O dilema do trem.

Esse é famoso, mas não custa repetir: você se encontra às margens de um trilho onde um trem desgovernado vai atropelar cinco pessoas amarradas aos trilhos. À sua frente, uma alavanca que muda o trem de direção e o coloca em outro trilho onde uma pessoa está amarrada. É impossível desamarrar as cinco pessoas a tempo.

Tema de hoje: Você puxa a alavanca?

SOMIR

Sim. Poucas coisas são mais básicas e confiáveis que a matemática. Um é menos do que cinco. Se uma ação reduz a quantidade de vítimas de um acidente inescapável, essa é a ação mais lógica. Claro, lógica a partir de um conjunto de ideias e conceitos resultantes da evolução humana em estruturas sociais como as que temos. Não puxar a alavanca é renegar tudo o que nos trouxe até aqui. E por mais que misantropia possa ser “charmosa” para alguns públicos, não deixa de ser um tiro no pé.

Até um animal irracional é capaz de entender o conceito de quantidade, não com o refinamento da mente humana, mas com certeza a gazela vai tentar correr para o lado onde enxerga menos leões… a matemática das quantidades vai tão fundo que mesmo elementos inanimados reagem às concentrações diferentes no ambiente. É natural fazer escolhas dessa ordem, até por isso a tendência é que eu tenha o maior suporte médio na minha escolha em qualquer grupo quantificável de seres humanos.

Puxar a alavanca faz mais parte da ordem natural das coisas que não puxar. Os detratores desse ponto de vista normalmente acreditam que estão isentos de culpa se não interferirem na situação, o que passa longe de ser a verdade: a decisão consciente de não puxar a alavanca viola a lógica matemática do universo. É muito mais racionalizada (porque “racional” é uma palavra forte para ela – mais sobre isso depois) porque presume a compreensão da evidência da possibilidade de redução de danos e mesmo assim exerce uma força no sentido contrário.

Quem não puxa a alavanca toma uma decisão fria e calculista de matar cinco pessoas ao invés de uma. Quem puxa toma a decisão (menos fria e calculista, admito) de salvar cinco pessoas. Matar as cinco pessoas é subverter a idéia de manutenção da espécie e se colocar conscientemente fora do processo evolutivo. Usar essa mentalidade para desenvolver tecnologias que afastam o ser humano da evolução orgânica é uma coisa, usá-la para decidir a extinção da vida de membros da sua espécie beira à psicopatia. Uma perigosa alienação de propósito.

A inação não é o método natural do universo. Até porque o objetivo final da entropia é eliminar a própria existência de informação e significado. A realidade só existe através da ação. Acabou a ação, acabou o universo! Puxar a alavanca é fazer parte do movimento contínuo da existência, não tem nada a ver com ego ou desejos de poder. Um animal social tende a proteger seus iguais. E como somos capazes de compreender a ação e suas implicações, puxar a alavanca é só mais um exemplo desse comportamento.

E para ser sincero, eu entendo como uma pessoa pode chegar na conclusão contrária. Não me é alienígena e incompreensível, não estou diante de uma visão muito mais complexa das coisas: é só uma pessoa gastando muita energia cerebral para chegar a uma conclusão errônea. O ponto de vista da Sally pode parecer mais filosófico e profundo, mas ainda sim seu argumento é uma baranga com belas roupas. Se a base está podre, não adianta enfeitar.

Não puxar a alavanca é uma intervenção consciente com piores resultados matemáticos. “Você quer ganhar um centavo ou mil reais?”. A pessoa pode dar argumentos lindos sobre humildade para defender a escolha do centavo, mas continua sendo uma decisão com mais cara de surto emocional do que lógica. A partir do momento em que você se encontra diante da alavanca e tem a possibilidade de alterar o resultado da cena, tudo o que você fizer é intervenção. E se já interveio, qual o melhor resultado que você pode alcançar? Matar uma pessoa ao invés de matar cinco.

Sei que pode ser meio óbvio, mas não custa explicar: as seis pessoas amarradas ao trilho são completas estranhas para você e não há forma simples de identificar medidas alternativas de importância. Pelo menos não antes do trem matar alguém. É muito comum usarem argumentos emocionais e colocarem pessoas conhecidas e queridas no lugar do um que morre se a alavanca for puxada, mas isso é modificar o dilema. E mesmo que quem te faça essa proposição sentimentalista não perceba como está simplesmente inventando outra questão (o que é um tipo de falácia), ainda está apelando para uma decisão emocional por não ter argumentos sólidos (também uma falácia).

Se fossem cinco estranhos num trilho e a Sally em outro, eu não puxaria a alavanca, por exemplo. Mas espero que vocês percebam que toda a estrutura do problema mudou radicalmente. É outra pergunta! O dilema SÓ funciona se todos forem estranhos e indiferenciáveis.

Mais uma coisa: e se eu tivesse que empurrar um estranho no trilho para salvar cinco pessoas? Bom, aí eu não empurraria. Isso seria impor um sacrifício para outra pessoa que eu também poderia fazer. No dilema do trem original, eu não posso tomar o lugar da pessoa solitária no trilho nem se quisesse, pois se puxar a alavanca não sobra tempo para soltá-la. E se não puxar, o trem me mataria e mais as cinco pessoas (pior resultado matemático possível!). Não estou dizendo que eu me mataria para salvar estranhos, só estou dizendo que eu não faria a escolha de sacrificar outra pessoa se eu também posso me sacrificar. Se a pessoa quiser pular na frente do trem, ela pula. Não seria ético, e seria assassinato descarado (acho que nem a lei me salvaria).

E assim como a mentira exige mais do cérebro que a verdade, não puxar a alavanca te força a renegar a ordem do universo e da própria existência racional e social da humanidade para conseguir tal resultado. O esforço é maior e o resultado é pior… ONDE que isso faz sentido?

Adoro ser do contra, mas prefiro ir onde a lógica aponta.

Para dizer que eu só poderia ter admitido ser conformista e economizado vários parágrafos, para dizer que tentaria achar um jeito de matar todos, ou mesmo para dizer que não é um dilema à toa: somir@desfavor.com

SALLY

Hoje vamos usar um clássico: o “dilema do trem”. São escolhas trágicas motivadas por um trem desgovernado que fatalmente vai matar pessoas. A versão que escolhemos para a coluna de hoje é a seguinte: um trem desgovernado vai atropelar cinco pessoas, mas você tem a chance de mudar a alavanca, trocar o trem de linha e fazer com que ele atropele apenas uma pessoa. E aí? Você mexe na alavanca?

Uma pesquisa realizada pela revista “Times” informou que 97% das pessoas mexeria na alavanca, então, sinto que hoje eu serei trucidada. Não importa, acho que eu não mexeria. O utilitarismo tem seu encanto e parece bastante racional matar uma pessoa para salvar cinco, desde que EU ou alguém que eu preze esteja dentro dessas cinco, pois o envolvimento emocional justificaria o ato. Sendo cinco desconhecidos, não.

Por mais que pareça lógico matar uma pessoa para salvar cinco, estamos diante de um argumento muito perigoso. Vamos majorar os números? Quem rouba um real rouba mil reais. Quem mata um para salvar cinco, mata um milhão para salvar cinco milhões. É com base nesse argumento que o ser humano cometeu genocídios diversas vezes na história. Estamos falando de pessoas inocentes que morrerão. Me causa um pouco de repulsa contar o valor da vida humana de forma numérica. O que você pensaria de um Chefe de Estado que, para salvar um grupo de pessoas, mata outro grupo inocente? Pois é.

Quem defende o utilitarismo tem uma pontinha de hipocrisia dentro de si. O utilitarismo prega que a melhor solução é aquela que deixa mais pessoas felizes e que gera menores danos. Daí eu te pergunto: sendo um trem desgovernado que poderia matar cinco pessoas se seguisse caminho, ou quatro se o caminho fosse modificado ou apenas uma, se você se jogasse na frente do trem, a melhor solução seria…? Se jogar na frente do trem ninguém quer. Utilitarismo no cu dos outros é refresco.

Mas tudo bem, não vamos exigir de uma pessoa que se mate em troca do bem estar coletivo. Outra variável mais light vai provar meu ponto: o trem desgovernado pode atropelar cinco pessoas se seguir o caminho, quatro se for desviado para outro trilho e apenas uma, se você empurrar um desconhecido que está na beira dos trilhos e vai frear o trem. Você empurra o desconhecido?

É puro utilitarismo, vai tirar uma vida para salvar cinco, assim como no nosso exemplo original. Eu não empurro o desconhecido na frente do trem, então, por uma questão de coerência, também não puxo a alavanca, já que no fim das contas, dá no mesmo. Para mim, a moral não está na consequência e sim no ato da minha escolha.

Se o trem atropelar aquelas cinco pessoas seguindo seu curso, a responsabilidade não está em mim. Um defeito, uma falha mecânica, um erro humano, um fatalismo. Não importa, não está em mim. Mas, se eu mexer na alavanca, a morte daquele um inocente será pelas minhas mãos. Não, obrigada. Toda vida humana é igualmente valiosa e eu não quero ser responsável pela morte de ninguém. Quem sou eu para escolher quem merece viver e quem merece morrer? Seria bem arrogante da minha parte.

É banalizar demais a complexidade humana presumir que os cinco que estão de um lado e o coitado que está do outro são idênticos e por isso cinco valem mais do que um. Não é de moedas que estamos falando, são vidas humanas. Podem ser cinco ignóbeis pagodeando e um brilhante cientista do outro lado. Nunca saberemos. Essa presunção de que para salvar cinco pode matar um não entra na minha cabeça. Matar um inocente nunca é uma opção. Nunca tem que ser, a menos que seja para sobreviver ou garantir a sobrevivência de alguém que me é querido.

Legalmente, se você puxasse a alavanca, provavelmente não seria condenado pelo crime de homicídio. A lei brasileira concorda com o utilitarismo: melhor morrer um do que morrerem cinco. A lei é pensada para a sobrevivência social, quanto menos gente morrer, melhor. Mas eu, como pessoa, não tomo minhas decisões pensando na sobrevivência social, vide minha falta de filhos. Eu tenho meus valores próprios, pessoais, construídos a partir da minha experiência e da minha ética. Eu sou melhor e mais complexa do que esse pensamento 5 > 1.

Tem mais coisa em jogo do que os 5 x 1, dentre elas a clara noção de que eu não tenho o direito de decidir quem vai viver e quem vai morrer, sobretudo usando um critério tão banal como o numérico. Acredito que as pessoas abracem o critério numérico com muito alívio para se autoperdoar por ele ser absoluto: ninguém contesta que cinco é mais do que um. Critérios concretos, absolutos, trazem um conforto enorme. Mas parecem esquecer que ele é medíocre demais para basear uma resposta importante como essa. Repito: você mataria um milhão de inocentes para salvar cinco milhões? Tiranos de todas as épocas se escoraram nesse argumento para promover verdadeiras carnificinas.

Meu ponto de vista: a morte de um único inocente é inaceitável. Não pactuo com isso, não relativizo. A morte de um inocente não passa a ser aceitável só porque outros cinco inocentes morrerão. São todas inaceitáveis e eu não vou corroborar para nenhuma delas. A morte de um inocente não é uma opção, e muito me admira pessoas que conseguem flexibilizar esse pensamento. É uma porta que nunca deveria ser aberta.

Se você puxa a alavanca e mata um inocente, mas não empurra o inocente diretamente no trilho, desculpa, mas você é um hipócrita. O ato de empurrar uma pessoa que vai ser morta na nossa frente nos faz visualizar concretamente o que estamos fazendo: tirando a vida de um inocente. E quando isso acontece, quando saímos do plano da abstração, quando visualizamos, recuamos e não fazemos.

Pois bem, eu não preciso de sangue, tripas e ver um corpo dilacerado para visualizar que matar um inocente é errado, por mais trágica que pareça a escolha. Hoje, eu não faria. Em outros tempos sim, inclusive empurraria também, com convicção. Hoje não mais. Deve ser isso que chamam de amadurecimento, ou então estou ficando frouxa com a idade, coisa que também costuma acontecer.

É hora do ser humano aprender a se solidarizar mesmo na abstração. Você chora e paga um almoço para uma pessoa que está na rua passando fome, mas não sente o mesmo pesar e angústia por milhões de crianças no mundo que estão passando fome, pelo simples fato delas não estarem diante dos seus olhos. Tá errado. Mesmo sendo um mecanismo necessário para sobreviver sem enlouquecer, não percam a noção: está errado.

Até onde você vai para salvar vidas inocentes? Eu não topo tudo para salvar vidas inocentes. Eu não torturaria uma pessoa. Eu não mataria uma pessoa. Eu acredito que exista uma linha que não deve ser cruzada, ainda que isso custe a vida de algumas pessoas inocentes. Joguem pedras, hoje entrei para perder.

Para concordar comigo só para sair da massa dos 97% e bancar o elitista intelectual, para sacanear o Somir por ele pensar como o povão ou ainda para reclamar do tema escolhido: sally@desfavor.com

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Comments (29)

  • Eu salvaria as 5 pessoas a conta é facil de fazer mesmo que seja duro encarar os fatos eu salvaria mais pessoas ah nao ser q a unica pessoa fosse alguem importante pra mim, pq eu não sou altruista o suficiente pra isso , jamais me perdoaria por isso então a unica chance dessa unica pessoa ser salva e se ela fosse importante pra mim se não sinto muito ela morreria.

  • Justamente porque dá essa brecha para “deus”, “o acaso”, “destino” e “sorte” que eu assumo total responsabilidade e mudo o trem para pegar uma pessoa só. É uma decisão fácil? De jeito nenhum. Minha consciência me atormentaria nas duas possibilidades, porém, eu conseguiria me perdoar (ou me enganar?) mais racionalizando que poupei mais vidas da morte.

  • Estou com a Sally. Minha professora fez estas perguntas e respondi que não puxaria a alavanca e nem empurraria o homem e justifiquei que não assumiria a responsabilidade do ato por não ter o direito de decidir quem deve viver ou quem deve morrer. Ela me perguntou “E se entre as cinco pessoas estivesse minha filha”?. Mesmo assim permaneci na minha decisão.
    Depois fiquei pensando, “E se outra pessoa da situação fosse filho ou mãe da professora ou parente daqueles que acharam um absurdo a minha decisão de não intervir naquela situação, estariam de acordo em eu preservar meus interesses e sacrificar o deles ?

    • Se fosse filha da professora, um sonoro “foda-se”. Mas se fosse alguém que você aprecia, aí sim eu acho que muda o ponto de vista, pois você passa a ter motivos para intervir, motivos pessoais. Quer argumento de merda que sua professora usou, hein?

  • Que é isso, Sally? Que é isso? Pra nao matar um inocente, você acaba matando cinco! Ah, quem matou foi o trem, ora…Sim, claro. Mas nosso futuro é construido atraves de nossas escolhas. Você teve a oportunidade de escolher salvar cinco vidas, mas se acomodou na baixa de seis, so para nao matar um.
    Achei sua analogia percentual inadequada. Nao se trata de milhoes, mas de um ou cinco. Na hora de ver meu semelhante a beira da morte, nao vou ficar pensando “e se fossem milhoes.” Entao eu vou viajar um pouco tambem: e se voce pudesse se dividir e estivesse entre as seis? O que voce faria? Se suicidaria? Assim como é impossivel se dividir, impossivel é transformar seis em um milhao. O multiplicador de peixinhos ja morreu a muito tempo.

    Nao tenho como concordar com você. Sua teoria me assustou!

    • Resposta terrível, mostra que você não está preparado para escolhas trágicas. Gente assim acaba matando todo mundo na tentativa de salvar todo mundo. Quem tudo quer, tudo perde. Reveja isso aí, na vida é preciso saber perder.

  • “Toda vida humana é igualmente valiosa e eu não quero ser responsável pela morte de ninguém.”

    … sério?

  • Na teoria acho que o argumento de empurrar um vale para o oposto: escolher não puxar é o mesmo que empurrar cinco.

    Na pratica eu ficaria fazendo contas, puxando e voltando a alavanca, ela se quebraria na minha mão, o trem descarrilaria e mataria os seis (ou algo assim).

  • Cinco pessoas abstratas contra uma pessoa abstrata: puxaria. Se fossem pessoas de verdade, dependeria da idade e da proximidade afetiva a mim. Daria preferência a matar velhos, se fossem opções a crianças, para dar aos mais novos a oportunidade de viver. Quanto ao papo de não ser Deus: Ele, se existir, já optou pela morte de todos nós, então ser Deus significaria matar os seis. Talvez Deus faça isso por ter algo à disposição que seja melhor do que a vida. Talvez ele não ligue… ou nem exista. Aí vai da imaginação de cada um. Dilemas psicopatas, respostas psicopatas, sem mimimi sentimental.

  • Estou com o Somir nessa. Salvaria as 5 pessoas. Podem me achar ignorante, mas se são todos desconhecidos, meu único critério seria a matemática: quanto menos mortes melhor.

  • Nessas análises percebi que não foi muito levado em conta o fator emocional do indivíduo em frente à alavanca; claro, isso ia baralhar as contas de um modo completamente imprevisível. Mas há que pensar que, em uma situação dessas, o indivíduo provavelmente teria poucos segundos para tomar uma decisão; se parasse para pensar nas variáveis, o trem já teria atropelado os cinco há muito tempo.

    Quanto à lógica dos tiranos de “matarem um milhão para salvarem cinco milhões”, já o nosso velho querido Stalin dizia: “A morte de uma pessoa é uma tragédia; a morte de milhões é uma estatística”.
    Relacionado a isso, não sei se já leram sobre o Número de Dunbar, também conhecido como Macacosfera. É um conceito interessante e acredito que explica muito sobre esse aspecto da natureza humana.
    Tem aqui links interessantes sobre o assunto. (in English)
    http://en.wikipedia.org/wiki/Dunbar%27s_number
    http://www.cracked.com/article_14990_what-monkeysphere.html

  • Estou com a Sally, isso de deixar/viver morrer é um tanto quanto perigoso. Em bioética não se pode, por exemplo, usar cobaias humanas expostas a riscos, e acontece muito, ainda que seja para encontrar a cura de uma pandemia . Seria coisificar a vida humana. Se acreditam em Deus, jogue o dilema do trem a Ele, uai.

  • Não fazer nada pra minimizar = comodismo, deixar nas mãos de deus. Posso até fazer merda tentando acertar, mas nunca deixo o barco correr sem ao menos uma tentativa.

    • Não é comodismo, é uma escolha bem pensada. Muita burrice achar que atos necessariamente implicam em uma ação. E, por favor, não fale em Deus na casa de ateus…

  • Bruna K. de Souza

    “Se o trem atropelar aquelas cinco pessoas seguindo seu curso, a responsabilidade não está em mim. Um defeito, uma falha mecânica, um erro humano, um fatalismo. Não importa, não está em mim. Mas, se eu mexer na alavanca, a morte daquele um inocente será pelas minhas mãos. Não, obrigada. Toda vida humana é igualmente valiosa e eu não quero ser responsável pela morte de ninguém. Quem sou eu para escolher quem merece viver e quem merece morrer? Seria bem arrogante da minha parte.”

    Esse é o argumento que eu sempre uso.

  • eu deixaria matar os 5 e ainda mudava a alavanca para o próximo trem matar o que restou…. os seres humanos merecem morrer…. menos minha família, minha família é legal… meus amigos tambem sao legais…. e as familias dos meus amigos…..

    • chucky chester – o frango assassino
      mas oa seus leitores também são legais! e se fossemos nós? por que não faz como Dexter, pesquise antes de matar, ok?

  • Não puxaria.

    Primeiro, porque eu não empurraria uma pessoa desconhecida para salvar 5 mil desconhecidos. Não torturaria uma pessoa desconhecida para salvar 5 mil desconhecidos. E não me jogaria na frente do trem para salvar 5 milhões de desconhecidos (desculpem, mas não tenho vocação pra mártir ou heroína.)

    Qual a diferença entre empurrar com as próprias mãos ou puxar a alavanca com as próprias mãos? Qual a diferença entre usar uma máquina para empurrar o trem para cima de uma pessoa ou usar a minha mão para empurrar uma pessoa na frente do trem? Qual a diferença entre apertar um botão que faça uma máquina, bem longe de mim, torturar uma pessoa para evitar que cinco pessoas sejam torturadas, ou, sem a ajuda da máquina, eu mesma torturar uma pessoa pra evitar que 5 sejam torturadas?

    Não mataria um milhão de inocentes para salvar cinco milhões. Não tenho como dizer, com certeza absoluta, que 5, por ser maior que 1, é melhor que 1 e, portanto, merece sobreviver.

    Mas também jamais me livraria do peso da morte dos 5. Sempre carregaria, como uma sombra, as consequências da decisão tomada. Simplesmente porque ela pode estar errada. Não existe isenção. A minha escolha é fruto da minha moral, das minhas crenças, dos meus limites, da minha interpretação do que vejo, percebo e ouço.

    A escolha de Sofia é tragédia anunciada. Mas eu escolho não puxar a alavanca.

  • Antes de ler o texto respondi como o povão, mas a Sally é destruidora e me fez sentir um puta vergonha de ter ido tão “rasamente” numa questão que envolve vidas.

  • Sally, você pensou que pode não dar tempo de desamarrar as cinco pessoas, mas pode dar tempo de desamarrar uma delas… E ai, com sorte pode dar para se salvar todas.

  • Não puxaria por um motivo adicional: vai que a alavanca não funcione propriamente (ou mesmo que funcionasse) e, nisso, o trem desgovernado acabe descarrilhando, matando mais gente e destruindo todas as evidências que te exonerariam, e você, sem essas evidências, tendo que se explicar depois.

  • Eu concordo com a Sally, eu não puxaria a alavanca. Eu não mataria ninguém, em nenhuma situação, nem em legítima defesa, nem pra salvar alguém que amo.

  • Parece pergunta de dinâmica de emprego. Eu sou os 97%. Não daria pra soltar os 5 em tempo, se fosse 1 talvez desse e mesmo se não der, vai ser 1 família a sofrer e não 5. Sim, eu pago almoço pra um necessitado que me pede porque está ao meu alcance, já milhões de pessoas que passam fome eu não posso.

  • Por tudo que leio e acredito relativo à vida e etc. Não puxaria a alavanca. É o curso natural das coisas e eu não sou ninguém para decidir quem deve, ou não morrer. Se Deus existe, ele já escolheu.

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