Tag: hiper-realidade

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Simulacros e Simulações.

De repente você acorda e sente que as coisas do seu quarto mudaram ligeiramente de lugar. No início é apenas uma desconfiança, mas logo seu cérebro aciona um alarme de pânico ao perceber que os cômodos da casa também mudaram. Tentando entender o que está acontecendo, você vai ao banheiro e lava o rosto. A água corrente te faz sentir vontade de usar a privada, mas uma força superior parece te manter imóvel no lugar, por mais que você tente se mexer. Um estranho barulho de clique ao longe te liberta da imobilização e finalmente você pode fazer suas necessidades básicas. Outro clique e toda a realidade ao seu redor segue em um estranho cotidiano que corre alheio à sua própria vontade. Ao final do dia, você sente que sua vida não faz sentido, que tudo está passando depressa demais e que você se sente impotente diante dessa força superior que parece controlar sua vida independente do que você faça. Então você dorme um sono sem sonhos. Em outro lugar, em outro tempo, em outro universo, um jovem em uma tela de computador fica a observar o personagem de uma simulação dormir seu sono sem sonhos. Parece roteiro de filme ou série, mas é exatamente esse tipo de interação que foi escrita por Jean Baudrillard em seu livro Simulacros e Simulações, publicado em 1981. Para entender melhor a substância da filosofia deixada pelo filósofo, antes é necessário ter um pequeno embasamento sobre semiótica.

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