Somir Surtado: Não fode!

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A natureza encontra uma forma. Essa não é só uma citação de Jurassic Park, é também uma das maneiras de se analisar uma matéria recente lançada pelo jornal inglês The Guardian intitulada “Por que os jovens japoneses pararam de fazer sexo?“. As taxas de natalidade por lá nunca foram tão baixas. E não é mais por causa de poucos filhos por casal, é por falta de casais mesmo. Bem que dizem que animais em cativeiro tem mais dificuldades para cruzar…

E se você achou que eu passar o texto todo falando do lado negativo disso, não prestou atenção que coluna é essa. O negativo todo mundo percebe, mas qual a graça de ter essa coluna nerd se eu não usar um tema desses para especular sobre coisas além de sexo e relacionamentos? Leia a matéria “traduzida” no UOL se quiser algo mais tradicional. Pois bem: Redução da natalidade e “atraso” para formar famílias são características de sociedades avançadas, mas principalmente das saturadas com toda essa coisa de viver uma vida que vai além da subsistência.

Apesar do Japão levantar a bandeira desse novo caminho no desenvolvimento social humano, não dá para botar tudo na conta de excesso de gente. Países que já são populosos continuam com estatísticas de natalidade crescentes. A população mundial ainda vai aumentar consideravelmente antes de começar o processo de estagnação e queda. São países com altos níveis de desenvolvimento humano que estão encolhendo de forma mais rápida.

Estatísticas apontam relação direta entre educação e número de filhos, em qualquer lugar do mundo. Mais educado, menos filhos… Isso parece positivo até que surja uma (justa) preocupação com toda nossa cadeia de produção de valor e programas sociais, resultante do envelhecimento da população. Realmente, tem que ter um meio termo para não acabarmos extintos ou afogados por imbecis à lá Idiocracy.

Quando matérias como a que ilustra este texto surgem na mídia, a primeira coisa que passa na cabeça das pessoas é que essa gente que não está se reproduzindo de acordo com o esperado está passando por problemas psicológicos sérios ou mesmo que são aberrações sexuais. Há lógica nessa ideia, mas… e eu só estou trazendo o assunto à tona… e se isso não fosse nada além de um caminho natural para a evolução humana? A tendência verdadeira do ser humano?

Porque mesmo países como China e Índia vão acabar passando por essa fase. Não vai ser proibição que vai impedir as pessoas de gerarem descendentes, vai ser um padrão de vida que coloca em perspectiva o “milagre da família”. Os japoneses da matéria falam sem meias palavras: Essa coisa de casar e ter filhos é mais problema do que eles podem e/ou querem lidar. O Japão passa LONGE de ser um lugar onde se leva uma vida mansa, mas há um grau de sofisticação tão elevado no que tange necessidades básicas da vida humana que toda essa experiência de subsistência meio que se funde com outras prioridades, desejos e opiniões.

Ter dez filhos para “vingar” uns cinco e ter alguém para pagar as contas na velhice é resquício de tempos anteriores à civilização. De quando o espaço era vasto e os recursos limitados pela sua possibilidade de criá-los. Estamos seguindo a passos largos para algo bem diferente: Um mundo apertado e com todo mundo disputando mais ou menos as mesmas coisas. Nessa realidade ter filhos mais atrapalha do que ajuda. O que é bom para os planos de previdência social normalmente não anima demais a população mais jovem.

Pode ser um amontoado de problemas quando fazemos as contas localmente, mas do ponto de vista da natureza, do quadro mais geral possível, é a solução! Esse grande ecossistema que sustenta a vida em nosso planeta nunca foi conhecido por ter planos muito bem definidos… A evolução e o acaso sempre deixam tudo para a última hora. Pior de tudo, quase sempre com resultados desastrosos. Somos mero resquício de bilhões e bilhões de espécies extintas, ganhadores de uma loteria genética cujas chances de acerto fariam a Mega Sena parecer um cara-ou-coroa em comparação!

Mas mesmo assim, pelo menos sob o nosso ponto de vista, o plano criado “na hora” pela natureza funcionou bem até demais. Para um mundo muito explorável, reprodução e adaptabilidade são receitas de sucesso. Tivemos tanto sucesso com essa obsessão por fazer filhos que ganhamos a disputa de uma vez por todas e somos a espécie dominante do planeta. Mesmo não sendo uma das mais fortes… Ganhamos pela inteligência, mas muito também pelos números.

E com essa vitória, um espólio inesperadamente indesejável: O que fazer com esse mundo? Entramos recentemente no século onde somos finalmente obrigados a responder essa pergunta sob o risco de perder o ânimo para continuar. Claro que muita gente nesse mundo ainda é miserável demais para partir para esse lado mais abstrato, mas a queda na taxa de natalidade que se observa atualmente em vários países demonstra que para muita gente a era das Conquistas já deu o que tinha que dar.

Sobra para essas pessoas um mundo mais lúdico e egoísta. Onde as linhas entre realidade e virtual vão se perdendo aos poucos e formar relacionamentos físicos com outras pessoas começa a se tornar não mais um risco (aceitável), mas um desperdício de tempo. No Japão, seguindo o exemplo, é muito forte uma cultura de desumanização do real e humanização do lúdico. As pessoas vão se tratando de forma cada vez mais fria; ao passo que personagens de filmes, games e desenhos animados vão se tornando cada vez mais uma escapatória idealizada do contato humano.

Vou ganhar o troféu nerd virgem do ano com esse parágrafo, mas lá vai: A questão sobre essa parcela da humanidade não é mais entender porque tem gente preferindo depositar seus sentimentos e fetiches em personagens de desenho animado ao invés de pessoas de carne e osso. E sim saber quanto tempo vai demorar até que isso seja inevitável. Por que vai ser. Os países mais pobres vão segurar essa tendência ainda por várias e várias décadas, mas não para sempre.

Ao invés de pensarmos apenas em como isso é triste, que tal tentarmos enxergar o processo como um todo e nos prepararmos melhor para esse admirável mundo virgem? Negação é um caminho certeiro para ser pego de surpresa (essa frase fora de contexto me faz parecer um idiota). Quando uma notícia sobre a redução acentuada da reprodução entre os jovens estiver vindo de um país como a Índia, a coisa pode estar feia demais para tratar.

E ai de nós como espécie se nesse meio tempo não tivermos nos preparado para trocar reprodução por manutenção. No dia em que a maioria da população mundial tiver até nojo de fazer sexo com uma pessoa de carne e osso, nossa única esperança é uma forma de viver indefinidamente. E não ache que eu estou viajando demais não, o que configurava encontro sexual “normal” nos últimos séculos desencorajaria a maioria de nós atualmente. Principalmente no que tange consequências (gravidez e/ou compromisso) higiene (banho uma vez por dia? Isso é coisa de gente porca que fica se sujando!) e aparência (se você torce o nariz para um pouco de pelos, ficaria só com sua mão se estivesse no “mercado” há uns vinte ou trinta anos atrás). Estamos mais e mais frescos com sexo a cada dia que passa (nem é reclamação, é constatação mesmo).

Os sinais estão aí. Isso não é só o reflexo de uma sociedade castradora como a japonesa, os nipônicos nada mais são do que um balão de ensaio extremamente concentrado do que é a humanidade. Até por isso eu acho uma bobagem querer tratar esse assunto exclusivamente incentivando as pessoas a fazer mais sexo. Mal não vai fazer, mas é burrice não ter um plano B.

A natureza está dando seu jeito e fazendo seu trabalho de controlar a infestação humana, cabe a nós começar a entender que as coisas acontecem por motivos mais complexos do que inadequação sexual de bicho genérico. Tem mais coisa aí. Pena que todo mundo vai acabar discutindo SÓ como os japoneses da matéria são otários e piores do que eles por não quererem sexo.

O ideal seria que a discussão passasse TAMBÉM por esses pontos: Dado que reprodução está ficando obsoleta, como estender com qualidade a vida das pessoas que já estão nesse mundo? Como “terceirizar” a reprodução para garantir a reposição das peças perdidas? Como usar a “indústria de fuga” dessas personagens lúdicas para incentivar o encontro de mais casais? Não basta apontar o dedo e chamar de aleijado emocional. A merda de usar deslocamento para forçar alguém a se adequar ao bando é que eventualmente os deslocados ganham números e se sentem mais seguros.

Atenção: Isso já acontece com muita frequência por causa da internet. Gente que se apaixona por personagens ficcionais, gente que se concentra exclusivamente em uma atividade virtual… Todos eles já são capazes de se agrupar e fortalecer um a escolha do outro. Reforço positivo tem o hábito de ganhar de goleada do reforço negativo. Se mil pessoas ridicularizarem e meia dúzia apoiarem, o apoio vai ter mais poder. Tudo bem que falta de bullying é um problema em nossa sociedade, mas temos de entender quando a maré muda e uma tática começa a perder sua força.

Talvez a humanidade se acabe na punheta se não souber lidar com os nerds virgens! Seria um final irônico, pelo menos.

Para dizer que esse texto seria muito mais divertido se a Sally escrevesse (tem lógica), para dizer que esse papo de celibato por opção é sempre por opção dos outros (também tem lógica), ou mesmo para dizer que falta de sexo é e sempre será o problema desse mundo: somir@desfavor.com

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Comments (42)

  • Interessante o texto e instigante a temática. Lendo-o me lembrei da leitura que fiz de “inferno” de Dan Brown: tudo bem que isso não é lá literatura que se preze, com algumas aspas aí e coisa e tal, mas uma coisa legal que fica do enredo barato é: a questão do controle da população mundial através de “vírus vetores”. Explico: no decorrer lá do livro uma personagem cria um vírus que não é “maléfico” à humanidade, ele apenas faz com que uma porcentagem da população mundial torne-se estéril. Ok, tudo bem que é uma ficção, mas não podemos esquecer que toda ficção é calcada em elementos do concreto, do real. Pensando nisso, cheguei a pesquisar e perguntar para alguns colegas da área de biomédicas e, realmente, essa coisa de “vírus vetor” já existe; e na engenharia genética(bem como no âmbito acadêmico) seria um puta grande passo na evolução da espécie humana se passássemos a alterar os nossos próprios genes a fim de nos readaptarmos ao ambiente em prol da sobrevivência.

    Agora, outro ponto que achei interessante discutir no texto: quando o Somir diz sobre no Japão as pessoas serem mais frias no mundo real e mais humanizado no lúdico, no virtual. Olha, tudo bem que há grandes diferenças a nível macro se compararmos o ocidente com o oriente, mas, confesso que ainda carrego certa ideia romântica em relação à isso: não acho que chegará uma época em que “isso vai ser inevitável”. Até porque ainda acredito no amor, no companheirismo, no “dar-se/dedicar-se” ao outro, mesmo que hoje, isso esteja tão difícil.

    Outro [contra] argumento que acho plausível é: tenho lá minhas dúvidas que talvez um dia tenhamos nojo de fazer sexo com outra pessoa “de carne e osso”. Afinal, penso que em certa medida, sexo, para além de sentimentos, é uma necessidade humana. Não digo no sentido só de passar os genes adiante não, e sim do contato pele a pele, do cheiro, da textura… não há punhetinha com desenho animado que supere o prazer disso!
    Enfim, apesar destes pontos, ainda assim acredito que, de fato, a natureza vai lá dar um jeito sim de controlar a população e estabelecer o equilíbrio no planeta!

    • “tenho lá minhas dúvidas que talvez um dia tenhamos nojo de fazer sexo com outra pessoa “de carne e osso”. Afinal, penso que em certa medida, sexo, para além de sentimentos, é uma necessidade humana. Não digo no sentido só de passar os genes adiante não, e sim do contato pele a pele, do cheiro, da textura… não há punhetinha com desenho animado que supere o prazer disso!”

      Olha, na situação atual que a gente tá, em termos de avanço tecnológico, até dá pra concordar com você que “não há punhetinha com desenho animado que supere o prazer disso”. Mas quero ver o dia em que a fronteira entre o real e o virtual se romper de vez e a realidade virtual entrar com tudo (haaaa badumtss), de maneira semelhante ao visto em Matrix.

      Porque se arriscar com pessoas de verdade, que são imperfeitas e cheias de problemas e manias e defeitos, quando você pode ter seu próprio universo cheio de beldades perfeitas? E se hoje em dia tem gente se apaixonando por personagens de jogos e animes, que são entidades sem personalidade própria e extremamente limitadas nesse aspecto, imagine quando, nesse esquema de realidade virtual, a inteligência artificial atingir níveis de sofisticação similares ao cérebro humano. Pode demorar 5, 10 ou até 50 anos pra gente chegar nesse nível de sofisticação tecnológica, mas esse dia vai chegar.

  • Sem nem notar, cai numa postagem sobre uma nobody que queria processar a wikipédia pela zoação com a idade dela no verbete. E adivinha onde vi a postagem? Num dos blogs onde a caneta faz ponto. O grau de prostituição intelectual lá é tão alta a ponto de deixar o José Mayer de Sunga com a benga mole.

  • Entendo o punheteiro cagão. Vai ver, ele se borra também das chicanas com a turma do eu escolhi esperar ou mesmo os kinder ovos dos relacionamentos casuais. Sempre se tem o risco de cair na mão de dependentes emocionais ainda piores que a turma do EEE. Isso sem contar que o risco de uma DST também conta um bocado. Se a Sandy, que todos tinham por “santa virginal” deu o rabo pro Alicate quando namorava ele, é sinal de que nada está seguro. Correi!

  • Nerd Virgem Confessa

    Muito melhor putaria virtual do que essas minas marrentas de balada bêbadas, que ficam distribuíndo pra geral, passando doença. Meu computador não engravida, não me pede pensão, não me obriga a fazer teste de DNA nem de HIV.

    • É né, porque só tem essas duas opções na vida: computador ou ” minas marrentas de balada bêbadas, que ficam distribuindo pra geral, passando doença”…

      • Concordo que não existem só essas duas opções, mas “computador não engravida, não me pede pensão, não me obriga a fazer teste de DNA nem de HIV” é um ponto relativamente convincente, especialmente pra quem tem dificuldade de conseguir achar um(a) parceiro(a). Afinal, achar um substituto, mesmo que precário, pra um relacionamento com alguém de carne e osso, ainda acaba sendo mais confortante pra pessoa do que ficar constantemente tomando no cu quando tenta ficar com alguém…quero dizer, tem quem gosta de tomar no cu e considera uma tentativa bem sucedida quando isso acontece, mas esse não é o time no qual eu jogo.

        Assim como o Nerd Virgem, eu também sou um nerd virgem. Não tenho vergonha de assumir isso, já que a vida não se baseia em ficar competindo sobre quem come/dá pra mais gente. Ainda não cheguei no ponto de renunciar completamente as garotas reais, mas simpatizo e entendo até certo ponto as pessoas que pensam dessa maneira. Na maioria das vezes, o tempo e o esforço de ficar correndo atrás de alguém não compensa.

  • Ter uma porrada de filhos é coisa de gente imbecil, escrava religiosa e ignorante. Ter uma filharada é breguice! Povos pensantes estão evoluindo e não estão mais parecendo cachorro no cio. Isso é bom, pena que vai demorar alguns anos luz pra essa evolução se firmar num todo.

    • Olha que eu vou lá contar para a Canetinha que você está falando essas coisas da sagrada instituição da maternidade, hein? hahahaha

  • A Itália é um país onde a taxa de natalidade é quase tão baixa quanto a do Japão, sendo que até se tenta convencer as pessoas a terem mais filhos, sem muito sucesso. Até mesmo a mobilização antiaborto por parte da Igreja Católica se fia justamente em cima dessa questão.

    Outro país onde a taxa de natalidade está praticamente no abismo é a Alemanha, que passou por duas guerras, pela divisão entre oriente e ocidente e hoje está em uma situação de estagnação econômica flertando com a recessão.

    Além disso, há outros flancos onde a taxa de natalidade está igualmente baixa, tais como Andorra (um pequeno principado que fica entre a Espanha e a França), Macau e Hong Kong (dependências hoje sob o governo chinês), regiões onde o custo de vida combinado a condições geográficas pouco favoráveis e a um nível de conhecimento alto acabam por inibir a formação de uma estrutura familiar propriamente dita.

    Em todos os casos aqui citados, o determinante para a baixa taxa de natalidade é econômico, sendo que o direcionamento dos “fetiches” para os personagens de desenhos hentai é na verdade uma VÁLVULA DE ESCAPE para se contornar a sexualidade autoreprimida.

    “Não se tem um parceiro/parceira, mas se tem o hentai” é basicamente o jogo da Pollyanna.

  • Parece bem plausível que as pessoas utilizem cada vez mais maneiras antisépticas de sentir prazer, deixando o sexo presencial com outro ser humano apenas para fins reprodutivos, ou mesmo eliminando totalmente essa opção, já que existe inseminação artificial e outras formas conceptivas. Alguém ai já leu o livro de Isaac Asimov, The Naked Sun – Os Robôs (1957)… é um livro muito interessante que trata exatamente desse assunto… em futuro muito distante.

  • Hogro Mariatti

    “Pode ser um amontoado de problemas quando fazemos as contas localmente, mas do ponto de vista da natureza, do quadro mais geral possível, é a solução!”

    O problema é esse. Por mais que a nivel mundial seja a solução. Não se faz nada, sem resolver problemas de forma ‘micro’ ou localmente como frisou.

  • Somir, excelente texto.

    Para a humanidade, não somente praticar, mas se gabar por fazer sexo é algo ainda muito importante na rotina, pois (na minha visão, pelo menos) é uma maneira de se auto-afirmar na hora de se consolar pela vida medíocre que a maioria leva (como você mesmo disse, o celibato para muitos é oriundo de problemas psicológicos sérios e os não praticantes de sexo são pessoas estranhas).
    Essa coisa de a sociedade enaltecer romance e amor, ainda é uma artimanha para unir casais e colocar a reprodução e a família como as coisas mais importantes de nossas vidas, sendo que muitas pessoas simplesmente têm planos diferentes, mais egoístas, pode até ser, mas mesmo assim estão no direito delas de optar por crescer na carreira, viajar e estudar, sem ter o fardo de sustentar filhos e aturar a cobrança emocional de seus cônjuges.

    O que as pessoas ainda não percebem muito, é que os humanos têm se distanciado cada vez mais dos demais mamíferos, e que a prática sexual é necessidade de espécies sem diversos avanços e algo irracional.

    E esse argumento de que não vai haver pessoas suficientes trabalhando para sustentar os idosos do futuro é totalmente furado. Basta nos prepararmos. Não dominamos o mundo pela inteligência? Previdência privada está aí para isso, por exemplo, e qualquer um que tenha neurônios para garantir sua aposentadoria desde o início de sua carreira não verá tal acontecimento como ameaça,apenas como um período de transição.

    Além disso, toda espécie entra em extinção mais dia, menos dia, grande merda acontecer isso com a humanidade também.

  • “Sobra para essas pessoas um mundo mais lúdico e egoísta. (…) No Japão, seguindo o exemplo, é muito forte uma cultura de desumanização do real e humanização do lúdico. As pessoas vão se tratando de forma cada vez mais fria; ao passo que personagens de filmes, games e desenhos animados vão se tornando cada vez mais uma escapatória idealizada do contato humano.”

    Na verdade, os personagens de filmes, games e desenhos animados são a ATUAL escapatória idealizada do contato humano. Relacionamentos físicos no Japão há muito mais tempo são uma perda de tempo. Muita gente se casou só para conseguir emigrar para cá (imigração de solteiros era vedada), no começo do século passado, com o objetivo de “fazer a América” e voltar para lá para recomeçar a vida com status (ou para ajudar o país nas guerras, mas isso é um caso à parte). Só que aí veio a merda da guerra, a volta ficou inviável e muitos acabaram ficando juntos por conta das circunstâncias. Outros se casa(va)m porque, por incrível que pareça, gostariam que seu sobrenome se perpetuasse, ou, mediante grana e bens, top(av)a assumir o sobrenome da esposa com o mesmo objetivo. E só. A partir daí, cada um toca sua vida. Tiram férias, tem seus próprios hobbies (homens mais velhos joga(va)m go, pescaria, etc, os mais novos fazem pegas de moto, drifting e/ou coisas nerds, tudo frouxo), suas putarias, tudo separadamente, calhando do morar no mesmo teto. Nas empresas, há confraternizações só de homens e só de mulheres. E o brasileiro(a) acaba levando esporro por ter sido imbecil de trazer seu cônjuge.

    Outra coisa a levar em conta é que o Japão é uma sociedade avançada sim, mas altamente estamentada. Li o artigo recomendado. Tóquio e Japão são sociedades à parte. Universidade é, no geral, coisa para gente de classe média alta para alta. A grande maioria das pessoas trabalha em fábricas há gerações e, diante de um custo de vida altíssimo e um sistema educacional severo mesmo para quem será peão, para que montar uma família cujos filhos irão replicar uma vida igual à sua, digna mas sem grande sonhos (invariavelmente morar de aluguel, ter um carro, um ou outro luxo, mais nada. A glória para o peão é ter sua casa pré-fabricada própria, mas o terreno continua alugado), sendo que a mulher larga a carreira para ser parideira, dona de casa e só lá pelos 60 anos vai arranjar um bico na fábrica para espairecer e comprar lingeries das brasileiras para usar com o amante, haha. Assim, milhares de aldeias de pescadores e de fazendeiros estão fadas à extinção, porque as mulheres nem querem saber dessa vida.

    Enfim, relacionamento para chegar a isso? Melhor morar em Tóquio, literalmente numa caixa de fósforos, para ficar perto dos filmes, games, desenhos animados, baladas, roupas, produtos eletrônicos, cosméticos, sobretudo restaurantes (povo que adora comer), eventualmente viajar, a ter uma vida com espaço mas medíocre no interior. Mesmo porque o salário médio lá é suficiente para um solteiro(a) viver bem a vida toda voltado para si.

    Pode vir a melhor professora de xaveco do mundo que os homens continuarão na mão (com trocadilho). E, lá pelo ano 3000, segundo a NHK, morrerá o último japonês…

    • Me lembro que foi comentado em uma revista feminina que as pessoas tendem a olhar muito qual a empresa que você trabalha e qual o cargo que ocupa para em cima disso fazerem projeções. Será que estou errado, Suellen?

      • Não sou a Suellen mas respondo por experiência e observação próprias: sim, é verdade. Pessoas de AMBOS OS SEXOS estão atualmente pensando em coisas mais práticas na hora da paquera. Tenho amigas solteiras/divorciadas – e amigOs tb – reclamando que muitas vezes os papos que rolam entre pessoas que estão se conhecendo com objetivos de um relacionamento sério parecem entrevistas pra conseguir um emprego! Para as românticas como eu esse mundo atual está ruindo, simplesmente. Me deprime.

        • Ligia, isso é porque tanto o relacionamento a sério (namoro/casamento) quanto o empregamento são vistos como um ônus que tem o potencial de se tornar inadministrável se mal geridos.

          Ter um mau funcionário é pior do que carecer de funcionários se você bem ou mal tem uma equipe sólida o suficiente para te dar suporte. Um mau companheiro pode te deixar numa situação tão hostil a ponto de tornar o relacionamento um fardo praticamente insuportável.

          É o “assim na vida como nos negócios”.

          • É um comportamento justificável e compreensível, concordo. Até porque não é de hoje, né? Mas atualmente fazem de um jeito mais descarado. Tudo muito frio.

      • Sim, pra tudo, o ‘salaryman’ leva seu cartão corporativo, com o título do seu emprego até maior do que seu próprio nome. Isso porque o sujeito passa 30, 40, 50 anos trabalhando para a mesma empresa, geralmente desde a adolescência até a aposentadoria, o que torna a empresa uma extensão da sua personalidade.

        Lígia, partilho da sua depressão. O mundo racional e próspero pode ser melhor, mas passa longe de ser um lugar bonito.

  • Somir não contava com os muçulmanos!
    Se reproduzem cinco vezes mais do que a média mundial e são todos terminantemente desencorajados a ceder a essas distrações fúteis de internet, games e desenhos. Só pode decorar o corão.
    O futuro do planeta é de chineses, indianos e muçulmanos. Que merda hem.

    • Pensei a mesma coisa… Os “estudados” morrem sem deixar descendentes e o povão se reproduz até ficar sem comida?

      Será o futuro de indianos dançando Naldo e chineses dominando a 25 em SP? Muçulmanos tenho dúvidas, porque eles tem um controle de natalidade diferente: eles se explodem (por que me lembro dos lemmings????

    • Os japinhas se cobram demais, aí fica melhor fugir de mais responsabilidades e entrar nessas masturbações mentais nerds. Na reportagem uns deixaram claro q

    • Os japinhas se cobram demais, aí fica melhor fugir de mais responsabilidades e entrar nessas masturbações mentais nerds. Na reportagem uns deixaram claro q

      • que são as responsabilidades envolvidas em um relacionamento que os estão afastando de encontros. Muita pressão em uma cultura intolerante com erros e fracassos. Fica na base do tudo ou nada. Aí resolvem virar pandas.

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