Flertando com o desastre: Desconhecidos paunocus.

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Faz tempo uma dúvida me assola e ainda não consegui me posicionar muito bem a esse respeito. Sim, o texto de hoje é um desabafo e tem o objetivo mais de ouvir do que de “falar”, pois me permito apenas expor o problema e tentar chegar a uma solução com os comentários de vocês. Pessoas desconhecidas e sem limites, como lidar?

Vamos ser mais específicos. Pessoas que interferem na vida das outras sem serem convidadas, pessoas que opinam sem serem perguntadas, pessoas completamente estranhas, que não são amigas, não são parentes, não são colegas, não são nem sequer conhecidas, e ainda assim se metem a te dar algum conselho ou falar com você. Gente assim me incomoda demais, mesmo sabendo que a maior parte é composta por sem semancol bem intencionados. Eles me irritam profundamente. Porque o povo acha que o que predomina é a boa intenção. Já eu acho que o que predomina é a falta de semancol mesmo. São, antes de mais nada, para mim, pessoas mal educadas. Foda-se qual é sua intenção, mal educado é mal educado.

Um exemplo: me deixa puta da vida que me avisem que meu sapato está desamarrado ou minha bolsa aberta e depois se dediquem a fiscalizar minha reação. Frequentemente eu ando com a bolsa aberta para poder escutar meu celular tocando, caso ele toque (benefícios de não viver mais no Rio de Janeiro). Daí chega o entrão, me cutuca e diz “Sua bolsa está aberta”. Eu sorrio amarelo. Daí a pessoa cutuca mais uma vez e diz: “Não vai fechar?”. Como lidar? Dá vontade de dizer à pessoa “Já estou ciente de que está aberta, daria para por favor me deixar em paz?”. No que uma bolsa aberta incomoda tanto outra pessoa? Dá licença de eu andar de bolsa aberta? Já estou sabendo que está aberta, já me avisou, poderia por gentileza ir tomar no meio do seu cu e me deixar em paz?

Essa cultura de se sentir no direito de falar com quem você nem conhece, descrita por muitos como prestatividade e simpatia, me aborrece. O que caralhos a pessoa estava fazendo me observando? Não tinha nada melhor para fazer não? E porque se sente no direito de me abordar sem nem ao menos me conhecer? Olha, eu não acredito em bondade, acho gente assim entrona mesmo. Sem noção. Mas o povo acha bonito, o povo acha que é um povo “muito humano”, que se preocupa com o próximo. Negativo: se preocupa, e muito, com A VIDA do próximo. Fiscais de gente, desocupados, carentes e chatos. Se vivessem suas vidas sem ficar reparando tanto nos outros o mundo estaria bem melhor.

Outro exemplo: o mesmo da bolsa vale para o cadarço. Eu sei que meu cadarço está desamarrado, mas também sei que se me abaixar para amarrar, dependendo da roupa, vou pagar cofrinho, então, dá licença de eu preferir ficar com meu cadarço desamarrado do que com o meu cu de fora? Não, as pessoas não dão e depois de te avisar que está desamarrado, cutucam novamente: “Você não vai amarrar?”. Não está vendo que mesmo ciente eu não me mexi para amarrar? Não, caralho, não vou amarrar. Me deixa! Todo mundo quer ser O Bom Samaritano. Odeio que falem comigo sem me conhecer. “Tô sabendo que está desamarrado, será que eu tenho o sagrado direito de ficar com a porra do sapato desamarrado sem você me cobrar que eu amarre?”. Não pode, porque ISSO seria grosseiro.

A mídia parece que empurra essa cultura de meter o nariz onde não é chamado e autorizar fofoqueiros inconvenientes a parecem boas pessoas. Outro dia, por uma infelicidade, estava passando de canal quando vi um quadro no Fantástico chamado “O que você vai fazer?”. Consiste no seguinte: atores simulam uma determinada situação e uma câmera filma para ver a reação das pessoas que estão em volta. No caso, era uma mãe em uma praça de alimentação chamando sua filha pequena de gorda (de fato era um elefantinho sem rabo) e dizendo palavras rudes sobre o peso da menina e o quanto ela comia. Pela forma como foi conduzido, me parece que o bonzinho era quem intervinha em uma conversa para a qual não estava sendo chamado. Só eu acho um absurdo se meter sem conhecer a pessoa na educação que ela dá aos filhos?

O que eu vou fazer? NADA, Rede Globo, porque a filha não é minha e não cabe a uma pessoa com semancol se meter na criação que a mãe optou por dar. Ok, o que a mulher estava falando era escroto e abusivo, mas puta que pariu, me meter em um esporro de uma mãe na sua filha sem nem conhecer as pessoas? Me parece ainda pior! E eu garanto, estas mesmas pessoas que se metem ficaria putinhas se alguém se metesse enquanto elas falam com seus filhos. Esse povo que fala o que quer nunca gosta de ouvir de volta! O título do quadro já diz muito: “O que você VAI FAZER”, como se fazer algo fosse imperativo. Não tem que fazer nada, tem que deixar as pessoas falarem como quiserem com seus filhos e se por um acaso a criança TE incomodar, aí sim vira problema seu e você se mete. Mas junta a fome (instinto inato do brasileiro médio pela fofoca e inconveniência) com a vontade de comer (clamor social favorável a se meter na vida alheia).

E quando você está conversando com uma segunda pessoa conhecida e vem um terceiro desconhecido e se mete? PORQUE? Por mais “bem intencionado” que seja, a pessoa não sente vergonha de se enfiar em uma conversa da qual não foi chamado a participar? Já me aconteceu de estar perguntando para uma amiga onde ficava a loja X e um completo estranho se meter para informar onde ficava. Por melhor que seja a intenção, acho inconveniente. Se você pergunta a um amigo seu no meio da rua quanto é dois mais dois e chega um completo desconhecido dizendo que é quatro, não fica meio óbvio que essa pessoa estava escutando a sua conversa? Pior: a pessoa não faz nem questão de disfarçar que estava escutando a sua conversa! Ou pior ainda: a pessoa NEM PERCEBE que é vergonhoso escutar a conversa alheia e que isso deve ser disfarçado. Acho falta de vergonha na cara em primeiro lugar.

Já me aconteceu de estar no metrô, com um fone de ouvido atochado no fundo da orelha para não escutar nada do que se passe à minha volta e ser cutucada por uma pessoa que me advertiu dos perigos de escutar música alta com fone de ouvido, dizendo que eu estava correndo o risco de ficar surda. Oi? PROBLEMA MEU? O que caralhos a pessoa tem com isso? Não tinha nada melhor para fazer ou para pensar do que ficar ali me observando e se preocupando com os decibéis? Mas é um povo muito desocupado e sem noção do espaço alheio mesmo! Faz o que? Responde “Problema meu” e paga de mal educada correndo o risco inclusive de levar um sermão? Manda um joinha e um palavrão mental e enfia o fone novamente no ouvido como se nada? Juro, não sei como proceder. A vontade é partir para a agressão física, mas anos de terapia me transformaram nesta frouxa inútil que sou hoje.

É tão destoante assim não querer falar com estranhos? E quando estranhos abordam dizendo que esse salto é muito alto e faz mal para a coluna, o que responder? É A SUA COLUNA? NÃO, NÉ? ENTÃO VAI CUIDAR DA SUA VIDA, FILHO DUMA PUTA! Mas não pode, porque “a pessoa está falando para o seu bem”. Não! Mil vezes não! A pessoa nem me conhece, meu bem é o caralho! A fonte primária que move esta atitude não é a bondade, é a inconveniência, a falta de freio, a falta de adequação. Porque eu acho mais importante ser uma pessoa digna, educada do que a coluna de um estranho. Ninguém merece ser compelido a ouvir a opinião ou os conselhos de um completo estranho. Mas não, a sociedade acha que é uma pessoa tão abnegada que sua principal preocupação é com a minha coluna. Porra nenhuma, inconveniente do caralho! Vai ser herói na casa do caralho e deixa os desconhecidos em paz!

E quando a pessoa não contente em se meter onde não é chamada (desejo de falar > semancol) ainda tenta dar início a uma conversação sobre o assunto no qual se meteu? Respostas monossilábicas não parecem bastar para frear o processo de estupro auditivo, sabe porque? Porque a pessoa não quer dialogar, muito menos se preocupa com o seu bem, ela quer FALAR e pega seu ouvido para Cristo. De altruísta isso não tem nada, muito pelo contrário, é de um egoísmo enorme tirar uma pessoa que está na paz do silêncio e começar a paunocuzar falando sobre um assunto para o qual a pessoa não foi convidada a falar. Sim, quando você não conhece o interlocutor, quando você nunca o viu antes, só deve falar se for convidado a falar ou se algo muito grave o exigir. Isso não é antipatia, isso não é frieza, isso se chama EDUCAÇÃO e respeito pelo espaço do próximo.

Não aconteceu comigo porque eu não bebo refrigerante, mas já vi um amigo meu que bebia um copo de refrigerante ouvir de uma mulher SEGURANDO UM CIGARRO “Não bebe isso não que faz mal!”. Porque cigarro tem vitaminas, né? F-O-D-A-S-E, dá licença da pessoa SE fazer mal? Se não fizer mal a terceiros, o que a pessoa tem a ver com isso? Cacete! Vai ler um livro, vai fazer trabalho voluntário ou vai comprar um cachorro Terrier para ter uma ocupação e parar de se ocupar com a vida dos outros! Que falta de trava é essa que faz a pessoa achar aceitável abordar um completo estranho para dar sua opinião sobre algo que não lhe foi perguntado? Deve ser um tipo de epilepsia ou coisa do tipo, só pode! Deveria haver um símbolo físico, tipo um dedo médio, para a frase “ALGUÉM TE PERGUNTOU ALGUMA COISA?”. Pena que não exista, isso facilitaria a vida.

Falar com quem você não conhece não é bacana, não é simpático, não é calor humano. É último recurso, que só deve ser feito quando estritamente necessário e dentro dos limites do necessário. Se você acha normal e amplamente aceitável falar com uma pessoa desconhecida que não falou com você, eu te acho sem noção e sugiro que reveja sua conduta, isso pode fazer mal para os dentes. Saiba que existem pessoas no mundo que se incomodam ao serem abordadas por estranhos, o mundo não é composto apenas por pessoas carentes como você, que querem falar a qualquer preço com qualquer pessoa e acham que podem fazê-lo impunemente se tiverem um “álibi” que convença socialmente que o fizeram “para ajudar”.

E quando é um idoso que faz isso? O cuidado deve ser redobrado, pois é um grupo Intocável. Idoso não apenas expressa sua opinião, ele também dá sermão. Faz o que? Manda enfiar a dentadura no cu e sorrir pro caralho? Não pode, porque “ele só queria ajudar”. Valem mais as intenções do que o resultado prático, não é mesmo? Qualquer dia desses vou meter uma faca nos cornos de um e dizer que eu só queria ajudar, afinal, se a intenção era boa, a sociedade parece dar aval para qualquer tipo de falta de respeito. Por caridade, não abordem pessoas desconhecidas se não for um caso de imperiosa necessidade, é algo invasivo, inconveniente e chato. E se abordarem, passem seu recado de forma sucinta e se retirem com graça e dignidade.

E por fim, tem aqueles entrões silenciosos, que ficam escutando a sua conversa sem fazer a menor questão de disfarçar. Riem quando você faz uma piada, fazem cara de nojo quando você conta algo nojento. Te acompanham feito novela. A falta de vergonha na cara e a falta do que fazer é tanta que a pessoa se presta a ficar sentada no lugar onde você está apenas para escutar a conversa. Se for em um café ou em um restaurante, a pessoa fica ali, mesmo já tendo feito sua refeição, com a orelha em pé, tipo um Pastor Alemão, ouvindo tudo sem nem ao menos disfarçar. PORQUE esse fascínio pela vida alheia? Quando fazem isso comigo eu sempre dou um jeito de inserir no diálogo alguma ofensa que mostre de forma inequívoca que acho mal educado quem escuta a conversa alheia. Na maior parte das vezes a pessoa levanta e vai embora, mas tenho certeza que sai ofendida e achando que a mal educada sou eu.

A pergunta que fica é: existe solução? Pois por mais educada que uma pessoa seja, sempre ofende quando aponta uma inconveniência alheia. E a pessoa que se sente apontada sempre tende a achar uma qualidade negativa para desmerecer quem a chama de inconveniente em vez de refletir e admitir que o é. Muito mais fácil chamar a pessoa de mal amada, chata, amarga ou o que quer que seja do que cogitar por meio segundo que sua atitude possa ser de fato inconveniente. Como apontar a inconveniência alheia? Vale a pena apontá-la? Engolir a chateação ou colocar uma trava inequívoca se arriscando a ouvir um princípio de desaforo? Com tanto maluco no mundo, vale a pena dar um fora em um desconhecido?

Alguém tem que educar esse povo que acha bonito sair dando opinião que não foi perguntada, sair falando com estranhos sem ser convidado, sair se metendo em escolhas pessoais de desconhecidos. Nojento que isso seja socialmente aceitável. Pior ainda que países onde esse tipo de falta de educação não se tolera sejam chamados de “frios”, com pessoas “antipáticas” e “distantes”. Não é afeto, não é calor humano, não é nada além de INCONVENIÊNCIA, porra! Não é mérito ser assim. Quanto tempo vai demorar para o brasileiro médio se civilizar?

No momento estou tentando um último recurso: trollar as pessoas que vem me abordar sem serem convidadas. Começo a contar coisas escabrosas da minha suposta vida pessoal, peço dinheiro emprestado, digo que tenho sarna ou lepra e fico encostando na pessoa. O triste é: quase nunca funciona, as pessoas estão tão carentes que topam qualquer merda para ter cinco minutos de atenção, inclusive pegar lepra. Honestamente, não sei mais o que fazer para evitar que estranhos venham falar comigo. Alguém saberia me ajudar?

Para me chamar de fria, escrota e mal amada e passar atestado de inconveniente que fala com estranhos, para responder que esse é um daqueles casos excepcionais onde a agressão física se faz necessária ou para sugerir que eu comece a falar truncado, como se fosse surda: sally@desfavor.com

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Comments (114)

  • ” Não é afeto, não é calor humano, não é nada além de INCONVENIÊNCIA, porra!”
    NÉ???????????????????? porque ninguém entende isso meldels?????

    já q vc pediu sugestões: fingir q seu celular tocou, atender, e ficar simulando um diálogo enquanto sai andando.

    • Não sei porque as pessoas não entendem, provavelmente porque a maioria foi criada por pais igualmente mal educados e acha isso normal desde a infância. Vou testar a tática do celular.

  • Lendo hoje porque só agora com tempo e… Parece que fui eu quem escreveu isso.

    Estou sempre com os cardaços desamarrados, porque minhas pernas são inquietas quando estou sentado e um pé acaba fazendo soltar o cardaço do outro… e tem sempre alguém “seu cardaço está desamarrado”, continuo a andar já ciente disso e “Não vai amarrar? Vai cair”. FODA-SE PORRA!!!!!

    Outras coisas no texto também acontecem comigo…

  • Muito chato mesmo.
    Uma vez estava na fila do caixa no mercado pra pagar umas pizzas congeladas que ia comprar. Uma mulher atras de mim começa a falar que as pizzas eram cheias de oleo “palme” (nao sei como se diz em portugues, mas nao é bom para a saude nem para o meio-ambiente), falando que isso nao era bom, bla bla bla. Eu com um sorriso amarelho falei “eu sei” mas ela nao parava, até a caixa do supermercado ja tava olhando a mulher torto. Me deu vontade de falar “entao vai la e compra uns produtos “bio” pra mim, porque eu nao tenho dinheiro pra essa porra. é você que vai pagar a minha compra?”, mas como sou muito educada fiquei quieta. Ai que raiva que me deu!!

    • Fico me perguntando como é possível que uma pessoa não perceba o quão inconveniente é abordar um completo desconhecido. Pior: as pessoas não tem MEDO não? Porque o mundo tá cheio de malucos, um dia isso acaba mal!

    • Infelizmente, de fato é mundial, seja algo constatado in loco (como o exemplo acima) ou por testemunho de amigos. Muçulmanos tascam esporro em ocidentais por qualquer motivo, americanos também te passam esporro em relação a criação de seu filho, e até japoneses se intrometem quando o assunto é comida, querendo saber o que você está comendo e até enfiando o nariz para cheirar…

  • Sally, Sally… Quando é que vamos ter o “Desfavor explica: ADOÇÃO”.

    Queria tanto ver esse texto aqui, até para mostrar que a adoção nem de longe é aquela facilidade que se imagina a primeira vista, sendo que muitos desconhecem a complicação que é o processo.

    Sério mesmo, não aguento mais ver o pessoal pintando isso como se fosse uma coisa no “vapt-vupt” enquanto que não é bem assim.

    • Adoção é complicado, porque TEM QUE SER, só tem que conseguir quem quer muito, se não teríamos pedófilos, gente querendo órgãos para transplante e cafetões recolhendo crianças carentes!

  • Sally, eu não fico prestando atenção nos outros na rua, mas já me passou de vez ou outra ver alguém com uma mochila aberta, por exemplo, e avisar… Não fiquei esperando pra ver se ia fechar ou não, mas as vezes a pessoa não viu e pode perder alguma coisa… Várias vezes já me avisaram q minha mochila tava aberta ou q tinha algo caindo do meu bolso e me salvou de perder alguma coisa… Quanto a se intrometer na conversa alheia, isso acho absurdo… Claro que, como disse All, a gente as vezes acaba escutando a conversa dos outros sem ao menos se dar conta, mas entre escutar e se meter há uma linha tênue!
    Eu não ligo muito de pessoas chegarem pra falar comigo sendo estranhas! Já fiz muitas amizades com pessoas assim… Acho bacana, num certo ponto… Mas claro que tudo depende da pessoa… Talvez chegar simplesmente pra fazer amizade e com boas intenções não seja lá tão ruim!
    Uma vez por exemplo, eu fui numa balada sozinha porque não tinha com quem ir, e perguntei pra umas garotas se eu podia fazer amizade com elas pra não ficar sozinha… Somos amigas até hoje! Enfim, é realmente tudo relativo…

    • Seu critério para seleção de amigos permite isso. O meu não, gente que fala com desconhecidos para mim é como gente que peida alto na hora do jantar e ri ou gente que não vê problema em ficar com ex-namorado meu. Intragável. Dentro dos meus valores é impensável alguém que chegue ao grau de inconveniência de falar comigo do nada, sem me conhecer, e ainda assim possa virar minha amiga, porque para mim, isso implica em algo repulsivo.

  • Quando algum desconhecido faz esse tipo de coisa comigo, não penso duas vezes e faço cara de ‘e o que você tem a ver com isso?’. Se não resolver, me afasto e deixo a pessoa resmungando sozinha. Sempre resolveu.
    Fora isso, gosto muito e fico extremamente agradecida quando me alertam sobre a bolsa aberta ou quando deixo cair algo no chão sem perceber…

  • Na academia eu achava isso um saco: gente que vinha do nada dizer que eu tava fazendo tal coisa errada. Mas no fim das contas eu sai ganhando pois eu aprendi a fazer o exercício de forma correta.

    • Na academia os professores estão fazendo o trabalho deles te corrigindo. Mas se não for professor, é pau no cu. E na maior parte das vezes, corrige errado. Não é a toa que a lei exige que se tenha um diploma para poder corrigir alguém…

  • Bom, quanto a isso, acho que deve ser feito com limites, por exemplo:
    Avisar que a bolsa está aberta ou o cadarço desamarrado, ok (eu vivo esquecendo e não percebendo, gosto quando me avisam; e eu aviso quando vejo). Perguntar se vai fechar a bolsa, ou amarrar o cadarço, NÃO PODE.
    ODEIO VELHO CARENTE QUE PUXA ASSUNTO. ODEIO. Sempre quando aparece um assim, eu coloco fone de ouvido, finjo que estou dormindo, etc…
    Agora, Sally… só contigo mesmo pra uma velha alertar sobre o som alto do fone, rsrsrsrrss. Acho que ela indiretamente estava tentando dizer que estava alto a ponto de ela conseguir escutar e incomodá-la (porque eu me incomodo quando consigo ouvir o que os outros estão escutando).
    E sim, já me beneficiei do conselho de um desconhecido entrão. Estava num restaurante chorando minhas pitangas pra um amigo, uma mulher aleatória escutou tudo, se meteu e me indicou uma terapia. Fui e adorei.
    Enfim… acho que são situações e situações… tudo tem limite.

  • Bom saber que não sou o único a pensar assim. Sally, quando você mencionou os fones de ouvido, eu lembrei de duas situações semelhantes que aconteceram comigo. Na primeira, uma fulana chamou minha atençao para alertar sobre os perigos á audição. Eu a ignorei, voltei a ouvir música e fui chamado de antissocial. Na segunda um cara me perguntou se eu escutava rock, pois “só rockeiro escuta música no fone de ouvido”. Para não mandá-lo á merda eu simplesmente respondi que sim. O Pior de tudo isso é que essa gente se acha no direito de se intrometer e caso você recuse a “ajuda” deles pode acabar sendo chamado de antissocial, chato ou mal educado.

  • Agora, o que acho realmente difícil é entender o que fazer quando uma coisa dessas acontece… no plenário do Supremo Tribunal Federal. Aí complica.

  • Oscilei constantemente entre achar que o texto é uma pérola da ignorância e algo extremamente verdadeiro e a “reclamação” muito válida. Bom, ainda continuo com essa sensação mesmo após terminar de ler.
    Acredito que essa falta de “semancol” seja algo tão natural pra algumas pessoas que passa a ser uma forma de se socializar com quem não se é apresentado formalmente, uma forma de conhecer novas pessoas em situações em que há “desperdício” de tempo. Se a pessoa não está fazendo nada, qual o problema em conhecer uma pessoa nova? Há, é claro, quem se “especializou na arte da bisbilhotagem” e sai caçando conversas por aí e entrando no meio delas e isso é uma falta grave frente à privacidade a que todos têm direito.
    Em contraponto a essa privacidade, porém, surge a máxima: Não quer ser ouvido, então não fale! Não existe ouvido seletivo entre os seres humanos e por isso não podemos controlar o que ouvimos, muito menos nossas reações ao ouvirmos qualquer que seja o assunto. Suponha uma sala de espera de um hospital (que na maioria das vezes é local de silêncio). Sempre há aquele que puxa conversa com alguém (seja com um conhecido ou não) e dispara a fazer comentários (em sua grande maioria totalmente clichês e/ou sobre assuntos polêmicos e que, a não ser que esteja divagando sobre um assunto dentro da própria cabeça – ou – muitíssimo preocupado com algo, você não ouvirá)) que não há como deixarmos de ouvir e portanto deixarmos de reagir às palavras, e isso chega a ser involuntário.
    Se meter na vida alheia (algo que descaradamente o programa do plimplim faz apologia) é ruim e demonstra falta de educação. Porém, em uma situação de emergência, em que alguém precise realmente de ajuda, esse aparente “defeito” pode se tornar útil. É o (já discutido por aqui) conceito do relativo. É uma questão de escolha pessoal. Sally não curte esse contato com quem não conhece e não liga pra “chance” que tem de conhecer pessoas novas e quem sabe expandir seu círculo (Caso a pessoa seja interessante e valha a pena prosseguir tendo contato com a mesma). Há quem – por carência ou não – se sinta aberto a essas novas relações e nunca tenha parado pra pensar sobre essa aparente falta de respeito com a vida alheia e continua fazendo sempre isso.
    Enfim, esse é um assunto que rende hooooras de discussão e meu comentário é só mais um que dá a ela uma importância talvez desnecessária.

    • Honestamente, acho que uma pessoa que aborda estranhos não vale a pena. Não quero contato nem amizade com gente inconveniente!

      • Mas e quando você é apresentada a uma pessoa nova? Por mais que seja uma coisa “formal”, ela é uma estranha. A questão da conversa sem alguém como intermediário não seria uma forma de socialização diferente? Sadia até certo ponto? (Não estou de nenhum lado nessa história, inclusive tive a experiência de um cobrador de ônibus mto chato q sempre puxava papo, mas eu não tava nem aí pra conversa boba dele. Só acho que houve uma generalização – palavrinha na mesma linha de “relativo – e destrinchando a questão se descobre que há várias situações em que o mesmo conceito se torna tanto válido, quanto irreal).

          • Em parte. Vai caber a você a decisão de se abrir ou não com tal pessoa e ver se vale a pena deixá-la entrar em seu círculo. E o mesmo aconteceria caso você iniciasse uma conversa com alguém que ainda não conhece sem a necessidade de um intermediário.

            • Nao concordo muito… Uma pessoa que te foi.apresentada deixa.de ser.desconhecida, ela tem um aval para falar com voce sem que isso seja, por si so, inconveniente

              • Só que a única coisa que difere ela de outra que não foi apresentada formalmente é esse “intermediário”. Ela pode ser tão louca/bisbilhoteira quanto, ou até pior.

                • Justamente: esse intermediário gera uma autorização para que a pessoa fale com você sem que, O FALAR POR SI SÓ, a caracterize como pau no cu.

    • Interessante teu comentário sabe porque? Porque meu último relacionamento começou com um simples oi e uma simples troca de olhares no meio de uma fila(lugar um tanto inusitado, não? rs)… se a pessoa não tivesse me dado aquele primeiro oi talvez nunca tenhamos tido a chance de conversarmos e nos conhecermos! Enfim, concordo com esse aspecto de que: não dá pra se fechar totalmente para as pessoas, mas há que se ter certo equilíbrio (leia-se: semancol) pra não sair invadindo os outros também, como a Sally bem falou!

      • Ponderações são tendenciosas (sem nenhum tom de crítica aqui, ok?) e por isso há sempre quem vai discordar ou achar uma nova forma de pensar. A Sally não gosta de jeito nenhum de falar com estranhos, mas poderia estar perdendo a chance de conhecer uma pessoa diferente das outras, com algo a mais. Porém, tenho certeza que a grande maioria seriam pessoas com pouco conteúdo, apenas interessadas em bisbilhotar. A partir daqui vai da decisão de cada um: Arriscar ou não.

  • Sally Sally…. <3 pra ti viu? rs
    Em várias partes do texto me identifiquei, me vi inclusive na cena: eu, dentro do ônibus. É o que acontece quase sempre! Aliás, queria até te perguntar: essas cenas que tu descreve é na rua, no bus, no metrô? Em qualquer lugar?

  • Uma vez eu interferi numa briga entre dois desconhecidos, sem ter nada a ver com a história, porque eles estavam brigando em um lugar público, onde todo mundo podia ver a situação. Naquele contexto, senti que os caras estavam, de certa forma, envolvendo o resto das pessoas no problema. Não dava pra assistir a coisa sem fazer nada. Quer dizer, se um problema é pessoal, deve ser tratado num lugar privado. Se você lava roupa suja em público, na frente de desconhecidos, e acaba passando do limite do razoável, as outras pessoas podem se sentir envolvidas. Sei lá, não sei se estou certo ou não, mas senti que tinha que fazer alguma coisa… Em especial, acho que não se deve ter chiliques histéricos em lugares públicos.

    • Concordo com você, quando estamos diante de um crime (sim, é crime bater nos outros) deixa de ser um assunto particular. Além disso duas pessoas brigando podem até se matar, podem causar um mal muito maior. Intervir para que uma pessoa não morra ou não se machuque é válido. Uma vez eu vi um rapaz cobrindo de cacete a namorada e me meti no meio também.

  • ”Com tanto maluco no mundo, vale a pena dar um fora em um desconhecido?”

    Realmente, não vale a pena dar fora em desconhecido pq vc não sabe com quem está lidando. Eu tenho medo. Se o povo já é inconveniente, para ser maluco é um passo.

    O que eu costumo fazer quando ficam ouvindo minha conversa (já que brasileiro médio é burro e ignorante) é começar a falar de uma maneira totalmente rebuscada e erudita, tanto no vocabulário quanto no conteúdo e falar bem baixinho.

    Já pra esses avisos inconvenientes, faço a egípcia, não tenho pudores em ser ”antipática”, exceto no caso do cadarço. Morro de medo de quedas ou de prender o pé em algum lugar, tipo escada rolante por causa de um tênis desamarrado, próxima vez que te alertarem sobre isso, encontre um lugar onde seu cofrinho possa ser ocultado e amarre o sapato o quanto antes!

    • Eu tenho esse medo, de um Brasileiro Médio se ofender tanto ao ter sua inconveniência apontada, que acabe se voltando contra mim. É quase que o mesmo de lidar com babuínos, você nunca sabe muito bem o que esperar…

  • Adorei o tema. Teve um dia que pensei estar passando por uma pegadinha, porque todo lugar que eu ia alguém vinha falar comigo algo desse tipo.
    O que a Carol Souza disse faz muito sentido, tem casos em que realmente devemos nos posicionar e sermos no minimo humanos, mas no mais dá vontade de mandar ir da meia hora de cu. Respiro umas 3x fundo e me concentro em outras coisas.

    OBS: Já teve o caso de um menino que estava sentado ao meu lado no ônibus ter visto meu nome em rede social e pouco tempo depois ter me adicionado. STALKER LEVEL HARD.

    • Muito medo dessa gente! Fazem isso e acham que é um comportamento amistoso, caloroso. Não, é inconveniência pura!

      • Pode ter intenção amistosa quando obeserva o limite do simples aviso necessário à segurança e por aí logo para.

    • Já morei… Olha, ali eu até tolero, porque de fato todo mundo se conhece! Um conhecido eu tolero, o que me incomoda é uma pessoa que nunca me viu antes se achando no direito de me abordar.

  • Eu gosto quando me avisam que o zíper tá aberto e ja me avisaram que a mochila tava aberta gostei também. Claro que insistir no não vai fechar? não vai amarrar já parte pro abuso, mas apenas avisar eu acho útil.

    • Sim, um simples aviso pode ser útil, apesar de ainda me causar algum incômodo, pois me leva a pensar porque caralhos aquela pessoa estava reparando em mim em vez de focar em si mesma, em um livro ou sei lá em que. O problema maior é realmente a insistência…

  • Muito interessante seu ponto de vista, concordo plenamente, andei lendo que um dos males desse século é a normose, sério, é um tipo de epidemia onde as pessoas acham que é obrigatório ser considerado “normal” pela sociedade, a partir dos padrões impostos pela sociedade, ao qual muitas vezes nem concordam, mas se é assim que “dizem” é por que está certo. Isso gera um incontrolável desejo de se intrometer na vida dos outros para demonstrar que a atitude dela não é normal, gerando uma certa paranóia, muitas vezes despertada pela vontade que a pessoa tem de fazer igual mas não consegue pois é bitolada. Por exemplo se um pai de família resolve em uma quarta-feira, ao invés de deixar os filhos na aula levá-los para passar a tarde na praia, qual a reação da sociedade, eles automaticamente chamam o cara de irresponsável e que tipo de educação esta passando aos filhos, ai o pai que quis proporcionar uma tarde diferente para a gurizada, ressaltando o contato com a natureza e a experiência em família acaba sendo apedrejado. Isso é triste.

    • Triste, né? Pessoas fiscalizando a vida alheia. Colegas de trabalho fiscalizando seu final de semana. Se você não saiu, não bebeu, não foi para a balada, se ficou em casa lendo um livro já vem a pressão social: sermão “você tem que aproveitar a sua vida”. Dá licença de cada um aproveitar sua vida como acha melhor? Não, ninguém dá. Tem que fazer o que é socialmente imposto.

      • Ah, isso sempre me incomodou bastante. Eu não gosto de beber, porque não gosto de perder o controle de minhas atitudes. Sei que muita gente sabe beber. Eu não sei. Bebo e fico bêbada. Além disso, “cu de bêbado não tem dono”. Claro que a culpa de um estupro é sempre do estuprador, mas eu tento não me colocar em risco. Há anos não bebo, nem fumo, nem uso drogas. Mas… Tente ir para a balada sóbria! Tente ir ao carnaval em Ouro Preto sóbria! É uma merda. Você sente o bafo dos caras que vem falar com você. Você quer dormir e o axé não deixa. Você tenta se divertir com os amigos e eles não falam coisa com coisa. Aproveitar a vida é um suplício às vezes… :D Mas o carnaval que passei isolada numa fazenda com uma turma pequena de pessoas queridas foi o melhor da minha vida. Mas o que é que me dizem? “Você é jovem. Tem que aproveitar a vida antes que seja tarde”. O Carpe Diem pode ser angustiante. Especialmente quando os outros se acham no direito de decidir o que é que você deveria fazer para aproveitar a vida… O inferno são os outros? :D

  • Você não tem idéia de quanto sermão tenho que escutar por ser fumante, tenho 31 anos, sou consciente de como o tabaco é prejudicial e fumo assim mesmo, é meu corpo, meus pulmões, minha saúde. Engraçado quando pessoas com sobrepeso de mais de 50 kgs vem tentar me dar lição de moral, hilário.
    Mas fora esses sermões, não me importo que me avisem sobre a bolsa ou o cadarço, mas sim considero incoveniente que fiquem parados na minha frente esperando uma reação.
    Agora, desconhecidos ou até mesmo conhecidos que se metem em uma conversa sem ser chamados, me tira do sério.

    • Se você estiver sujeitando essas pessoas a respirar sua fumaça, merece o sermão pois está compartilhando seu câncer com elas. Se as pessoas são conhecidas e gostam de você, também acho pertinente, pois quem te ama não quer que você fique doente. Mas um estranho? Não, um estranho não tem que falar NADA se isso não o estiver prejudicando. Apaga o cigarro na mão da pessoa!

  • Eu sei que seu texto se refere a completos estranhos, mas como não lembrar de uma pessoa do meu emprego que quer que eu participe de ~estudos bíblicos? E insiste mesmo eu não tendo aparecido nos encontros, ter falado que já tenho religião e ter inventado até motivos “médicos” pra não ir. Não mando à merda porque o ambiente não permite, mas será que não deu pra perceber que não acho que jesus vai me salvar? E mesmo se salvasse, não ocorre que é problema meu???

    • Ahhhh… tipinho nojento! Tem um texto só sobre esses escrotos que ficam tentando converter as pessoas. Acho que eles ganham porcentagem da igreja para cara ovelha nova que levarem!

  • Pra quem tem filhos é pior ainda. Comigo estranhos totais na rua já deram palpites até na maneira como eu segurava meus bebês! Ou como eu amamentava. Ou o que eu deveria fazer pra que eles paressem de chorar, e vários etcéteras. Todo mundo se acha no direito de educar os filhos dos outros, é impressionante.

    • Nossa… QUE ABSURDO! Deve ser quase impossível não dar um fora em gente que faz isso! Certeza que os filhos dessas pessoas são bem mal educados, a julgar pelo exemplo que tem dos pais!

    • Não, Sara. Em Valsador é dez mil vezes pior. Em Valsador estranhos te abordam para PEDIR coisas suas: “Me dê esse colar!”. Em shopping. Pessoas com roupa de grife pedem coisas. Lugarzinho infernal…

      • Cara, eu fico imaginando esse povo falando “mê dê isso”, “me dê aquilo”… caralho… eu sinto raiva só de ler isso aqui! Odeio gente que gosta de chorar miséria!

  • Sally,

    Eu considero falta de educação aquelas pessoas que quando estão em lugares públicos, como restaurantes e transporte público, conversam como se estivessem no sofá da sua casa seja ao telefone ou com outra pessoa.

    Eu não posso simplesmente não ouvir e as vezes não tenho como me retirar. Se em um caso desses a pessoa falar algo engraçado, eu irei rir sim, se falar algo idiota retrucarei mentalmente e provavelmente minha expressão facial indicará o que estou pensando. Claro que jamais me meterei na conversa, mas tenho uma vontade enorme de mandar calar a boca, porque ninguém está interessado na vida da criatura em questão.

    • Concordo plenamente. Isso se chama ESTUPRO AUDITIVO e tem um texto só sobre o assunto. Tem que enfiar o celular de gente assim no cu e depois telefonar para que a pessoa sinta vibrar.

    • Concordo também! Já vi alguns casos como, por exemplo, dentro do ônibus alguns executivos [de terninho e gravata e tals] pegarem o celular e começarem a discutir coisas sobre o trabalho, sobre a empresa e tals… pode isso gente? Bahh

      Outro exemplo muito recorrente são aquelas marietas que pega no celular, FALAM ALTO, e resolvem contar as tretas da vizinha ou da tia ou sabe lá de quem… Confesso que sou meio noiado em relação à usar celular na rua e, principalmente no ônibus! Caso ele toque, ou eu recuso ou simplesmente digo à pessoa pra me ligar daqui alguns minutos; mas JAMAIS que eu começo a falar no ônibus sobre qqr assunto! Afinal, sempre vai ter alguém vigiando/escutando!

      • Eu culpo essas operadores que fazem pacotes com planos de graça se você ligar para outro numero da mesma operadora. Daí vai a massa paunocuzenta e liga para a colega até para contar que peidou. Um dia ainda entro com um pedido de indenização por essa banalização das chamadas telefônicas!

  • E quando a gente tá numa sala de espera de um hospital, todo quebrado, com dor, aguardando atendimento e o intrometido puxa conversa querendo saber detalhes do seu acidente?

    • Sim, tem esse lado sádico também. Nem precisa tanto, pode ser um gesso, uma tala, uma atadura, meses depois: meio mundo quer saber os detalhes do que foi.

        • Maria, eu acho os sádicos da área da saúde mais bem resolvidos, porque ao menos alguns canalizam o sadismo para algo produtivo: cortam gente, mas para curá-la. Já na polícia…

  • É sinal cabal do fim da civilização achar que qualquer atitude invasiva pode ter alguma boa intenção. Desde quando intenção de invasão é dar tesão? Invasão, seja física ou psicológica, vem sempre e invariavelmente pra dominar, controlar, subjugar, inferiorizar. Pq quem invade tem tão nítida a consciência do próprio e merecido fracasso que precisa, o tempo todo, estar mostrando a alguém que ele é superior seja em intenção ou em ação, e que sua independencia e experiência não valem absolutamente nada. Pra esses eunucos paunocu, Drácula na tpm.

    • O problema é que eles não acham que seja uma invasão, eles acham que é um ato nobre. São pessoas com uma noção distorcida de educação, privacidade e intimidade.

  • Sally, no caso de voce ter amigos ou colegas que estão em um relacionamento que voce sabe que vai dar merda, que o cara nao vale a espuma do xixi, voce interferiria?
    Em tempo, sempre achei o ó pessoas que se metem na vida alheia, mesmo sendo colegas e parentes, quem dira desconhecidos. Não me meto nem na vida da minha mãe que é casada com um babaca escroto, mas é complicado as pessoas não sei por qual motivo se sentem no direito de dar ‘conselhos’ para seu bem e se metem sem nenhum pudor na sua vida em qualquer situação. Lamentável.

    • Depende… colegas não, mas amigos (e esses eu tenho poucos) eu me meteria SE soubesse que ficar calada geraria uma consequência irreversível, tipo a pessoa tomar todo o dinheiro da minha amiga ou engravidar do meu amigo. Fora isso, só se me perguntarem.

  • Eu geralmente das duas, uma: ou ignoro solenemente ou mando ir tomar no cu(ou variantes), vai depender do tamanho da “semnoçãozisse”(ja sei que não existe a palavra) alheia.

      • Eu tive sorte até hoje, nunca me aconteceu nada, mas tenho a teoria que o meu layout deve ter alguma influencia nisso… Embora eu seja baixa e gordinha, nego só vê uma ‘maluca tatuada roqueira 666 from hell'(os pivetes da febem se vestem melhor que eu)que no imaginário popular é igual a problema… Mais de uma vez nego atravessou a rua ou literalmente começou a correr de medo de ser assaltado ao me ver na rua

        • Não acho que o seu layout meta medo não! Talvez ninguém tenha feito nada por você ser mulher, bater em mulher ainda é socialmente reprovável

  • Uma coisa que você não mencionou: gente que, por si só, nunca lê nada, mas se a gente pega um livro, jornal, gibi ou revista pra ler no ônibus ou no metrô, a pessoa inconveniente estica o pescoço pra espiar por cima do seu ombro o que você está lendo…

    • Nossa… isso é um HORROR

      Certeza que não fazem porque querem ler e sim porque querem saber o que você está lendo! É o prazer da fofoca!

  • Adorei, Sally… Não sei bem se tem mesmo a ver com o tema, mas este texto do Stanislaw Ponte Preta (conhece?) tambem fala de gente intrometida. Reproduzo aqui em baixo:

    “À beira-mar

    Stanislaw Ponte Preta

    Por que será que tem gente que vive se metendo com o que os outros estão fazendo? Pode haver coisa mais ingênua do que um menininho brincando com areia, na beira da praia? Não pode, né? Pois estávamos nós deitados a doirar a pele para endoidar mulher, sob o sol de Copacabana, em decúbito ventral (não o sol, mas nós) a ler “Maravilhas da Biologia”, do coleguinha cientista Benedict Knox Ston, quando um camarada se meteu com uma criança, que brincava com a areia.

    Interrompemos a leitura para ouvir a conversa. O menininho já estava com um balde desses de matéria plástica cheio de areia, quando o sujeito intrometido chegou e perguntou o que é que o menininho ia fazer com aquela areia.

    O menininho fungou, o que é muito natural, pois todo menininho que vai na praia funga, e explicou pro cara que ia jogar a areia num casal que estava numa barraca lá adiante. E apontou para a barraca.

    Nós olhamos, assim como olhou o cara que perguntava ao menininho. Lá, na barraca distante, a gente só conseguia ver pares de pernas ao sol. O resto estava escondido pela sombra, por trás da barraca. Eram dois pares, dizíamos, um de pernas femininas, o que se notava pela graça da linha, e outro masculino, o que se notava pela abundante vegetação capilar, se nos permitem o termo.

    ― Eu vou jogar a areia naquele casal por causa de que eles estão se abraçando e se beijando-se muito – explicou o menininho, dando outra fungada.

    O intrometido sorriu complacente e veio com lição de moral.

    ― Não faça isso, meu filho – disse ele (e depois viemos a saber que o menino era seu vizinho de apartamento). Passou a mão pela cabeça do garotinho e prosseguiu: ― Deixe o casal em paz. Você ainda é pequeno e não entende dessas coisas, mas é muito feio ir jogar areia em cima dos outros.

    O menininho olhou pro cara muito espantado e ainda insistiu:

    ― Deixa eu jogar neles.

    O camarada fez menção de lhe tirar o balde da mão e foi mais incisivo:

    ―Não senhor. Deixe o casal namorar em paz. Não vai jogar areia não.

    O menininho então deixou que ele esvaziasse o balde e disse: ―Tá certo. Eu só ia jogar areia neles por causa do senhor.

    ― Por minha causa? Estranhou o chato. ― Mas que casal é aquele?

    ― O homem eu não sei – respondeu o menininho. ― Mas a mulher é a sua.”

    Preta, Stanislasw Ponte. O gol do padre & outras crônicas. Ática: 1997.

  • Eu tenho o hábito de avisar às pessoas sobre “a porta do carro está aberta!” pq eu já passei por situação de minha porta do carro abrir em uma curva, e eu sei o cagaço…
    MAS, a última, foi um carro que vi que estava com a porta aberta.
    Ele acelerou, e eu preocupado em avisar.
    Correu mais que eu. Não era só uma, mas as DUAS, do lado esquerdo.
    MAS, ele ainda acelerava. Fui para a direita dele.
    As QUATRO PORTAS ESTAVAM “ABERTAS”! AS QUATRO!
    Putaqueospariu!
    Mandei tomar no cú em voz alta e apertei o botão do “foda-se”, no painel. (Ele fica do lado do botão do lança mísseis.)

    • Avisar uma coisa dessas, que pode colocar em risco a vida da pessoa, acho necessário. Problema seria dizer que as quatro portas estão abertas, o cara dizer que ok e você continuar perseguindo ele perguntando se não vai fechá-las.

  • Sally, estava lendo seu texto aqui no meu celular quando uma BM veio me perguntar se eu era irmão de um tal Jean, ao que eu respondi que “não, porque?”, no que ela respondeu “porque parece”… Ah!

    Não precisa dizer que depois eu falei para ela ler esse texto do início até o final e me devolver o aparelho depois de ler. Ela leu relativamente rápido e me perguntou “daonde você tirou isso”. Disse que era de um blog e no fim ela disse “meu Deus”.

    Ia comentar a minha posição pessoal quanto a questão, mas a inconveniência da BM foi mais digna de nota.

  • Sally, esse é um problema que assola nao só você, mas toda a humanidade!

    As pessoas ás vezes me falam que pareço um bicho antissocial, mas na boa, eu só quero ficar em paz sem ter que ter um sorriso colado no rosto com a sanha de conhecer gente nova e ser boazinha com todo mundo uhuuuuuu, vamos ter trilhoes de amigos superficiais só pra encher linguica. Nao tenho a menor paciência para esses exigências sociais de ter que ser simpática, gentil ou o cacete.

    Quando estou na rua uso óculos de sol e ouço música alta, no metrô/ônibus isso é uma bençao, olho pra frente e já me poupo de qualquer pessoa que queira puxar assunto ou se meter na vida alheia (e olha que mesmo assim as pessoas insistem em falar comigo).

    Agora, tem umas inconveniências que nao entendo, um dia um amigo CISMOU em pentelhar o meu ex, que fumava, sobre os malefícios do cigarro. MEU AMOR,quem fuma sabe exatamente onde tá pisando, sabe do mal, sabe do bem, sabe de tudo, nao precisa ter alguém bufando no pescoço por horas a fio (durante toda a festa) sobre como ele tem que parar, que fulano de tal morreu de cancer, que isso que outro. Caralho, acho isso o cúmulo da inconveniência e falta de semancol.

    Outro dia eu tava no metrô, atrasada pro trabalho e precisava cortar uns panfletos que tinha feito em casa. O milagre de ter conseguido um lugar para sentar no metrô do Rio só podia ter vindo com um ônus, a senhora (p nao falar velha) que tava do meu lado ficou olhando descaradamente para o que eu tava fazendo. Eu tive que virar a parte escrita p baixo, o que dificultou em mil o meu trabalho seguir a porra da linha. E a mulher, nao satisfeita em me incomodar o bastante, ainda me pergunta: mas, minha filha, você ta conseguindo enxergar a linha???? (isso porque eu tava com fone no ouvido, tive que parar o que tava fazendo, tirar o fone, virar p mulher e mandar um “oi”?)
    Ah, vai tomar no cu ne

    Só uma coisa que nao concordei com voce é que…tá, pode parecer incoveniente, mas eu que sou distraída nao acho ruim quando alguém me avisa que o dinheiro tá saindo do bolso ou minha bolsa tá aberta. Nao acho ruim, a nao ser que venha depois me perguntar o por que da parada continuar do mesmo jeito. Eu sou super na minha, mas quando é para ajudar alguém de verdade, evitar que seja furtada ou algo do tipo acho válida a intervençao.

  • Bom… eu não me incomodo com quem me fala que a bolsa está aberta ou que meu cadarço está desamarrado porque normalmente eu não vi mesmo. DDA, oi? Tb não me incomoda se a pessoa escuta uma conversa de fila ou lugar onde as pessoas são obrigadas a ficarem muito próximas.

    Agora… eu me incomodo se a pessoa insistir no assunto (“não vai amarrar?”), se a pessoa se meter em assuntos que são de “uso” único e exclusivo meu (o refrigerante, o tamanho do salto, a música que estou ouvindo) ou se a conversa for num lugar que ela tenha que se esforçar pra ouvir, como restaurantes, bares, ambiente de trabalho. Aliás, sobre esse último, acho chato que colegas de trabalho se metam em conversas não dirigidas a eles (tem um que é mestre em entrar no meio e perguntar do que é que nós estamos falando). Porra, se fosse para ele ouvir e opinar, tinha chamado pra reunião…

    Então para os primeiros casos eu uso um “muito obrigada” que não dê espaço pra conversas posteriores. Nem o sorriso amarelo eu faço. Treinei uma cara bem séria (eu acho que eu já tenho uma cara de psico, então normalmente só isso já funciona).

    Nos casos de insistência eu mandaria o bom e velho “desculpa, mas isso não é da sua conta”. Eu já nem conheço a pessoa mesmo, foda-se o que ela vai achar…

    Sobre o Fantástico, esse da mãe eu não vi, não sei exatamente qual é a situação. O que eu vi, dos moleques bombados indo pra cima de um mendigo, provavelmente eu reagiria chamando a polícia ou coisa assim. Eu me intrometeria diretamente se tivesse uma mãe espancando o filho, por exemplo… Não sei se isso é ser “entrão”, mas eu acho que o outro extremo do brasileiro médio é aquela cena da menina (não lembro se chinesa, coreana) atropelada e as pessoas passando praticamente por cima dela… E aí acho o exagero inverso: o de vc só olhar pro seu próprio umbigo.

    • Certamente havendo a ocorrência de um crime, como um espancamento, é dever de todo cidadão chamar a polícia (apesar de que, se for no Rio, melhor não, só vai ter mais espancamento ainda). Mas o quandro que eu vi era apenas uma mulher chamando a filha de gorda.

      Nos outros quadros as pessoas chamaram a polícia ou se meteram diretamente na situação? Porque se meter diretamente não deixa de ser loucura também, mais pelo perigo do que pela inconveniência.

      • Nesse do mendigo uma parte ligou pra polícia, vários tentavam no diálogo ou meio xingando e alguns partiram fisicamente pra cima. Curiosamente, a maioria que tentou intervir fisicamente falando era mulher (e os caras eram bombadões, tipo Pit Boy).

        Se fosse só uma mãe chamando a filha de gorda eu não faria nada tb.

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