O presidente brasileiro foi questionado esta quarta-feira sobre se acreditava que as eleições marcadas no país vizinho serão “justas” e disse que em 2018 não ficou ‘chorando’ ao ser impedido de disputar eleições. “Eu fui impedido de concorrer nas eleições de 2018. Em vez de ficar chorando, eu indiquei um outro candidato, e ele disputou as eleições”, disse Lula. LINK


A amor venceu e fica tirando sarro de mulher que é impedida de disputar eleições numa ditadura. Desfavor da Semana.

SALLY

Lembra quando tratar mal uma mulher, diminuí-la ou de alguma forma faltar-lhe com o respeito gerava severas críticas a um Presidente da República no Brasil? Bons tempos, né? Não que a gente sinta falta do Cloroquino, a gente sente falta de ter uma imprensa combativa, que pega no pé, que não deixa passar nada e uma população que cobra com rigor.

“Mas Sally, logo vocês que esculhambam todo mundo falando isso?”. Sim senhor, nós mesmos. Não é sobre a gente, é sobre a regra vigente. Se passaram 4 anos cobrando politicamente correto, tem a obrigação de se portar conforme as cobranças. Paunocuzaram todo mundo por uma simples interrupção à fala de uma mulher (manterrupting), por uma explicação condescendente (mansplaining) ou até por sentar de perna aberta (manspreading). Então rezem pela própria cartilha!

Só que não. Lula bostejou novamente e suas paquitas estão caladinhas, fingindo que não estão vendo ou passando pano com esse papo de “equívoco”, “erro” e “não é hora de criticar”. Lula desqualificou uma fala mais do que legítima à líder da oposição na Venezuela, Maria Corina Machado, faltando-lhe com o respeito em vários momentos, com mostra a notícia, inclusive insinuando que ela estava “chorando”.

Lula se comparou a ela criando uma situação fantasiosa, afinal, tudo é sobre ele. Fome da África? ELE passou fome quando era criança. Vítimas de incêndio? ELE queimou a mão quanto tinha cinco anos. Pessoas cegas por agentes químicos? ELE tem miopia! Tudo é sobre ele, narcisista, ególatra que ignora o povo e só usa o mandato para tentar elevar seu nome.

Em uma situação normal de vergonha na cara e respeito já seria péssimo se comparar com ela, pois o contexto é completamente diferente, mas… da forma como ele o fez é simplesmente inaceitável.

Lula deixou de concorrer por ter sido condenado em mais de um processo pelo cometimento de crimes com o dinheiro público, processos dos quais não foi inocentado. Ela não, ela é vítima da brutalidade de um sistema que pisoteia na democracia. Lula fez um escândalo, tentou concorrer até o último minuto e fez um evento-drama de mais de 24h de duração para angariar simpatia e tentar evitar sua prisão, no qual se disse perseguido e se vitimizou de todas as formas possíveis. Ela não, ela está de cabeça erguida denunciando sem se vitimizar. Lula teve um julgamento com ampla defesa, duplo grau de jurisdição e contraditório. Ela não. Se tem alguém que vive de chororô é Lula.

E mesmo que ela estivesse de alguma forma valorizando a situação, não condiz com a bandeira que ele levanta uma fala dessas contra uma mulher. Se você quer cobrar o politicamente correto do outro, tem que agir de acordo, caso contrário é apenas um hipócrita que usa uma bandeira para atacar os demais.

O Governo do Amor mais uma vez dá uma paulada naqueles a quem jurou defender. Recorde de morte de yanomamis. Recorde de queimadas. População morrendo por surto de uma doença e apenas 15% das vacinas aplicadas. Promessa de acabar com orçamento secreto e recorde de orçamento secreto sendo liberado. Dizer que mulher negra vai a evento ou para batucar ou para arrumar homem. Pai dos pobres dizendo que nenhuma mulher que ficar com um auxiliar de serviços. E, por fim, os defensores da mulher desmerecendo sua fala. Até quando as minorias vão defender um cara que pisa nas suas cabeças?

Vale lembrar que em 2022 a tecla na qual Lula mais bateu nos debates presidenciais contra Bolsonaro foi a do respeito à mulher. Ele se colocou com contraponto, como pessoa que respeita, como pessoa que daria voz e poder às mulheres. Resultado? Aumento no número de casos de agressão a mulheres em seu primeiro ano de mandato. Basta olhar para o seu governo para ver que ele não fez nada: até no governo Bolsonaro tinha mais mulheres nomeadas.

Lula é um machista escroto que sabe revestir seu machismo e desprezo pelas mulheres em um discurso politicamente correto. Defensor das mulheres até a página 2, pois quando conflita com seus interesses ou sua ideologia, ele ataca uma mulher que está reclamando legitimamente por ter sofrido violações a seus direitos, deslegitimando o que ela fala, alegando que está “chorando”.

E ainda é covarde. Assim como fez com a fala de Israel, está batendo e escondendo a mão. Disse que nunca falou em “Holocausto”, mas quando ele afirma que Israel “está fazendo o que Hitler fez com os judeus”, ele claramente está falando de Holocausto, não precisa pronunciar a palavra. Ou por acaso Hitler fez alguma outra coisa com os judeus que eu não estou sabendo? Agora, neste caso, já tem um papinho de “ele não citou o nome dela”. Vai chupar um parafuso até virar um prego! A fala foi para ela e todo mundo sabe disso.

Lula é um reflexo do brasileiro: machista, escroto, bully, violento. Só de casos oficiais, reportados (que sabemos ser uma minoria), em 2023 ao menos oito mulheres foram espancadas por dia no Brasil. Mas a preocupação é a violência na Palestina. O país está na merda, mas, se o Presidente fingir com convicção que está tudo bem, a maioria vai comprar, para não ter que admitir que errou e votou em um merda. Deus os livre de perceberem que não tem um Salvador da Pátria, não é mesmo?

E só estamos falando dos casos de mulher com braço quebrado, com sangue, com hematoma. Violência não é apenas física. Mas os outros tipos são sutis demais para que o brasileiro sequer perceba. Nas notícias dessa semana temos uma pesquisa que constatou que mais de 40% das brasileiras não compreendem o que é consentimento. Como se identifica violência sem o conceito de consentimento?

O Brasil é um país que trata muito mal as mulheres. Arrisco dizer que a maioria sofre violência diária em suas mais diversas formas e nem ao menos o reconhece. Por isso votam e endossam Presidentes que tratam mulheres com condescendência, com falta de respeito e com postura de superioridade. Porém, o brasileiro adora desfilar virtude, mas no dia a dia escrotiza mulher que o cerca (mão, irmã, esposa, colega de trabalho).

E, a nova febre do momento: adora se mostrar preocupado com as mulheres da Palestina (as da Ucrânia e de Israel, torturadas, estupradas e mortas, foda-se). É o novo bastião da virtude: se preocupar com a Palestina.

Todo virtuoso se agarra a esse mastro: demonstra preocupação com a Palestina. É o que pega bem. É o atestado de virtude atual da lacrolândia, sinto muito, obesas, vocês foram deixadas de lado. Se você é bom, honrado e virtuoso, você passa seu dia preocupado e defendendo a Palestina, mesmo que bata, traia, engane, fale mal, desrespeite e magoe mulheres. É como rezar uma Ave Maria no catolicismo: posta alguma coisa defendendo a Palestina nas redes sociais que seus pecados estão absolvidos na sua bolha.

Que tal olhar para o próprio país e ver a quantidade absurda de violência contra mulheres e crianças? Que tal olhar o preço das coisas nos supermercados e se perguntar se a economia está realmente tão bem como dizem ou se são dados maquiados? Que tal se perguntar por que o Brasil é, segundo a ONU, o país com mais homicídios do mundo vencendo inclusive países em guerra?

Que tal questionar por que o Brasil está na rabeta das avaliações de PISA e tem uma educação tão deficitária? Que tal se revoltar com as pessoas morrendo na fila do SUS por falta de atendimento ou de medicamento ou, quem sabe, ficar um pouquinho chateado pelo governo demorar tanto para comprar e aplicar vacina contra a dengue? Até 2022 a demora em vacinar contra doença que pode matar era genocídio…

“Mas a Palestina…”. Tá bom, militante, usa sua carta coringa. Vai lá se preocupar com a Palestina enquanto sua filha transita em um país no qual ocorre um estupro a cada oito minutos. Foca na Palestina, para conseguir biscoito da sua bolha, em vez de reivindicar um país melhor para sua filha. Só não abre a boca para falar de causa feminina, pois nunca foi sobre as mulheres (assim como nunca foi sobre a ciência), sempre foi sobre um projeto de poder.

Falou de Palestina comigo eu já presumo ser péssima pessoa.

E, para finalizar, se ainda te resta alguma dúvida sobre o Lula, faz o seguinte exercício: se fosse a exata mesma situação, mas invertida, se fosse Maria Corina Machado inabilitando Maduro (estando ele com o maior apoio popular) e o Madura denunciasse isso, Lula chamaria de “choro”? Não, né? Foi o que pensei.

Para dizer que pior é a Janja que além de bater palmas ainda faz sexo com um misógino machista, para dizer que nem era tão ruim o Cloroquino falando merda permeada pela palavra “cuestão” ou ainda para dizer que depois vão fazer cara de Pikachu Surpreso quando Michelle Bolsonaro se eleger: comente.

SOMIR

Toda vez que Lula fala uma asneira, dizem que foi um escorregão. Como se fosse uma falha pontual, um erro de quem não tinha intenção de fazer algo errado. Mas existem níveis de besteira, algumas delas são tão indicativas de algo fundamentalmente errado na mentalidade da pessoa que não faz sentido tratar como se fosse algo momentâneo. É parte da pessoa.

Eu sou uma pessoa falha como qualquer outra. Apesar de falar coisas que irritam lacradores, eu me considero alguém bem na frente da curva do comportamento politicamente correto em relação aos meus pares, especialmente os brasileiros. Quase nenhuma das acusações feitas em relação aos homens em relação ao trato das mulheres me atinge.

Bater ou mesmo assustar uma mulher com violência verbal não fazem parte do meu histórico, jamais cheguei perto disso. E salvo num caso extremo de autodefesa, provavelmente vou morrer sem ser violento com mulher alguma. O motivo não tem nada a ver com “amor pelas mulheres”, é que é basicamente a mesma forma como eu trato homens. A única diferença que me fez ser agressivo algumas vezes na vida contra homens é que alguns te forçam a se colocar na posição de autodefesa. Até hoje nenhuma mulher conseguiu me colocar contra a parede dessa forma.

Quando sua linha guia de comportamento é de não-agressão, é realmente difícil se colocar numa situação de abuso contra uma mulher. Tem mulher maluca nesse mundo? Claro que tem. Como eu já disse, autodefesa está aí para isso. Com gente descompensada a primeira linha de defesa é sair de perto, e se você tiver a convicção de expulsar da sua vida quem dá qualquer sinal de descontrole violento, a tendência é que você evite muitos problemas. E por todas as questões de criação e menor força física, isso funciona muito bem com mulheres.

Se você tem a ideia de que é errado abusar do outro e usar violência para conseguir o que quer, seja ela física ou psicológica, isso funciona para homens e mulheres, e quando você comete um erro, percebe. Percebe e isso te consome até você resolver.

E o que diabos isso tem a ver com o tema do Lula fazendo pouco de Corina Machado? Quando você tem uma convicção, ela se desenvolve na sua vida, e digo mais, quando algo que você faz vai contra essa convicção, você percebe e se sente mal depois. Eu fico chateado quando sou grosso com uma pessoa, até mesmo gente que está sendo meio irritante. Sempre acho que poderia ter lidado melhor com a situação. Sempre fica alguma coisa te cutucando quando você quebra uma das suas convicções.

Políticos como Lula e Bolsonaro falam as coisas que falam e agem como agem porque não tem convicções reais com justiça social ou democracia. Não dói, não força reflexão. O bônus do Bolsonaro, se é que podemos chamar de bônus, é que pelo menos a parcela que se diz mais inteligente no país já sabe que não é para esperar nada de bom e critica duramente. Pelo menos ele fica mais transparente para o resto das pessoas.

Lula voltou como antítese do Bolsonaro sem realmente se comprometer com ser essa pessoa. As pessoas projetaram nele essas convicções de decência e ficam fazendo malabarismos ideológicos para comprovar a tese. A verdade, sempre a verdade, não liga para isso. A verdade aparece quando Lula sai do script.

Lula tolera abusos contra democracia, mulher, minorias em geral. Talvez não tolere com o mesmo orgulho que um bolsonarista, mas deixa vazar como não tem uma convicção interna forte o suficiente para não dizer essas coisas, ou mesmo perceber o erro e ficar incomodado com isso. E como um exército de faxineiros ideológicos se prontifica a passar pano e relativizar cada exposição incômoda do que ele realmente é, ficamos com essa ilusão de que “painho só se empolgou”.

Não. Ele está contido até. Ninguém que é fã de carteirinha de Fidel Castro pode ser defensor honesto da democracia. Os atos não combinam com as palavras, e as palavras o traem constantemente. Quando você tem convicção real de uma ideia, ela se impõe na sua vida. Eu gosto tanto da ideia de uma sociedade onde as pessoas conversam e resolvem problemas sem agressão que isso atrapalha minha capacidade de lidar com o costumeiramente bestial brasileiro médio.

Convicção cobra um preço. Eu sei que é uma conversa mais complicada, mas eu nem sei quão real é a possibilidade de uma pessoa com convicções reais de justiça e civilidade chegar até um cargo de poder como a presidência, talvez o caminho até lá seja um filtro intransponível. O que faz sentido é que a comparação bizarra entre o caso de um corrupto condenado num país com instituições minimamente funcionais e uma pessoa impedida de concorrer por um ditador por ter chances de vencer demonstra como Lula não tem convicção nenhuma sobre democracia.

E zero convicções sobre não pisar na cabeça de mulher para conseguir o que quer, essa visão escrota do brasileiro que a pessoa que parece mais frágil tem que ser esmagada. Era até a linha guia deste texto, mas eu acredito que vai ficar melhor num texto mais bem desenvolvido durante a semana.

Para dizer que isso é representatividade, para dizer que Corina não é santa (esse não é o ponto, até porque ninguém é santo), ou mesmo para dizer que para os inimigos a lei: comente.

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Comments (6)

  • Lula e seus Luletes parecem membros da seita do Jim Jones, nao tenho pena, se merecem e tem mais e que se f#derem. Ultimamente nao tenho nem vontade de visitar a familia no Bananil.

    • Vale o lembrete que Jim Jones morou no Brasil, especulo que se a ditadura não tivesse sido instaurada em 1964, talvez Jonestown tivesse sido por aqui.

      Outro lembrete é que o JJ era uma figura progressista, bem próximo ao que vemos hoje na politica bostileira (menos o suicidar os outros, para ser justo). Assumo que essa comparação é fruto da minha má vontade com esse pessoal.

  • “Lula é um machista escroto que sabe revestir seu machismo e desprezo pelas mulheres em um discurso politicamente correto”

    Talvez o Lula de 20 anos atrás. Hoje ele sequer tem condições cognitivas pra fazer isso; e não é como se ele precisasse, já que ele tem uma legião de jornalistas e paquitas de internet prontas pra fazer isso por ele – omitir uma parte, abafar outra, e dizer que o que sobrou foi apenas uma brincadeira, um deslize.
    Lula não é nem nunca foi politicamente correto, e quando ele faz um discurso politicamente correto pra agradar a sua militância de esquerda cirandeira do DCE de humanas, pra mim é sempre evidente como aquele discurso não é dele, e sim de algum cuidador dele.
    Lula está cagando pra machismo, homofobia, racismo e o caralho a quatro; pra ele, no máximo essas coisas são muletas em que ele se apoia ocasionalmente contra adversários específicos, e ele tem que ser orientado pra fazer isso porque ele não se importa e não entende como podem se importar tanto com essas coisas.

    • à essa altura ele só quer aproveitar a velhice mesmo, até porque depois da morte vai saber pra onde gente do tipo dele vai…

  • No dia que tiver um candidato mudo, eu voto nele. Nem ligo pras propostas, nenhuma vai ser posta em prática mesmo, pelo menos não fale merda.

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