Siago Tomir: Aquela do tendão.

siago-tendao

Era dia de futebol. Futebol é um esporte perigoso, digam o que quiserem, ninguém me tira isso da cabeça. Duvido que não apareça pelo menos uma esposa nos comentários para narrar algum transtorno causado ao seu marido pelo futebol. Naquele dia não foi diferente, Siago Tomir chegou em casa mancando.

Sally: O que aconteceu?
Siago: Nada
Sally: Nada?
Siago: Nada
Sally: Você está mancando
Siago: É
Sally: Você acha normal estar mancando?
Siago: Não é nada…
Sally: Se não fosse nada, você não estava mancando
Siago: Sally, você não entende! Futebol é assim!
Sally: É inerente a jogar futebol voltar mancando?
Siago: É, Sally
Sally: Você joga futebol com quem? Com o Jason?
Siago: Sally, futebol é esporte para homem
Sally: Ok, para ser homem tem que machucar os outros? Quer saber? Vamos no pronto socorro ortopédico que tem aqui pertinho só para garantir que não é nada
Siago: NÃO É NADA, SALLY!
Sally: Você tem visão de raio-x, Superman?
Siago: Se eu estivesse com uma perna quebrada não estaria conseguindo andar
Sally: Porque este é o único dano possível, uma perna quebrada
Siago: Sally, se eu não melhorar em alguns dias, eu prometo que vou
Sally: *palavrão

Passaram os dias e Siago Tomir voltou a andar normalmente. Foi apenas após algum tempo que eu percebi algo estranho no seu pé.

Siago: Que cara de espanto é essa?
Sally: Esse seu dedo… está caído
Siago: É
Sally: É?
Siago: Tem andado assim ultimamente
Sally: Oi?
Siago: Reparei nisso também
Sally: E achou normal?
Siago: Não dói
Sally: Talvez porque esteja morto e gangrenado?
Siago: Exagerada…
Sally: Siago, isso não é normal. Mexe o dedo
Siago: *fazendo careta
Sally: Siago, o dedo não mexeu
Siago: Mexeu sim, Sally! Ó! Óóóóó!
Sally: O que está mexendo é o pé, Siago
Siago: O DEDO É MEU, VOCÊ QUER ME DIZER SE ESTÁ MEXENDO OU NÃO?
Sally: Sim, o dedo é seu mas o olho é meu. O dedo não mexe.
Siago: Não está doendo, se tivesse algo acontecendo doeria
Sally: Mas…
Siago: Boa noite, Sally!

No dia seguinte, Siago Tomir e seu dedo morto foram ao futebol. Siago Tomir voltou mancando mais ainda.

Sally: PUTA QUE TE PARIUUUU!
Siago: Já falei, é normal, é só um estiramento na coxa, em dois dias passa!
Sally: Normal ou não, você vai ao ortopedista!
Siago: Quem disse?
Sally: Ahh vai, vai sim, porque eu vou me encarregar de que custe muito caro se você não for, se você que paz no seu domingo vamos agora para o pronto socorro ortopédico!
Siago: *resmungando

Chegamos no Pronto Socorro e um médico de plantão que parecia ter uns 16 anos de idade atendeu Siago Tomir. Ele examinou a coxa de Siago e começou a dar o diagnóstico:

Médico: Isso que você tem na coxa é um estiramento normal
Siago: *olhar vitorioso
Médico: Coisa boba, em dois dias passa
Siago: *fazendo dancinha com as mãos
Médico: Normal, né? Todo mundo que joga futebol uma vez ou outra sente isso…
Siago: *unindo as mãos no alto da cabeça como um campeão
Médico: Já esse dedo… rompeu o tendão, vai ter que operar
Siago: *paralisando no meio do movimento
Sally: Oi?
Médico: Você não percebeu que seu dedo está caído e não se mexe?
Siago: Mas… não dói
Médico: Esse tendão só dói no momento em que rompe, depois não dói mais
Sally: *dando tapa na nuca de Siago
Siago: Mas se não dói, como eu ia saber que tinha alguma coisa errada?
Sally: Porque o dedo NÃO SE MEXE
Médico: Exato. Quanto tempo tem isso? Porque tendão se você não operar nos primeiros quinze dias tem que fazer enxerto, é uma complicação…
Siago: Foi ontem
Sally: *hiperventilando
Médico: Então recomendo que agende uma cirurgia para essa semana ainda, quanto antes, maiores as chances de conseguir recuperar o tendão

Nem preciso dizer que passei o dia todo enchendo o saco de Siago Tomir. Não me entra na cabeça como alguém pode ir jogar futebol com um tendão rompido e menos ainda como pode mentir para um médico sobre um prazo crucial para uma cirurgia.

Sally: VOCÊ COME BOSTA
Siago: Calma, Sally
Sally: Não, não. Comer bosta é pouco, você é o maior comedor de bosta do universo
Siago: Essa atitude não leva a nada
Sally: Você foi jogar futebol com um tendão rompido!
Siago: NÃO ESTAVA DOENDO!
Sally: De novo esse argumento? Qual é o seu problema?
Siago: Vou operar e pronto
Sally: “e pronto”?
Siago: Sim, e pronto. É só um dedo do pé, Sally!
Sally: Siago, você mentiu o prazo para o médico
Siago: Faz quinze dias HOJE, é só eu operar amanhã ou depois que não vai fazer diferença, corpo humano não é matemática
Sally: SE UM DIA EU ENFARTAR, EU QUERO QUE VOCÊ TENHA A CERTEZA QUE FOI O ESTRESSE AO QUAL VOCÊ ME SUJEITOU QUE CAUSOU ISSO!
Siago: É SÓ UM DEDO, SALLY! COISA SIMPLES!

Conseguir um centro cirúrgico e uma equipe médica em 24h foi tudo menos simples. Siago Tomir foi operado e o tendão estava tão arregaçado que tiveram que fazer um corte quase no tornozelo para ir buscá-lo e costurá-lo de volta. Além disso, o estrago estava tão grande que tiveram que colocar um pino no dedo dele para imobilizá-lo e segurar o tendão no lugar. O prognóstico era assustador: só com o pino sem poder andar oito semanas. Fui conversar com o médico.

Sally: Meu namorado tem problemas. Ele não consegue ficar parado, ele não respeita limitações impostas pelos médicos, ele não admite precisar de ajuda…
Médico: A maior parte dos homens são assim. Eu tenho um paciente que está fazendo a cirurgia pela terceira vez porque não fez o repouso necessário
Sally: Então… queria sua ajuda. Tem como ir dando a notícia aos poucos para ele? Se falar em oito semanas de cara ele vai surtar
Médico: Eu já faço isso normalmente
Sally: Agradecida

O médico conversou com Siago, que teve que passar a noite no hospital. Disse que na semana seguinte ele analisaria a cicatrização e decidiria o que fazer. Passou alguns remédios e o proibiu terminantemente de encostar o pé no chão. No dia seguinte, Siago foi liberado e meu inferno começou. Comprei um par de muletas e o ajudei a chegar na cama, onde lhe pedi que ficasse e me chamasse se precisasse de alguma coisa. Não se passou nem meia hora, escuto um barulho abafado e contínuo. Era Siago, pulando em uma perna só, em direção à cozinha

Sally: O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?
Siago: Eu quero um copo d’água
Sally: Era só me pedir que eu levava!
Siago: Sally, eu não sou um inválido
Sally: Você não pode encostar o pé no chão!
Siago: Pois adivinha só? EU NÃO ESTOU ENCOSTANDO!
Sally: Siago, você está todo costurado, se você cair, vai rasgar tudo!
Siago: Sally, me dá um voto de confiança, eu não sou debilóide, não vou cair
Sally: Não é não, quem vai jogar futebol com tendão rompido é Prêmio Nobel! Você tem que ficar de cama e ponto final!
Siago: EU QUERO UM COPO DÁGUA!
Sally: Bonequixa, já falei que é só pedir que eu levo! Volta já para a cama!

Siago ficou na cama emburrado. Ele esperava que eu durma para sair pulando feito um saci pela casa. Tive que retirar todos os tapetes para minimizar os riscos. Pegar um copo d’água virava um Parkour. Sempre que o flagrava pulando numa perna só eu o repreendia e ele me olhava com cara de “você só sabe me encher o saco”. Passou-se uma primeira semana infernal, onde eu, tal qual uma mãe com um bebê que está aprendendo a andar, ficava o tempo todo preocupada, seguindo e pronta para segurar Siago. Chegou a hora da primeira consulta com o médico:

Médico: Como está sendo a recuperação?
Siago: Normal
Sally: Defina normal
Médico: Vamos trocar esse curativo?
Siago: Não vai tirar o pino e os pontos?
Médico: Vamos ver… vamos ver…
Sally: Ele está tendo um pouco de dificuldade em usar as muletas…
Siago: É impossível andar com aquilo, Sally
Sally: Impossível no começo, mas quando a pessoa é normal, aceita e pratica, até conseguir andar
Siago: Eu não preciso de muletas
Médico: No momento, precisa sim
Siago: Não pode cortar fora não?
Médico: O que?
Siago: O dedo. Não serve para nada esse dedo
Sally: *chorando
Siago: Ela está em um dia sensível…
Médico: Porque eu amputaria um dedo saudável?
Siago: Porque eu não tenho paciência para ficar de cama e de muleta?
Médico: A resposta é não
Siago: *emburrado
Sally: Quando é que a gente tem que voltar?
Médico: Semana que vem
Siago: Daí vai tirar o pino e os pontos?
Médico: Vamos ver… vamos ver… tudo vai depender do seu processo de cicatrização, mas quanto mais repouso você fizer, maiores as chances
Sally: Vai voltar a andar em 2015
Médico: Repouso, muito repouso. Mais alguma dúvida?
Siago: Quando eu vou poder voltar a jogar futebol?

O Médico olhou para Siago com aquele olhar de pena que só se destina a bêbados e malucos, aquele em que a pessoa chega a entortar o pescoço, sabe? Siago Tomir entrou na sua segunda semana de recuperação ainda mais impaciente.

Siago: Sally, estive pensando…
Sally: *revirando os olhos
Siago: Acho que já dá para dirigir
Sally: Tá maluco?
Siago: É só eu não colocar o pé no chão
Sally: Sério, eu vou começar a bater em você se você não pensar antes de falar!
Siago: O DEDO É MEU, O PROBLEMA É MEU!
Sally: Seu? Isso afeta a mim também, Siago!
Siago: Ahhhh! Vai jogar na cara tudo que você tem feito por mim! Tá vendo porque eu faço questão de levantar para pegar um copo de água!
Sally: Siago, eu não quero ver você em uma sala de cirurgia novamente!
Siago: Nos bons e nos maus momentos, Sally. É isso que eu espero de uma pessoa
Sally: Sabe o que eu espero? Uma pessoa que não fique provocando maus momentos desnecessários
Siago: Sally, você quer que eu fique sem dirigir?
Sally: Pega um táxi, ué

Parecia que eu tinha sugerido que ele estupre a própria mãe. Primeiro ele xingou o universo, depois ele começou a maldizer a hora em que foi ao médico pela primeira vez, como se o médico tivesse rompido o tendão dele e por fim se trancou no quarto e ficou emburrado um bom tempo.

Sally: Podemos conversar?
Siago: Não se você veio aqui me dizer o que fazer da minha vida!
Sally: Para sair na rua você precisaria aprender a andar de muletas ou…
Siago: Muletas estão descartadas
Sally: Alugar uma cadeira de rodas
Siago: *sequência de palavrões
Sally: Posso saber no que isso te ofende?
Siago: Sally, é simples. Eu não posso encostar o pé no chão. Só isso. Você é uma exagerada, faz logo um carnaval, quer logo me colocar em uma cadeira de rodas!
Sally: Você vai trabalhar como? Pulando feito um saci pelas ruas?
Siago: Eu preciso de alguém que me dê apoio, Sally!
Sally: Não, você precisa de alguém que te dê Frontal

Dito e feito. Liguei para o médico e disse que Siago Tomir estava intratável e perguntei qual calmante poderia dar. Um comprimido de Frontal espremido no suco deixaram Siago Tomir mais dócil e dormindo a maior parte do dia. Botei a culpa no anti-inflamatório, mas ele estava zen demais para se importar ou questionar. Frontal é a felicidade em forma de comprimido. O problema era: com Frontal Siago Tomir perdia um pouco do seu equilíbrio, então, acabou sendo ainda pior, pois eu tinha que ficar o dia inteiro com ele no meu campo de visão, pois se ele resolvesse bancar o saci e sair pulando, fatalmente ia cair. Após quase duas semanas sem dormir direito e sem poder tirar o olho de Siago, chegou a hora da segunda consulta médica:

Médico: Sua cicatrização evoluiu de forma impressionante
Sally: Ele fez um pouco mais de repouso
Siago: O anti-inflamatório me deu mais sono essa semana
Médico: Normal, é o efeito acumulativo. Semana que vem já posso tirar os pontos
Siago: Hã?
Sally: Que boa notícia!
Siago: *veia na testa saltando
Sally: Lá vem…
Siago: SEMANA QUE VEM?
Médico: Sim, semana que vem
Siago: Os pontos e o pino?
Médico: Não, só os pontos
Siago: E o pino?
Médico: Vamos ver… vamos ver…
Siago: A final do campeonato é em três semanas!
Sally: Em vez de pensar na sua recuperação você está focado no futebol?
Médico: É provável que você não possa jogar a final…
Siago: *levantando puto e pulando com uma perna só em direção à porta
Médico: le não estava tomando frontal? *cochichando
Sally: isso é ele com frontal… *cochichando
Siago: *se agarrando na porta
Sally: Onde você vai?
Siago: Procurar uma segunda opinião! Nunca vi ninguém ficar tanto tempo parado por causa de um dedo do pé!

Siago voltou de péssimo humor para casa. Ouvi ele conversando no telefone com o Alicate dizendo que jogaria a final e que “ia dar um jeito”.

Siago: O que foi? Que olhar fixo de psicopata é esse?
Sally: Você está cogitando jogar futebol?
Siago: Não… sei
Sally: Siago, você NÃO VAI
Siago: SALLY, VOCÊ NÃO MANDA EM MIM, VOCÊ NÃO É A MINHA MÃE
Sally: É essa a linha de raciocínio? Vamos resolver isso já já *pegando o telefone

Liguei para a mãe de Siago Tomir e contei tudo que estava acontecendo. Ela imediatamente se mudou para a casa de Tomir e se prontificou a cuidar dele até que ele receba alta. Esta senhora é muito mais inteligente do que eu, porque cada vez que Siago Tomir levanta da cama, ela não gritava, ela chorava. E ele voltava para o lugar onde estava. A mãe de Siago Tomir é mais estilo “eu me mato”, enquanto que eu sou mais estilo “eu te mato”.

Entreguei o problema, quem o criou que ature a merda que fez. Com a mãe na cola, Siago Tomir teve que fazer repouso forçado, mas ainda assim, acabou jogando futebol duas semanas antes da data liberada pelo médico. Tudo aconteceu quando Alicate parou na porta da casa dele buzinando e dizendo que só sairia de lá quando ele entrasse no carro para ir jogar futebol. Naquele dia, Siago Tomir, que já estava praticamente bem, decidiu jogar no gol para não colocar em risco o pé. Quebrou um dedo da mão.

Para espalhar este texto no Twitter como sendo um texto “contra o futebol”, para não acreditar justamente nas partes mais fiéis à realidade dos fatos ou ainda para contar sua história envolvendo futebol, um homem teimoso e uma lesão: sally@desfavor.com

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Comments (56)

  • Mas aprende a reconhecer a própria fragilidade quando a merda acontece. Admiro muito sua paciência. Comigo, aviso uma, duas, até três vezes. Depois sento e deixo a pessoa aprender quebrando a cara

  • Ainda que não saiba, recebeu o aviso do médico. Já cansei de ver gente desobedecer ordens médicas por achar que sabe mais do que alguém que passou anos e mais anos da vida estudando pra saber bem sobre o que está falando. Aí a pessoa sabe que merdas podem acontecer, só acha que com ela não vai pq “sabe o que está fazendo”

  • Falo com todo o amor do mundo, mas já tinha deixado se f*#€ r. Tem gente que só aprende assim. Tem gente que não aprende nem assim. A ironia é que ficar quieto seria o caminho mais rápido pra recuperação. Fazer merda só aumenta o risco de piorar tudo e prolongar ainda mais o sofrimento.
    E amputar não impediria o repouso forçado.

  • Sério que Frontal deixa as pessoas calmas? Eu tomei e a única que percebi foi o fato de cair no sono mais rápido, e não ficar acordando durante a noite.
    Será que fiquei zen e não percebi?

  • bancarios desgraçados

    ainda bem que o tomir nao e bancario! hj tive quase que quebrar o tendao de uns mulas bancarios seus protegidos que resolveram poluir a rua bem na entrada do meu local de trabalho no teleporto.nao trabalham e ainda perturbam quem trabalha. fuck! o tomir tambem gosta de bancario vagabo?

  • kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, eu ia comentar que também não fui uma criança muito fácil, estilo mocinha…
    Mas depois que li BONEQUIXA… Sally, eu te amo! E a Bonequixa, mais ainda!

  • Sally, o Somir deve ter sido criado mais ou menos como eu, né? Meio selvagem, meio bicho do mato, brincando na rua, descalço, subindo em árvores, arrancando a “tampa” dos dedões do pé jogando bola e tudo o mais… Digo isso porque, geralmente quem foi criado assim acaba levando esse comportamento – ou pelo menso parte dele – para a vida adulta. A maioria dos garotos com quem convivi nos meus tempos de infância eram “pequenos siagos tomires” também… Se jogavam em situações arriscadas sem medir muito as conseqüências. Eram os anos 80, “onde só os fortes sobreviviam” e talvez isso fosse também uma imitação inadvertida de ícones de macheza da época, como o Rambo, que cauterizava feridas com fogo, costurava os próprios cortes, ignorava a dor e seguia em frente. Quando criança, tive um vizinho cujo osso da testa chegou a ficar mais fino por causa de repetidos impactos contra o chão. Ele caía do alto do guarda-roupa tentando alcançar os biscoitos que a mãe escondia antes do jantar… Tive um colega de escola que jogou bola com o braço engessado. Eu mesmo, se não fui exatamente “um capeta em forma de guri” – um livro, um gibi ou uma caixa de lápis de cor e papeis bastavam pra me fazer ficar quieto – , também estive longe de ser um “mosca morta”. Tanto que tenho várias cicatrizes pelo corpo pra provar. Queimei as solas dos dois pés até ficar em carne viva por ter ficado jogando bola descalço no asfalto sob o sol do meio-dia no verão. A pele das solas dos meus pés saíram inteiras. Dava pra usar como molde pra fazer palmilhas… Em outra ocasião, enfiei um caco de garrafa na sola do pé. O campinho acaba num barranco e ficava ao lado de um matagal onde o pessoal do bairro jogava de tudo. Estava descalço e fui lá buscar a bola pisando na ponta dos pés com medo de atolar em um cocô. Essa foi a minha sorte, assim que senti o caco de vidro se enfiando na sola do meu pé, saí de lá pulando feito saci, arranquei o caco com as próprias mãos e fui pra casa fazer um curativo. Nem precisei de pontos. Poucos dias depois, eu já estava de volta ao campinho…

      • Ser criado com mais liberdade não significa ser um completo imbecil inconsequente.
        (nunca quebrei nada nem levei pontos, porque era medrosa, mesmo, haha)
        No mais, Sally, você merece uma medalha.

          • Não é só o Somir que continua se quebrando depois de adulto, não, viu? Mas, como eu já disse, eu mesmo não era exatamente “um capeta em forma de guri”, tanto que, como eu também já disse, um livro, um gibi, ou uma caixa de lápis de cor e papéis bastavam pra me fazer ficar quietinho… E, depois de grande, eu fiquei mais cuidadoso…

        • Concordo, Daniela. Tanto que, depois de crescido, passei a tomar mais cuidado… Mas curti muito meus tempos de moleque… Sei que o tema do post nem é esse, mas tenho pena dessa molecada apática que não brinca de verdade, que não sai de casa e que passa o dia todo só na TV, na internet ou no video-game…

  • Rorschach, El Pistolero

    Siago: Eu preciso de alguém que me dê apoio, Sally!”

    Era justamente pra isso que as muletas estavam lá!

  • Mais uma vez eis a prova de gente teimosa e cabeça dura… como lidar? Bahh confesso que as vezes não tenho tanta paciência assim não viu?

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