Ele disse, ela disse: Totalmente popular.

Não queria usar de novo, mas é perfeita...

A RID (República Impopular do Desfavor) definiu seu regime de governo como Totalitarismo Populista. Na prática, isso quer dizer que o poder está totalmente concentrado nos governantes, mas que frequentemente este dará ouvidos aos desejos e anseios da população. Na prática também, esta foi a única forma de conciliar um poder formado por Sally (populista) e Somir (totalitário).

Agora, queremos passar a discussão aos impopulares para saber qual é a forma que mais lhes agrada, mas sem prometer nada…

Tema de hoje: Qual a melhor forma de conduzir a RID? Totalitarismo ou Populismo?

SOMIR

Totalitarismo. Por quê? Porque sim. Agora saiam do meu gabinete, descamisados…

*tocando o interfone*

“O quê? Argh… Ok, ok…”

Deveria ter desconfiado daquele drink, ela nunca me serve drinks… Ahem… Voltem! Aparentemente eu assinei um tratado que me obriga a explicar assuntos como esses. Muito embora eu acredite que enquanto eu não conseguir investir suficientemente em educação, estarei jogando pérolas aos porcos.

Em primeiro lugar, é importante dizer que no fundo da minha alma reside um anarquista por ideal. As pessoas deveriam ter capacidade de tomar todas suas decisões baseadas apenas no seu bom-senso e capacidade de compreensão do que é ser racional E social. Uma nação utópica não teria governo nem hierarquia de qualquer espécie.

Mas não posso me dar ao luxo de ignorar a realidade. A sociedade humana tende ao desequilíbrio, movida por conflitos de interesse. Não existe forma realista de dividir igualmente o poder entre todos, e mesmo se pudéssemos realizar tal proeza, a manutenção do equilíbrio se mostraria ainda mais complexa. Em pouco tempo, classes dominantes, guias “espirituais” e líderes com os mais diversos interesses próprios desequilibrariam a balança do poder.

Numa analogia que até vocês serão capazes de entender: Democracia é dar uma arma para cada cidadão. Ela deveria ser baseada no “equilíbrio da desconfiança”, mas sempre acaba como uma corrida armamentista. O Totalitarismo é desarmar toda a população e entregá-las a apenas uma pessoa. O cidadão não pode entregar o poder para pessoas indignas dele se não tiver poder para começo de conversa.

O líder totalitário deveria existir apenas para proteger o povo dele mesmo. Mas a aplicação histórica do modelo sempre foi estragada pela incapacidade desses líderes entenderem a real extensão de seus poderes. O ditador incompetente age como se ainda estivesse buscando vantagens pessoais ou para seu grupo mais próximo. É a necessidade de manter relações sentimentais de controle e aprovação que levam tais regimes ao seu fim, e não a concentração de poder de decisão.

Dividir as funções em especialistas foi uma das molas propulsoras da nossa transformação de macacos pelados em donos incontestáveis deste planeta. Faz sentido: Ninguém precisa saber e fazer tudo. O que eu argumento é que coloca-se uma carga desnecessária de responsabilidades nas costas do cidadão médio. Tem que garantir seu sustento, formar relações, buscar vantagens pessoais para si e seus próximos… e ainda por cima decidir o que é melhor para TODOS?

Sejamos realistas: As pessoas não tem tempo, capacidade ou paciência para isso. Reunir o poder nas mãos de uma pessoa garante que alguém focado vai fazer o serviço. Garante também que incontáveis desejos pessoais incoerentes e conflitantes não tornem impossível uma tomada de decisão. O problema do totalitarismo reside exclusivamente no líder.

O governo sempre falha por culpa de quem exerce o poder. Provar um ponto complexo para uma pessoa é exponencialmente mais simples do que fazer o mesmo com uma multidão. O mítico Déspota Esclarecido (mítico até a fundação da RID) é a melhor coisa que pode acontecer com uma nação, sendo capaz de tomar decisões racionais e essenciais sem a obrigação de lidar com a ignorância e desonestidade, probabilisticamente presentes em qualquer grupo numeroso de pessoas. Corruptibilidade está intimamente relacionada com a relatividade do poder. O que se oferece para quem tem todo o poder?

Sally quis adicionar o elemento do populismo no governo, convencida de que isso a ajudaria a manter esse poder totalitário. Não poderia estar mais enganada, pois esse é o começo do fim. Ilusão de poder gera um problema comum à democracia: A injustiça da maioria. Não me refiro à maioria de um povo, mas sim à maioria vocal. Democracias são baseadas em premiar quem reclama no volume mais alto. E não há nenhuma garantia que os anseios dos mais organizados e barulhentos sejam racionais ou essenciais para a coletividade. Frequentemente são pedidos egoístas e pouco desenvolvidos.

O populismo suborna quem chora mais e ignora quem se conforma. Duas coisas que se acumulam até estremecer o poder no primeiro tropeço do governo. Eu defendo o fim da ilusão de escolha entre os cidadãos, formando gerações de pessoas premiadas pela aceitação do poder vigente. Aqui na RID tem isenção fiscal total para centros de pesquisa científica e taxação de 100% sobre o faturamento (só lucro é para os fracos) de igrejas. Quem faz o que o governo quer se dá bem e ainda por cima garante a evolução generalizada da nação a curto, médio e longo prazo. Não precisa fingir que se importa, precisa se importar de verdade.

Se o líder precisa escutar um, precisa escutar todos. E é um caso de agulha no palheiro: As pessoas costumam defender ideias infantilóides como “paz mundial” e “mais amor”. Francamente, se é para dizer isso, não precisa ocupar o tempo do governo. Tendo a plena consciência que o líder não se importa com suas vontades pessoais, o povo se auto-regula para fazer reivindicações práticas. Jogar gás lacrimogênio numa multidão pedindo 200% de aumento de salário é mais didático do que qualquer reunião. Uma forma rápida de dizer: “Seu pedido é estúpido, irreal e egoísta, volta pra casa com os olhos do tamanho de um tomate para aprender a pensar antes de abrir a boca.”

Totalitarismo sem populismo é forçar o povo a MERECER atenção. Fornecer meios para que esse povo entenda como fazer por onde que é a obrigação do governo. O verdadeiro Déspota Esclarecido nem QUER aceitação e amor do povo, já que isso é caminho para a queda do poder e a queda do poder significa algo pior para o povo. Isso é não ser o herói que Gotham quer, é ser o herói que Gotham precisa.

E não adianta me chamar de nerd se você reconheceu a citação. Agora fora do meu gabinete!

SEGURANÇA!

SALLY

Vamos ser sinceros aqui. Isto não é, nunca foi e nunca será uma democracia. E que bom que não é, já pensou se gente que procura “José Mayer de Sunga” tivesse poder de escolha através de voto? Fato, a democracia está descartada, para o bem de todos. A minoria inteligente precisa ser protegida contra a maioria burra. Então, a pergunta que não quer calar: como se conduz uma nação sem democracia? Pelo amor ou pela dor. Somir lhes propõe a dor, eu proponho amor. Totalitarismo ou populismo? Populismo, claro!

O fato dos membros não terem o direito a decidir os princípios basilares da Nação não quer dizer que não possam decidir nada. Porque não fazer um afago, mostrar como o cidadão é importante para você? Pequenos gestos de carinho como acatar uma sugestão de tema ou responder a todos os comentários deixados tornam a falta de democracia mais palatável. Não é hipocrisia da minha parte, pois faço um esforço real para agradá-los (ou alguém aqui acha que eu tenho algum prazer, por exemplo, em ler Paulo Coelho? Me poupem). Acredito que ouvir o povo é um aprendizado, ainda que seja sobre o que não fazer.

Eu sei que às vezes as coisas que a gente fala aqui podem machucar e você pode pensar que não há qualquer intenção de afeto. Não vai ser fácil, você pode até achar estranho quando eu tentar explicar como eu me sinto, que eu preciso do amor de vocês mesmo depois de tudo que eu fiz. Mas é verdade, eu acho que é preciso manter um relacionamento próximo com cada cidadão da República Impopular do Desfavor e que esta ligação é benéfica para todos nós.

O fato de não existir democracia não quer dizer que não possamos estar próximos dos membros. Para ter poder não é necessário distanciamento. Muito pelo contrário, acredito que se não houver empatia e simpatia com os Líderes, a liderança não se sustenta por muito tempo. É por isso que eu defendo o populismo como forma harmônica e justa de conduzir uma nação sem democracia, ao menos há afeto e consideração. Garanto que haverá mais consideração aqui do que em muitas democracias de certos países, especialmente os da América Latrina.

Vejam o lado positivo: ao não ter o poder conferido pela democracia, não há também qualquer responsabilidade para o cidadão! A responsabilidade é toda nossa! Sem contar que é uma forma de protegê-los do voto de cérebro de caroço de uva da maior parte das pessoas do mundo. Aqui, ao contrário do que ocorre em outros países, a burrice alheia não pode te prejudicar. Portanto, a falta de democracia não é reflexo de uma tirania e sim de proteção com o cidadão da República Independente do Desfavor. Dentro deste raciocínio, não faria o menor sentido excluí-los e ignorá-los. Só porque não há voto, não quer dizer que não deve haver voz ativa.

Muita pretensão da Madame Liderança aqui de cima achar que é fodástico o suficiente para promover tudo aquilo que cada cidadão precisa. Como saber as necessidades contextualizadas de cada cidadão? Impossível! Elas precisam ser ouvidas e levadas em conta para a criação de uma nação coesa, motivada e representativa. Quem precisa de voto quando se tem acesso direito aos Líderes e estes se propõe a considerar as necessidades e anseios do cidadão? Ora, se ignorarmos a voz do cidadão, isto se torna uma ditadura ordinária e ultrapassada, não haveria proveito nem para o cidadão, nem para os Líderes nem para a nação.

Não se trata de caudilhismo, de seduzir o povo para obter votos. Observem que nós já temos o poder, não precisamos disso. Também não se trata de uma questão financeira onde se busca o maior número de leitores possível para majorar eventual patrocínio, nossa Constituição proíbe terminantemente esse tipo de vinculação financeira. Isso mesmo. Quanto à fortuna ou à fama, eu nunca os desejei, embora parecesse que eram tudo que eu queria. São ilusões, não são as soluções que prometeram ser. A resposta estava aqui o tempo todo. Eu os amo e espero que vocês me amem.

Se trata de consideração, de afeto. Todos são livres para deixar, em caráter temporário ou definitivo a República Impopular do Desfavor no momento em que desejarem. Para que fiquem, é necessário que se sintam bem aqui, e, para que se sintam bem, acredito ser indispensável que sejam ouvidos.

Até mesmo o desejo de seus cães é, em algum momento, levado em consideração por seus donos. Porque não levar os desejos do nosso cidadão em conta? Parto do princípio que uma pessoa que ingressa voluntariamente aqui e é capaz de ler tantas linhas diariamente tem inteligência e capacidade suficiente para merecer uma voz ativa. A República Impopular do Desfavor, é, por si só, um grande filtro para excluir burrice (admitimos que no quesito loucura, não há tanto controle). Por isso eu creio que o cidadão que aqui se encontra, por livre e espontânea vontade, deve ter presunção relativa de inteligência e merece ser ouvido.

A Madame Liderança aqui de cima parece achar que construiu este império sozinho. Talvez ele não se lembre das valiosas sugestões a auxílio de diversos cidadãos da República Impopular do Desfavor. Mas eu me lembro. Arrisco dizer que praticamente metade de todos os temas sobre os quais eu já tratei aqui vieram de sugestão de cidadãos, seja por comentários, seja por e-mail ou por qualquer outra forma. Sou grata e aprecio. A troca entre nós enriquece. Sou humana e sei que tenho muito a aprender com vocês também.

Nossa mudança para uma República Independente pode soar arrogante, mas não é. Mesmo exercendo papel de Liderança, ainda sou a mesma. Eu tive que deixar acontecer, eu tive que mudar. Não podia passar toda a minha vida enfiada na blogosfera. Assim, eu escolhi a liberdade, tentando algo novo. Procurei muito, mas nada além de vocês me interessou. Eu nunca esperei por isso.

Falei demais? Não tem nada mais que eu consiga pensar para dizer a vocês. Mas tudo que vocês tem que fazer é olhar para mim para saber que cada palavra é verdade.

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Comments (26)

  • Comofaz pra voltar a receber notificações pelo mail?!

    Vai facilitar eu dar opiniões sobre o que não conheço.

    • Hugo, eu não ira responder porque queria deixar pendente, para ver se o Somir respondia. Mas, considerando que aquele seu comentário do dia 29/11 ainda está pendente (perguntando como faz para se registrar) e o Somir ainda não se dignou a responder, vou te dar minha resposta de merda só para você não se sentir ignorado: não sei.

      Agora faço questão de não aprovar seu comentário do dia 29 só para ver quanto tempo o Somir demora para aprovar. Virou uma experiência antropológica.

  • Eu sou prático e progressista.

    Acho melhor um tirano com uma boa idéia, do que uma democracia com um monte de idiota dando opinião sobre o que não conhecem.

    #prontofalei – hahahaha

  • Sally, é autoritarismo sociocrático de fato, porque por detrás das decisões totalitárias do Somir, há sempre uma grande e constante influência sutil (e, muitas vezes, não tão sutil).

    • Phill, não faça isso… Somir decide tudo sozinho. Eu não o influencio em nada porque ele é muito mais inteligente e esperto do que eu e ninguém jamais vai conseguir manipulá-lo. Somir apenas manipula tudo e todos como quer, quando quer mas está imune a qualquer tipo de opinião alheia. Acredite em mim, é melhor assim. Totalitarismo. Repita comigo: TOTALITARISMO.

  • Creio que não fará a minima diferença, Somir continuará ignorando os leitores, e Sally continuará dando atenção, independente de ser totalitário ou populista o governo. E vocês podiam fzr um post sobre a deep web, ou desfavor explica, sei lá.

    • Yasmine, é verdade, tudo vai ser como sempre foi. A questão é, estava bom como sempre foi? ou ficaria melhor se puxasse mais para o totalitarismo ou mais para o populismo?

      Tenho sérios preconceitos contra a deep web, porque desconfio de quem se define como dono da verdade. Soa meio teoria da conspiração. Mas vou estudar o assunto com mais carinho.

  • Bla bla bla, ja que Sally ouve sugestões, mas a maioria dos Desfavor Explica é o Somir que escreve, não sei a quem me dirigir. Mas gostaria de pedir um Desfavor Explica sobre o assunto do momento, se possivel com a opinião de ambos: Belo Monte.

    (pode ser também um Ela disse, Ele disse, porque a opinião do Somir eu já presumo)

  • Vocês deviam seguir o Autoritarismo-Sócio-Meritocrático.

    Autoritarismo Sociocrático porque é o regime que o Somir e a Sally defendem, onde quem manda é eles e os dois decidem em conjunto, diluíndo um pouco o totalitarismo;

    Meritocrático porque considera o mérito na hora de dar ouvidos à alguma sugestão/participação/etc do povo, diluindo um pouco o populismo.

    E não, eu não estou em cima do muro. Eu só estou descrevendo como sempre funcionou…

  • a RID tem uma escolaridade (tirando uma evelyn aqui e ali) bem acima da media.
    Se fosse uma democracia, teriamos uma epidemia de ‘kkk gripe suina’ por aqui..

    Por esses e outros motivos, nao ha o que reclamar, so a agradecer.

    So uma pergunta: como todo estado totalitario que se preze, qual o nome de
    seu servico secreto?

  • O totalitarismo populista parece mesmo ser o mais indicado para a nação.
    A Sally distribui afeto e ouve os cidadãos, enquanto o Somir finge ouvir e o povo finge acreditar, win-win situation.
    Todos saem felizes.

  • Totalitarismo é a melhor opção.

    A República Impopular do Desfavor é uma nação, massivamente segura, governado por Somir com mão de ferro, e conhecido pelo seu serviço militar obrigatório. A má cheirosa, população trabalhadora, cínica de (???????) milhões são governados por um ditador benevolente em sua maioria-, que concede ao povo a liberdade de viver suas próprias vidas, mas observa com cuidado todos aqueles que possam “vacilar”.

    É difícil dizer onde pára o governo onipresente e o resto da sociedade começa, mas manipula as demandas da Defesa, Lei e Ordem, e Educação. Reúne-se todos os dias para discutir assuntos de Estado na capital (NOME A DEFINIR). A taxa média de imposto de renda é 99%. A potência de um setor privado é liderada pela indústria de fabricação de armas, seguido por publicação de livros e de extracção de urânio.

    Cidadãos que saem do país são oficialmente classificados como traidores, os gastos militares está a aumentar, as pessoas religiosas são enviadas para programas de doze passos para ‘A Cura’, e motoristas bêbados são executados. O Crime é totalmente desconhecido, graças à força policial que tudo permeia e as progressivas políticas sociais na educação e bem-estar. Animal nacional da Repúplica Impopular é o (NOME A DEFINIR), que oscila à beira da extinção devido ao desmatamento generalizado, e sua moeda é a (NOME A DEFINIR).

    Bem, isso me lembra que vocês não definiram uma Capital, um animal nacional e a moeda corrente.

    • Agora só falta mandar para a Wikipedia.

      Capital, animal nacional e moeda corrente podem ser definidas por votação futuramente.
      Embora não existam garantias de que o resultado será acatado: Totalitarismo Populista!

  • bibliotecário

    por mais bem escrito que o texto do Somir tenha sido, o Totalitarismo que o mesmo defende não seria bem aplicado a RID (creio que nem a nenhuma outra república, pois pra dar certo seria necessário a aceitação desse poder por outros com poder de validação, o que seria o início do fim);
    o Populismo proposto pela Sally já tornaria possível o poder do Somir aplicado a outras repúblicas, além de dar importância a convivência no RID.

  • A melhor forma é a forma mais inteligente no momento, independente de qual for. E não, eu não errei a frase, é exatamente isso que eu quero dizer.

    E, Somir, uma sociedade anarquista não funciona? Claro que sim. Ela só não pode ser grande.

    • Se você menciona uma sociedade anarquista no sentido de regras e hierarquias informais, até concordo.
      Mas sem ferramentas de controle de natureza humana, só uma sociedade de uma pessoa só poderia colocar em prática a anarquia utópica…

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