Desfavor Explica: Consumo de energia.

ATENÇÃO: ESTE TEXTO É MAIS CARREGADO DO QUE PARECE
Eu já estava de saco cheio de ver meu querido blog abarrotado de discussões de celebridades (e o Pilha) e discussões sobre assuntos “do momento”. Está na hora de trazer um pouco de nerdice de volta pra cá! E já que o horário de verão começou há pouco tempo, vamos falar um pouco de consumo de energia.

O assunto em questão é muito mais amplo do que pode parecer a partir do título. Vamos partir da própria fundação da matéria até a conquista do Universo pelo homem. Partamos então de uma premissa básica: Evolução nada mais é do que gastar mais energia. E antes que biólogos tenham ataques, esclareço que estou falando de uma visão generalista das coisas.

O consumo de energia é um assunto que vem consistentemente ganhando mais espaço no dia-a-dia das pessoas. E sempre surge na forma de apelos de eco-chatos e cia. dizendo que gastamos energia demais. Por mais que me doa dizer isso, nesse ponto eles estão certos. Gastamos mesmo muito mais energia do que o necessário na nossa vida. O nosso modelo de consumo está fadado a desabar por culpa do próprio peso.

Mas como eco-chato quando não caga na entrada, caga na saída, a solução deles quase sempre passa por deixar de usar o que consome essa energia. Se você acha isso uma eco-chatice e se recusa a tomar medidas que apóiem essa redução de consumo geral, saiba que você tem todo o universo ao seu favor: Gastar menos energia é andar para trás. Captar e aproveitar mais energia é a fórmula de sucesso para nossos problemas.

E=MC²

Matéria é energia. Energia é matéria. Não é papo de hippie não: Você é pura energia. A diferença entre você e a energia que faz o seu computador funcionar é apenas uma questão de vibração das partículas que as formam.

Eu odeio citações, mas aqui vai uma: “No universo nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.” – Lei de Lavoisier

Não sei se você, leitor ou leitora, entende a importância disso, mas aqui vai: Você estava no Big Bang. Sim, toda a energia que forma o seu corpo agora estava comprimida num espaço inimaginavelmente pequeno há mais de 13 bilhões de anos. E tem gente se achando velha ao chegar nos 30…

Matéria é energia, e energia é sempre a mesma. E eu não estou tentando derrubar a segunda lei da termodinâmica. A energia é sempre a mesma, mas não vai poder ser aproveitada para sempre. A matéria/energia tende à entropia. De uma forma bem simplificada: Isso quer dizer que a matéria/energia serve durante uma parte definida da sua “vida”. Mais ou menos como os pintos antes do Viagra. (Ei, se não tem analogias malucas, não é Desfavor Explica!)

Toda essa nerdice tem o objetivo de te assegurar que querer consumir mais e mais energia é algo que está intimamente ligado com existir. Sair da “faixa aproveitável” é um processo sem volta (por si só). Precisamos de energia extra constantemente para não deixar isso acontecer.

É por isso que você se alimenta. É por isso que você tende a evitar o frio. É por isso que você se cansa depois de uma atividade física ou mental. Adquirir e aproveitar bem a energia que você utiliza é o sentido da existência. Uma briga contra a entropia que estamos fadados a perder.

(Entropia = Toda a matéria tende a se igualar. Imagine que a matéria/energia é uma bola quicando. Se ninguém mexer nela, invariavelmente ela vai parar de quicar e ficar quietinha no chão.)

Mas não fique depressivo. Mesmo considerando que matéria/energia conta como irrisórios 4% da constituição do universo, a chance de seres vivos observarem o fim da energia aproveitável no universo é tão grande quanto a chance do Belo fazer uma música de qualidade!

Com certeza você já vai estar morto! É muita energia, muita MESMO. Reconfortante, não?

HOMENS E MACACOS

Existem ótimas teorias que mencionam que a entropia foi a responsável pelo começo da vida. Mais ou menos como se fosse INEVITÁVEL que a vida começasse com as condições que tínhamos na Terra. Somos energia, lembram?

Mas esse não é o objetivo deste texto. Estamos falando sobre consumo de energia… E como isso faz diferença na evolução das espécies. Somos o resultado de espécies que conseguiram achar e aproveitar melhor as fontes de energia presentes na Terra.

E aqui, a grande sacada: Não basta ter uma fonte de energia na escala certa para evoluir, tem que ter à sua disposição uma fonte de energia maior do que a necessidade, para que a necessidade aumente até FALTAR energia e a espécie em questão precise procurar novas e mais poderosas fontes. Esse exagero de consumo faz TODA a diferença entre homens e macacos.

Como o parágrafo anterior foi um exagero de informação, vamos com mais calma agora. Eu estou dizendo que gastar mais energia significa ser mais evoluído. Mas alguns de vocês devem estar pensando em animais que consomem uma quantidade muito maior de energia para sobreviver do que os humanos e nunca construíram um foguete que os levasse à Lua.

Por isso a importância de ter MAIS energia à disposição do que o necessário. Uma baleia precisa de uma quantidade avassaladora de energia para sobreviver, mas é justamente isso o que ela tem: O necessário para sobreviver. Para quem não sabe, uma baleia pode passar meses sem se alimentar quando tem que dar a luz ao seu filhote. Uma baleia não fica mais gorda com o tempo. Ela consome e gasta no LIMITE de sua sobrevivência.

Outros animais também sofrem desse problema de não ter mais energia do que o estritamente necessário para sobreviver. Quando o orçamento é apertado, não dá para ficar gastando com bobagem. Animais irracionais gastam toda sua energia para gerar mais energia, um círculo vicioso do qual o ser humano se livrou há muito tempo atrás.

É difícil apontar exatamente qual o ponto onde nossos antepassados conseguiram acumular tanta energia para nos darmos ao luxo do pensamento abstrato. Uma teoria que eu acho excelente é a de que começar a cozinhar os alimentos fez a diferença. Alimentos cozidos (principalmente carne) economizam energia na mastigação, aumentam o aproveitamento da energia proveniente do alimento e ainda incentivam a interação social (fogueira).

A partir do momento em que se consome mais energia e se desperdiça menos fazendo o mesmo trabalho, sobra um extra que pode e vai ser aproveitado. Energia extra = Novas possibilidades.

Inclusive a de aperfeiçoar um órgão que hoje em dia consome 20% de toda a energia que geramos. O cérebro. O cérebro humano é um exagero capitalista… Nenhum outro ser vivo gasta sequer perto disso.

(Alguns de vocês devem gastar menos… Mas na média…)

Quanto mais energia disponível com menos trabalho envolvido, mais tempo livre, mas espaço para a “oficina do Diabo”. Começamos a gastar mais energia com essas novas possibilidades, e apenas o trabalho braçal já não dava mais conta de “energizar” nossas idéias.

A ESCALA DE KARDASHEV

Precisávamos de mais energia. Encontramos soluções na força animal, no fogo, na água, no vento… (Ok, ainda apelamos muito para mão-de-obra escrava.)

Cada vez que parecia que não haveria mais força para nos levar para frente, alguma mente brilhante mudava o rumo da humanidade mostrando novas formas de continuar exagerando nossas necessidades energéticas a níveis impensáveis antigamente.

Estávamos no nosso próprio caminho evolutivo. Os outros seres se matando para disputar quantidades limitadas enquanto nós melhorávamos nossa vida subindo o nível das nossas necessidades. A partir da revolução industrial o nosso consumo foi crescendo de forma exponencial, precisamos de TANTA energia hoje em dia que mesmo com a produção gigantesca que temos ainda corremos o risco de ficar no escuro nas próximas décadas.

It’s evolution, baby!

Mas não seja um chato (eco-chato) de vilanizar a necessidade de consumir mais e mais energia. O problema não é esse. Isso é que nos torna o que somos hoje.

Lembram que a energia é matéria? Lembram que matéria não some? Quando você gasta energia nada mais está fazendo do que empurrar a matéria em questão para o caminho da entropia. Isso quer dizer, na prática, que não se produz energia sem deixar detritos no caminho. (Poluição = Energia usada.)

A solução é gastar menos energia? Só se você quiser voltar para as cavernas, hippie!

Precisamos de MAIS energia, e de preferência uma que não deixe tantos detritos no caminho. Isso atrapalha o processo como um todo. Se não começarmos a aproveitar melhor a energia (eficiência e captação, não economia) não vamos nunca deixar de ser uma civilização de Tipo I!

Ah sim, a escala de Kardashev. Um astrônomo russo criou uma escala interessante para definir as próximas escalas de evolução de uma espécie inteligente. E adivinhem só: É baseada totalmente em quanta energia essa espécie consegue aproveitar. E os “pulos” entre um ponto e outro da escala são tão significativos quanto a diferença entre a sociedade humana e a sociedade dos chimpanzés, por exemplo.

Atualmente ainda nem chegamos no primeiro degrau dessa escala. O Tipo I. Uma civilização precisa utilizar toda a energia disponível de um planeta para ganhar essa nomeação. Usar no sentido de aproveitar, e não no sentido de torrar tudo. Só com a energia disponível na Terra, não podemos aproveitar os vastos recursos do Sistema Solar. (E isso vai ser importante, vários elementos importantes para a indústria atual estão ACABANDO.)

O Tipo II parece um pequeno avanço, mas passa longe disso. Uma civilização que alcança este nível consegue utilizar toda a energia de uma estrela. Enquanto o Sol não for uma espécie de usina nuclear da humanidade, muitos dos nossos avanços previstos simplesmente não vão ser possíveis. O gasto de energia para nossos “sonhos” cresce numa escala monstruosa. Outro dia desses eu falo sobre a colonização de outros planetas do Sistema Solar.

Chegando no Tipo III, bobagens como a morte e música popular já vão ser um passado distante. Mas o problema é que para isso precisaríamos usar a energia disponível da nossa galáxia. Como já estaremos viajando entre estrelas, a chance de dar de cara com outras civilizações é bem grande. (Se extraterrestres que visitam a Terra realmente existirem, no mínimo já estão se aproximando dessa escala. O que quer dizer que para eles nós seríamos tão fascinantes quanto formigas.)

Até tem o Tipo IV, mas esse apareceu depois e é mais ficção do que previsão. Essa civilização usaria a energia do universo todo para seus propósitos. Esse tipo não chegaria aqui num disco voador. Se quisessem trollar a gente, passariam facilmente pelo “deus” que muitos de vocês acreditam.

Gastar energia além do necessário é o que vai nos levar para as estrelas. Eficiência e abundância, não economia.

Para dizer que estava animado achando que eu não faria mais essas postagens, para dizer que se sente recarregado por saber que é energia, ou mesmo para me mandar enfiar o dedo numa tomada: somir@desfavor.com

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