Ele disse, ela disse: Doença forçada?

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Poucos crimes contra a dignidade e a integridade humanas são tão mal vistos como o estupro. Sally e Somir evidentemente concordam em seu repúdio à prática, mas divergem sobre o que leva o estuprador a cometer o crime. Os impopulares que consentirem tomam sua posição.

Tema de hoje: Um estuprador é necessariamente uma pessoa com problemas mentais?

SOMIR

Não. É necessariamente alguém que fez algo horrível, mas não podemos colocar todos comportamentos reprováveis do ser humano debaixo de uma mesma presunção de doença mental. Para não deixar quem faz isso se esconder atrás uma condição alheia à sua vontade e também para não fazer pouco de quem realmente sofre com problemas mentais.

O bom selvagem não existe. Não precisamos de uma criação podre ou mesmo de desequilíbrios no funcionamento do cérebro para cometer atos violentos e/ou abusivos contra outros seres humanos. Boa parte de nossos comportamentos mais desprezíveis encontram paralelos no mundo dos animais irracionais. O que o ser humano realmente tem a seu favor é a capacidade de suprimir instintos com mais frequência.

Criamos conceitos como justiça, direitos e igualdade porque eles realmente melhoram a qualidade da nossa vida em sociedade. Mesmo assim, eles ainda são “linhas na areia”, precisamos de vigilância constante para que elas não acabem desfeitas pelo mar de hormônios e necessidades primais dos quais fomos feitos. Somos animais, mas podemos fazer melhor do que isso. Podemos… vejam bem.

Não é à toa que em situações onde nossa organização social falha muitos seres humanos regridem a um estado bestial. Posso usar exemplos da África atual, onde assassinatos e estupros acontecem com uma frequência alarmante em zonas de guerra civil e/ou de extrema pobreza; posso também falar sobre casos de lugares mais “ocidentais” e ricos como Nova Orleans depois do furacão Katrina em 2005, onde relatos de violência (inclusive com muitos estupros) assustaram todos que viam de fora o drama da cidade sitiada. Ei, é só olhar para o Brasil, um meio termo entre guerra civil e sociedade ocidental… quase toda semana temos uma ou duas notícias de estupros só na nossa limitada coleção da Semana Desfavor.

O animal humano é capaz de estuprar. Aliás, sem querer ser amoral demais, estupros começaram a ser extremamente reprováveis só nos últimos dois séculos. Não que as vítimas sofressem menos em tempos anteriores, mas era algo muito mais próximo de um “fato da vida” do que uma tragédia como é atualmente. Ainda bem que estamos nos julgando por um padrão mais elevado atualmente, claro. Mas eu levanto esse ponto para dizer que estupros estão intimamente ligados com nossa história. A forma como vemos isso hoje em dia é muito mais fruto de evolução social e intelectual do que “estado normal” do cérebro.

Se só quem tem um problema mental estupra, os seres humanos sem esse problema deixaram de existir há alguns milênios atrás. Porque quanto mais voltamos no tempo, menos o consentimento da outra parte conta. E outra, somos TODOS descendentes (mesmo que longínquos) de estupradores, goste você ou não. Os comportamentos reprodutivos da maioria dos mamíferos passam longe de ser românticos. Sexo é algo violento e impositivo para muitos de nossos parentes próximos e distantes.

Isso quer dizer que o estupro é justificável? Evidente que não. Mas argumentamos aqui sobre a possibilidade dele ser fruto apenas de um problema mental. Não, não podemos aceitar essa “desculpa”. Eu vou até além e digo que a minoria dos casos de estupro são fruto de um desequilíbrio químico no cérebro do perpetrador. A quantidade de casos no mundo (vitimando homens e mulheres) é tão grande que elimina essa possibilidade muito específica de problema mental. É muito derivado da “comum” incapacidade do ser humano de enxergar o outro como semelhante. É falta de empatia, senso de superioridade… coisas, novamente, comuns.

Estupro é mais sobre poder do que sobre sexo. Não estou tirando isso da cartola, na verdade essa é uma afirmação vinda da concordância de diversos estudiosos sobre o assunto. A maior parte do estupradores é formada por homens, mas a estatística das vítimas é bem mais equilibrada (sério mesmo, vá pesquisar se estiver duvidando). Claro que você pode acreditar que no fundo todo homem que estupra homem é homossexual ou bissexual, mas a porcentagem não bate. Tem algo a mais nessa história.

O elemento necessário para o estupro (pelo menos o por vias naturais) não depende só de atração sexual direta para funcionar. Nem estou mencionando reações puramente fisiológicas como ereção matinal, e sim de casos (e aposto que todos os homens vão se lembrar de alguns) onde o estímulo para o “funcionamento” não está relacionado com atração. Não é necessariamente vontade de fazer sexo, é aquela relação de poder e orgulho que a maioria dos homens tem com seu próprio pênis.

Imagino que exista um paralelo feminino, mas é difícil notar. Não só pela característica mais reservada da excitação feminina, mas também porque a amostra sempre está contaminada: se você está observando aquele momento de excitação, não pode se excluir como motivador. Uma espécie de princípio da incerteza sexual, se assim posso dizer.

Se você se perdeu, explico: estou considerando o caso do pênis como ferramenta e não como brinquedo. Não é para diversão, e sim para realizar uma tarefa. O estupro pode independer de atração sexual, tanto que é um instrumento de humilhação e dominação amplamente empregado longe dos olhos da lei (seja em cadeias, lares modestos ou em rodas da alta sociedade). Você pode e deve achar um comportamento doentio, mas cuidado para entender “doentio” no seu conceito exato aqui: reprovável, inaceitável, desprezível…

Pensar no estuprador como alguém doente da cabeça significa que exista uma cura externa. Como se um remédio fosse capaz de recuperar sua noção de que algo tão primal como a relação sexual à força deve ser reprimido para vivermos numa sociedade melhor. Como se fosse apenas um lapso de empatia causado por fatores fora de seu controle e não uma cessão aos nossos instintos mais nocivos de dominação e egoísmo. Pessoas subjugam pessoas. É reprovável, mas não é necessariamente doença.

Tanto que se não envolver sexo forçado ou violência excessiva, costumamos valorizar quem demonstra essas mesmas características de dominação. Coisa de bicho…

Para dizer que eu sou um estuprador potencial (quem não é?), para dizer que prefere esperar um remédio a deixar de ser bicho, ou mesmo para dizer que os animais são puros e inocentes (HAHAHAHA!): somir@desfavor.com

SALLY

Um estuprador é necessariamente uma pessoa com problemas mentais?

Eu lembro que cheguei a discutir isso na minha terapia porque calhou te ter um caso envolvendo estupro no meu trabalho (no processo, não no local de trabalho) e que não sabia muito bem o que pensar. Minha terapeuta, uma pessoa com muito estudo e preparo, afirmou de forma categórica que NÃO, que nem sempre um estuprador tem necessariamente problemas mentais e inclusive disse a seguinte frase: “A maldade existe e ela independe de doença mental”. Então, tô sabendo que hoje entro para perder. Mas sou argentina e não desisto nunca.

Normalmente a prática de crimes independe de doença mental, ela é possível pela mera vontade racional ou até por uma perda de controle momentânea do criminoso. Mas estupro é diferente. Porque eu vinculo estupro com doença mental: porque o estupro depende de algo que foge à racionalidade: uma ereção. Eu sei que a lei mudou (cheguei até a escrever sobre o assunto do ponto de vista legal), e que agora estupro pode ser um monte de outras coisas que não impliquem necessariamente em penetração, mas para fins desta discussão, vou me limitar a estupro como sendo penetração.

Uma ereção não é algo racional, algo que a pessoa decida voluntariamente, a menos que o sujeito use uma bomba peniana. Logo, para que se torne viável uma ereção (e eu quero crer que ninguém toma Viagra para sair e estuprar) é indispensável que exista a excitação, o desejo sexual. E, na minha opinião leiga e de antemão já taxada como errada, para que uma pessoa sinta excitação e desejo sexual às custas do sofrimento de outra pessoa, da recusa de outra pessoa em querer fazer sexo ou APESAR do sofrimento e recusa, esta pessoa é sim doente mental. Esse grau de maldade eu não consigo dissociar de alguma psicopatia ou coisa no estilo.

Vejam que não estamos falando de uma tribo indígena ou africana com regras sociais próprias, onde quando um homem quer fazer sexo não precisa do consentimento da mulher. Estamos falando em uma sociedade onde é notoriamente reprovável o sexo sem consentimento da mulher, tanto o é que estuprador é o preso que mais sofre quando vai para a cadeia porque até o resto dos bandidos ficam revoltados com o que ele fez.

Quem estupra sabe que é reprovável e sabe que vai causar muito sofrimento emocional e físico à vítima. Ok, diversos criminosos causam sofrimento às suas vítimas, mas sempre por uma escolha racional, nem sempre por prazer. Quando é feito por prazer, seja no estupro ou em qualquer outro crime, a meu ver, implica em uma doença mental. Qualquer que seja o crime e qualquer que seja a doença, ninguém me tira da cabeça que fazer um mal a uma pessoa POR PRAZER é doença. Fazer mal de forma secundária e inevitável, como no caso de bandidos que entram em uma casa, rendem uma família e levam seu dinheiro, eu acho maldade. Mas fazer mal como fim em si mesmo, pelo prazer que fazer mal proporciona, eu acho doença.

Eu acredito que boa parte das pessoas que cometem crimes não sentem muito prazer em fazê-lo e se de alguma forma estas pessoas pudessem vislumbrar outra saída, não cometeriam crimes. Não que seja necessário cometer crime, mas aquela pessoa, naquele momento, não encontrou outra saída que lhe pareça melhor (ainda que ela existisse). Acho que qualquer assaltante deixaria de assaltar se ganhasse na loteria. O ganho que se tem no crime quase sempre é um bem material. O que me faz pensar em doença mental é quando o ganho que se tem no crime é o sofrimento alheio. Nem mesmo no crime de tortura o ganho imediato costuma ser o sofrimento, o sofrimento é meio para obter uma informação.

No estupro não, o sofrimento é um ganho. Para obter prazer sexual é preciso o sofrimento. Lembro que em minhas aulas de criminologia, na faculdade, a professora nos garantia que se em caso de estupro tivéssemos a frieza de fingir que estávamos gostando, que estávamos topando, o estuprador broxaria na mesma hora e não conseguiria efetuar o estupro. O que o move não é a vontade de fazer sexo com alguém, para isso existem prostitutas ou muitas mulheres sem qualquer controle de qualidade, o que o move é o não consentimento, o sofrimento, o medo.

Ninguém estupra porque não conseguiu uma parceira e estava sentindo falta de fazer sexo, até porque, vamos combinar, isso hoje em dia é praticamente impossível. O estuprador estupra porque é com o medo, o desespero e o sofrimento da vítima que ele CONSEGUE ter uma relação sexual que o satisfaz. Ele sente prazer em gerar medo, desespero e sofrimento. Isso é bem diferente de quem apenas topa gerar medo, desespero e sofrimento para ter um ganho pessoal. Topar fazer para ter um ganho é uma coisa, ter prazer em fazer e isso ser o seu ganho em si é outra.

Não sei se estou me fazendo entender. É como se uma criança ganhasse uma bala cada vez que mata um pintinho. Poderíamos observar crianças com valores morais mais bem plantados que não matariam um pintinho por nada, crianças que normalmente não matariam um pintinho mas em troca de uma bala topariam essa transgressão ou ainda as crianças que matem o pintinho pelo prazer que este ato lhes gera, recusando inclusive a bala como recompensa. Estes eu chamaria de doentes mentais, ainda que não tenha formação para identificar a doença, e os equipararia a estupradores na forma de funcionar. O criminoso mata o pintinho em troca da bala, o estuprador mata o pintinho por prazer e nem se importa com a bala. Não raro mulheres estupradas não tem qualquer pertence roubado, isso, via de regra, não interessa ao estuprador.

Certamente nossos leitores psicólogos e psiquiatras poderão tentar me corrigir, já que é fato que eu estou errada. Talvez consigam finalmente me fazer mudar de opinião. Mas até segunda ordem, um homem que precisa do sofrimento alheio para ter uma ereção, que é um reflexo involuntário, para mim, é um doente mental. Tanto é que não adianta prender estuprador: quando volta para as ruas ele volta a fazer. Ele não “aprende” sua lição com uma pena. São doentes que tem uma compulsão sádica escrota, que precisam de tratamento (seja ele light como psicoterapia, seja ele hard como castração química, isso vai da opinião de cada um), mas não de prisão.

Talvez me faltem alguns subsídios para opinar, afinal, eu não tenho pênis…

Para repudiar minha arrogância em me posicionar contra profissionais da área, para mostrar deficiência cognitiva achando que eu quero livrar a cara de estuprador da prisão ou ainda para se perder nas armadilhas que o Somir monta e discutir outra premissa que não o tema proposto: sally@defavor.com

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Comments (62)

  • Concordo plenamente com a Sally, tem algum grau de defeito mental, e vou além tem algum grau de defeito espiritual (Kardec explica)….outra coisa que li nos comentários, sobre estupro de pessoas bêbadas/inconscientes….pra mim é óbvio que o prazer está em humilhar alguém que mesmo que pudesse, não conseguiria se defender.

    Quanto a ser apenas “cultura machista”, lembro as damas presentes que – A mão que balança o berço, é a mão que controla o mundo – digo isto pq conheço muitas mães (a minha foi dessas inclusive) que prendem o quanto podem suas filhas, mas querem ver seus filhos como garanhões (não, ela não gostaria me queria um estuprador), só que na ânsia de ver o filho um homem e não um gay, elas até incentivam que seus “meninos” não se apeguem a uma menina e namore tantas quanto for possível.

    Se eu quisesse, poderia namorar e até levar em casa 2, 3 ou mais “namoradas”……já minha irmã….no primeiro namorado aos 15 anos, fez ela noivar aos 16, só não casou pq desencarnou antes de completar 17.

    Então, o mundo é assim… a cento e poucos, no passado, em qualquer briga de bar os homens iriam duelar até a morte, em plena luz do dia…hj temos leis, que se não são perfeitas, coíbem a selvageria que guardamos em nosso íntimo, vide dias atrás na greve da polícia de Pernambuco em 24 horas o estado parecia uma sucursal do inferno.

    Mas nos casos de estupro (mesmo em vulneráveis), acredito que o desejo de causar o sofrimento moral e físico na vítima é o que excita o sujeito, tem um grau ainda que mínimo sim.

    Abç

  • Mas também existem aqueles casos em que a vítima não está realmente mostrando resistência (pessoa bêbada ao ponto da inconsciência, “boa noite cinderela”) onde essa lógica da necessidade de ver o sofrimento da outra pessoa não se aplica. A verdade é que alguém pode estuprar outra pessoa sem que “causar mal” seja a razão primária, e em muitos casos, a pessoa pode desligar essa noção de empatia (nos casos de linchamento, por ex, basta que se imagine que a outra pessoa é bandido pra matar sem remorso).

    Algumas das pessoas que fazem os comentários mais raivosos aqui no desfavor, não costumam dizer que bandido bom é bandido morto? A verdade é que a empatia humana é seletiva e restrita àqueles que vemos como nossos iguais, dá pra ver isso no dia-a-dia. Alguém que se acha superior poderia facilmente se convencer de que a vítima não é sua igual e por isso não sentir empatia por ela e não se importar com o sofrimento que está causando, mesmo que isso não signifique que ela não sinta empatia por mais ninguém no mundo (como no caso dos psicopatas). Nesse caso, se não há empatia e se a pessoa não se importa com o sofrimento do outro, ela conseguiria ter a ereção apenas pelo estimulo visual ou de dominação do ato.

    Claro que, é necessário que exista alguma tipo de problema na pessoa pra fazer isso, mas pode ser algo bem menos complexo e abrangente do que uma doença mental. A meu ver, uma pessoa machista, dominadora, raivosa, com baixa auto-estima e complexo de superioridade é capaz de estuprar mesmo não sendo doente mental. Isso sem nem mesmo citar os casos em que realmente é apenas por desejo sexual. Nesse caso especifico imagino que seja com certeza uma doença.

    • Tem gente aqui que diz que bandido bom é bandido morto? Se tiver, passou por mim e eu nem vi, porque taí uma coisa que eu não aceito.

      Pergunta: a pessoa que estupra uma mulher inconsciente, não é capaz de depreender que quando ela acordar isso vai lhe causar uma dor imensa? Quero dizer, se a dor não for visível para ele no momento, ele não pode perceber que ela existirá depois? Ou percebe e não se importa?

  • P mim o alto índice de estupros vem da cultura machista. Não vou entrar num discurso feminazi que todos os homens devem ser castrados (até por que isso não é feminismo de verdade), mas que há uma cultura machista de que a mulher tem que ser decente, tem que merecer respeito, é ensinada desde cedo a não andar sozinha, não usar roupa curta, etc. Quando na verdade quem deveria estar recebendo essa educação em casa desde pequenos são os homens, que não é legal nunca abusar de ninguém, por mais q ela esteja sozinha/bêbada/rua escura/(insira qualquer outra desculpa usada para estuprar uma mulher).

    Usei só o caso da mulher para facilitar mesmo sabendo que muito homens sofrem agressões também.

    • Sem querer te afrontar, como dúvida de pessoa ignorante (no sentido que ignora o assunto) mesmo. Se machismo fosse tão determinante, porque teríamos estupros em todas as culturas, mesmo nas mais evoluídas, mesmo mas matriarcais?

      • Pra mim é uma postura enraizada desde séculos e séculos atrás que implica em dominação sobre o outro. Não tenho um grande conhecimento das primeiras civilizações ou de sociedades atuais matriarcais, mas o estupro é usado como arma de guerra, mulheres são vendidas, doadas, tratadas como objeto em muitas sociedades. O sexo é um modo muito claro e rápido de estabelecer essa hierarquia.

        Não vejo outro motivo além do machismo, sinceramente, para se achar normal violar alguém e sair andando como se nada fosse. E no meu dia a dia o que mais vejo são pessoas justificando o estupro colocando a culpa na vítima, seja o estupro de mulher ou homem.

        • Não sei se necessariamente é machismo. Tem gente que acha que pode fazer tudo que quer, tudo que tem vontade, que se recusa a respeitar regras ou nem ao menos consegue compreender o sofrimento alheio e sentir empatia.

          • Ah Sally, eu considero machismo no sentido de achar que está no direito de fazer por que é mulher. Por que está “condicionado” que se a mulher estiver numa situação de desvantagem, bêbada, num assalto, sequestrada, ou até sozinha com um homem, ela corre o risco de ser estuprada? Isso não acontece com homens.
            O agressor não tem necessariamente um histórico de violência ou psicopatia, mas se acha naquela situação e acaba fazendo.

              • Sinceramente, eu nunca ouvi história de estupro de homem além do que acontece na cadeia e pedófilos com meninos. Então, nem sei em que condições isso acontece.

                • No caso de estupro de homens é a mesmo princípio machista, pq o estuprador considera a vítima como mulher também, já que na hora está na posição passiva e inferior. já vi relatos de presos q tem relações homossexuais enquanto na cadeia e não se consideram gays porque são os ativos.
                  pra mim machismo pode não ser o único motivo mas está muito presente nos casos, pois ele traz toda a ideia de poder e dominação.

  • Importante Somir ter mencionado que homens tbm são vitimas desse tipo de violência.
    Não acredito que estupradores sejam todos doentes e tbm não acredito que todo homem seja um potencial estuprador. Infelizmente algumas pessoas são apenas más e é questão de oportunidade até mostrarem isso.

  • Sempre tive aceso ódio desses caras. Certa vez, corrí atras de um que tentou abusar de minha irmã. Queria imobiliza-lo, mas ele fugiu…Mas vejo o estupro como um fetiche, especialmente para homens machistas e dominadores, como colocou o Somir sobre a questao do poder. Na minha opiniao, qualquer um pode cometer um estupro, se tiver tal fantasia.

    • Ivo, fantasias todos nós temos, com diversas coisas. A questão é quando elas deixam de ser fantasias e passam para o campo da realidade. Eu acho que uma pessoa NORMAL sabe discernir fantasia de realidade e sabe que não pode fazer uma coisa dessas…

  • AI GENTE, AQUI NUMA ALDEIAZINHA VIZINHA(MANAUS ,E VC?) UMA VELHINHA FOI ESTRUPADA E SE APAIXONOU PELO ESTRUPADOR E DISSE QUE FOI A MELHOR TRANSA DA VIDA DELA, TADINHA… PASSOU ATÉ NO JORNALZINHO ELA PEDINDO PRA ELE PROCURÁ-LA QUE ELA NÃO IRIA DENUNCIA-LO, QUE LINDA!!!!

    EU ACHO QUE SE VC SE APAIXONA PELO ESTRUPADOR, DEVE PERDOAR SIM… AFINAL, O ÓDIO NÃO LEVA A LUGAR ALGUM. TALVEZ ESSE ESTRUPADOR PRECISE DE UMA RELIGIÃO PARA ORIENTA-LO.

    A VELHINHA DEMONSTROU COMPAIXÃO E ESPIRITO EVOLUIDO, COISA QUE MUITAS PESSOAS NÃO TEM. ELA É UM ESPIRITO DE LUZ.

    NÃO JULGUEM OS ESTRUPADORES SEM CONHECER SEU PASSADO, TODOS MERECEM TRATAMENTO E PERDÃO.

    CADEIA NÃO RECUPERA NINGUEM.

    E NÃO. EU NÃO SOU UM ESTRUPADOR.

    E NÃO. EU NÃO SOU A VELHINHA.

    REFLITAM SOBRE SI MESMOS, DEPOIS JULGUEM. ESSA POSTAGEM INCITA O ÓDIO E A VIOLÊNCIA. MAIS PAZ, MENOS GUERRA.

    UM ABRAÇO FORTÍSSIMO

  • Todo psicopata é um estuprador em potencial mas nem todo estuprador é psicopata podem ter vários motivos para uma pessoa estuprar outra nem sempre se justifica pela relação de dominação pode muito bem ser pelo sexo por que não ? Pode ser por qualquer coisa só podemos supor os motivos ,um psicopatase satisfaria com o simples sofrimento da vitima , alguem sem doença mental poderia fazer apenas pelo sexo pra gozar no final

    • Mas o fato da pessoa conseguir ficar indiferente ao sofrimento alheio e conseguir uma ereção com isso não a faz necessariamente pancada da cabeça?

  • Estupro tem a ver com sadismo e sadismo não é doença? Eu acho que é. Maldade a pessoa controla mais ou menos, mas compulsão não. Compulsão camba pro lado doentio.

  • Sempre pensei que um estuprador tivesse alguma disfunção mental. Claro que eu não vou dizer que todo e qualquer estuprador é doente mental, mas tenho certeza que boa parte tem probleminha.
    Em casos judiciais, acho que é viável pedir um exame médico, a fim de detectar alguma falha assim… Como não sou da área, estou apenas dando meu pitaco.

    • Se a pessoa tiver uma boa defesa, sim, é possível. Mas isso quase nunca acontece. Poucos topam defender um estuprador e quando o fazem o esforço é quase zero.

  • Um dos fatores que que impediria uma pessoa mentalmente sã de realizar um estupro não seria o fator moral? Se a moral de hoje não é a mesma de mil anos atrás, e talvez não seja a mesma daqui a outros mil anos, não podemos considerar que, em meio à diversidade de pensamento de bilhares de pessoas que habitam o planeta, muitos discordem do conceito de moral vigente? Neste caso, o estupro estaria justificado na mente do estuprador. E aí entra a questão exposta pelo Somir, com a qual concordo, do tratamento do sexo como uma relação de poder. Assim, se não é amoral e se beneficiará o sujeito com a relação de poder, o que o impedirá de realizar o ato?

    Claro, aqui falando só de moral, mas acho que o raciocínio se aplica também a questões como ética e outras relacionadas.

    (a conexão falhou durante a publicação, favor ignorem se o comentário aparecer duplicado)

    • Mas a psicopatia também está ligada à moral… ou não? fazer mal aos outros é um conceito subjetivo que varia de acordo com a época.

      • Acho que psicopatia tem a ver com ausência de compreensão do que é moral. Já no meu questionamento sobre os que não seriam psicopatas, acho que a pessoa alcança o conceito de moral, porém é discordante do conceito estabelecido pela sociedade.

        • Eu achava que o psicopata compreendia (tanto que comete crimes escondido, sabe muito bem que aquilo não pode) mas apenas não sentia culpa depois.

          • Acho que uma coisa é o conhecimento da lei estabelecida pela sociedade, e outra é o senso moral. Se o psicopata quiser cometer seus crimes, ele precisa ser dissimulado e cometê-los escondido porque é assim que ele conseguirá exercer suas perversões. É o meio de sobrevivência.

            Este texto traz questões de psicopatia e toca nesses detalhes em específico. Achei bem interessante, caso alguém queira ler a respeito:

            http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=177

  • O habitual é que os estupros se tratem de impulsos psicopáticos conscientes e premeditados. É rara a inimputabilidade do estuprador.

    Muitos estupradores são portadores de transtornos de personalidade, como o transtorno de personalidade antissocial, “psicopatas sexuais”.

    Algumas parafilias também podem levar ao ato.

    O álcool e drogas, além do ambiente, também podem levar ao ato.

    Enfim, não necessariamente é alguem com uma “doença mental”.

    • Mas esses impulsos psicopáticos não caracterizariam uma doença mental, ainda com a premeditação?

      Você acha que só o álcool poderia ser um estopim puro para um estupro? Quero dizer, uma pessoa que não estupraria ninguém sóbria, o faria por estar bêbada?

      • Então… estupros causados por impulsos psicopáticos sim, caracterizam uma doença.
        É um caso.

        Estupros causados por parafilias também caracterizam uma doença.
        É outro caso.

        Um estupro pode ser motivado pelo ambiente e o álcool ou drogas…
        Mais um outro caso.

        E sim, estupros também podem ser cometidos por indivíduos considerados “normais”, em determinadas circunstâncias como o uso de álcool.

        As pessoas fazem diversas coisas que não fariam “normalmente”, quando motivadas por álcool. O estupro também pode acontecer.

        Sobretudo por esse último…

        Não creio que todo o caso seja de doença mental. Desvio de conduta social não é sempre motivado por um transtorno.

        Muitos dos homens só não praticam o estupro por conta da conduta social e travas que determinam o que é certo/errado. Controlam seus instintos. Poucos casos são de quem não tem essa noção. Alguns perdem isso sob efeito de álcool ou drogas.

        E lembrando que na idade media era comum estupros quando um povo dominava o outro, o paradigma mudou com a evolução para uma sociedade dita moderna, na qual a mulher não é um espólio. (apesar de quem para muitos ainda são, né)

        (Mas nem todos os homens são potencialmente estupradores, eu nem consigo fazer sexo sem que a mulher esteja realmente louca por mim, se estiver de má vontade e não muito afim de sexo, perco o desejo também)

        • Pessoas com autoestima não costumam conseguir fazer sexo com quem não quer nada com elas.

          Daí a gente cai em uma segunda pergunta: existe algo que a pessoa não QUISESSE fazer sóbria que acabe fazendo bêbada? Como eu não bebo, não tenho muito aval para responder. Minha impressão é que se a pessoa faz bêbada, já queria fazer sóbria. Ninguém dá o cu bêbado, certo? (apesar de que uma vez eu argumentei assim e o Alicate me fez o favor de dizer que já tinha acontecido com ele… além de se queimar desbancou meu argumento)

          • “Muitos dos homens só não praticam o estupro por conta da conduta social e travas que determinam o que é certo/errado. Controlam seus instintos. Poucos casos são de quem não tem essa noção. Alguns perdem isso sob efeito de álcool ou drogas.”

            Da mesma forma, muitas pessoas fazem, sóbrias, coisas recrimináveis com as quais não concordam por causa da pressão social. Se fazem isso sóbrias, quem dirá sob efeito do álcool, onde a trava é “afrouxada”. Se chegam a este extremo, são pessoas com uma personalidade a ser tratada, mas ainda assim acredito que não necessariamente se configure como um transtorno psiquiátrico.

              • Acho que é factível, dependendo da motivação. Por exemplo, um adolescente que está naquela fase de busca pela aceitação por um grupo. Supondo que ele não tenha tido um ambiente familiar propício ao desenvolvimento mais adequado de sua personalidade, dentro dos critérios que atualmente consideramos adequados, e o grupo no qual está inserido o pressione a cometer um estupro, será que ele não cederia não por ter um transtorno psiquiátrico, mas sim pela recompensa de ser reconhecido como indivíduo pertencente a este grupo?

                • Acho que faria até coisas mais graves, como matar, por exemplo. Mas estupro não, porque não depende do racional: ele precisaria ter uma ereção. Homem não tem uma ereção quando quer, para ter ereção precisa de excitação sexual, não pensa “para ser aceito vou ter uma ereção e fazer sexo com ela”. Ou estou enganada?

                  • Mas ele poderia buscar a excitação sexual, e consequentemente a ereção, de outra maneira. Vendo fotos de uma mulher nua, por exemplo. Se homens são mais suscetíveis a estímulos visuais, me parece ser algo relativamente simples de conseguir.

                    Então, o estupro em si não seria causado pela excitação sexual, e sim por outras motivações. A excitação sexual seria uma “ferramenta” obtida de outra forma para concretizar o estupro.

                    *tudo bem que consideramos os aspectos racionais, mas vamos combinar que, quando se pensa nisso tudo de uma forma mais emotiva, dá um desânimo pensar na humanidade… :-(

                    • O que eu não entendo é se é possível para um estuprador a excitação sexual por outro meio que não coagindo uma pessoa. Na faculdade me foi ensinado que não, mas muita gente que sabe do que está falando me disse que sim.

          • O álcool pode levar o sujeito a fazer coisas que ele não faria somente por causa das travas morais e sociais.

            Quando sóbrio ele segue as condutas sociais, seja por medo da punição ou pra se encaixar. Mas bêbado o superego não fica tão super assim. Em alguns casos.

            Isso não caracteriza transtorno algum.

              • No caso de aceitação em um grupo em que o adolescente está sendo pressionado a cometer um estupro, será que ele conseguiria estuprar? Não acho que um estímulo visual seria suficiente, uma vez que ele estaria cumprindo uma tarefa a qual ele não quer, tendo que focar algo prazeroso o suficiente pra ter a ereção (enquanto seu julgamento aponta para algo errado, no caso ele não quer estuprar, faz isso pra ser aceito). Não sei se fiz me por entender, mas com esse turbilhão interno de emoções (somado ao desespero relutante da vitima) não acho que o cara conseguiria dar conta do recado. Mas isso envolve o dos valores inseridos na mente humana, no caso em que palpitei o jovem não tem o discernimento necessário pra se afastar de um grupo que o obriga a fazer ato tão nocivo, mas no íntimo sabe que está cometendo algo contra seus valores, e nessa equação acho que o resultado é uma bela brochada. Fiquem a vontade pra mandar um ad-hominen, infelizmente estou só na base das teorias.

                  • Até pra masturbação é necessário um impulso para a excitação, segundo os médicos é necessário excitação para o viagra fazer seu trabalho com perfeição.

                    As pessoas podem ter muitas desculpas para não fazerem N coisas que são consideradas erradas pela senso social geral, mas também não acredito que quem se embriaga para fazer algo não o faria sóbrio…….nesses casos é a ocasião que faz o ladrão e o álcool é apenas a coragem líquida.

                    • Eu achava que o mero contato físico, mesmo sem um querer bastava com o uso de viagra

  • Acredito que maldade pode “escapulir” de diversas formas no ser humano.
    Há pessoas que maltratam animais, pessoas que diminuem a autoestima do parceiro para se sentir melhor, pessoas que matam, pessoas que estupram… Não se pode colocar culpa na doença mental pra tudo.
    É tão difícil acreditar que alguém possa causar tanto sofrimento a outra pessoa que associamos a loucura, mas o ser humano é um cocô.

    • É que na minha cabeça o estupro difere de todas as outras por não poder ser realizado apenas “por estar com a cabeça quente”, ele depende de um reflexo involuntário: a excitação sexual

          • Numa busca rápida no google, vi que o sexo sádico e afins são parafilias. O site ABC Saúde cita, entra as parafilias, a pedofilia. Um trecho que achei bacana: “essas condições (as parafilias) só serão consideradas doenças quando elas forem a única forma de sexualidade do indivíduo, e que a tentativa dele em recorrer a outras formas de sexualidade para obter prazer sexual geralmente serão fracassadas”.
            Na Wikipédia é dito que a homossexualidade já foi vista como uma parafilia.

  • Nunca estudei este assunto e nunca ouvi nenhum especialista na área falar sobre o caso, mas eu tenho certeza que o cérebro de um estuprador tem alguma falha na fisionomia. Justamente pelo fato que a Sally cita:

    “O que o move não é a vontade de fazer sexo com alguém, para isso existem prostitutas ou muitas mulheres sem qualquer controle de qualidade, o que o move é o não consentimento, o sofrimento, o medo.”

    Quem precisa disso não pode ser normal. Não acredito que um homem com o cérebro em perfeitas condições conseguiria consumar tal ato.

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