Igreja Skylabiana

A República Impopular do Desfavor tem o Ateísmo como fundamento (Art. 2º da Constituição) e não reconhece como cidadãos religiosos radicais (Art. 13º), mas tolera a liberdade de crença como mecanismo de integração nacional (e facilitadora de trollagem).

Para demonstrar nossa boa vontade em relação aos impopulares inseguros sobre a adoção do ateísmo, oferecemos uma alternativa considerada aceitável por este governo totalitário populista: A Igreja Skylabiana.

A partir deste momento, adicionaremos a alternativa “Skylabiano” às respostas possíveis na questão 3 do Formulário de Imigração da RID, exemplificada a seguir:

Qual é a sua religião?

a) Não tenho, sou adulto(a);
b) Skylabiano(a);
c) KKK GRIPE SUÍNA (Outras).

Em homenagem a este momento histórico, trazemos aqui dois textos retirados das escrituras sagradas da Igreja Skylabiana:

A CRIAÇÃO

No início, existia a esperança. Mas a esperança é o caralho. O abismo preto, negro e criolo da inexistência engolfa Skylab, por trás e pela frente, fazendo bis. Um buraco no meio e nada dentro. Eis que em sua sabedoria Skylab decide quebrar o silêncio infinito.

Agora me fala:

Qual seu nome?
Buceta!

Skylab apresenta a esperança ao abismo, nove meses depois dá-se a luz ao Universo. Mas ainda faltava-lhe o fundamento, o ar, seu pulmão queria mais. Skylab queria respirar. O silêncio que respondia seus insistentes pedidos por um cigarro aí o deixavam nervoso. Não era mais tempo de ficar sozinho, era hora de criar a vida.

Às sete horas Skylab criou Siva Maria. O Criador se debruça sobre sua criatura, realizando que ela era feia pra caralho. Siva Maria dormia pesadamente, tentando fugir do peso sua própria existência. Skylab, do alto de toda sua compaixão e de saco cheio de tanto aquela filha da puta roncar, tenta acordá-la:

Acorda, Siva Maria.
Ô, Siva Maria!
São sete horas Siva Maria!

E assim nasce a mentira. Siva Maria nunca mais acordou, mas a mentira se sentiu em casa neste Universo criado pelo abismo fodendo a esperança. A mentira tinha um metro e oitenta, olhos de esfinge, magérrima… Mas tinha uma trolha! Percebendo como ela se sentia sozinha, Skylab criou a verdade. A verdade era nua, crua, uma puta que explodia na cara da gente. A mentira e a verdade tiveram um casal de filhos. Ao ver o que tinha gerado em seu ventre, os olhos da verdade verteram sangue feito duas hemorróidas, e ela nunca mais foi vista.

Skylab então criou o mundo e tudo o que há nele para abrigar os filhos e netos da mentira, que com a bênção do incesto incessante fez com que seu sangue se tornasse predominante. Perplexos com a sociedade que se desenvolvia diante de seus olhos, aquelas pessoas olhavam para os céus e perguntavam:

Você lava as mãos
Antes ou depois?
Antes e depois?
Ou nem antes, nem depois?

Mas não era mais a era de se perguntar para Deus, pois quem respondia era o Diabo. Skylab se retira para um exílio, ponderando sobre o lucro obtido com a criação do Universo. Seria toda aquela espécie de filhos da mentira um desperdício de luz, água, sonhos, lágrimas… tudo?

Skylab entende que aquele povo era falho, mas que merecia a chance de resolver seus problemas por conta própria. O Criador constrói um muro ao redor de sua casa, ao redor de sua cabeça, dentro de seu pensamento. E de lá de dentro, continua fazendo música.

E aquela coisa toda vai crescendo, vai crescendo. As pessoas falam o que não estão pensando, pensam o que não estão falando. O tempo passa, e ao se sentir mais uma vez solitário aonde morava, Skylab se devora, se duplica e volta para o mundo. Dessa vez um mero mortal, alguém que se pergunta como fica de pau duro mesmo sem estar com a bexiga cheia ou ver mulher pelada.

Ele não quer ser reconhecido, ele quer que o olhem como se fosse ninguém senão um ninguém. Ele vive por dentro, mas por fora. E assim como todo mundo, mora mal.

(Transcrito por Somir)

A PAIXÃO DE SKYLAB

Ao acordar Skylab ouviu o canto de um Bem-te-vi. As notas agudas, o acordar precoce, a repetição melódica interminável causam mal estar suficiente para que Ele se levante, interrompendo seu sono contra sua vontade. A cabeça latejava. Em seu acordar precoce, Ele pensa “A natureza te chama”. Ele se levanta e faz uma refeição, ainda ao som da melodia repetitiva. Ele se concentra e procura ouvir Seus próprios pensamentos, mas a melodia estridente ecoa em sua cabeça. Faz-se a luz. De pronto Ele tem uma iluminação. Caminha em direção a um armário, puxa um fuzil e dispara contra o Bem-te-vi. Faz se o silêncio. Restaura-se a paz. Ele tem uma revelação: Qualquer ser vivo que perturbe o sono humano deve ser eliminado, posto que o sono é fundamental para a sobrevivência da espécie. Ele decide compartilhar seu conhecimento com o resto da humanidade, veste sua calça Lee e vai ás ruas, munido de seu fuzil, propagar a verdade.

Ele caminha lentamente arrastando seu fuzil no chão. O acordar precoce ainda reflete em seu organismo. Em uma esquina, avista um canário. Seu corpo se banha em amor, solidariedade e compaixão pelo próximo que poderia estar dormindo naquele momento e, para salvar ao sono de todos nós, Ele mira no canário e atira. E fez-se o silêncio. Determinado a seguir sua cruzada pelo sono sagrado, Ele prossegue caminhando e arrastando seu fuzil. Cansado, abatido, debilitado pelo acordar precoce, porém ciente de que sua missão para salvar o sono de todos nós requer este sacrifício. Ele prossegue.

Ao longo de sua jornada, Ele encontra pelo caminho bois, cachorros, criancinhas e propagou a importância do sagrado silêncio em respeito ao sono. Porém também encontrou obstáculos. Em seu deslocamento, por si só penoso devido ao déficit de sono, Ele se depara com o primeiro obstáculo. Velhinhas que caminham obstando o caminho. Ele procura passar por elas desviando para a direita e fracassa. Ele procura desviar para a esquerda e fracassa. O pensamento lateja na sua cabeça. Ele olha para o fuzil. Ele pede passagem e é ignorado. Ele dispara contra as velhinhas deixando seu corpo estendido no chão e percebe a importância do livre trânsito de pessoas pelas vias públicas. Imediatamente após esta iluminação, Ele começa a pregar Sua palavra: “Hei Moço, já matou uma velhinha hoje?”. Todos param, ouvem e se banham em Sua sabedoria.

Ele continua em sua jornada. O peso do fuzil somado ao organismo debilitado por poucas horas de sono fazem seu braço doer. Ele coloca o fuzil nas costas e o carrega com os dois braços abertos por sobre os ombros. O corpo se curva um pouco ao peso da arma. Ele para alguns segundos para descansar, corpo arqueado. Ouve um canto acima de sua cabeça. Ele se ergue com esforço e vislumbra um Tico-Tico voando tal qual um Teco-teco no ar, beliscando grãozinhos de fubá. Ele usa sua imensa sabedoria e espera que o animal pouse, ergue seu fuzil e para salvar o sono de todos nós, desfere diversos tiros no passarinho. Os transeuntes aplaudem a coragem e determinação. Muitos decidem segui-lo em sua luta e passam a peregrinar ao seu lado.

Ele segue em seu percurso. Ele se sacrificou para salvar o sono de todos nós. Porém o inimigo se mostra nas mais diversas faces. Ele passa pelo Convento das Carmelitas e ao avistar o mal pousa seu fuzil no chão e utiliza suas próprias mãos para livrar o mundo deste perigo. Ele estrangulando uma freira. Ciente de que o mundo apenas estará liberto quando erradicada esta religião, ele espera outra freira passar e a estrangula, em eventos sucessivos. Após a sexta freira estrangulada, ele ergue novamente seu fuzil nas costas e retoma sua jornada, em passos lentos devido ao peso, procurando cuidadosamente por passarinhos.

O inimigo novamente se manifesta para tentar impedir que Ele salve o sono de todos nós, porém desta vez dentro Dele. Ele começa a sentir os efeitos gasosos de uma empada estragada. Ele, em sua infinita sabedoria, entra em um botequim para vencer mais este obstáculo. Durante o descarrego, Ele constata que nossos atos implicam em reações quando o cocô bate na água e a água bate na bunda. Ele se levanta aliviado, é uma pluma pairando no espaço. Eis que descobre uma verdade simples, absoluta, inelutável: não tinha papel higiênico. Ele chama pelo Apóstolo Joaquim, mas constata que Joaquim o traiu. Ele se levanta e em Sua imensa sabedoria, puxa a descarga. Ele se vê obrigado a prosseguir sua jornada nas condições em que se encontrava.

Graças à sua coragem, o numero de seguidores aumenta. Ele começa a ter sua peregrinação reconhecida. Os nobres locais se interessam por Sua história e o procuram para saber mais sobre Sua jornada. Pessoas influentes o cercaram e Ele prega suas impressões sobre estas pessoas influentes para seus seguidores: corrimento, câncer no cu, vagabunda, cheirando cola, viado, tem perna de pau, cadeira de rodas rodando na boquinha da garrafa e muito mais. Ele se indispõe com estas pessoas influentes graças a Suas palavras. Agora Ele é perseguido. Coloca novamente seu fuzil nas costas e retoma sua peregrinação, porém desta vez ciente de que sua sinceridade lhe valera uma série de inimigos. Isso não o impediria se prosseguir sua jornada para salvar o sono de todos nós, ele se sacrificou pelo sono de todos nós.

Um ruído irritante interrompeu sua jornada. Irritante e repetitivo. Estridente. Ele procurava a fonte do ruído, quando avistou um Quero-quero determinado a prejudicar o sono de todos nós. Empunhou seu fuzil, porém foi impedido. Um grupo de defensores da ave o acusava de palavras duras. Um deles chegou a desferir um tapa em sua face, ao que ele de voltou e ofereceu a outra face para bater. Seus inimigos poderosos já haviam iniciado uma propaganda negativa sobre sua jornada, as pessoas não percebiam que Ele estava se sacrificando pelo sono de todos nós e o tratavam com ingratidão. Ele desfere tiros contra o grupo e depois desfere tiros contra o Quero-quero, trazendo de volta a paz e a harmonia.

O dia chega ao fim, começa a anoitecer. Um violino tocava valsa e a lua cheia iluminava. Ele seguia sua jornada, determinado a apenas descansar quando o mal fosse completamente eliminado e o sono de todos nós estivesse a salvo. Apesar do cansaço, Ele sentia uma estranha calma. Os vagalumes contracenavam e a lua cheia iluminava. Foi quando aquelas pessoas influentes o pegaram, aproveitando-se de sua exaustão, interrompendo sua jornada. Sua voz foi calada e em seu lugar foram colocados falsos profetas de Meteoros da Paixão e de Tchus e Tchas, que lutam para dominar o mundo até hoje. Falsos profetas que sabotam o sono de todos nós nas ruas, nos aparelhos celulares, nas casas de nossos vizinhos, nas bocas das crianças. Falsos profetas que devem ser eliminados. Ele se sacrificou pelo sono de todos nós, não podemos deixar que sua luta seja em vão. Faça sua parte: mate um passarinho, mate um cantor sertanejo, mate qualquer coisa que atente contra o sono de todos nós.

(Transcrito por SALLY)

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