmo sendo virtualmente idênticos em nossos códigos genéticos, alguns humanos conseguem seguir por caminhos criativos tão únicos ao ponto de jamais serem repetidos.

Considerando que já nasceram mais de 100 bilhões de seres humanos nesse planeta, estamos muito próximos mesmo da analogia dos macacos e as máquinas de escrever. A diferença é que existe um bom grau de consciência nesses macacos pelados e isso nos direciona a seguir pelos caminhos mais corretos desde o começo.

QUANTAS PESSOAS não compuseram músicas antes de Beethoven? A probabilidade de um de nós chegar nesse nível de criatividade e excelência é tão baixa que esse compositor ainda é relevante séculos depois de sua morte. 20 bilhões de macacos tentaram, e só um escreveu a página certa.

Não tiro o mérito de nenhum grande artista por causa desse fator de probabilidade, afinal, “Queria só ver eu fazer isso…”. Mas isso corrobora com a idéia de que boa parte dessas decisões artísticas humanas provém da aleatoriedade. Quando um artista resolve tomar um caminho improvável, pode ser por falta de outras opções em mente, alguma limitação física ou mental, ou mesmo por incapacidade de fazer o que estava imaginando em primeiro lugar.

Que, adivinhem só, são constantes na vida de todo mundo que não é robô. Quantas vezes não deixamos de tomar a decisão mais simples/racional/óbvia em nossas vidas? Existe sim uma limitação na capacidade humana que torna nossas ações imprevisíveis. Que gera resultados absolutamente anômalos em relação ao padrão, seguidas vezes.

Esse teórico robô que só pinta quadros “fotográficos” é muito mais avançado que qualquer gênio das artes plásticas. Ele toma as melhores decisões para representar uma cena, cada mancha de tinta corresponderia exatamente ao local onde deveria estar de acordo com a imagem captada.

Se quisermos emular essa criatividade típica nossa numa máquina, ela vai ter que ser limitada propositalmente, e ainda por cima tomar decisões equivocadas com freqüência. Posso até imaginar como se programaria isso, mas até mesmo para um texto com aviso de nerdice no começo seria um abuso.

Com um bom planejamento uma máquina pode criar obras de arte ainda mais inovadoras e brilhantes do todos os “infinitos macacos” juntos. A aleatoriedade e a limitação são partes integrantes da evolução do nosso pensamento, e da vida como um todo.

Quem repete a melhor escolha seguidas vezes está sempre fazendo a mesma coisa. Se por um lado a melhor escolha tem seus ganhos, por outro quer dizer que apenas uma linha de possibilidades está sendo explorada. Grandes invenções (e CERTEZA que a maioria das grandes obras de arte) surgiram de distrações e erros que afastaram seus criadores do caminho planejado inicialmente.

Uma inteligência artificial teria que ser forçada a errar, sabendo que está errando, para conseguir esse fator surpresa. Mas como é tudo aleatório, uma espetacular obra de arte pode ser perdida para sempre na memória de uma dessas máquinas, pelo simples fato de outra forma de representação ter sido escolhida.

Quantas espetaculares obras de arte já se perderam até hoje antes mesmo de saírem da mente de seus autores? Ou mesmo na sua mente, caro(o) leitor(a)? Numa fração de segundo pessoas tomam decisões pela simples necessidade de um resultado.

Sim, uma inteligência artificial poderia ser uma grande artista. Desde que seja feita para isso. Mais ou menos como gênios artísticos são gerados: Numa sequência tão única que é como se a pessoa não pudesse evitar de se expressar da forma como a faz.

Talvez goste-se mais da idéia do andróide como sendo o ser limitado pela própria vontade de ser superior. De ter algo único intimamente ligado ao que se é, algo que não pode ser copiado, imitado ou tornado obsoleto.

Bobagem. Não tem nada na existência humana que não possa ser copiado, imitado ou tornado obsoleto por um ser/objeto imortal e programável, claro, dado o tempo certo para a tecnologia dos infinitos macacos chegar nesse ponto.

Se eu tivesse pensado nesse texto com muita antecedência, teria tomado melhores decisões e escrito de forma mais acessível, mas dificilmente teria paciência para escrevê-lo.

Para dizer que isso foi… foi… foi… sabe-se lá o que, para dizer que eu não devo postar bêbado, ou mesmo para dizer que a escala de nerdice te enganou hoje: somir@desfavor.com

Simples, muito simples...

Este texto vai falar (também) sobre alguns jogos de computador, então me sinto obrigado a rotular o texto com o grau 8 na escala de nerdice para textos do desfavor. Escala inventada agora, mas que eu vou utilizar a partir deste texto. Se você, leitor ou leitora, não gosta dessas coisas, deve evitar qualquer texto meu rotulado com um grau maior que 3.

E caso você não tenha percebido, Somir Surtado virou minha coluna para assuntos nerds. Eu gosto dos assuntos e ainda irrita as histéricas, win/win.

O grau 1 engloba assuntos científicos com utilização clara na vida social de uma pessoa que se importa com sua vida social.

O grau 2 trata de idéias que influenciam de sua vida cotidiana, mas que não vão te fazer mais atraente para o sexo oposto.

O grau 3… Cacete, quanta informação só para falar de uma escala de nerdice inventada na hora… Eu tenho um talento natural para complicar as coisas, mas vivemos num tempo onde a quantidade de informações e idéias disponibilizadas diariamente para uma pessoa comum é tão grande que você é bem capaz de estar pensando no que seria o grau 3 e qual a relação entre toda essa enrolação e a frase inicial sobre o jogo de computador. Provavelmente enquanto está trabalhando em duas ou três coisas ao mesmo tempo.

Para complicar ainda mais, o texto vai voltar para os jogos agora. Mantenha próxima a menção ao excesso de informação na sociedade moderna para acompanhar o raciocínio. Você deixou a porta de casa aberta? Bom, como eu ia dizendo:

Há alguns meses eu venho “jogando” um RPG online de temática espacial. Só essa informação já garante pelo menos 7 na escala de nerdice para este texto. O fato de que eu pago para “jogar” garante o grau 8. “Jogando”, entre aspas, porque eu simplesmente não tenho tempo para jogar. Basicamente o mongo aqui paga 15 dólares por mês para ter uma conta no jogo e um ícone no desktop que já está juntando teias de aranha virtuais.

Você, tão acostumado a processar qualquer informação inútil que absorve, deve estar pensando que não faz o menor sentido pagar para não jogar. Pois bem, neste exato momento, o meu personagem no jogo está estudando a habilidade de lançar pequenos robôs de sua nave para atacar os inimigos. Não acaba aqui: O personagem já sabe fazer isso, mas precisa estudar para conseguir lançar estes robôs cinco quilômetros mais longe do que consegue lançar atualmente. E para fechar o caixão: O tempo que demora para este personagem aprender a lançar os robôs cinco quilômetros mais longe é de UMA SEMANA. Semana da vida real.

Neste exato momento eu estou pagando para isso. Enquanto minha conta estiver ativa, o meu personagem no jogo continua aprendendo essa habilidade. Aqui, na vida real, eu não tenho a menor previsão de quando eu vou ter algumas horinhas livres que sejam para ver esta incrível façanha em ação, jogando o jogo, só para variar.

É difícil passar a idéia da deliciosa insanidade que é toda essa bobagem para quem nunca jogou um jogo do tipo. Mas fica aqui a minha tentativa.

Se você agüentou a enxurrada de informações aparentemente (mentira, são mesmo) inúteis que eu disparei até agora, não precisa se preocupar: Vai piorar. Quem não sacou a idéia do texto até aqui já desistiu de ler, então eu fico mais livre para subir o nível (de maluquice):

Eu não estou pagando os tais quinze dólares mensais para a empresa islandesa que criou o jogo só por causa dos tais “robôs”. O que me cativou desde o começo foi a complexidade absurda do jogo. Ficção científica e temas espaciais são sim interessantes para um ser como eu, mas jamais me fariam colocar a mão no bolso (isso sim que é um feito) se não fosse a quantidade avassaladora de informações necessárias para se jogar “minimamente” bem.

É um jogo onde conhecimento específico define o seu sucesso. Tempo livre não faz diferença. Essa é a graça. Se alguém ainda achava que eu me chamava de nerd de brincadeira, pode esquecer. (Sally sempre nutriu uma esperança que um belo dia eu fosse acordar e dedicar minha vida a dançar axé…)

Não é nem propaganda do jogo, porque mesmo se eu cativasse outro(a) masoquista intelectual a jogar, eu não teria tempo para acompanhar de qualquer forma. E quanto menos brasileiros em qualquer comunidade virtual, melhor.

Sem contar que companhia é o que não falta. A média é de pelo menos 30 mil pessoas online ao mesmo tempo no mesmo servidor. E talvez até uma ou duas mulheres também.

Comparando com o grande sucesso do gênero, que reúne mais de 10 milhões de jogadores, parece pouco. Mas quanto se contabiliza a dificuldade e o grau de frustração que ambos os jogos podem proporcionar, é de se estranhar que o único maluco pagando para aprender a mandar robôs mais longe não seja o maluco que lhes escreve.

E já entenda que esses jogos online são coisa exclusiva de nerd só aqui no Brasil e em outros lugares mais pobres. Já é “mídia de massa” nos países ricos. Ao invés de abrir o “paciência” no computador, abrem o World of Warcraft… (o grande sucesso do gênero mencionado anteriormente)

E guardadas as devidas proporções, até mesmo esse jogo jogado por milhões e feito para ser o mais amigável possível até para as mães dos que jogam (sério, elas jogam mesmo), World of Warcraft é complexo pra caralho. Não é a tortura que eu gosto, mas facilmente um jogador pode ter que entender mais de cinqüenta funções diferentes do seu personagem, sem contar os milhares de itens e inimigos disponíveis.

Tudo isso por puro entretenimento. As pessoas parecem estar cada vez mais dispostas a acumular quantidades enormes de informação para realizar até mesmo seu lazer. Tem gente que escreve LIVROS sobre um RPG Online e tem gente que COMPRA. Um passeio rápido pelo Google e você vai encontrar milhões de páginas com guias complexos sobre esses jogos, feitos por outras tantas milhões de almas viciadas. E nem todos se encaixam na definição estereotipada do nerd sem vida.

Pois bem, depois dessa queimação de filme eu entro no mérito do excesso de informação na vida cotidiana novamente. Você não adora essas mudanças repentinas de foco?

O mundo está perdido? Eu usei tantos exemplos do meu jogo que eu “não jogo” (mas estou babando para poder jogar) para demonstrar como um reconhecido descompensado e assumido nerd pensa. Mas eu e os 500 mil que também jogam o complicadíssimo somos apenas um leve desvio dos milhões e milhões que jogam os complicados.

Mais pessoas sabem como aplicar a Espadada Mágica +10 do que o número de pessoas que sabem como se cria gado, como se previne da AIDS ou mesmo como funciona o eletromagnetismo…

As pessoas estão carregadas de informações inúteis? As informações só são inúteis quando a pessoa não as utiliza. Quando eu aprendi algumas das informações do jogo que menciono na coluna, senti o prazer de ver as idéias encaixando e de perceber novas oportunidades. Aquela boa sensação de ter resolvido um problema.

Não era um problema real. Mas consideremos que algumas pessoas (mulheres e frouxos) choram assistindo filmes… Não são situações reais. A maioria das pessoas tem a capacidade natural de se imaginar numa situação e se adaptar praticamente em tempo real a uma nova realidade.

E não podemos esquecer que a maior parte da população mundial acredita numa fantasia maluca de que existe um ser mágico nos céus que as observa o tempo todo…

Eu sempre desconfiei que os “nerds” eram basicamente a próxima geração humana começando um pouco antes da maioria. Não chamo de grande evolução saber como aplicar a Espadada Mágica +10 ou mesmo pagar para que um personagem aprenda a enviar robôs cinco quilômetros mais longe, mas a evolução em larga escala é uma coisa bem lenta. Os antigos nerds eram simplesmente a média do público mais jovem das últimas gerações.

(Gente desajustada e anti-social não precisa gostar de excesso de informação inútil para ser desajustada e anti-social…)

Gente viciada em informação complexa, e em grandes quantidades, nada mais são do que as pessoas comuns vivendo num mundo com um bombardeio incessante de mensagens publicitárias, textos, músicas, vídeos e idéias o dia todo. A adaptação do cérebro aos tempos modernos está tornando a simplicidade obsoleta.

Eu adoro falar sobre sociedade com exemplos assim. Aproveitem enquanto ainda não é o padrão. Aposto que nossos descendentes vão estudar sociologia com informações colhidas diretamente de RPG’s Online.

Claro que o texto poderia ser bem mais claro e direto, mas que graça teria?

Para dizer que eu me superei desta vez, para reclamar do meu atraso e descobrir que eu não ligo, ou mesmo para me pedir 15 dólares por mês para não fazer nada de verdade em troca também: somir@desfavor.com

Recentemente uma notícia me chamou a atenção: A criação da primeira boneca sexual “inteligente”. Inteligente no sentido que tenta simular vários comportamentos femininos que existem majoritariamente em filmes pornôs. O dia que a boneca sexual (hoje em dia não é mais inflável…) fingir dor-de-cabeça e te beliscar depois de você secar uma gostosa na TV eu começo a considerar inteligência artificial realista…

Basicamente, a boneca (que é feia pra caralho…) consegue ser um pouco mais ativa utilizando motores de sucção e outras maravilhas tecnológicas. (Neguinho tem que ser maluco para enfiar o pau no meio de um monte de engrenagem, mas… o público-alvo do produto não costuma ser do tipo que tem alguma escolha.)

Além disso, ainda tem personalidades programáveis (todos clichês de filmes pornôs, já que os desenvolvedores dificilmente conhecem sexo na vida real) e uma rudimentar capacidade de comunicação.

Resumo: Fizeram o Aibo das mulheres. Eu sei que é algo patético, mas não posso deixar de ficar impressionado com os avanços tecnológicos implantados no projeto. Na maioria dos casos, simular o comportamento de uma mulher é bem mais complexo do que simular o comportamento de um cão. (De “mulherzinha” é quase igual…)

Eu não sou de ficar fazendo muito drama por causa dos problemas alheios. Se o cidadão resolve gastar uma quantia exorbitante para levar um robô que faz sexo para casa, direito dele. (O que eu acho absurdo é pagar mais por uma boneca sexual que fala… Sempre imaginei que o objetivo fosse justamente o oposto.)

No final das contas, num mundo onde robô(cetas) de qualidade estiverem disponíveis para o grande público, pode apostar que o número de tiroteios e suicídios masculinos vai diminuir. Tem gente MUITO carente nesse mundo.

Enquanto homens acabam se voltando para pornografia e bonecas infláveis, mulheres tendem a ter animais de estimação para lidar com a solidão. Não é bem meu objetivo no texto de hoje, mas o que tem de vídeo de mulher com cachorro na internet não é pouca coisa não… Deixarei essa análise para um Flertando com o Desastre futuro sobre solidão.

Voltemos ao foco, e para variar, o foco não é exatamente sobre o que eu falei na introdução. É curioso notar como ao passo que a ciência envolvida na robótica tente aperfeiçoar a tecnologia e a eficiência dos mecanismos, a indústria do sexo já está prestando muito mais atenção na humanização dessa tecnologia. (Ok, a boneca do exemplo parece um traveco morto, mas a intenção está presente.)

Quando eu digo que o sentido da vida é sentir prazer, me chamam de alma subdesenvolvida para baixo. Oras, sejamos sinceros: A busca pelo prazer (os famosos pecados) é o que nos empurra rumo ao futuro.

E não é à toa que religiões brigam tanto contra os prazeres da vida. Quanto mais atrasados estivermos, melhor para eles.

Vejam bem, essa não é uma defesa do hedonismo, postei isso como Somir Surtado porque pouca gente vai sacar o objetivo subversivo do texto. Deixemos o Flertando com o Desastre para coisas mais óbvias.

Pessoas buscando o prazer sexual (ainda que solitário) fizeram da internet o monstro “onipresente” que ela é hoje. Queria só ver você poder usar o seu Orkut para contatos de negócio caso uma massa de punheteiros não tivesse gerado demanda suficiente há alguns anos atrás para que as grandes empresas de comunicação apoiassem a rede mundial de computadores.

Sim, agradeçam ao Somir de 15 anos de idade. As buscas dele por “mulheres peladas” (ah, eu me contentava tão mais fácil…) se juntaram às buscas de vários outros espinhentos e criaram a necessidade de melhores mecanismos de busca. Numa dessas nasceu o Google. (Aposto que os dois donos também ficavam de saco cheio de ralar para achar foto de mulher pelada…)

Hoje em dia você provavelmente baixa filmes famosos do cinema ripados de Blu-ray pela sua conexão a cabo e os assiste em uma bela tela de LCD Wide. Se não faz, logo logo vai fazer, os preços de toda esta tecnologia estão caindo vertiginosamente. Vocês acham que as velocidades de conexão, a qualidade dos vídeos de internet e os monitores de alta resolução apareceram para que pessoas pudessem ver melhor os seus blogs preferidos? Foi gente querendo ver quantas pregas realmente tinham no cu da Silvia Saint ou da Belladona. (Cada vez menos, aparentemente…)

E não precisamos ficar no campo da covardia (cinco contra um). Pessoas buscando experiências sexuais virtuais ou reais com outros seres humanos foram a mola propulsora das redes sociais. Quem se lembra dos áureos tempos de chats ultra-populares sabe muito bem o tipo de interação que era buscada ali. O “20comer” e a “Molhadinha19” são mais importantes nessa revolução de comunicação do que o próprio turco boiola criador do Orkut.

Empresas e pessoas de visão percebem a demanda do mercado e providenciam os produtos e serviços ideais para ganhar mais dinheiro. Claro que é socialmente reprovável dizer que está aumentando a velocidade de conexão para que as pessoas possam piratear mais vídeos pornográficos de altíssima resolução, então dizem que é para o seu filho estudar melhor.

Se você é meio “evelyn” e não entende o que lê, eu não estou dizendo que todo mundo é viciado em pornografia e fica procurando isso. Estou dizendo que boa parte dos avanços tecnológicos de internet beneficiaram primeiro quem queria ver isso com mais velocidade, qualidade e privacidade. A indústria da pornografia de internet fatura mais que TODO o resto da rede junta. Quem paga mais recebe mais.

Mas a indústria da hipocrisia é mais poderosa. É melhor para muita gente que não assumamos essa busca por prazer como força propulsora da popularização tecnológica. Aliás, os avanços tecnológicos, principalmente no campo da comunicação, passam primeiro pelo crivo das grandes indústrias pornográficas antes de realmente ganharem o público.

VHS X Betamax? As produtoras de pornografia “deram” primeiro quem ia vencer. Aderiram ao VHS e todo mundo acabou seguindo. Não preciso nem dizer quem começou a lançar DVD’s com força primeiro, não?

Adivinha só quem abraçou o Blu-ray em detrimento do HD-DVD há pouco tempo atrás? Quem estava acompanhando esse lado “marginalizado” já sabia quem ia ganhar vários meses antes dos melhores especialistas.

Alta-definição como padrão? É com eles mesmo. Pay-per-view? Eles estavam na frente (E atrás, de ladinho…). Distribuição digital? Ninguém sequer chega perto da pornografia em termos de avanço na área.

E eu só estou usando exemplos considerando UM tipo de prazer. A preguiça e a ganância por si só já garantem 90% da tecnologia atual. Tire isso das pessoas e viveremos num mundo atrasado e desmotivado.

Ainda acho que os compradores de bonecas sexuais motorizadas são pessoas estranhas, mas não vou deixar de agradecê-los quando tiverem motivado a indústria da robótica a crescer o suficiente para me garantir uma boneca que lava a louça e dá banho no Goiaba. (Precisa de um robô, ou mais, para dar conta do felino…)

Sexo ainda vai continuar sendo muito fácil de conseguir, mas se não fossem aqueles que mesmo assim tem preguiça de fingir que se importam com o que uma mulher fala e tomar pelo menos um banho por dia, não teríamos tantos avanços assim na área da comunicação via internet.

Tomara que venda muito! Eu não quero morrer antes de ver o mundo tomado por robôs! Se eles todos parecerem atrizes pornôs interpretando uma enfermeira ou uma professorinha, melhor ainda.

Para dizer que eu só posso ter merda na cabeça, para dizer que acho meu texto uma putaria, ou mesmo para dizer que os robôs já estão entre nós: somir@desfavor.com

Se você não sabe quem é esse, é novo(a) demais...

O texto de hoje era para ser um Flertando com o Desastre, mas não ficou tão ofensivo como eu queria. Errei.

Que seja:

Agradeço a todas as pessoas que gastaram seu tempo reclamando dos textos que eu escrevi aqui no desfavor. Adoraria poder responder todas as ofensas, questionamentos sobre minha sexualidade e desejos de morte horrível que recebo, mas sinto que uma resposta curta e debochada não seria digna de quem se preocupou com o que eu escrevi a ponto de me mandar um e-mail. Mas não se preocupem, eu ainda respondo todas, vocês merecem.

Vejam bem, eu não sou masoquista, mas adoro uma crítica. Muitas vezes dá para tirar alguma coisa produtiva, até mesmo de uma crítica destrutiva. Se alguém não gosta de uma opinião sua, imagina-se que tenha uma opinião contrária ou incompatível. Nada melhor do que um novo ponto-de-vista para se enxergar uma coisa nova.

Claro que alguns dos críticos ou críticas tem algumas dificuldades com lógica simples ou mesmo com exposição de idéias. Tem quem mande um e-mail gigante dizendo como não se importa com o que eu digo, tem quem tente demonstrar superioridade me desejando uma morte lenta e dolorosa, tem quem diga que por não mostrar meu rosto meus argumentos não fazem sentido…

De qualquer forma, obrigado por criticar.

Mas eu não recebo esses e-mails pela preocupação dos ofendidos com minha evolução pessoal. Eu recebo esses e-mails porque eu critiquei algo em primeiro lugar.

E pelo o que eu conheço do mundo, as pessoas odeiam ser criticadas. Não vou começar uma argumentação sobre a necessidade de se dizer tudo o que pensa, não tenho a menor simpatia por uma utopia sincericida.

O que me incomoda é essa baboseira da santidade da opinião alheia. As pessoas dizem coisas estúpidas, oras! Liberdade de expressão funciona na hora de dizer o que quer e PRINCIPALMENTE na capacidade de ouvir o que não quer. O direito de ter sua opinião não é o dever dos outros de concordar.

Nesse tempo de desfavor eu constatei o óbvio postagem (desagradável) atrás de postagem (desagradável): As pessoas gostam mesmo é de chutar cachorro morto. Se eu resolvo falar mal de algum grupo de pessoas cuja média de nosso público também não gosta, tudo corre bem nos comentários. A crítica é justa e razoável.

Se eu resolvo me arriscar um pouco mais e bater em algo com o qual os leitores se identificam, a crítica se torna um abuso contra a liberdade das pessoas de serem o que elas quiserem ser. A partir desse momento, eu sou intolerante. A crítica não é mais sobre um comportamento ou uma idéia, a crítica se torna pessoal. Como se eu conseguisse por um momento apontar meu dedo na cara de quem está lendo e tirá-la de uma espécie de zona de conforto. (Nada contra, acho o máximo irritar e incomodar quem lê o que eu escrevo. Aqueles e-mails são uma vitória para mim. Não é questão de ser importante, é questão de conseguir pegar na veia e encontrar o ponto fraco de uma pessoa que eu nunca vi na vida.)

A crítica, por mais generalista que seja, tem o poder de excluir um indivíduo de seu grupo de segurança. Enquanto os tiros estão pegando nos outros, viva a liberdade de expressão! Quando a coisa começa a sugerir que você vai ser o próximo, vira maldade e iNgnorância.

E a culpa disso é de uma falsa sensação de segurança, muito presente em pessoas limitadas intelectualmente (esse tipo de limitação pode muito bem ser um estado transitório). Segurança de que está fazendo e pensando as coisas da forma certa. Uma pessoa que tem muita dificuldade de entender o funcionamento do mundo que a cerca tende a achar algumas respostas simples para manter sua mente num estado de repouso constante.

Criticar os valores de pessoas assim leva a chiliques (hilários) monstruosos. É praticamente uma covardia… Mais ou menos como pisar num formigueiro. A pessoa leva anos para montar uma lógica que julga ideal para que um babaca (oi!) venha e pise em cima. Vai aqui uma dica valiosa: Duvide MUITO de alguma idéia que você tinha e acabou desmontada rapidamente por uma crítica. Tem algo de errado aí. Você pode brigar e defendê-la com todas suas forças até conseguir “refazer o formigueiro”, mas no final das contas, ela vai continuar frágil contra as intempéries de uma vida onde se convive com outros seres humanos.

Eu costumo dizer, nesses meus momentos de escritor de frase de boléia de caminhão, que inteligência depende de estar errado. Construir idéias que te agradem e reforcem sua própria noção de superioridade é uma das coisas mais fáceis que existem. Complicado MESMO é perceber os erros nelas. E é só enxergando esses erros que sua mente realmente avança para algum lugar.

A crítica é uma forma de nos ajudarmos a não ficar estagnados com o que já pensamos. A crítica pode ser transformada em “construtiva” em qualquer situação. Não quer dizer que todas estejam corretas, as pessoas realmente falam muitas bobagens, mas quer dizer que existe uma oportunidade excelente de perceber o mundo por outra ótica. Quando a crítica acerta em alguma falha sua que foi negligenciada ou ignorada, chance de evoluir. Quando a crítica demonstra que sua idéia original é válida, chance de firmá-la com exemplos práticos.

É o poder de vários cérebros focados no mesmo assunto. Basta usar os recursos ao seu favor.

Quando eu digo que as reclamações semi-analfabetas e incoerentes que recebo são muito bem vindas, estou falando a mais pura verdade. É “poder de processamento” que eu uso com todo o prazer. Acertar a zona de conforto de uma pessoa que se identifica com algo que eu critiquei demonstra que tem sim lógica o que eu escrevi.

Mas não são apenas antas raivosas que criticam. Já li em e-mails e comentários várias discussões excelentes sobre os assuntos tratados. Tem gente, aqui no blog mesmo, que já me acertou NA VEIA com uma crítica debochada sobre uma postagem que fiz. Era exatamente o que estava errado com o meu texto e postura ao discorrer sobre a idéia em questão. (Nem fodendo que eu digo qual, ainda sou um egocêntrico orgulhoso, apesar de tudo…)

A partir daquele momento, eu percebi e corrigi o erro. Posso dizer que nunca mais recebi uma reclamação esse ponto. (Algumas da Sally, mas ela já reclama de mim por esporte a essa altura do campeonato. Difícil definir se ela percebeu também.)

O que eu quero dizer é que não existe esse porto seguro ideológico que muitas vezes me acusam de conturbar de forma preconceituosa. Estar errado é parte integrante do processo de pensar. O mundo é assustadoramente mais relativo do que gostamos de imaginar.

Até por isso eu defendo a importância de fundamentar PELO MENOS a sequência lógica que te faz ter alguma opinião. Você já tentou explicar para si mesmo algo que julga difícil fazer outras pessoas entenderem? Faz toda a diferença. Se nem você entende, a chance de outra pessoa entender é minúscula.

Quem baseia suas idéias, opiniões e atitudes de forma sólida e racional ganha de presente a capacidade de filtrar e aproveitar informações externas, seja qual for a natureza delas. Críticas construtivas e destrutivas são conceitos que dependem muito mais de quem as recebe do que quem as faz.

Embora sejam pessoas limitadas que tendam a fazer o maior carnaval quando criticadas, a idéia de zona de conforto ideológica não é exclusividade de quem é incapaz de pensar no assunto. Muitas vezes é a simples frustração de não conseguir fazer outra pessoa entender o que se está falando. Quem perde a cabeça numa situação dessas acaba ficando vulnerável às críticas mesmo sendo totalmente capaz de lidar com elas.

É muito útil para o mundo que pessoas chatas reclamem e exagerem sobre pequenos problemas que enxergam em outras pessoas e grupos. Nem sempre faz sentido ou tem objetivo, mas é sempre aproveitável.

Obviamente existe toda uma necessidade de tato e empatia para saber como criticar algo ou alguém na vida real. Novamente: Não é ser sincericida. Mas uma habilidade bem desenvolvida de saber falar mal de alguma coisa, assim como a capacidade de aceitar que alguém desaprove algo que você julga certo, se mostram excelentes formas de não ficar acomodado com o que você é e pensa.

Sua opinião não é sagrada. Nem mesmo a minha, muito melhor, é.
Se é que vocês me entendem.

Para dizer que tudo o que eu escrevo é excelente, para me elogiar pelo belo texto ou mesmo para dizer que me acha um gênio: somir@desfavor.com