Ele disse, ela disse: Englichi.

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Num mundo tão conectado, encontramos cada vez mais palavras estrangeiras misturadas à nossa comunicação diária. Sendo uma das línguas mais faladas no mundo, o inglês contribui com várias delas. Sally e Somir acham natural usar algumas palavras em inglês, mas na hora de pronunciá-las, suas opiniões soam muito diferente.

Tema de hoje: Para palavras em inglês do dia-a-dia, pronúncia correta em inglês ou abrasileirando?

SOMIR

Pronúncia correta. Por mais esnobe e/ou pedante que pareça. O erro alheio não pode ser desculpa automática para o próprio erro. Ou você se preocupa com o que está dizendo, ou você entra na vala comum de falar qualquer coisa e depender dos outros para ser entendido. Quem já leu outros textos meu sobre o assunto sabe muito bem que eu estou sendo coerente aqui.

Pode-se argumentar que ninguém tem obrigação de saber a pronúncia de uma palavra estrangeira. E com isso eu concordo. Não é feio não saber pronunciar uma palavra em inglês… Ei, não diria que é feio por definição mesmo não saber pronunciar uma em português. Pode ser mera limitação de quem não teve acesso a educação de mais qualidade (ou qualquer educação formal).

Não saber pronunciar é um argumento válido. Não QUERER pronunciar são outros quinhentos. É como saber a pronúncia correta de “problema” e continuar falando “pobrema” porque acha mais fácil. Inglês não é nossa língua natal (pelo menos para a maioria de nós), mas passa longe de ser trava língua. Se estivéssemos falando de alemão, grego, polonês, russo… A tara deles por encontros consonantais realmente exige um esforço extra de quem aprendeu a falar em português.

Mas, inglês? Sabendo que as vogais soam diferente (êi, i, ái, ôu, iú) e que é para “encaipirar” os erres, sobre pouca coisa realmente desafiadora na pronúncia. E com tanta influência de uma indústria cultural que adora a língua inglesa, difícil dizer que os sons são alienígenas, até mesmo para os brasileiros mais pobres.

E se você vai trabalhar com a ideia de que as pessoas acabam entendendo, é porque lida com pouca gente que sabe pronunciar. É difícil depreender o que uma pessoa está dizendo em outra língua se ela pronuncia errado. Eu vivo me confundindo com gente falando palavras em inglês do jeito que dá na telha delas. Pronúncia tem regra por um motivo: Para que outros entendam o que você está dizendo.

Abrasileirar nem sempre facilita o reconhecimento da palavra. Na verdade, cria OUTRA palavra, que tem que ser transformada de volta para a língua original dela, traduzida para a sua língua e só aí compreendida. Acham esnobe falar inglês com pronúncia certa? Então acham esnobe falar as coisas da forma mais simples. Se a expressão é estrangeira, ela entrou para o léxico popular no seu idioma original, oras! O abrasileiramento vem naturalmente pelo uso contínuo, não pela escolha de uma ou outra pessoa. Se vier um estrangeiro aqui dizer que a partir de hoje pronunciaremos “medalhão” como “medaliáo”, vocês achariam justo? Línguas são acordos tácitos (eu sei, eu sei… liberdade poética) entre povos inteiros. Não é escolha pessoal.

Se a pronúncia da palavra é uma, que se tenha um ótimo motivo para mudá-la. Ou tem regra, ou não tem. Vamos começar a cólócár ácéntôs ém cãdá vógál só pórquê déu nã télhã? É festa? Coisa de índio isso. Se sabe como falar, fale direito. Disso depende toda a comunicação humana.

E bacana como só cagam pronúncia de palavras mais incomuns… Já viu alguém pronunciar “you” como “iou” na vida real? E “love”? Acham um acento no “o” e esquecem o “e” do final por quê? Perguntas retóricas, já que quase todo mundo sabe como essas palavras devem soar e você paga de burro se fizer errado. Muito cômodo escolher quando vai pronunciar errado para não passar vergonha, não? Ter um padrão e saber o que está pronunciando não é ser esnobe.

Esnobe mesmo é entrar no time de Caetanos Velosos e Carlinhos Browns da vida, que acham lindo abrasileirar palavras que ninguém mais abrasileira só para aparecer e fazer pose. Como se mudar o som de uma palavra estrangeira fosse uma demonstração valorosa de resistência à influência da cultura estrangeira! Sugiro que você quebre a pronúncia de palavras em inglês vestindo uma camiseta do Che Guevara e fumando um baseado, para aumentar o efeito de rebeldia inútil contra o sistema.

Ah, e eu SEI que essa vai aparecer: Vão dizer que estrangeiro caga e anda para a pronúncia de nossas palavras. Isso é um mito que eu não aguento mais ler e ouvir por aí… Quem fala português fala uma das línguas mais complexas do mundo, inclusive foneticamente. Tem vários fonemas que são verdadeiros pesadelos para quem não cresceu ouvindo e tentando imitar. Ão, lha-lhe-lhi-lho-lhu e nha-nhe-nhi-nho-nhu? Não é brincadeira emitir esses sons de primeira.

Usemos o futebol como exemplo: Durante um tempo, o mundo todo estava doido por causa do Ronaldinho (o dentuço, não o travequeiro), ele tinha fãs fervorosos pelo mundo todo, gente que pegava a bandeira brasileira e vestia como se fosse sua (sim, a humanidade faz essas merdas). E nem mesmo esses estrangeiros, fãs doidos dele, conseguiam falar a porra do “inho” no final do seu nome. Era Ronaldino ou Ronaldiio, não saía mesmo o certo. Orgulhe-se: Você fala uma das línguas complicadas desse mundo.

Inglês é suficientemente simples nesse sentido para ser bem pronunciado na maior parte do mundo, português é meio que nem polonês: Uma coisa que só sai bonita mesmo com muito treino. O estrangeiro caga para o português da mesma forma que você caga para o russo. Não tem nada a ver com orgulho nacional ou desdém pelo Brasil, é dificuldade genuína de pronunciar. Quando um estrangeiro aprende a falar “caralho”, ele quase sempre se esbalda com a palavra… é uma conquista!

Se você sabe pronunciar uma palavra em inglês, não seja arrogante: Pronuncie. E claro, com bom senso… FBI não precisa virar Éf Bi Ái. Nem delete “delít”. Siglas e palavras que já existem nos dicionários da língua portuguesa é exagero.

Até porque abrasileirar palavras joga contra o aprendizado da língua inglesa. Enquanto você não entender a palavra mentalmente sem precisar traduzir, vai continuar apanhando. E eu já deixei claro por aqui o que acho sobre entender inglês.

Bônus:A resposta está no enunciado… pronúncia CORRETA. Sem mais.

Para dizer que eu sou colonizado, para dizer que fala como quiser e ninguém tem “haver” com isso, ou mesmo para me mandar à shit: somir@desfavor.com

SALLY

Como pronunciar as palavras em inglês no dia a dia: pronúncia correta em inglês ou abrasileirando?

Naquilo em que é possível abrasileirar sem que a palavra se torne incompreensível, sou favorável a abrasileirar. Um exemplo: quando eu falo do seriado Grey´s Anatomy, não uso o R americano e sim o R brasileiro. O mesmo quando cito o filme “Gremlins”, a pronúncia do GR é brasileira. Claro que eu não sou a favor de atrocidades, como foi o caso de um nordestino que queria me convencer que a pronúncia correte do filme “O Hobbit” era “o ROBÍTIE”. Abrasileirar sim, estuprar uma palavra estrangeira não. Convenhamos, quem aqui pronuncia “The Beatles” com a pronúncia correta? Não preciso provar a ninguém que sei falar inglês. Alias, periga das pessoas nem entenderem o que você quer dizer se você pronunciar todas as palavras estrangeiras da forma correta.

Não vejo porque precisamos pronunciar a palavra exatamente como se pronuncia em outro idioma. Muitos sons e fonemas de outros idiomas simplesmente não existem no português (nada mais trágico que brasileiro dizendo “traje rojo”), não faz sentido ter a pretensão de querer pronunciar a palavra com se diz em outro país. Eles mesmos não fazem isso conosco. Vai nos EUA ou em qualquer país de língua inglesa e veja como eles pronunciam nomes de comidas ou marcas brasileiras!

Para quem não sabe, uma boa parte do nosso vocabulário vem de palavras abrasileiradas na marra. Por exemplo, o nome da letra W (“dáblio”) vem do abrasileiramento da pronúncia da letra em inglês: double u (pronuncia-se “dâbou iu”). Ou seja, a ignorância está incrustrada, enraizada na nossa cultura, já estamos todos cagados e humilhados, não adianta tentar posar de elitista. Não adianta lutar contra. É esnobe e desnecessário ficar pronunciando um nome em inglês como um americano o faria.

Para você que pensou por um segundo em dar razão à Madame aqui de cima, pense bem para não correr o risco de ser hipócrita. Será mesmo que você não abrasilera palavras? Como você pronuncia Ralph Lauren? Para o Somir, que tem sotaque do interiorrrr é fácil falar o primeiro R como um americano, mas se você não fala porrrta, porrrrtão e porrrrteira, aposto que se sentiria ridículo e diz Ralph como quem diz Rato. O próprio The, que precede nomes famosos como “The Beatles” e “The Doors”, vai dizer que você pronuncia da forma correta? Provavelmente você fala “Dê” Beatles, como a maior parte das pessoas normais. E “Banana Republic”, vai dizer que você pronuncia “Beneeeena” como se faz nos EUA? E Facebook, você fala como tem que falar ou manda o clássico “Fêicibuqui” mesmo?

Por uma questão de coerência, quem prega a pronúncia exata de palavras em inglês deve ter a mesma preocupação em pronunciar qualquer palavra estrangeira da forma em que ela é pronunciada em seu país de origem. Isso implicaria em pronunciar corretamente “Christian Louboutin”, coisa que me faria ter uma parada cardíaca, pois estou para ver um brasileiro que acerte essa pronúncia (antes que me perguntem: http://www.youtube.com/watch?v=mANpM4kKwUw). Palavras árabes, alemãs e até mesmo russas deveriam ter sua fonética cuidadosamente estudada e corretamente pronunciada. Ou é apenas puxação de saco com a fonética inglesa? Com o resto do mundo pode abrasileirar?

A pronúncia tem que ser perfeita quando você está falando inglês, quando está falando em português, apenas citando uma palavra estrangeira, não vejo problema em abrasileirar, sempre lembrando que abrasileirar não é estuprar a palavra. Você está mencionando uma palavra estrangeiro no seu idioma, isso nem de longe de coloca na obrigação de usar a pronúncia originária. Não acho vergonha ignorar o S mudo de Starbuks e colocar um I na frente. Não acho errado nem humilhante dizer ALIEN em vez de pronunciar “Eilien”.

Aliás, porque tanta preocupação com a língua inglesa e quando chega na hora de falar espanhol não há qualquer acanhamento em dizer barbaridades como “Cueca-Cuela” e coisas do tipo? Porque o espanhol pode ser sucessivamente estuprado e o inglês deve ser minunciosamente considerado? Saber pronunciar inglês correto é mais status do que saber pronunciar palavras de outros idiomas da forma correta? Porque na minha concepção, quem é preciosista o é como um todo, não apenas em determinado idioma.

E convenhamos, a maior parte das pessoas não SABE pronunciar determinados sons de idiomas estrangeiros. Tentam e fica patético, sendo que elas nem ao menos se dão conta de que não estão pronunciando da forma correta. Não é mais digno abrasileirar do que falar em um inglês tosco, macarrônico e mal falado? Acho mais digno admitir a limitação e falar na humildade, no abrasileiramento (sem estuprar, é claro) do que em um inglês mal falado. Não é questão de esforço, algumas pessoas simplesmente jamais conseguirão pronunciar determinados fonemas. Pegue um argentino e mande-o dizer “Cair no PÔÇO não PÓSSO” e observe ele repetir “cair no PÓÇO naum PÓSSO”. Não tem como mandar uma pessoa que não consegue executar determinada pronúncia fazê-lo, independe da sua vontade.

Cago baldes para o que vão pensar da minha pronúncia. Na hora em que tiver que falar inglês eu falo. Americanos e ingleses quando vem ao Brasil também falam bem mal faladinho, vá à merda que eu tenho a obrigação de acertar a pronúncia correta do idioma deles! Fica feio e esnobe utilizar a pronúncia do país de origem quando a palavra está inserida em um contexto em português, é quase como colocar um nome inglês em uma criança com sobrenome tipicamente brasileiro: Michael Jackson da Silva, John Kennedy Moreira e por aí vai. Não parece compatível.

Babaquice ficar enfiando uma palavra com pronúncia estrangeira tal como se fala em outro país no meio de uma frase em português. Não o faço nem mesmo com palavras em espanhol, que é meu primeiro idioma. Parece uma forma barata de exibir conhecimento, algo arrogante e elitista. Quem sabe, quem sabe de verdade, não ostenta.

Para comentar as atrocidades de pronúncias envolvendo marcas famosas, para dizer que só quer saber da Semana Sim Senhora ou ainda para mandar um “who ocares?” mal pronunciado: sally@desfavor.com

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Comments (30)

  • ” Não tem como mandar uma pessoa que não consegue executar determinada pronúncia fazê-lo, independe da sua vontade.” “Tem vários fonemas que são verdadeiros pesadelos para quem não cresceu ouvindo e tentando imitar.”
    Ah, não, disso eu tenho que discordar 100% de vocês. Somos todos da espécie humana, apenas calhamos de nascer em um determinado local. Eu acho que é má vontade da pessoa, ainda que uma língua tenha variantes até dentro de um mesmo país. Língua, o órgão, todos temos. Seria como dizer que só consegue correr em um tipo de solo porque é o do lugar que a pessoa nasceu. Pernas todos temos, quem consegue correr aqui consegue na China. O que eu acredito que ocorra é que algumas pessoas tenham tipo um “ouvido musical” e tenham mais facilidade para pegar a pronúncia. Eu penso que se fosse morar em outra região do Brasil, por exemplo, com o passar dos anos eu perderia um pouco do meu sotaque original e acabaria adquirindo um pouco do sotaque local.
    Porque se formos entrar nessa de “falar corretamente é falar como as pessoas daquela região falam”… E aí qual espanhol é o correto, o da Espanha ,que é o original, ou da Argentina? Porque eu nunca falaria com o sotaque argentino, acho feio pra caramba.

    E no caso do “Christian Louboutin” sou pobre meeermo, não tenho dinheiro para comprar essas coisas e vou continuar chamando de “Crístian” mesmo que eu acho mais bonito que “Cristiân”.

    • Leona, eu tiro pela minha família argentina. O problema é mais o ouvido do que a fala. Pegue um argentino e diga a frase: “Cair no poço não posso”. Normalmente eles não entendem nem escutam a diferença entre poço e posso, pois o idioma deles não tem nenhum som similar ao acento circunflexo.

  • Esperto é quem consegue se adaptar ao terreno. Se você fala com cabocos, o normal é que fale acabocadamente, mesmo que em outras línguas como inglês em especial, que está muito presente no nosso cotidiano.

    Sabe o que eu acho estranho? É o brasileiro saber tão pouco espanhol. Soa meio anti-imperialista mas a gente devia dar mais atenção ao espanhol. Afinal é uma língua irmã do português e tá bem aqui do nosso lado (em todos os lados). Meu professor de espanhol disse que um dos acordos da cooperação bilateral entre o Brasil e o Mercosul (em especial a Argentina) é a união das duas línguas da América do Sul. A gente aprende espanhol nas escolas daqui e nos outros países daqui eles aprendem português. Legal

    • Nos outros países tem acontecido porque eles são mais espertos que nós e sabem como ganhar dinheiro.

      No México eu vi vários lugares que anunciavam cursos de português e muitos dos guias me pediram dicas para entender a cedilha, os acentos e algumas palavras. Fora o interesse sobre russo. Miami e Cancun são infestadas de russos.

      Nas ilhas caribenhas a mesma coisa, tanto nas francesas quanto nas holandesas. Isso é mais interessante ainda, já que 80% do turismo deles é de americanos e não de brasileiros…

      • É um acordo multilateral entre os países do Mercosul.

        Verdade isso ai que você disse… Aqui as coisas não são tão eficientes por aqui, infelizmente. Mas eu acho que essa capacidade de aprender outras línguas com mais facilidade é devido a alguns desses países terem mais de uma língua vigente. Eu tenho um professor do Paraguai que diz que já nasceu falando duas línguas: O tupi e o espanhol, que é a língua oficial do país dele.

  • Isso de adaptar certas palavras estrangeiras ao idioma local é a coisa mais normal do mundo e não há a necessidade de se sentir burro, “caipira” ou envergonhado por causa disso. Já morei na Espanha, agora moro na Bélgica e nesses dois países observei e observo os nativos pronunciarem palavras em outros idiomas adaptando ao seu idioma ou sotaque local.

    Na Espanha a coisa chega a ser meio grave pq eles têm a mania irritante de traduzir nomes próprios, o que eu acho o fim! E não é o povo da rua não, é jornalista âncora de telejornal importante falando príncipe “Carlos”, príncipe “Guilhermo” e princesa “Catalina”. Quase surtei quando vi que eles falam “U Dos” qdo se referem ao grupo musical U2. Fiquei em choque.

    Aqui na Bélgica acho que devido ao melhor domínio do inglês, as pronúncias nesse idioma saem bem melhor que na Espanha ou no Brasil. Mas mesmo assim eles adaptam certas palavras ou nomes próprios, seja traduzindo ou pronunciando com o sotaque daqui. Ou seja, eu concordo com a Sally, não tem que ficar neurótico e sair falando inglês como se tivesse estudado num internato no Reino Unido pq, dependendo do contexto, vai soar pedante ou simplesmente ser incompreendido. Eu pessoalmente tento usar o bom senso. Certas palavras acho bom falar direitinho, especialmente qdo se trata de nomes próprios, marcas conhecidas, nomes de países, etc. Mas palavras mais comuns eu não vejo a necessidade de pronunciar exatamente como se faz no país de origem.

      • Eu nem sei por onde começar, Carol. É um país muito peculiar, que já ficou quase 1 ano e meio sem governo formado e mesmo assim não colapsou ou virou uma baderna. Vai ver pq é pequeníssimo, com pouco mais de 11 milhões de habitantes. Pra ser um país tão pequeno eu acho o panorama político daqui bastante complicado, com divisões e sub-divisões de deixar qualquer um louco, nem os próprios belgas conseguem explicar e a grande maioria não tem opinião formada sobre o assunto, de tão sacal que é. Pra vc ter uma idéia, o voto aqui tb é obrigatório pq se dependesse da boa vontade dos belgas pra largarem sua cervejinha e irem votar o país estaria nas mãos dos militares ou se anexaria novamente à Holanda :-P

        Se vc está pensando em vir pra cá, decida primeiro em qual parte vai ficar e depois comece a estudar o idioma. Dependendo de onde for vc vai ter que estudar francês, alemão ou flamengo (gramaticalmente igual o holandês mas com variações na pronúncia e no vocabulário; se chama “flemish” em inglês e “vlaams” no idioma original).

    • Tenho uma teoria ínfima que ainda não refleti muito: Mas eu acho que no futuro vão existir várias variações do inglês ao redor do mundo e que as outras línguas vão morrer ou pelo menos ficarem menos influentes.

    • E eu já ouvi dizer que os espanhóis e os franceses são meio que soberbos em relação aos seus idiomas. Eu já vi o Pique falando inglês e me deu câncer auditivo. Ele diz “I Fink” com bastante força no “F” de Th.

  • Esse post me lembrou um parente que fala “selfselv” = “self service”. O pior, passei minha infância sem entender e achar o nome estranhíssimo.

    Quando à recríproca, já tive três professores que moram há décadas aqui, e os alunos simplesmente não conseguiam entender a aula de tão cagada que é a pronúncia. Inclusive um dos malditos sabia ler/escrever/falar alemão, espanhol, FUCKIN HEBRAICO, italiano, coleciona phD pelo mundo e por aí vai…

    E brasileiros cagam completamente o espanhol por pura falta de noção e auto crítica: Minha teoria é a de que eles acham que estão falando certo. Já com o inglês rola uma insegurança.

  • Bom… eu ia concordar com o Somir e dizer que não acho esnobe falar com a pronúncia correta o inglês, até lembrar de um professor que na aula falava “Wikipedia” na pronúncia em inglês certinho (wikipidia) e do nojo que seu sentia disso. Então, dessa vez fico com a Sally.
    Porém, lembro que, como ambos disseram, isso não é desculpa pra galera estuprar qualquer língua que seja (chamar MAC que “méqui”, falar “POBREMA”)…
    Quanto ao espanhol Sally, acabo cometendo atrocidades por não saber (ignorância mesmo, não prestei atenção às aulas e nem tenho tanto interesse em aprender), por isso só enrolo o portunhol quando é realmente estritamente necessário.

  • Olha, concordo com a Sally em muito! Só acrescento que: não adianta, se não pertencemos àquela cultura da língua alvo em que estamos aprendendo, se não nascemos naquele país que fala a língua, se não aprendemos DESDE NASCENÇA aquela tal língua… não adianta! Nunca iremos pronunciar PERFEITAMENTE como um nativo, mesmo se trancando num lab. de linguas e treinando pronuncia lá até se esgotar. A questão principal é: saber os limites que cada um de nós temos, e saber respeitar os limites de até onde podemos “entrar” na cultura do outro! Como a Sally disse, estuprar uma língua daí também não, mas, pronunciar da forma mais adequada que cabe à nosso aparelho fonético! Até porque como ela mesma disse no texto, há alguns fonemas que sequer existem em outras línguas. E, para além disso, penso que num sentido maior o que se deve mesmo é fazer-se entender-se! Transmitir a mensagem ao interlocutor da melhor maneira possível, mesmo que tenhamos que adaptar nossa pronuncia ao nosso aparelho fonético.

    Outra: o argumento que a Sally apresentou foi ótimo! Isso é só puxasaquismo com o inglês? e se fosse com outra língua como o espanhol ou o português? Poxa, confesso que até eu que trabalho com francês e italiano DIARIAMENTE as vezes erro a pronuncia! Mas nem por isso deixo de me comunicar! E vejo mó putaiada dos meus aluninhos do estágio (vulgo meus pesadelos dos últimos meses) esculachar na pronuncia do francês pq dizem que acham dificil… o ponto é: cabe a mim exigir centenas de repetições pra que determinado fonema do frances (como o r retro gutural) saia perfeito? Nhah, deixa isso de lado! Eles que pronunciem da melhor forma que conseguirem pq realmente aquele R é do mal! hehe

  • Sally, respondi seu e-mail, olha lá!

    Acho que dá pra ser tolerante sim. Quando eu estudava espanhol quase caí da cadeira quando meu professor perguntou se eu gostava de Jung (nas palavra dele pronunciada era como se escreve “JUNG”), sendo que no meu meio eu não posso falar assim, tenho que falar “YUNG”. Quem fala JUNG pronunciando o J vira piada… rsrs

  • Fio, eu mal falo portugês, querer exigiri inglix já é pedir demais.
    Im not dog no.
    Eu como salchicha.
    Processa eu do Alicate rules!

  • Eu estou de acordo com o Somir, não acho que seja arrogante tentar pronunciar algo corretamente. Não estou dizendo que todo mundo tem que fazer isso mas porque eu não posso fazer? Aqui na França eles têm uma pronuncia da lingua inglesa MUITO horrivel e quando eu pronunciava as palavras com o sotaque ingles davam risada! Ai eu comecei a pronunciar inglês com o sotaque francês (e meu sotaque português) e ninguém me entendia. Agora não quero mais saber, todo mundo teve tantas aulas de inglês quanto eu aqui, não quer fazer esforço não encha o saco dos outros.
    Meu curso na faculdade se chama “Linguas Estrangeiras Aplicadas – Inglês/Português”, acho que eu tenho o DEVER de pronunciar palavras em inglês como tem que ser pronunciado.

    E se a pessoa não quer ou não pode pronunciar as palavras como se deve, procure a palavra na sua lingua e use a tradução. Agora se a palavra não tem tradução quer dizer que entrou de verdade no vocabulario brasileiro e deve estar até no dicionario, ai não vejo porque não abrasileirar a palavra.

  • Concordo com a Sally nessa, tem palavras que realmente não é AQUELA tragédia pronunciar de uma forma ligeiramente abrasileirada. Acho bem xarope esse R deles em palavras como “Grey” e “Trek”, me sinto pedante (embora a maioria das vezes eu não me importe) e prefiro pronunciar do nosso jeito.
    Uma professora minha pronunciava “Lauren” como se pronuncia “Laurent”, então NESSE caso ficava complicado porque a gente até achava que ela falava de outra pessoa.
    Teve uma época que eu me rendi à ignorância alheia e pronunciava o nome do perfume que eu uso, que é francês, “Café Café”, em vez de “Cafê Cafê”. Mas minha mãe me disse que não tenho culpa dos erros dos outros e voltei a mim.
    Falando em espanhol, não sei pronunciar “calle”. :(

    • Dependendo do país, CALLE se pronuncia “caxe” ou “caie” ou “cadje” ou “calhe”

      Até bem pouco tempo eu chamava o esmalte de “opi” em vez de “ôpiai”

    • Concordo com vc (e com a Sally).

      Essas situações são como usar terno ou, no outro extremo, chinelos e bermuda em um casamento onde você SABE que as pessoas vão de calça jeans.

      É certo usar terno? Sim (aliás, “costume”). Mas parece pedante e desnecessário? Sim tb. Mas isso não significa que seja ok ir de chinelos e bermuda…

      É muito estranho quando alguém solta um “fee”d”back” com aquele sotaque britânico cantado no meio de uma frase em português. Acho desnecessário. Não precisa estuprar a língua, mas falar cheio de “sotaques” parece mais um “mãe, eu fiz Cultura Inglesa” do que atestado que vc é fluente em inglês.

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