Flertando com o desastre: Sucesso sem mérito.

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Sucesso sem mérito profissional já foi algo aberrante, digno de vergonha e socialmente reprovado. Mas alguma mudança perversa ocorreu na sociedade e hoje o sucesso sem mérito profissional vem sendo não apenas aceito, como ainda procurado de forma declarada.

Antes de desenvolver o tema, vamos trabalhar com conceitos. Sucesso sem mérito profissional ocorre quando uma pessoa é bem sucedida em sua profissão por motivos outros que não sua competência, seu preparo, sua habilidade em exercer aquela atividade da melhor forma possível. O sucesso vem de outras fontes alheias à capacidade profissional, como contatos, parentesco, sexo, chantagem, troca de favores, mentiras e tantas, tantas outras que todos nós conhecemos muito bem.

Um desafio: duvido que alguém aqui nunca tenha se deparado com um péssimo profissional que ocupa um cargo muito acima de sua capacidade, por circunstâncias que nada tem a ver com sua competência profissional. Aquele Zé Ruela desatualizado e incompetente que está na empresa faz vinte anos e não é mandando embora por um misto de pena e encargos trabalhistas, a mocinha tapada que sobre rápido por estra fazendo sexo com o chefe, o filho de papai que nunca leu um livro mas chega à vice-presidêcia de uma empresa, enfim, qualquer caso onde o cargo, posto ou função ocupados não encontre como principal pilar de sustentação a competência profissional.

É comum, vocês me dirão. Talvez para os mais jovens. A mim, ainda choca. Não faz muito tempo, talvez dez, vinte anos, onde ter seu pilar de sustentação em outro fator que não as habilidades profissionais era muito mal visto, muito mal falado e inclusive depunha contra uma empresa. Era feio fazer esse tipo de coisa, era feita muito bem acobertada, porque era considerada uma vergonha. Era exceção e até mesmo quem se favorecia da circunstância tentava esconder o que estava acontecendo. Constatar que funcionários de uma empresa estava lá por razões alheias à sua competência profissional era demérito para a empresa e gerava uma presunção negativa da sua prestação de serviços ou de seus produtos. Sim, essa época existiu.

Graças aos avanços tecnológicos que estupram nosso cotidiano, as mudanças sociais estão se dando de forma muito mais rápida do que era costume. Em dez, vinte anos a coisa mudou de forma tão veloz que passamos pelo estágio onde já não era mais vegonha basear a escolha em motivos alheios à capacidade profissional e, no meu sentir, estamos entrando em uma fase muito pior, onde isso começa até a ser um certo motivo de orgulho. O cara é espertão, não sabe nada sobre o assunto mas conseguiu um alto cargo! Vejam como ele é foda, vejam como ele é malandro! Sim, vai ter quem admire.

Falemos da minha área, direito, só para citar um exemplo. Escritórios grandes, como regra, contratam sem pudor pessoas com “pedigree jurídico” (familiares de juízes, desembargadores, grandes empresários ou qualquer potencial cliente lucrativo para o escritório). Claro, sempre tem uma meia dúzia de bois de piranha que são mantidos para efetivamente fazer o trabalho duro. Mas os QIs (Quem Indica) são maioria, e cada vez mais vejo escritórios se orgulhando de suas “aquisições” como quem se orgulha de um plantel. A pessoa pode ser burra e preguiçosa, que isso não importa, por razões alheias a seu trabalho ela “agrega valor” à empresa. Troca de favores, benefícios indiretos ou até mesmo status. Busca-se quase tudo em um funcionário novo, menos seu mérito profissional. No dia em que eu fizer uma entrevista profissional e alguém me mandar fazer uma petição para avaliar meu trabalho periga até de eu desmaiar de susto.

Com isso surge uma dicotomia cruel: quem não É (ou não parece que é), quem se resume “apenas” a seus méritos profissionais, se vê obrigado a estudar dez vezes mais para conseguir um lugar ao sol e provavelmente ganhar dez vezes menos. E normalmente quem colhe os louros são justamente aqueles que menos fazem e menos sabem. Excelentes profissionais estão sempre um ou dois degraus abaixo de onde deveriam estar: um assistente que estaria mais do que apto para ser Gerente ou Coordenador, mas que é mantido ali comodamente enquanto o Gerente ou o Coordenador se apropriam do seu trabalho. Esta forma viciosa de funcionar está se alastrando, a ponto das pessoas nem terem mais vergonha dessa distorção hierárquica.

Graças à enorme massa de reserva e altos índices de desemprego, quem se encontra em uma situação dessas, se matando de trabalhar em uma posição bem abaixo da que corresponderia à sua competência profissional, fica de mãos atadas. Caso não aceite, outros aceitarão, por pior que seja o salário. Caso tente de alguma forma mostrar seu valor e galgar um cargo melhor, será sumariamente executado pelos incompetentes que estão acima, que se sentirão ameaçados por alguém bom que quer seu cargo e tirarão proveito do poder que tem para cortar essa ameaça, colocando outro mais manso no lugar. Resultado imediato: excelentes profissionais desperdiçados em sub-cargos, mal pagos, desiludidos com a profissão e com a conta no vermelho no final do mês.

E a longo prazo, qual será o resultado disso? O prognóstico não é nada bom. Porque se um burocrata faz merda, o máximo que acontece é atrasar alguma coisa. Mas se profissões das quais depende a vida humana fazem merda, o resultado é trágico e afeta a todos nós. Um maquinista de trem que por diversão anda no dobro da velocidade permitida e por distração ou por falar ao celular esquece de frear, uma enfermeira que injeta café com leite na veia do paciente, um médico que amputa a perna direita quando na verdade deveria amputar a perna esquerda. Estamos começando a ganhar algumas “amostras grátis” do que se tem quando se prestigia como prioridade outros requisitos que não a competência profissional.

Curiosamente, na era da ampla disponibilidade de informação, do acesso ao conhecimento, o ser humano está perdendo o interesse por ele. Estudar já não é mais aquela garantia de um futuro melhor. Estudar é secundário, mas não deveria ser, pois para a maior parte das profissões, estudar ainda é fundamental para ser um bom profissional, mesmo que o mercado não o reconheça. Ninguém mais que ser um bom profissional, as pessoas querem ser bem sucedidas e ponto. E se para isso for necessário abrir mão de qualificação técnica, que assim seja. É a triste realidade, que vai se mostrar ainda mais triste a longo prazo, com uma possível “crise das profissões”, onde será muito difícil encontrar profissionais de notório saber. Ótimos marketeiros, relações públicas e atores, mas com faculdade de medicina ou direito. Não serve. Pode demorar para que a sociedade constate isso, mas eu me permito a arrogância de adiantar: não serve.

Tente mandar um jovem estudar muito para ser alguém na vida. Grandes chances que ele te corrija, dizendo que para ter sucesso hoje em dia tem que ter contatos, networking, bons relacionamentos, puxar o saco de todo mundo, agradar as pessoas e estar cercado das “pessoas certas”. Daí você vai olhar com cara de panaca, porque o jovem está certo. A nova geração já percebeu que já faz algum tempo não é mais o estudo que abre portas e justamente por isso, em matéria de estudo, fazem apenas o necessário, apenas o suficiente, deixando para focar sua energia nos outros aspectos: aparência, contatos, social, etc. Tem como recriminá-los? Só se você quiser criar um frustrado, que se mate de estudar, que tenha um notório conhecimento, que posteriormente não vai ter o reconhecimento que merecia.

Cobertos de razão, os jovens, do alto de sua ambição, procuram investir naquilo que abre portas nos dias de hoje e estão deixando de lado o investimento na competência profissional. Por mais de uma vez já vi advogados iniciantes em congressos, palestras e similares que estavam apenas de corpo presente, jogando joguinho de celular ou conversando do lado de fora do auditório. Quando indagados sobre aquela postura, já que estariam pagando para estar ali, a resposta vem na ponta da língua “O que eu preciso daqui é o título”. O que conta é ter um curso em sei lá o que, uma pós em não sei o que lá, e não o que a pessoa efetivamente aprendeu e melhorou como profissional.

Pessoas mais preocupadas em parecer ser competentes do que em ser competentes estão dominando o mercado de trabalho. E nessa, quem sai em vantagem são os psicopatas, que conseguem se destacar no mundo corporativo graças à sua habilidade inata de pisar nos outros sem sentir qualquer remorso. Estamos promovendo, estamos dando cargos de chefia para psicopatas e para pessoas que não tem a devida competência profissional necessária, ao mesmo tempo que estamos renegando quem tem muito estudo e dedicação mas não tem o grau de “filhadaputagem” considerado como qualidade para altos postos. O escroto é o forte, é o líder, é o mais bem preparado, ao menos olhos do mundo corporativo.

Hoje, é possível dizer que o mercado seleciona os profissionais, via de regra, utilizando outros critérios que não a competência profissional. Ela passou a ser secundária e, em alguns casos, dispensável. O próprio conceito de competência profissional vem sendo reescrito. Na verdade, acaba sendo bom para os chefões. Pensem comigo: se quem detém notório saber técnico ocupar cargos de poder, serão pessoas insubstituíveis ou de difícil substituição. Poderão cobrar caro, escolher onde querem trabalhar e fazer com que empregadores se sujeitem à sua vontade. Algumas poucas profissões que ainda dependem majoritariamente de competência técnica permitem esse luxo, como por exemplo aquelas ligadas a informática. Mas infelizmente a regra não é essa.

A regra é que ocupem cargos altos aqueles que não detêm as melhores das qualificações técnicas, que justamente por isso, se tornam facilmente substituíveis, dependendo da direção para onde venta o vento. Quem hoje é muito prestigiado amanhã pode ser descartado como uma fralda suja. Cada vez mais é essa a lógica que rege o mercado. Tempo de casa não significa cada vez mais segurança de estabilidade e sim cada vez mais risco de demissão. Um mercado cruel, volátil, que maltrata os técnicos e faz dança das cadeiras com os bem relacionados. A única solução para uma vida confortável nos dias de hoje é ser herdeiro, e olha, dependendo do caso, nem assim.

Essa ânsia por contatos, por aliados para se firmar no mercado de trabalho, fez nascer uma geração hipócrita, dissimulada, falsa. Aprende-se desde os tempos de estagiário que tudo nessa vida são contatos e aos poucos, o profissional vai sendo moldado para socializar compulsivamente com tudo e todos, isso quando também não bajula. Perdem a capacidade de discordar, criticar, de bater de frente. Viram fantoches sorridentes que pisam em mil ovos antes de discordar de alguém. O resultado? Perde-se a troca no lugar de trabalho e por consequência, reduz-se o nível de inovação. As boas ideias nascem do brainstorm, da negativa, da discussão, do embate. Quando todos “se concordam” e estão mais preocupados em fazer contatos e agradar, quem morre são as boas ideias.

Talvez isso explique muito da genuína e tosca criatividade do Desfavor. O descompromisso em agradar, a falta de preocupação com resultado final, com números ou com aceitação social. Autenticidade é artigo de luxo no mercado moderno. Tanto é que se o Desfavor fosse uma empresa, certamente faliria no seu primeiro ano. Não serve para o mercado de trabalho e, justamente por isso, acrescenta. Uma pena que as coisas estejam tomando esse rumo. Tudo se resume a política. Quando se derem conta que, no final, isso prejudica a todos nós, provavelmente já seja tarde.

E quando for tarde, eu quero ver conseguir pegar uma geração que não se dedicou ao estudo e conseguir criar outra que se dedique. Como? Com professores que já não se dedicam tanto ao conhecimento vai ficar difícil elevar o nível. Mesmo hoje, pergunte a qualquer professor veterano, os alunos rendem muito menos do que há uma década. Vai ser muito difícil reverter essa cultura da futilidade e das aparências no mercado de trabalho, mesmo que se queira. Quem já viu um puta médico com notório saber estilo House, viu. Quem não viu, não vai ver mais. O nível de tudo está caindo: do estímulo em casa, do ensino, da cobrança técnica. Dificilmente isso será revertido. Só espero viver para ver uma coisa: a revalorização de quem se dedicou ao estudo e é tecnicamente superior no que faz.

Se você está nessa situação de ser tecnicamente muito mais competente do que seus superiores e ainda assim não conseguir reconhecimento nem o cargo que merece, não se desespere. Meio mundo está assim. Infelizmente a dinâmica do mercado agora é essa. Não se sinta mal ou fracassado, no final das contas quem vai perder com isso é a sociedade como um todo. E se você é empregador, faça um bom investimento: contrate e cultive ao menos metade dos seus funcionários com altíssima capacidade técnica, coisa que não se confunde com diplomas, cursos e títulos. Em breve esses profissionais entrarão em extinção e quem ainda os tiver terá um diferencial no mercado. Se uma única pessoa ler este texto e mudar de ideia, prestigiando, promovendo, remunerando melhor um funcionário estudioso já terá valido a pena.

Para dizer que você faz parte do grupo que se dedica apenas ao necessário e não quer que isso mude, para dizer que se identificou com o texto mas ele te causou mais revolta do que conforto ou ainda para não entender nada e fazer um off topic qualquer: sally@desfavor.com

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Comments (141)

  • Ótimo texto.
    Eu sempre achei o Principio de Peter uma teoria válida mas hoje as pessoas fazem questão de ser incompetentes em todos os níveis!!
    Ah sim tenho pavor de networking.

  • Eu tinha uma visão tão romântica sobre Universidade ser um lugar de crescimento e conhecimento, aonde você poderia se desenvolver intelectualmente.
    …só para me deparar com um monte de retardados que só querem saber de “breja”, usuários de Abercrombie/Hollister e ouvidores de sertanejo. É impossível discutir sobre qualquer assunto que tenha um tiquinho mais de profundidade.

    Vejo as pessoas mais fúteis e desinteressantes pegando cargos chave em empresas, e realmente parecem estar escolhendo os “espantalhos” a dedo.

    Agora, onde ficam os introvertidos nessa história? Me cago de medo disso, pois não tenho contatos nem social skills.

    • Se você não tem contatos nem social skills eu recomendo fortemente que escolha uma profissão onde isso seja secundário e sua competência ainda fale mais alto. Alguma aptidão para informática?

      • Aptidão para a informática conta pouco. Melhor eu preparar a piada maior, até porque a parada do TOR que o Somir comentou hoje. Não sei se é impressão, mas acho que rende um “não disse” em meu favor. MWAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!

      • Achei errado. Disse apenas que a DEEP era mais perigosa e mais problemática do que a rede convencional. Quando naveguei por meio do Tor não pude comentar aqui mesmo por conta do IP estar bloqueado por FLOOD.

      • WOJ e Anya, não me surpreendo porque tenho conhecimento do que acontece nas rodas. Não sou mais nenhum garotinho, sendo que a diferença de idade entre eu e o Somir deve ser mais ou menos a mesma dele em relação a Sally (considerando-se que ele tenha nascido em 1980… Lembrei do “tecnicamente não, mas quase”. 1980 é considerado como parte da década de 1970.)

  • OFF: Mais uma da série de mirar no peixe e acertar no gato… Como é que eu ia adivinhar que o filhinho de papai do Diogo Mainardi NÃO TINHA CURSO SUPERIOR NENHUM.

    Claro que estava na cara que ele nunca fez faculdade de jornalismo, porque a postura dele nunca foi de jornalista e sim de mero colunista medíocre na Veja. Falando em Veja, o mais novo colunista de lá é o conhecido Rodrigo Constantino (que já escrevia para “O Globo”), que pode até ser boa pessoa, mas é burrinho que dói.

    Os artigos dele são aquela linha mediocre liberaloide, mas no seu debut pra Veja ele se superou, ganhando o prêmio “mamãe, apelei” da minha parte.

  • Nessa pátria podre de um mundo distópico, a moralidade é a medalha do perdedor. Entre os “vencedores” o mais próximo que se tem disso é o moralismo, que exemplifica bem a postura hipócrita de nossos “paladinos” e do BM em geral.

    Em meio a balburdia ganhei alguns pontos em observação, mas ser um diletante sem muito pé a essa altura da vida é funesto.

  • Ótimo texto, Sally. Já vivenciei quase tudo o que é citado. Em praticamente todo lugar em que trabalhei tinha sempre o puxa-saco do chefe, a tapada gostosinha – ou nem isso – que só estava lá por causa do “teste do sofá”, o imbecil que não sabe nada em cargo de chefia… E vi também muita gente competentíssima se desiludindo e indo fazer qualquer outra coisa porque a idade vai chegando, o reconhecimento nunca chega, os filhos nascem e as contas precisam ser pagas….

    O que você mencionou de “advogados iniciantes em congressos, palestras e similares que estavam apenas de corpo presente, jogando joguinho de celular ou conversando do lado de fora do auditório” não acontece só com profissional recém-formado, não. Universitários e até gente ainda prestando vestibular também têm comportamento semelhante. É de cair o cu da bunda… No fim do meu primeiro semestre de faculdade, participei de um congresso nacional de estudantes de comunicação no Paraná. Ainda muito ingênuo – e achando que na faculdade, junto de um monte de “intelectuais”, tinha finalmente achado o meu lugar – fui esperando algo grandioso e vi minhas ilusões simplesmente virarem pó. Neguinho só queria saber de tomar vinho barato e fumar maconha. Discutir idéias, tomar parte nas oficinas oferecidas e aprender alguma coisa, nem pensar. Pior: já vi gente péssima em ciências exatas escolhendo curso na época do vestibular falando assim: “ouvi falar que as festas da engenharia são muito lôooooooocas”. Ou seja, caras assim entram na faculdade deliberadamente para badalar e sem o menor cacoete para a profissão. Daí ou larga o curso no meio ou se forma sabe-se lá como e “trabalha” sempre fazendo uma cagada atrás da outra.

    Outra coisa que vi na época da faculdade é aquela situação da gostosinha que não manja nada do curso e da profissão, mas que sabe que pra tirar boas notas – e depois pra subir de cargo no trabalho – terá que “jogar seu charme”. Uma menina – bonita mesmo, era modelo e até enfeitou estandes do salão do automóvel de São Paulo – tinha o apelido de “toc toc” (por causa da cabeça oca) e, sempre que tinha trabalho em grupo, ela se aproximava e pedia com voz melosa: “Ai, posso fazer parte do grupo de vocês?” E os babões, claro, deixavam… Um desses babões – que hoje já é até casado – era aquele cara que tocava “Adocica” no carro de quem eu já falei.

    E com relação a esta frase: “Curiosamente, na era da ampla disponibilidade de informação, do acesso ao conhecimento, o ser humano está perdendo o interesse por ele.”, acho que é uma tendência das pessoas – pelo menos da maioria ou dos medíocres – de não saber dar valor ao que se tem nas mãos muito facilmente.

    • Quando os congressos, cursos ou sei lá o que envolvem viagem, daí é certo que além de não ter nenhum interesse ainda vai ter putaria. Olha, muito deprimente.

      E isso da gostosa que nem ao menos precisa dar para se beneficiar só mostra como homem é OTÁRIO, porque puta merda, beneficiar alguém que nem dar para você deu é de uma burrice cavalar! Deu até vontade de escrever um texto sobre isso, viu?

          • Esse é um dos maiores problemas do brasileiro médio: eles costumam ser maioria

            O único lugar que eu conheço onde o brasileiro médio apanha e é expulso é aqui, no Desfavor

        • Tenho certeza de que não foi. Se não você estaria aqui me xingando de mal amada, recalcada e baranga por atacar quem faz esse tipo de coisa!

      • … e como eu vi isso no meio de TRABALHO! Sério, parece que é uma parada psicológica, se a gostosa ‘não dar’ não tem problema, fica platônico… o filho da puta casado há dez anos e com filhos!

        Eu não conto mais nada porque tenho mania de perseguição. Mas este teu texto aí pelo menos me deixou menos puto, sabendo que é trend mesmo, que não sou só eu.

        Acho que o negócio é partir pra quimbanda…

        • 1) Ratifico, W.O.J. : Engenharia – inclusive oficialmente / declaradamente – já “tava nesse limbo” (fama) em relação a festas. E nem foi por isso que fiz outro vestibular para exatas.

          2) Sally, quando me recusei (também, mas só para um anseio de uma tia) a tentar o vestibular para Direito eu apenas pensava nos critérios candidato / vaga e livros dos mais imensos que já havia ouvido falar, nem imaginava “milésimos de porcentagem” do que você alertaria nos anos seguintes, sobre diploma apenas nacional “y otras cositas más” (em 2009-2010 o Desfavor já existia (pré-RID), entretanto…).

          3) Minhas reclamações para o curso de graduação pública – que persistem, mas ao menos das mais técnicas possíveis – são professores “toc toc” em didática, justamente nas matérias mais “vilãs”, se bem que admito : talvez até esses eram “Houses” – dois deles já saíram de lá e eu, que nem soube ser aprovado nem com a maioria dos outros, ainda posso estar para ver o pior né ?

          4) Meritocracia ainda (praticamente) predomina, tanto no vestibular – inclusive de baixa concorrência, tanto por falta de qualquer status da Engenharia quanto por adolescentes nem pensarem em posterior transferência interna para onde querem – quanto na graduação…

          5) Admito [2] : era eu que cheguei a fazer parte de minorias zoeiras – no primeiro período e em outra turma – e, principalmente, sob o contrário : de pedir vaga para os grupos, inclusive que já tinham gostosas que NÃO eram toc toc, uma até era a líder (risos).

    • Só que dependendo do concurso e principalmente do Estado no qual você mora, também rola um tremendo favorecimento e nem sempre quem tem mérito é quem passa

        • E eu vendo os concursos… Juro que as vezes chego a me sentir mal pelas oportunidades que deixo de lado por conta da chupim que não quer saber de largar o osso nem fudendo. Já falei mais de mil vezes pra ela tomar um rumo na vida e tentar arranjar um macho que a aguente porque tá tenso. Mas falar com uma porta é mais útil, dado como as picaretas são bem relacionadas aqui. #prontodesabafei

        • Ratifico o que a Sally disse – mais por outro comentário de outro post, sobre provável aumento dessa maracutaia com as cotas – mas principalmente a maria : vivi BASTANTE a demora com “meu” cadastro de reserva, isso porque comecei a acompanhar quando começou a PARECER que eu tinha chance…

          E após a tal da posse, pelo menos como “probatório estagiário”, só estou melhor mesmo que a maioria dos terceirizados… -_-

  • Pistoleira, Maluca e Jinjo

    Uma pena que um texto tão lúcido, verdadeiro e – principalmente – alarmante e que faz pensar como o presente tenha esta quantidade ínfima de comentários, em face doutros textos tão bobos e sem noção no estilo dos que abundam neste maravilhoso oásis de bom senso (sim, isto é um paradoxo!) que é o Desfavor. Parabéns à Sally por resumir (bem, não tão resumido assim!) uma situação que, por incrível que pareça, terá o condão de levar o Brasil ainda mais para o buraco, pois eu achava que nada mais faria este país lixento se atolar na merda além do que já está.

    • Fato: escatologia e sexo bombam em qualquer lugar do universo, inclusive aqui.

      Tomara que este texto seja muito divulgado. Nem faço questão da divulgação da autoria, basta passar o conteúdo do texto.

      • Adoro os nicks criativos, principalmente aqueles criados especialmente de acordo como o tema do texto. Humor fino e sofisticado que não se vê por aí.

  • Oi Sally =)
    É impressionante como você consegue expressar bem as situações hehe.

    Sabe Sally, sobre o texto, é bem verdade que isso acontece. Isso me fazia muito mal, mas sabe o que comecei a perceber? Há vários meios para melhorar o mundo e cada pessoa tem condições de progredir ao bem e ao mal, pelo desenvolvimento do seu autoconhecimento. Então Sally, continue estudando e trabalhando pra você. Se achar necessário, mude de emprego e de pessoas que você se relaciona. Aproveite outros meios para encontrar o que você procura. Deixe os errados e orgulhosos serem vítimas da sua própria fraqueza. Essa leva de gente que segue o ritmo do mundo, não tem ideia que são totalmente influenciáveis. Conviva e procure ter contato com pessoas que são como você, Sally. Aqui no seu site você vai encontrar um monte, já que você se expressa da sua forma e quem se identifica vai escrever nos comentários =) Veja que vc não está sozinha, muita gente pensa como você =)

    • O problema, Fernanda, é concentrar essas pessoas todas espalhadas pelo Brasil e pelo Mundo em um único lugar para conviver com elas. Só se a gente invadir o Suriname e funda a República Impopular do Desfavor por lá…

  • Sally… passei 6 longos anos acomodada, deprimida e revoltada dentro de uma grande empresa (de merda), que quase chorei lendo isso.
    É assistente (eu era), tendo que ensinar a profissional que era contratado já como pleno por ser irmão de fulano, tendo que ensina a filho de sicrano, provando ao sub gerente de bosta que o cálculo dele estava errado e o seu certo. Durante anos convivi com um assistente excepcional que na prática conduzia o setor, porque o gerente era um merda diplomático. E muitos, mas muitos outros abusos.
    Não tem jeito, ou você ganha dinheiro sendo um babaca puxa saco (cansava de escutar “o saco do chefe é o corrimão do sucesso!”) ou se conforma em crescer financeiramente de maneira mais lenta, mas mantendo a sua dignidade e a sua saúde mental e física.

    • Atualmente eu acho que a solução está em um negócio próprio, ainda que comece bem pequenininho, com uma pessoa só. Trabalhar para si mesmo tem suas desvantagens, mas porra, na minha opinião compensa.

      • É uma ótima opção.
        Venho de uma família de empreendedores: é algo que você só conquista estabilidade com muita luta, mas que no fim acaba compensando pela liberdade que te proporciona. Tendo a cabeça no lugar e sabendo fazer tudo certinho, depois de um tempo você começa a ver lucro sim.

        • O problema é que o negócio só cresce na mão do dono. Trabalha-se muito, aborrece-se muito, lida-se com funcionários canalhas, quase não se tem férias e em períodos de vacas magras o padrão de vida despenca. Ainda assim, acho que vale a pena e assim que puder quero investir nisso.

          • O bom e velho “farinha pouca, meu pirão primeiro”, né? Claro, é mais negócio tentar manter esses grupos sectários em favor do próprio umbigo na “situação” para tentar manter um mínimo de governabilidade. Se por conta disso, você acaba com o ônus da política adotada, pouco importa pelo simples desvio de foco de “jogar uns contra os outros” funciona bem para manter as aparências. E nem negócio próprio é garantia de nada não. Dependendo do nicho, pode acabar mal se ganhando o da subsistência, até porque o jogo é desleal e quem está em posição de barganha quer tudo na “moleza”.

          • Ah, tem isso também: o olho do dono que engorda o boi, né?!
            Mas, na minha opinião, essa é uma situação que te coloca numa posição limite, pois quando você começa a trabalhar por conta própria, não consegue cogitar a ser funcionário de novo, ou seja: ou vai, ou racha!
            Por mais extenuante que seja, se você realmente gosta daquilo, depois de muito tempo tem suas compensações… meu pai demorou 20 anos pra tirar férias de verdade e, hoje em dia, só vai trabalhar quando quer se distrair. Estamos falando de um camelô de 60 anos que hoje em dia tem vários pontos (barracas) e uma loja bacaninha (sou uma herdeira, impopulares! hahahahhahahaha), mas a custa de muito trabalho de domingo a domingo, trabalhando inclusive durante as pequenas e raras viagens de família.

            • Eu acho que vale a pena, a bosta é que dificilmente se consegue algo rentável cujo investimento inicial não seja proibitivo.

              • É o ciclo: você tem que trabalhar para juntar esse dinheiro. Se trabalhar direitinho, com o que é bom e ama, não vai conseguir; então você se submete a um trabalho escroto, num ambiente escroto. Mas aí nunca é promovido para ganhar dinheiro suficiente, então não consegue juntar o dinheiro…

  • “Aquele Zé Ruela desatualizado e incompetente que está na empresa faz vinte anos e não é mandando embora por um misto de pena e encargos trabalhistas”

    E um desses atrapalha e desmotiva a equipe inteira… é dificil se emprenhar quando tudo o que você faz para em um ser desses.

    • Sim, desmotiva mesmo. E puxa para baixo o nível de exigência. É como namorado gordo: você não se sente na obrigação de estar em forma, basta ser mais magra do que ele e tá de bom tamanho.

  • A propósito, como fazer pra ser demitido, sendo que já propus acordo e nao adiantou? Será que colocar atestados médicos em série surtiria efeito?

    • Depende, você tem que descobrir o que irrita e o que prejudica seu chefe sem incorrer nas causas de falta grave. Estude seu patrão, observe os motivos pelos quais ele demitiu outras pessoas.

    • Um misto de atestados, fazer o trabalho nas coxas e deixar claro que aquele ambiente é um lixo em cada uma das suas frases, ajuda. Consegui ser demitida assim.

  • Depois de um ano numa empresa privada, todos viram funcionários publicos. Eu já tenho 4 e não importa quão relapso eu seja nem implorar por demissão. Isso pra empresa tá fora de cogitação. Fazer o quê? Vou mamando e empurrando com a barriga a função desmotivada.

  • Tomo muito no rabo por causa disso. Ainda não tenho muitos funcionários, mas tento treinar bem meus estagiários, pelo menos. Se depois eles quiserem ser fura-olho fidaputa, problema deles, mas agora estão aprendendo a serem bons.

    Porque o que tem de par e superior meu pra lá de medíocre não é brincadeira. Aqui na firma mesmo, departamento ao lado, do mesmo setor. Chefe de departamento demitiu empregado supercompetente porque “o santo não bateu” (e disse isso na cara). Agora está cagando no pau direto, mas como tem muito amigo, continua aqui, dia após dia. Vou nem começar a falar do que me atinge pessoalmente, em nome do anonimato, rs.

      • Aqui, no Brasil?! Tá mais fácil esse terreiro virar dos gringos, com a conivência dos cagões de nossa política “pão e circo”.

        Alheia a isso, a maior parte da população urbana vai acabar é se virando como dá nos “subempregos”. Se na China se tem grande produção por pouco, quem é que vai se importar com qualificação profissional no Brasil?

        Deixa as fábricas de diplomas a la Detestácio de Çá faturarem aos montes, despachando quantias vultosas pro exterior. Enquanto isso, os tolinhos ficam esperando por uma oportunidade de ouro que nunca vai chegar, enquanto que os apadrinhados se garantem melhor na parada.

        • Digo, tá mais fácil isso virar terreiro dos gringos e celeiro de uma produção agroextrativa voltada ao exterior… Quase que uma volta a velha política de colônia.

            • Diana, não estou falando da subsistência do modelo de “colônia, mas sim do retrocesso de nossa economia a um nível mais primário, em prejuízo de outros setores mais desenvolvidos na economia brasileira. A Dilma é uma cagona que mantêm a todo custo uma política contencionista na tentativa de conter o desmonte, mas a falta de jogo de cintura e de conhecimento da situação a prejudicam.

        • Sim, hoje eu também acho que muitas vezes, por mais que você seja bom e faça tudo direito, pode acontecer da oportunidade nunca chegar. Isso me entristece.

        • Bizarramente tenho uma ótima estagiária da Detestácio. Que ontem veio desabafar comigo como está desapontada com a merda de lugar em que trabalhamos. Ela também sacou o esquema daqui. Não me entenda mal, não estou defendendo a faculdade. Mas que de vez em quando aparece alguém que presta por lá, isso aparece. Dou minha palavra. Não tenho tanta intimidade pra perguntar, mas me parece que a moça não deve ter tido oportunidade de estudar em outro lugar, e está procurando outros meios de se formar bem independente do curso. Como eu disse no comentário de ontem, estou aqui pra ajudar meus estagiários. E ontem, quando ela desabafava sobre o desapontamento, disse isso textualmente a ela, pra sugar de mim o que achava que pudesse aprender, e que depois chutasse esse estágio mesmo, rs. Que ela tem capacidade pra mais. É um dos casos que a formação veio de fora, realmente.

          • Sim, algumas vezes o aluno é bom pra caralho mas como não vem de família rica não tem dinheiro para pagar um cursinho e não passa em um bom vestibular. Não apenas pelo cursinho, mas porque também precisa trabalhar para se manter e não tem tempo nem condições de estudar. Mas não se engane, são exceções.

    • Pela minha experiencia com o problema, imagino que “o santo não bateu” significa “atende aos legítimos interesses da empresa/órgão mas não atende aos meus interesses particulares escusos”. Errei?

  • Sally realmente é triste de se ver isso. Mas fico me indagando: já pensou que essa conjuntura que temos hoje é por vezes resultado do que plantamos no passado? Pensando em termos históricos sociais e políticos no caso. Quero dizer: veja o que o tal do “neo liberalismo” fez com a educação, e principalmente, o que houve com a educação no Brasil nos últimos anos: ênfase pra falta de investimento nas federais, e bolsas pras universidades particulares que vendem seus diplomas de um jeitinho qualquer. Tão logo é como tu disse no texto “O que conta é ter um curso em sei lá o que, uma pós em não sei o que lá…”

    Mais ainda: penso que se o ponto em questão é ter sucesso a qualquer custo, então isso é causa justamente da conjuntura de mercado que temos, não? É isso que é o mais triste de se observar: a política e a economia em certo sentido “invadindo” e solapando outras áreas que não deveriam, como por exemplo, a educação!

        • Ge, as raizes disso remetem ao período colonial. Tal problema estava escamoteado porque a competência, a habilidade e o conhecimento também eram importantes na execução do trabalho. Hoje no interior das corporações o que predomina é uma posição eminentemente POLÍTICA.

          • É, interessante tua análise! Também já pensei em certo sentido que isso remete à época colonial. Embora tenha me chamado atenção a conjuntura dos últimos tempos, “neo liberalismo” pra cá. Mas realmente é foda o que a predominância política faz!

      • Acho que ninguém se insurgiu porque isso aconteceu não da noite pro dia, mas de forma gradativa, como as transformações na vida de uma pessoa que tu mencionou no comentário lá embaixo, porém em escala muito maior. O pior é que até agora tem pouca gente percebendo que existe esse problema, então a tendência é só piorar.

    • Não. A transição ocorrida no governo FHC foi na prática um “choque de realidade”.

      O sucateamento das faculdades públicas (decorrente dos contingenciamentos financeiros), o advento e fortalecimento das particulares (em especial das “fábricas de diplomas”) e o oferecimento de bolsas (em troca de subsídios tributários por meio do ProUNI) contribuiram com a PERCEPÇÃO da questão.

      Talvez o “desmanche” de boa parte da estrutura econômica calcada no inflacionismo combinada ao clima de “salve-se quem puder” da economia dos anos 90 possa ter deixado tal tendência mais proeminente, mas já havia a percepção de tal questão ao menos desde quando o pai do Chico publicou o “Raízes do Brasil”.

  • “para dizer que se identificou com o texto mas ele te causou mais revolta do que conforto”

    Sim! \o/.

    É isso… vc fica boiando entre cargos “médios”, vendo seu chefe reclamar sem parar que as pessoas não tem comprometimento, não contribuem com ideias e não param em um emprego, mas quando tem chance de promover alguém, promove pensando em melhorar seu amigograma ou familiograma (novas versões do organograma).

    E seu salário vai ficando mais alto, já que vc fica preso anos no mesmo cargo mas tem dissidio. E suas chances de ser mandado embora só aumentam (já que alguém do RH não faz nem ideia de quem contribui com o que na sua área).

    Eu concordo tanto, mas TANTO com esse texto, que até dói.

    • Carol… O que dizer dos capatazes que falam das paradas de “motivação”?

      É um capítulo a parte na distopia do “mercado de trabalho”. Esse tipo é especialmente para um objetivo, que é o de extrair o sumo da equipe que bem ou mal ainda contribui um pouco.

      Também não é exatamente fácil para quem atua em posição de “chefia” ou “subchefia”, pois para quem não sabe, se você não promove algum dos seus “aparentados” ou “miguxos” dentro da corporação, você acaba é ganhando a fama de FURA-OLHO, perdendo pontos com familiares ou com os “amigos”.

      Só recorrem a um profissional “experiente” e “gabaritado” em dois casos, que são:

      1) Quando a qualificação do “funcionário” é tão excepcional que chega a influir no status da corporação (coisa que é comum entre executivos “de carreira”).

      2) Quando há uma crise séria no interior da empresa e se tenta desesperadamente equacionar os problemas decorrentes de anos e anos de ingerência corporativa.

      De qualquer forma, o mais provável é que no meio do caminho o RH (mais preocupado com os custos da empresa do que com a qualidade do trabalho executado pelos funcionários) dispense o funcionário com relativa experiência (4/5 anos dando o sangue pela empresa) a pretexto de “corte de custos”.

      • “Também não é exatamente fácil para quem atua em posição de “chefia” ou “subchefia””.

        Não é mesmo. Mudei de área por uma série de canalhices descritas no texto e na área atual eu vejo meu chefe (que é gente boa pra caramba) passando por isso tudo tb.

        • Não é mesmo ! Conheço um super gente boa também, que já esteve em duas chefias, sendo que uma eu pude saber de detalhes. Eu também confirmo : é pior ainda do que aquele episódio dos Simpsons (Homer no lugar do Sr. Burns) pôde retratar…

  • Muito obrigada por esse texto. Para uma “nerd” que ama livros e é muito criticada por isso, foi muito bom saber que não estou sozinha neste mundo em que parecer que temos conhecimento abre mais portas do que realmente estudar para encontrar o conhecimento real. Não é fácil saber que quem tem contatos e padrinhos está melhor no mercado de trabalho do que eu… Mas estudar ainda vale a pena!

      • Mesmo no Brasil pode valer a pena. Se se trata de alguém que valoriza conhecimento e se realiza aprendendo, dá satisfação pessoal.

        • Se você conhecer alguém assim, por favor, passe meu curriculum para a pessoa, porque eu trabalho até por uma paçoca para uma pessoa que aprecie meu esforço e estudo.

          No momento, a única solução me parece abrir algum negócio próprio.

  • No decorrer da leitura do texto minha vontade era de me encolher e chorar.
    Eu sempre achei que a parte do QI fosse mais acentuada em cidades pequenas, afinal, basicamente todo mundo se conhece ou ao menos sabe quem é o fulano, filho do delegado ou beltrano, filho do médico. Aqui na roça, quando iniciei a faculdade, era muitíssimo difícil conseguir um estágio, inclusive o voluntário. Você precisava ter algum parente influente para entrar em algum escritório ou órgão estadual. Ao menos hoje em dia, estão aplicando provas e até onde sei não há jogo de influência para manipular o resultado.
    Acho que é exatamente por isso que as pessoas se voltaram ao concurso público, um dos únicos meios que você precisa saber (ou decorar) para entrar em um emprego que te dê uma certa estabilidade (para aqueles concursos que ainda não foram atingidos pela corrupção, se houver algum, é claro).

    • Fiz a prova para direito na Unesp em 2002 e tive uma pontuação estranhamente baixa, dado o domínio que eu tinha nos assuntos tratados em tal prova. (Coincidentemente, História, Geografia e Lingua Portuguesa, que eram os pontos fortes da prova na época também eram os meus pontos fortes.)

      Fui saber algum tempo depois que tinha havido uma parada fraudulenta em prol de beneficiar filho de diretor lá dentro, o que me acendeu o alerta de que talvez a prova não fosse uma parada exatamente idônea.

    • Outro problema do concurso (pelo menos pra mim), é a falta de oportunidade em áreas mais criativas. Para o BM que ta se lixando para a satisfação profissional e quer apenas ter um salário razoável e uma dita estabilidade profissional, foda-se, esse é o foco. Agora, imagine: você fez uma faculdade de comunicação, não conseguiu emprego, prestou um concurso para o Banco do Brasil e passou. Imagine passar o resto da vida ali… gostaria de saber o índice de depressão entre as pessoas que fazem esse tipo de coisa, imagino que seja enorme.

      • Realmente, para algumas pessoas é a morte viver de trabalho burocrático, monótono e repetitivo. Definitivamente não comporta todo perfil de pessoa. Um castigo ter que viver assim sem ter o perfil apenas para conseguir pagar as contas no fim do mês!

          • O mundo fica em preto e branco. O melhor momento do dia é quando você dorme, pois esquece a merda de angústia diária que sofre. A gente adoece fisicamente, vive em um estado de nervos horroroso e não sobra nada de afeto ou disponibilidade para a família ou pessoas queridas. Pior: isso vai acontecendo gradualmente, a gente não percebe. Até um dia se olhar no espelho e não gostar da pessoa que você se transformou e, muitas vezes, não ter condições de romper com isso. Te entendo demais.

  • É o que mais tem, meus senhores: vitoriosos na adulação, vencedores premiados do lambecuzismo, da compactuação com os intereses particulares e escusos das autoridades. É por essas e outras que não faço a mínima questão de ser sucedida em certas áreas. As vezes fracassar em algumas coisas e situações é por demais honra e lisonja.

    • Ah, e falando em lambecuzismo, estou me lembrando do “escândalo do metrô” (que é requentação de parada velha). Considerando que não seja factoide e que o superfaturamento nas obras tenha como base uma comissão de 30%, pode se saber que tem o braço da OPUS DEI no meio, até porque é uma parada meio que difícil de esconder sem uma organização nessa linha respondendo pela retaguarda.

      Suellen, o que me diz disso? Será que na cabecinha de nosso governador está tudo “certo” e que “os fins justificam os meios”?

  • Verdade seja dita… Isso está parecendo um desabafo pelo prisma de uma mulher do signo de DISNEY.

    Essa do sucesso “sem mérito” está longe de ser novidade (que o diga o Sr. Boris Casoy), só que hoje em dia está mais difícil dissimular e esconder a merda debaixo do tapete.

    Claro, há importantes desfavores que ajudaram em muito a AGRAVAR esse quadro, mas quando muito, eles foram citados apenas marginalmente aqui.

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