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Colunas

CBM: Vai Malandra.

Anitta lançou um clipe novo. Ruim, dolorosamente ruim. Eu vou me foder sozinha e ter que ouvir esta música o tempo todo sem levar outras pessoas comigo? Claro que não… Vai malandra!


O clipe é puro Rio de Janeiro, não apenas a locação, como também a beleza das pessoas, a sofisticação e a qualidade musical. Com isso espero estar alertando sobre o que estão prestes a ver…

Começa com o típico ato lacrador: uma coisa imbecil, que no fundo só depõe contra quem faz, mas é aplaudido por todos graças ao medo de parecer escroto. Anitta desfila com uma câmera dando close na sua bunda, visivelmente mole e cheia de celulite.

Anitta não precisa bater ponto oito horas por dia em um escritório. Anitta não precisa trocar fralda de filho. Anitta não precisa fazer sua comida, lavar seu chão ou sua privada. Ela é cercada de pessoas que fazem isso para ela. Anitta construiu sua carreira com base no seu corpo, ou por acaso vocês acham que se ela pesasse 120kg teria feito sucesso do mesmo jeito?

Foi opção dela fazer uma carreira com base em corpo. Eu tive esta opção e declinei. Então, a partir do momento em que você baseia sua contraprestação em aparência, SIM, você tem o dever de estar em forma. Você só tinha um trabalho! Esse papinho de se aceitar como é vindo de alguém que mudou tanto seu rosto que está parecendo o Michael Jackson simplesmente não se sustenta. Então, essa bunda mole e cheia de celulite da Anitta não é lacre. Seria lacre se fosse sua ou minha. Vindo dela, que sempre pactuou e baseou sua carreira em aparência, é apenas vergonhoso.

Tá combinado, o fato de uma menina novinha estar com a bunda mole e cheia de celulite, ao que tudo indica, é motivo para aplauso e lacração. Honestamente? Espero que a sociedade continue assim, na verdade, que isso fique cada vez pior. Tomara que fique bem na moda mulher mole, cheia de celulite, peluda, de bigode ou o que mais quiserem estipular como lacre, assim pessoas que se cuidam vão reinar no universo masculino.

Com sua bunda de pudim, Anitta sobre em uma moto cuja placa faz uma alusão ao projeto de lei 1256 que tentava criminalizar o funk. Aplaudo o Easter Egg, que certamente não foi mérito dela e mais certamente ainda será compreendido por 0,0001% das pessoas que vão visualizar este vídeo.

Seguem-se imagens típicas do Rio de Janeiro e pessoas típicas do Rio de Janeiro. Parece que Anitta estava de saco cheio de ouvir o quanto foi glamourizada pela carreira internacional e tentou fazer o clipe mais povão que podia. Povão gourmet, óbvio. A tentativa de Anitta de parecer favelada mas ao mesmo tempo criar algo agradável aos olhos falhou miseravelmente: ela parece uma favelada fake (apesar do traços nada sofisticados) e o clipe é um show de horrores em matéria de estética.

Curioso que Anitta sempre vestiu a camisa do empoderamento feminino, mas a música é bem o contrário disso. A letra é sobre uma “malandra” que está empinando a bunda. Além disso, o diretor do clipe, Terry Richarson, teve inúmeras acusações de assédio, chegando a ser banido de publicações famosas, como a revista Vogue, por exemplo. O empoderamento é tão gourmet quanto a aura maloqueira de boutique da Anitta. Se fosse humorista tendo seu show dirigido por um diretor acusado de dezenas de assédios e estupros, certamente todo mundo estaria metendo o cacete. Mas é Anitta, a lacradora da bunda mole, então pode.

Tudo piora quando ela aparece com um biquíni feito de fita isolante. Sim, é isso mesmo que você ouviu. É moda aqui no Rio que as mulheres colem fita isolante no corpo para ficar com uma marca de biquíni bem definida, existem inclusive lugares onde você paga para que façam isso com você. Tudo bem que nelas nem fica tão chocante, afinal, é cor de pele, mas mesmo assim, a remoção não deve ser nada fácil. Até alguém perder um mamilo na retirada, esta moda vai continuar.

Não basta estra com biquíni de fita isolante, ela também está especialmente oleosa, provavelmente alguma dessas gororobas caseiras que pobre passa para se bronzear, como se precisassem disso… Pisando em um chão cheio de água que deveria despertar uma notificação do Ministério da Saúde por majorar o risco de dengue, ela canta em meio a diversas faveladas igualmente oleosas e igualmente de biquíni de fita isolante, só que essas são faveladas mesmo. Há provas, como por exemplo a hedionda tatuagem de borboleta na bunda pobre que aparece aos 39 segundos de clipe.

Anitta rebola só com fita isolante no corpo, enquanto as faveladas figurantes balançam as perninhas usando sapatos bregas. Segue um festival de unhas postiças tenebrosas e bijuterias lamentáveis. Até que um sujeito aparece do nada e começa a jogar ainda mais óleo nas pobres que já estavam oleosas demais. Feito frangos na frigideira, as faveladas de cabelo escroto (é uma constante que não sei explicar) fritam ao sol.

Vemos outro clássico carioca: encher caçamba de água e tomar banho como se fosse piscina. Os pobres se banham na caçamba de um caminhão, enquanto Anitta sensualiza totalmente fora de contexto. Neste ponto percebo que a música não tem melodia alguma, muito menos letra, mas isso não deve fazer diferença. Não consigo parar de olhar para os lábios da Anitta, por mais que todo mundo já tenha se acostumado com esse preenchimento no qual erraram feio a mão, eu ainda olho e tenho a sensação de que foi uma picada de abelha.

Em 1 minuto e 55 segundos vemos o típico exemplar da mulher carioca: cabelo mais claro que a pele (algo que não existe na mãe natureza), tatuagens pouco visíveis devido à pigmentação da pele, cabelo amarelo patinho, bunda gigante às custas de muita banha, sobretudo da região abdominal (cariocas tendem a ser barrigudas porém se acham gostosas), tatuagens em excesso. Sério mesmo, quando você tem a quantidade de tatuagens que essa moça da esquerda tem, fica parecendo que você passou na frente de um projetor durante uma palestra. Ela não é tatuada, ela é um bloco de notas com perna.

Anitta ostenta suas unhas postiças rosas, que por sinal, é cor de pobre. Toda pobre tem uma brusinha rosa. Tenho horror a roupa rosa. A música diz que “está brincando com o bumbum” enquanto Anitta sacode a raba montada em uma boia e um popular brinca com seu bumbum. Nada contra, muito pelo contrário, mas se a bandeira que se levanta é a do empoderamento feminino, não me parece coerente. O popular se empolga e batuca na bunda na Anitta, ponto no qual eu comecei a me arrepender profundamente de ter escolhido este tema para a postagem de hoje.

Anitta aparece arrumadinha, com um cabelinho afro peruquinha. Curioso o quanto ela jogou formol na cabeça durante anos para esconder esse tipo de cabelo e agora, que é lacração, ostenta, ainda que falso. Uma dançarina obesa de biquíni dourado termina de estragar meu dia. Se segue uma estética do gueto extremamente maquiada, uma falsa pobreza que consegue ser ainda pior do que a original, pois nem autenticidade tem.

Mirou na JLo e acertou na tia da faxina depois que ganha na Mega-Sena. Bosta, são três minutos da minha vida que não voltam mais!

Para dizer que preferiu não se sujeitar a isso, para dizer que eu não deveria ter me sujeitado a isso ou ainda para dizer que não escuta ninguém reclamando da objetificação da mulher: sally@desfavor.com

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