DRAMA! CAPÍTULO 15, CENA 1:

ROSEMARY: Algum problema, amorzinho?
SALLY: Não, não, tudo ótimo Tia!
ROSEMARY: Querida, antes de chegar temos que parar em uma farmárcia
SALLY: Você precisa de algum remédio, Tia?
ROSEMARY: Não, Querida, apenas de fraldas geriátricas
SALLY: * palavrão mental
ROSEMARY: E hipoglós… é bom que você passe em mim quando for me trocar…
SALLY: QUANDO O QUÊ?
ROSEMARY: Não se preocupe, Querida, tenho uma alimentação regrada, só troco as fraldas três vezes por dia!
SALLY: “Só”?
ROSEMARY: Eu me esforço para não dar trabalho

Sally pega seu celular, enquanto dirige, e consulta no Google: “costurar + cu + humanos”

SALLY: Merda! Não tem como!
ROSEMARY: Perdão, Querida? Falou comigo?
SALLY: Quer mais alguma coisa da farmácia, Tia?
ROSEMARY: Estou meio indisposta, talvez um Luftal…
SALLY: * palavrão mental

DRAMA! CAPÍTULO 15, CENA 2:

No apartamento dos Somir:

SOMIR: Como foi que seu marido ficou assim?
LINDAMAR: Ele bebeu leite com manga
SOMIR: Leite com manga não causa isso
LINDAMAR: Foi leite de rosas com manga pôdre…
SOMIR: Imagino que ele precise descansar… e que esse barulho do andar de cima o incomode. Como sou uma pessoa muito humana, vou até lá pedir para que eles por favor não façam mais barulho…
PILHA: * coçando o cu
LINDAMAR: Ele já foi, palhaço! Não precisa mais fingir!
PILHA: Quem aqui tá fingindo?

Somir toca a campainha do apartamento de cima:

CARLÃO: Aeeee… firmeza Mano?
SOMIR: Vim pedir um favor. Parem de fazer barulho, porque o marido da moça que trabalha conosco tem uma grave deficiencia física e precisa descansar. Sua saúde está muito comprometida, se ele não dormir…
CARLÃO: O marido da Lindamar?
SOMIR: Esse
CARLÃO: O Pilha?
SOMIR: Você pode por favor dar meu recado ao seu patrão quando ele chegar?
CARLÃO: Posso
SOMIR: Grato.

Carlão corre para o telefone e liga para o celular de Lindamár:

CARLÃO: Que que tá acontecendo?
LINDAMÁR: Eu disse pro meu patrão que o Pilha é doentinho da cabeça… hihihi
CARLÃO: Sério?
LINDAMAR: E ele me deu um aumento!
CARLÃO: Porque ele é doente?
LINDAMAR: É!
CARLÃO: Eu quero um aumento também!

DRAMA! CAPÍTULO 15, CENA 3:

Na residência dos Somir, Sally chega em casa com sua Tia e cara de poucos amigos

SOMIR: Eu não falei que não precisava?
SALLY: Não dava para devolver, ela se lembra das coisas
SOMIR: Deixa ela com o marido da Lindamar, um distrai o outro
SALLY: Ela caga em fraldas
SOMIR: Porra Sally…
SALLY: E peida muito fedido…
SOMIR: PORRA SALLY!
SALLY: Eu não vou limpar quando ela se cagar, não vou!
SOMIR: Eu é que não posso limpar, né?
SALLY: O QUE VAMOS FAZER?
SOMIR: Podemos deixar ela com o enfermeiro da Helena, enquanto pensamos em alguma coisa. Vai lá e fala com ela, diz que é só por hoje. Duvido que ela negue essa ajuda.

Sally toca a campainha do andar de cima:

CARLÃO: Blllllffffffft *batendo palminhas
SALLY: Boa tarde…
CARLÃO: SER DIFEREEENTE É NORMAAAAL! * dançando
SALLY: Está tudo bem com você?
CARLÃO: Eu sou mongo!
SALLY: Perdão?
CARLÃO: Eu tenho síndrome de da… da.. *lê cola escrita na mão Síndrome de Down!
SALLY: O QUE?
CARLÃO: Peguei quando um mosquito desses sinistro me picou! *enfiando um sorvete na testa
SALLY: Posso falar com sua patroa?
CARLÃO: ashash…ASHASH… Trrrrrrrrrrrr

Enquanto isso, na residência dos Somir:

ROSEMARY: Olá, meu jovem, como vai?
PILHA: *olha de ladinho para a velha e deixa um fio de baba escorrer do canto da boca
ROSEMARY: Você quer conversar?
PILHA: * se sacode para frente e para trás
ROSEMARY: Qual é o seu nome?
PILHA: Que cheiro é esse?
ROSEMARY: Oi?
PILHA: “A véia peidou! A véia peidou!” Hã? Hã? Afffffffghtttt dubdubdub
ROSEMARY: Ainda me lembro quando eu tinha a sua idade…
PILHA: “VELHA PÔDRE! VELHA RADIOATIVA!” *sorriso meigo, com a cabeça inclinada de ladinho
ROSEMARY: Eu costumava sair para lanchar com as minhas amigas…
PILHA: “E COMIA URUBU? Véia maldita! Peidorreira! Daqui a pouco sobre uma núvem em forma de cogumelo desse cu enrugado!” Lindaaaaa! Lindaaaaaa!
LINDAMAR: Chamou, Maridinho?
PILHA: Passear! Passear! Bllllllllllllfffft
ROSEMARY: Que gracinha, acho que ele que sair um pouco!
LINDAMAR: Pilha! Eu estou trabalhando! Agora não dá!

Pilha segura o braço de Lindamar com toda a força, a puxa pelos cabelos para a altura da sua cabeça e fala em voz baixa:

PILHA: Se me deixar aqui com essa velha peidorreira eu te mato

DRAMA! CAPÍTULO 15, CENA 4:

Enquanto isso, na comunidade Nova Esperança, Olavo parece estar procurando por alguma coisa:

OLAVO: Pombinha, porque você quer vir comigo ao trabalho?
KELLY: Cala a boca, Olavo. Só me leva!
OLAVO: Sim, sim, estamos indo…
KELLY: Ele é rico, não é?
OLAVO: O Sr. Antunes? Sim, é de uma família abastada.
KELLY: Não perguntei se ele é gordo, Olavo, perguntei se ele é RICO! OLAVO: Sua residência é muito agradável
KELLY: * faz as contas mentalmente para saber se está nos eu período fértil
OLAVO: Está pensativa, Amorzinho?
KELLY: Olavo, chegando lá você vai fazer o que eu mandar…

DRAMA! CAPÍTULO 15, CENA 5:

Sally entra na cozinha e vê Pilha jogando Bom Ar na cara de sua Tia-Avó. Sally dá meia volta e vai para a Sala.

SALLY: Somir, acho que eu preferia o barulho…
SOMIR: Falou com alguém do andar de cima?
SALLY: TENTEI falar com o enfermeiro, mas ele me disse que tem Síndrome de Down
SOMIR: Síndrome de Down?
SALLY: É, ele disse que pegou quando um mosquito picou ele…
SOMIR: Síndrome de Down não é contagiosa!
SALLY: O que você sugere que eu faça?
SOMIR: VOCÊ NÃO ESTÁ PERCEBENDO O QUE ELES ESTÃO FAZENDO?
SALLY: não…
SOMIR: Eles arrumaram um segundo deficiente, agora estamos zero a zero!
SALLY: hã?
SOMIR: Eles tem um mongo e uma tetraplégica, nós só temos uma paralisia cerebral e uma surda!

Na cozinha, se escuta um grito:

PILHA: PORRA LINDAMAR! MEU OLHO TÁ LACRIMEJANDO! EU VOU DESMAIAR! É SÉRIO, EU VOU DESMAIAR! ELA SOLTOU OUTRA BUFA!

LINDAMAR: Licencinha, Dona Séli, que meu marido tá tendo um surto, ele tem disso de vez em quando, mas eu sei como acalmar…
SALLY: Será que ela precisa de ajuda?
SOMIR: Sally, precisamos de mais um deficiente!

Sally abre a porta da cozinha e vê Lindamar batendo na cabeça de Pilha com uma frigideira repetidas vezes. Sally dá meia volta e retorna para a sala.

SALLY: Tá maluco, Somir?
SOMIR: Se tivermos TRÊS deficientes em casa, eles vão ter que parar com essa cadeira de rodas!
SALLY: Você está maluco…
SOMIR: Maluca está você se pensa que ele vão ganhar assim tão fácil! Não vão não!
SALLY: Onde você pensa que vai?
SOMIR: Vou na rua buscar um mendigo aleijado que fica ali na esquina para morar com a gente!
SALLY: TÁ MALUCO?
SOMIR: Você não percebe, Sally? É uma idéia genial!
SALLY: SOMIR!
SOMIR: *piscadinha marota Esse é dos bons, ele tem as duas pernas amputadas!
SALLY: Puta que pariu…
SOMIR: SALLY! AS DUAS PERNAS, SALLY! Isso é quase grau máximo de permissibilidade social! Um amputado pode TUDO!

Somir bate a porta e Sally bate com a cabeça na parede.

CONTINUA…

(Excepcionalmente num domingo.)

DRAMA! CAPÍTULO 14, CENA 1:

Na favela Velha Esperança:

LINDAMÁR: ALEIJADO NÃO CRUZA A PERNA!
PILHA: A DOENÇA É MINHA E EU FICO COMO QUISER!
LINDAMÁR: NEM PRA ISSO VOCÊ PRESTA, DROGADO DE MERDA!
PILHA: QUERO VER ALEIJADO MAIS ALEIJADO DO QUE EU! OLHA!
LINDAMÁR: Que cara é essa?
PILHA: Dããblurghia Uónlebeual…
LINDAMÁR: Paralisia Cerebral?
PILHA: Porra, como é que você entendeu?
LINDAMÁR: Você sempre fala desse jeito quando volta de madrugada da rua.
PILHA: Vem cá, onde é que você arranjou essa cadeira de rodas? É apertada pra caralho!
LINDAMÁR: O Pantera que trouxe.
PILHA: E da onde aquele favelado ia tirar uma?
LINDAMÁR: Olha quem fala! Bom, não sei… Ele disse que conseguiu numa troca. E agora pára quieto que eu vou te colocar essa fralda!
PILHA: Eu não uso fralda desde…
LINDAMÁR: O começo do ano, eu sei. Larga de frescura! E vê se não se caga!
PILHA: A fralda é minha e eu faço o que quiser nela…

Um estrondo vem da direção da rua. Um choro infantil segue-se. Lindamár corre até a janela para ver o que está acontecendo. Uma criança estabacada contra uma poste chora sobre um carrinho de rolemã estraçalhado.

CRIANÇA: Buááááááá!
MULHER: Ai meu Gezuiz! Filho o que aconteceu com você? Cadê sua cadeira?
CRIANÇA: Ele me disse que o carrinho de era mais legal que a minha cadeira de rodas, mãe!
MULHER: Ele quem?

A criança aponta para Pantera, que tentava voltar discretamente para seu barraco.

MULHER: Volta aqui seu monstro!
PANTERA: Ele não me disse que não sabia frear! Foi culpa dele a batida!
MULHER: ELE É UMA CRIANÇA DE DEZ ANOS QUE NÃO MEXE AS PERNAS!
PANTERA: Ninguém mandou deixar na rua, dona! Em casa isso não ia acontecer, tá certo?
MULHER: DEVOLVE A CADEIRA DE RODAS DELE!
PANTERA: Já vendi.
MULHER: Eu vou te MATAR!

Pantera sai correndo com a mulher em seu encalço. A criança continua abraçada ao poste, chorando. De volta ao barraco:

LINDAMÁR: Pilha, hoje a gente sai pela viela nos fundos.

DRAMA! CAPÍTULO 14, CENA 2:

No apartamento dos Somir:

SALLY: Tem uma tia-avó minha no asilo… Ela mal anda.
SOMIR: Ah não, depois é capaz da véia querer ficar…
SALLY: Ela tem Alzheimer, acho que nem percebe que saiu do asilo.
SOMIR: Mas será que velho doente é um bom contrapeso para aleijado?
SALLY: A não ser que você queira ficar aleijado, é nossa melhor opção.
SOMIR: Então liga pro asilo. Será que eles entregam em domicílio?
SALLY: É sangue do meu sangue, seu monstro!
SOMIR: Manda um táxi buscar então?
SALLY: … Deixa que eu vou fazer isso.
SOMIR: Ok. Precisa encher o tanque. Até mais tarde, amor!

Somir senta-se no sofá e liga a televisão. Sally pensa com carinho na possibilidade do táxi, mas resolve buscar a velha pessoalmente.

DRAMA! CAPÍTULO 14, CENA 3:

No andar acima:

HELENA: Caaaaarloooosss…
CARLÃO: Quê?
HELENA: Quero tomar um banho especial. Hoje estou me sentindo sexy…
CARLÃO: Firmeza. Usa a esponja de coração?
HELENA: Não, bobo. Eu quero tomar um banho de banheira beeeem demorado. E eu preciiiiso do meu enfermeiro forte para me ajudar. *olhar sedutor*
CARLÃO: Cumé que você tá com as pernas cruzadas e os braços nessa posição?
HELENA: … A governanta colocou assim pra mim.
CARLÃO: Ha… Haha… *chegando mais perto*
HELENA: O que foi?
CARLÃO: Posso fazer uma coisa com você?
HELENA: O que você quiser… *mordendo o lábio*

DRAMA! CAPÍTULO 14, CENA 4:

Enquanto isso, na comunidade Nova Esperança, Olavo parece estar procurando por alguma coisa:

OLAVO: Pombinha, você viu o livro de História da quinta série?
KELLY: Nem quando eu tava na quinta série…
OLAVO: Maldição!
KELLY: Que nada, tinha um bobinho que fazia meus trabalhos se eu deixasse ele pegar nos meus peitinhos.
OLAVO: Eu me referia ao fato de não encontrar o que procurava, Kelly!
KELLY: Eu também, eu era retinha que só… Não sei o que ele tanto pegava…
OLAVO: Nem todos tem a minha sorte, hehehe.
KELLY: Eu não apostaria tanto nisso…
OLAVO: Hã?
KELLY: Nada! Não é esse livro segurando a mesa de centro?
OLAVO: Como foi parar ali?
KELLY: Sei lá, Olavo! Espera o filme acabar que eu tiro o pé de cima, tá bom?
OLAVO: Sim, pombinha. Mas eu vou precisar dele logo, tenho aulas particulares daqui a uma hora.
KELLY: Se você não fosse um frouxo, eu desconfiaria que você estava me traindo… Onde você dá essas aulas?
OLAVO: Na casa de um senhor muito abastado.
KELLY: Larga de ser preconceituoso, hoje em dia é normal ser gay.
OLAVO: Abastado é sinônimo de rico.
KELLY: Não sei o que é sinônimo, mas você ganhou a minha atenção.
OLAVO: Que bom que você finalmente se interessou pelo meu trabalho!
KELLY: Desembucha!
OLAVO: Eu dou aulas para um enfermeiro que trabalha na casa de um tal de senhor Antunes.
KELLY: Edifício Baumann?
OLAVO: Isso! Peraí… como é que você…
KELLY: Amor, hoje eu vou com você no seu trabalho.

DRAMA! CAPÍTULO 14, CENA 5:

No asilo “Depósito do Amor”, Sally aproxima-se do balcão de atendimento:

SALLY: Oi… Eu vim buscar minha tia-avó. Rosemary Green.
ATENDENTE: Hahaha! Boa! Sério, em que posso te ajudar?
SALLY: Eu vim buscar a minha tia-avó para morar comigo!
ATENDENTE: Olha, se é por causa da promoção do “Vá com Deus”, eu já vou te avisando que eles reaproveitam fraldas geriátricas mais de três vezes.
SALLY: Que horror!
ATENDENTE: Pois é, nossa política de “um é pouco, dois é bom e três é demais” é a melhor do mercado.
SALLY: *expressão de nojo*
ATENDENTE: Por esse preço, queria o quê?
SALLY: Eu quero levar minha tia-avó para morar comigo!
ATENDENTE: No duro?
SALLY: No duro!
ATENDENTE: Uau… Você é uma pessoa incrível. Marcinha! Vem cá!

Várias atendentes, enfermeiras e funcionários em geral vem ver ao vivo a mulher que queria dar uma vida digna perto da família para uma pobre velhinha. O show de elogios infla o ego de Sally, que diz que não está fazendo mais do que sua obrigação.

Chegando ao quarto coletivo onde sua tia-avó está:

ENFERMEIRA: Dona Rosemary?
ROSEMARY: *sotaque carregado* Quem é?
SALLY: Tia! É a Sally, lembra?
ROSEMARY: Quem?
SALLY: *para a enfermeira* É o Alzheimer, né? Ela não se lembra de nada…
ENFERMEIRA: Não, ela não tem isso. É catarata e surdez mesmo.
SALLY: Peraí… Ela não tem Alzheimer?
ENFERMEIRA: Nunca teve.
ROSEMARY: Sally? Sallyta? É você?
SALLY: O-o-oi tia!
ROSEMARY: Que saudade de você, meu amor! Faz quase um ano que ninguém vem me visitar! Dá um abraço na tia… *coff coff*
ENFERMEIRA: Não veio só visitar não! Veio te levar para a casa dela!
ROSEMARY: *lágrimas* Eu sempre soube que você era especial, Sallyta! Sempre soube!
SALLY: *abraçando* Eu não sei se é uma boa idé…

Todos os funcionários presentes começam a bater palmas. Alguns começam a chorar.

SALLY: Bem-vinda de volta, tia! *suspiro*

DRAMA! CAPÍTULO 14, CENA 6:

No apartamento dos Somir, a campainha acaba de soar:

SOMIR: *abrindo a porta* Ah, oi Lindamár!
PILHA: Ughuurt… Nhããã!
SOMIR: E esse aí na cadeira de rodas?
LINDAMÁR: É o meu maridinho, o Pilha. Ele é aleijadinho cerebral, hihihihi…
SOMIR: Estou vendo. Mas… Ele não veio aqui para ajudar a limpeza, não?
PILHA: Iiinho… Anhuuuta…
LINDAMÁR: CALABOCA MONGO!
SOMIR: Calma! Calma! Entrem!
LINDAMÁR: Licencinha.
PILHA: Nhiinhado…
LINDAMÁR: Eu não tinha ninguém para deixar esse peso inútil, então eu resolvi trazer junto. O senhor não se importa, né? Eu já sofro taaaanto com esse fardo na minha vida, essa máquina de se cagar que só me dá desgosto.
PILHA: Nhánhucu!
SOMIR: Ele disse alguma coisa?
PILHA: *acenando que não com a cabeça*
SOMIR: Ele é ensinado?
LINDAMÁR: Foi só um espasmo. *dando um tapa na cabeça de Pilha*
SOMIR: *sorriso maligno* Sabe do que mais, Lindamár? Eu não vou ser egoísta. Pode trazer seu marido todos os dias aqui… Estou comovido!
LINDAMÁR: Mas vai ficar caro trazer ele todos os dias, senhor Somir.
SOMIR: Relaxa, eu te dou um aumento. Você precisa.
LINDAMÁR: E não é que você serviu para alguma coisa, Pilha?
SOMIR: Eu preciso fazer uma ligação, já volto.

DRAMA! CAPÍTULO 14, CENA 7:

Sally está ouvindo uma interminável história sobre sua infância contada por sua tia-avó, no banco traseiro do carro. O telefone toca:

SALLY: Alô?
SOMIR: Sally?
SALLY: Já peguei a minha tia-avó.
SOMIR: Pode devolver a velha, achei um aleijado perfeito!
SALLY: Mas eu já estou trazendo ela pra casa…
SOMIR: Foda-se, ela nem vai lembrar mesmo! Agora eu vou preparar o terreno para nossa armação! Beijo! Tchau! *desligando*
SALLY: Mas… mas…
ROSEMARY: Algum problema, amorzinho?

CONTINUA…

DRAMA! CAPÍTULO 13, CENA 1:

No Edifício Baumann…

SOMIR: Tá bom demais para ser verdade…
SALLY: Deixa de ser azedo e me ajuda a arrumar as coisas!
SOMIR: Como posso te ajudar?
SALLY: Não atrapalhando
SOMIR: Já guardou as roupas no armário?
SALLY: Já, mas faltam os sapatos que estão naquela caix…
SOMIR: Que barulho é esse?
SALLY: Não sei! Que barulho estranho!

Barulho alto faz tremer o lustre

SOMIR: Vem lá da casa do amigo do seu pai
SALLY: Será que estão arrastando móveis?
SOMIR: O barulho vai e volta
SALLY: Eu não vou conseguir dormir com esse barulho!
SOMIR: Sally, o homem nos deu um apartamento de graça, não reclama!
SALLY: Não vou reclamar
SOMIR: Promete?
SALLY: Prometo

Sally pega uma cadeira e uma vassoura, sobre na cadeira e começa a bater violentamente no teto

SOMIR: O que você está fazendo?
SALLY: Não estou reclamando…
SOMIR: Tá maluca?
SALLY: É só para eles se tocarem que está incomodando!
SOMIR: Devem estar limpando a casa, arrastando móveis, daqui a pouco para…
SALLY: Acho bom parar mesmo!

Sally continua espancando o teto com a vassoura.

DRAMA! CAPÍTULO 13, CENA 2:

Lindamár estapeia uma mulher no meio da rua

LINDAMÁR: Anda! Responde! Tá fazendo o que espionando minha casa!
SUELI: Foi um engano…
LINDAMÁR: Se não falar vai ter que acertar contas com Jesus!
SUELI: Tudo bem, eu me entendo com ele…
LINDAMÁR: Jesus! JESUS! JESUUUUUS!

Um imenso Rotweiller aparece correndo e rosnando em direção a Sueli

DRAMA! CAPÍTULO 13, CENA 3:

HELENA: Papai… Carlos gostaria de lhe falar
SR. ANTUNES: Não temos nada para conversar, Helena, ele está despedido!
HELENA: Papai, tudo não passou de um mal entendido…
SR. ANTUNES: Helena, não insista!
HELENA: Carlos, explique a ele o que aconteceu!
CARLÃO: Foi que… eu pensei que…
HELENA: Papai, Carlos é uma boa pessoa!
SR. ANTUNES: Helena, se acalme. Você está me deixando tonto!
HELENA: O Senhor sabe como é difícil encontrar um bom enfermeiro… Papai, por favor…
SR. ANTUNES: Quer parar quieta, Helena?

Barulho de batidas vindas do andar de baixo

SR. ANTUNES: O que é isso?
HELENA: Não sei, mas não é a primeira vez que acontece hoje
SR. ANTUNES: Vem do apartamento dos Somir
HELENA: Mas… como? Como eles estão batendo no teto? Porque?
SR. ANTUNES: Não me pergunte
HELENA: Papai, temos que continuar nossa conversa!
SR. ANTUNES: Chega, Helena! Vá para seu quarto agora!

Helena sai em sua cadeira de rodas motorizada e poucos segundos depois de escutam batidas do andar de baixo e uma voz abafada

SALLY: Isso é hora de ficar arrastando móveis, caralho!
SOMIR: Deixa isso pra lá, Sally, vamos dormir que já está tarde…

DRAMA! CAPÍTULO 13, CENA 4:

Madrugada, em um ponto de ônibus qualquer da periferia…

LINDAMÁR: Você? Por aqui?
CARLÃO: É o ônibus que passa na casa dos bacanas onde eu trabalho
LINDAMÁR: Também passa na casa da minha patroinha, a Dona Séli, ela se mudou para uma casa nova essa semana, ela e o maridinho, o Sr. Somir
CARLÃO: Eu conheço esses dois!
LINDAMÁR: Edifico Batman?
CARLÃO: Eu trabalho no edifício Batman!
LINDAMÁR: Hihihihihi! Trabalhamos no mesmo prédio! Como são seus patrões?
CARLÃO: O pai é meio estranho, mas a filha é gente boa, só que ela não anda…
LINDAMÁR: Não anda?
CARLÃO: Não anda nem mexe os bracinhos…
LINDAMÁR: Coitadinha!
CARLÃO: Mas é jeitosinha, sabe?
LINDAMÁR: Mmmm… senti que você tem um interesse na aleijadinha!

Carlão ri constrangido

LINDAMÁR: Confessa, vai… Rola?
CARLÃO: * coça a cabeça e pensa
LINDAMÁR: Rola ou não rola?
CARLÃO: Acho que sim… se empurrar ela rola

DRAMA! CAPÍTULO 13, CENA 5:

SALLY: Lindamár, vou me deitar um pouco e tentar descansar, não dormi nada na noite passada, os vizinhos de cima ficaram fazendo uns barulhos…
LINDAMÁR: Dona Séli, meu vizinho trabalha no andar de cima e ele me falou que o Patrão dele tem uma filha aleijada, é verdade?
SALLY: Aleijada como?
LINDAMÁR: Hihihihi! Não mexe nem as perninhas nem os bracinhos!
SALLY: Não, eu não sabia disso!
LINDAMÁR: Meu gatinho ficou assim depois que eu sentei nele!
SALLY: * suspira alto Vou dormir

*Barulho alto

SALLY: Eu não agüento mais isso! Lindamár, liga pro seu amigo e pergunta o que é que eles estão fazendo lá em cima para causar tanto barulho!
LINDAMÁR: * Pega o telefone e disca Carlos? Lindamár. Que barulho é ess…
SALLY: Isso tem que parar!
LINDAMÁR: Ahãn, sei… sei…
SALLY: Eu fico transtornada quando não durmo, isso tem que parar!
LINDAMÁR: Entendi… entendi, vou dizer para a Dona Séli. Agora responde sério mesmo… Rola?

Escuta-se um grito estridente seguido de sucessivos baques no andar de cima

CARLÃO: Rola sim! Acabei de testar!

DRAMA! CAPÍTULO 13, CENA 6:

SALLY: Temos que nos mudar
SOMIR: Hã? Acabamos de chegar!
SALLY: Sabe o barulho? É a filha aleijada do Sr. Antunes que fica para cima e para baixo em uma cadeira de rodas que parece uma nave espacial!
SOMIR: Isso é mau…
SALLY: Isso é PÉSSIMO. Não podemos reclamar, não se pode abrir a boca para dizer um “ai” sobre aleijados que fica todo mundo contra você!
SOMIR: Isso é muito mau…

Lindamár ouve a conversa atrás da porta

SALLY: Você sabe que aleijados podem tudo! Eles tem um Greencard social, aleijados podem fazer o que quiserem!
SOMIR: Se a gente reclamar…
SALLY: Sim! Vamos virar Os Escrotos! Pessoas normais tem que aturar tudo de aleijados!
SOMIR: A não ser que…
SALLY: A não ser que?
SOMIR: A não ser que ela incomode OUTRO ALEIJADO!
SALLY: SIM! Mas tem que ser um aleijado mais aleijado que ela…
SOMIR: Ela é muito aleijada?
SALLY: Nunca vi, mas a empregada me falou que ela não mexe nem os braços nem as pernas
SOMIR: Puta que pariu! Precisamos de um aleijado mais aleijado que ela…
SALLY: Precisamos de um plano
SOMIR: Sim, precisamos de um plano…
SALLY: Saco! Esses aleijados podem tudo!

Lindamár pega o telefone e liga para casa:

LINDAMÁR: Drogado! Descobri que aleijado pode tudo
PILHA: Hã?
LINDAMÁR: Meus patrões me falaram que aleijado pode tudo! Você tem que ficar aleijado para que a gente possa fazer o que quiser!
PILHA: Eu não! Fica você!
LINDAMÁR: Eu trabalho! Assim que chegar em casa vamos cortar sua perna!
PILHA: Não dá para fingir que sou aleijado?
LINDAMÁR: Faz sentido
PILHA: Mas o que você quer conseguir?
LINDAMÁR: Para começo de conversa, um aumento da minha patroa. Amanhã meu marido aleijado vem trabalhar comigo! hihihihi

CONTINUA…

DRAMA! CAPÍTULO 12, CENA 1:

Na cobertura do Edifício Baumann…

A porta do elevador se fecha, com Sally e Somir sem entender patavinas.
SOMIR: O que foi isso?
SALLY: Qual foi a merda que você fez, Somir?
SOMIR: Sally, eu estava do seu lado o tempo todo, eu não falei nada!
SALLY: É verdade, desta vez não foi você…
SOMIR: Esse amigo do seu pai é maluco, isso sim!
SALLY: Será que ele tem medo de pessoas com a cara vermelha?
SOMIR: Talvez tenhamos chegado em uma hora ruim…
SALLY: Que desaforo! Vou ligar para o meu pai agora!

No quarto de Helena:

HELENA: Algum problema, Carlos?
CARLÃO: Nada não, só estou achando a Senhora muito quieta
HELENA: Hahahaha… Você não entende mesmo, né? Eu sou Tetraplégica!
CARLÃO: O quê? TETRA o que?
HELENA: Nada, Carlos, nada…
CARLÃO: Tá tirando onda, Madame? Eu sou PENTA! PENTA e ainda sou campeão do mundo! MENGOOOOOOO!
GOVERNANTA: Senhor Carlos, o Sr. Antunes gostaria de vê-lo

Alguns minutos depois, no escritório do Sr. Antunes:

SR. ANTUNES: Obrigado por ser discreto
CARLOS: O casal tá na rua Senhor!
SR. ANTUNES: Estou realmente grato, Carlos. Confesso que inicialmente tinha ressalvas com você, mas você se mostrou um funcionário muito leal
CARLÃO: Nem precisa agradecer… a loirinha foi facinha! Com um peteleco já estava dentro do elevador. Também, com aquele tamanho de toco de amarrar jegue… Depois foi só tirar o marido
SR. ANTUNES: Perdão?
CARLÃO: A loira! A mulé batia aqui em mim! *aponta para a cintura
SR. ANTUNES: Tem certeza?
CARLÃO: Ô se tenho! Parecia um gnomo
SR. ANTUNES: Acho que ocorreu um equívoco então…
CARLÃO: Hã?
SR. ANTUNES: Ela não era alta, com uma… uma… *faz sinal de bunda grande
CARLÃO: Não, não, Dotô. Era desse tamanho *aponta para baixo* e tinha uma bundinha bem mixaria, bunda de mico…
SR. ANTUNES: Acho que ocorreu um engano! Rápido, me acompanhe até a portaria!
CARLÃO: Para acompanhar na portatia vai ser mais mil pratas, Dotô…

Sr. Antunes dá um tapa na própria testa e puxa Carlão pelo braço, em direção ao elevador.

DRAMA! CAPÍTULO 12, CENA 2:

KELLY: Esse táxi que não chega!
PORTEIRO: A Senhora precisa de ajuda?
KELLY: Preciso sim. Me leva em casa, fofo?
PORTEIRO: Não posso, Dona, estou de serviço e…

Kelly abre um botão da sua blusa

PORTEIRO: Além disso eu só posso roubar o carro do Sr. Antunes depois das onze, quando eu sei que ele não vai mais sair…
KELLY: Se você me levar em casa eu abro tudo…
PORTEIRO: * babando
KELLY: Mas tem que ser agora, é pegar ou largar!

Kelly abre mais um botão de sua blusa e o porteiro sai correndo em direção à garagem

Chegando à portaria:

PORTEIRO: Dá licença! Dá licença!
SOMIR: O que deu nesse porteiro? Tá correndo porque? Sally, desliga esse telefone…
SALLY: Estou dizendo, Papai, ele um empregado dele expulsou a gente de lá! Colocou para fora da casa dele, até me machucou!
SOMIR: Exagerada…
SALLY: Um absurdo, Papai! Um absurdo! Liga para ele AGORA! Não me importa se ele é dono do prédio todo, o que ele fez foi um abuso! *começa a chorar

Na cobertura:

SR. ANTUNES: Esse elevador que não chega!
CARLÃO: Seu celular está tocando…
SR. ANTUNES: Alô? Como vai? *cara de bunda
CARLÃO: *tira meleca do nariz
SR. ANTUNES: Evidente que foi um mal entendido! Eles chegaram antes da hora e eu não queria que estraguem a… a surpresa que eu havia preparado! Sim, sim… uma supresa… Vou entrar no elevador, se a ligação cair… *desliga o celular

DRAMA! CAPÍTULO 12, CENA 3:

LINDAMAR: Tem alguém na janela…
PILHA: Deve ser alguém do meu fã-clube

Lindamar dá um cascudo em Pilha

LINDAMAR: Acorda para a vida, Drogado! Os anos 80 acabaram!
PILHA: Macaca! Macaca fedida!
LINDAMAR: Pantera? É você?
PILHA: Tomara que seja a Juma…
LINDAMAR: Estou vendo seu vulto! QUEM É?
PILHA: Para de gritar!
LINDAMAR: Então vai lá ver quem é, seu inútil
PILHA: PERDEU! PERDEU PREIBÓI! MÃO NA CABEÇA! SOU DO DENARC! CALA A BOCA! – Pronto, resolvi.

Lindamar olha para Pilha com ar de desprezo, se levanta e vai até a porta. Percebe que o vulto corre e corre atrás. Lindamar pula no vulto e derruba uma mulher.

LINDAMAR: TAVA FAZENDO O QUE ESPIONANDO MINHA CASA?

DRAMA! CAPÍTULO 12, CENA 4:

SOMIR: Olha quem está vindo ali…
SALLY: Será que ele vai expulsar a gente do prédio também?
SR. ANTUNES: Ai estão vocês! Me perdoem… vocês chegaram e a surpresa que eu havia preparado ainda não estava pronta, então eu pedi a meu empregado que os levasse a outro aposento, para não estragar a surpesa, mas ele me entendeu mal…
CARLÃO: Não senhor, o senhor me deu mil pratas para que eu…
SR. ANTUNES: * cotovelada em Carlão Mas agora a surpresa já está pronta, podemos subir e desfazer esse enorme mal entendido!
SALLY: Que surpresa?
SOMIR: Sem barraco, Sally…
SR. ANTUNES: Eu insisto, quando virem a surpresa entenderão o porquê do equívoco…
CARLÃO: Mas Dotô, o senhor falou pra mim que…
SR. ANTUNES: * dá outra cotovelada em Carlão
CARLÃO: * bufando
SALLY: Tudo bem, tudo bem, vamos ver a tal surpresa, mas estou ofendida!
SOMIR: Mulheres… *piscada marota
SALLY: Ele é que vai nos mostrar a surpresa? *aponta para Carlão
CARLÃO: Não, eu só tinha que botá vocês para for…
SR. ANTUNES: * cotovelada em Carlão
CARLÃO: Ô Mano! Agora chegou, né? Não vou ficar aqui apanhando não! *dá soco exageradamente forte na boca de Sr. Antunes, que cai desmaiado no chão
SALLY: O QUE FOI QUE VOCÊ FEZ?
SOMIR: Tá maluco? Você pode ser preso!
CARLÃO: Ele que começou! Preso? Eu?

Carlão sai correndo em direção à rua

DRAMA! CAPÍTULO 12, CENA 5:

Pantera circula pelas ruas. Avista uma freira parada no ponto de ônibus. Corre em direção à freira e começa a espancá-la, com um sorriso no rosto.

PANTERA: LEVANTA E LUTA, COVARDE!

A freira cai ao chão e Pantera chuta suas costelas. Pantera bate com vontade até a freira ficar inconsciente. Pantera faz cara de decepção e vai embora.

DRAMA! CAPÍTULO 12, CENA 6:

SALLY: Dr. Antunes, o Senhor está bem?
SR. ANTUNES: Sim, sim… estou bem… *cospe um dente
SOMIR: O Senhor não parece bem
SR. ANTUNES: Me acompanhem, vou lhes mostrar a surpresa…

No elevador…

SR. ANTUNES: Décimo andar
SALLY: Seu apartamento não fica no décimo primeiro andar?
SR. ANTUNES: Não, a surpresa está no décimo andar…

No meio da rua

PANTERA: MANO! Tu tá bem?
CARLÃO: Bati no meu patrão…
PANTERA: Hoje é o nosso dia! Eu tamb…
CARLÃO: MANO, EU VOU SER PRESO!
PANTERA: Vai nada…
CARLÃO: Vou sim, um bacana falou!
PANTERA: Se você for preso eu te tiro de lá
CARLÃO: Tá achando que é quem? Me tira como?
PANTERA: Mano, hoje eu descobri sou muito forte… Não se preocupa, tá comigo tá seguro
CARLÃO: Hã?
PANTERA: Segredo, hein?
CARLÃO: juro!
PANTERA: Mano, hoje eu dei uma surra no Batman!
CARLÃO: Tu é meu ídolo!

DRAMA! CAPÍTULO 12, CENA 7:

As portas do elevador se abrem:

SR ANTUNES: Esta é a surpresa. Não estava devidamente arrumada quando vocês chegaram, mas agora já está pronta para recebê-los
SOMIR: *sussurrando é o que eu estou pensando?
SALLY: *sussurrando acho que é…

CONTINUA…

SEMANA DO AVESSO|OSSEVA OD ANAMES

DRAMA! CAPÍTULO 11, CENA 8:

21:06

Na cobertura do Edifício Baumann…

GOVERNANTA: Sr. e Sra. Somir estão chegando, como combinado, Sr. Antunes.
SR. ANTUNES: Qual o nome da filha do Peter mesmo?
GOVERNANTA: Quem deve saber essa informação é sua filha, senhor.
SR. ANTUNES: E Helena, está pronta?
GOVERNANTA: Está em seus aposentos em companhia do enfermeiro, senhor.
SR. ANTUNES: Ele ainda está aqui?
GOVERNANTA: Exigência de Helena, senhor.
SR. ANTUNES: Ela e sua excentricidades… Vá chamá-la para o jantar.

No quarto de Helena:

HELENA: Não sinto minhas pernas!
CARLÃO: Ai Gezuiz! O que que eu faço?
HELENA: Hahahaha… Você não entende mesmo, né?
CARLÃO: O quê?
GOVERNANTA: Senhora Helena, Sr. e Sra. Somir estão aqui, seu pai pede sua presença.
HELENA: Finalmente vou conhecer o marido da Sally. Faz tanto tempo que não nos vemos…
CARLÃO: Quando a gente janta?
GOVERNANTA: A criadagem janta após o término da refeição da família, Carlos.
CARLÃO: Porra, mó cheio da grana e oferece sobra pra nóis?
HELENA e GOVERNANTA:

Alguns minutos depois, no escritório do Sr. Antunes:

GOVERNANTA: Sr. Antunes, a senhora Sally e seu marido estão aqui.
SR. ANTUNES: *pulando da cadeira* MARIDO?
GOVERNANTA: Sim senhor. Gostaria de salientar que a face dele está vermelha, para evitar surpresas. Eles estão na sala de estar.
SR. ANTUNES: Meu Deus! Tira esses dois daqui AGORA! Ela não disse que tinha marido! Esse homem deve estar FURIOSO! Eles vieram me extorquir… ou matar…
GOVERNANTA: Pois não? *surpresa*
SR. ANTUNES: Não, você não conseguiria. Preciso de alguém forte para retirá-los daqui. Chame o enfermeiro! VAI! AGORA!
GOVERNANTA: Sim… Sim senhor…

Carlão chega até o escritório.

SR. ANTUNES: Eu te pago quanto você quiser, mas tira essa Sally da minha casa! E o marido também! Nem que seja na base da força!
CARLÃO: Hã?
SR. ANTUNES: Mil reais! Te pago mil reais! Tira aqueles dois da minha casa antes que Helena veja!
CARLÃO: Mil? É pra já!

Carlão corre até a sala de estar e avista o casal Somir.

SALLY: Boa noite… Meu nome é Sally.
SOMIR: Somir, prazer.
CARLÃO: VAZA FORA DAQUI! OS DOIS!
SALLY e SOMIR: Hã?

Carlão agarra Sally pela cintura e vai a levando em direção à saída.

SOMIR: Ei! Larga ela!

Carlão vai carregando Sally até o elevador. Somir tenta pará-lo, mas o homem é muito mais forte do que ele.

CARLÃO: Entra junto ou vai ficá pequeno procê, mano! Os dois! Vaza!

A porta do elevador se fecha, com Sally e Somir sem entender patavinas.

DRAMA! CAPÍTULO 11, CENA 7:

21:00

Nos arredores do condomínio de Helena…

PANTERA: Oi gata! Fazeno ponto na frente da casa dos bacana é?
MULHER:
PANTERA: Cê é muito gostosa… *olhar tarado*
MULHER: Se enxerga, pobre! *empurrando*

No carro, Somir e Sally discutem…

SOMIR: Olha lá! Tem até puta aqui na rua do condomínio! Melhor que nossa rua, é?
SALLY: Isso tem em qualquer lugar, Somir!
SOMIR: Tem até um drogado do lado dela, caído no chão!
SALLY: Não enche, pimentão!
SOMIR:

Chegando à portaria:

PORTEIRO: Pois não?
SALLY: Edifício Baumann, cobertura. Senhor e Senhora Somir.
SOMIR: Senhor e Senhora Somir?
SALLY: É mais chique.

DRAMA! CAPÍTULO 11, CENA 6:

20:43

Em frente à garagem do Edifício Baumann…

KELLY: Uau! Só tem carrão aqui!
ADALBERTO: *acordando* Quem é você?
KELLY: Ke… Sally! Pode me chamar de Sally!
ADALBERTO: Por que você está dirigindo meu carro? É seqüestro relâmpago?
KELLY: Você me pediu para te trazer aqui! Até me pagou para isso!
ADALBERTO: Ai… minha cabeça… Daqui você volta sozinha, ok?
KELLY: Achei que íamos subir… *passando a mão na perna de Adalberto*
ADALBERTO: Está maluca? Minha filha está em casa!
KELLY: *bufando* Passa lá para me ver de novo, gatão?
ADALBERTO: Só se você prometer não abrir o bico sobre hoje!
KELLY: Tudo bem! *dando um selinho em Adalberto*

Kelly sai do carro e liga de seu celular pedindo um táxi.

DRAMA! CAPÍTULO 11, CENA 5:

20:21

Numa praça…

SOMIR: Ai… Ai… Ai!
SALLY: Quer que eu pare?
SOMIR: Não. Nesse estado eu não posso ficar.
SALLY: A gente vai atrasar mais ainda. Fica parado!
SOMIR: Precisava ser aqui? Vão acabar olhando!
SALLY: No carro fica muito escuro! Já está acabando, seu fresco!
SOMIR: A gente podia fazer isso em casa, né? É estranho com platéia.
SALLY: Não senhor! Se voltarmos pra lá você arranja uma desculpa para ficar. Eu te conheço!
SOMIR: Agora eu vou assim? Melecado?
SALLY: Melhor melecado do que todo inchado. Não sei como a cabeça passou…
SOMIR: Bom, já estou mais aliviado. Vamos logo.
SALLY: Tem um homem olhando pra gente…
SOMIR: Que merda! Sempre tem um tarado nesses lugares.
SALLY: Ei… eu conheço o tarado.
SOMIR: *olhar assassino*
SALLY: Modo de falar! É o Olavo, marido da Kelly! OLAVO?

Olavo aproxima-se.

OLAVO: Eu não tinha certeza se eram vocês mesmos. E não quis interromper…
SOMIR: O que você está fazendo aqui essas horas?
OLAVO: Minha pombinha esqueceu de deixar a chave de casa.
SOMIR: Ué, liga pra ela.
OLAVO: Ela desligou o celular. Ela sempre faz isso quando está trabalhando.
SOMIR: No que ela trabalha?
OLAVO: Ela ensina dança para um grupo da terceira idade da igreja.
SOMIR: Bom, então ela volta logo. Quer carona?
OLAVO: Na verdade ela costuma demorar bastante. Só volta bem de madrugada… Eu vou ficar aqui nesse hotel da esquina.
SOMIR: Madrugada? Dança para terceira idade? Da igreja?
SALLY: Deixa pra lá, Somir! Olavo, a gente se fala, viu?
OLAVO: Boa noite. E eu acho que está aumentando de novo, Somir.
SALLY: Deixa que eu cuido disso depois. Boa noite!

DRAMA! CAPÍTULO 11, CENA 4:

20:16

Na boate “Pluma de Prata”…

KELLY: Amiga, que gorjeta foi essa? Hahaha! Pena que só me avisaram agora.
INHA 1: Esses caras FECHARAM a boate, menina! Tão aqui desde as seis. Nunca vi tanta nota de cem!
KELLY: O que eles tão comemorando?
INHA 2: Ninguém disse, mas um dos bêbados já me disse que foi uma tal de manobra na empresa deles. Colocaram um laranja pra se foder como sócio.
KELLY: Uma… Uma laranja, fofinha. Laranja é fêmea.
INHAS 1 e 2:
TONHÃO: Não estou pagando para vocês baterem papo. Kelly, vai dar atenção para aquele bigodudo ali…
KELLY: Pode deixar!

Kelly se aproxima de um senhor, do alto dos seus 60 anos de idade, vestindo um terno mais caro que sua casa. Paixão à primeira vista.

KELLY: Oi amor. *sentando no colo*
SENHOR: Vozchê é um anjcsho?
KELLY: Sou tudo o que você quiser, gostoso.
SENHOR: Me… me z… chama… de Adal… Adalberto. *quase desmaiando*
KELLY: Você está passando mal?
ADAL… ADALBERTO: Prechijo… Preci…jo… voltar… pra casa! Jantar…
KELLY: Xiii, a patroa tá esperando?
ADALBERTO: Chô… Sou viúvo.

Kelly escuta um “ka-ching” em sua mente.

KELLY: Eu posso te ajudar a chegar lá, amorzinho.
ADALBERTO: J.. já subiu numa Mercedez?
KELLY: No máximo uns beijinhos com a Cris para animar a platéia, mas não gosto de mulher não… Hihihihi…

DRAMA! CAPÍTULO 11, CENA 3:

19:31

Na favela Velha Esperança…

PANTERA: Sabe, tava pensando num treco agora… Se eu tô com o celulá do Carlão, como é que ele vai usá ele pra me ligá?
PILHA: Mais importante, eu estava pensando agora por que você continua na minha casa…
PANTERA: Aê, larga de sê mal agradecido, mano! Não fui eu que carreguei nas costa até aqui?
LINDAMÁR: Deixa ele, Pilha! Eu prometi que ele podia jantar com a gente! Cala a boca e vem me ajudar a cortar a cebola!
PILHA: Me respeita!
LINDAMÁR: Se respeita primeiro e eu penso no seu caso, drogado de merda!
PANTERA: Vixi! Que fora, véio… *rindo*
PILHA: Chega! CAI FORA DAQUI! *Pilha começa a enxotar Pantera para fora de casa*
PANTERA: Porra! Mancada feia essa, viu? Na boa, quando eu colá aqui amanhã pra vê a novela tomara que você teja mais sussegado… Aê Dona Linda, deixa o rango pra depois, valeu?
PILHA: Fora!

Pantera é empurrado para fora do barraco de Pilha e Lindamár. Chegando à sua própria moradia, não encontra Carlão em lugar algum.

PANTERA: “Vixe, será que a mina lá matô o Carlão? Cacete, tenho que achá o mano… Acho que ele anotô o endereço em algum lugar… Ah! Aqui! Mano véio, vô te salvá!”

DRAMA! CAPÍTULO 11, CENA 2:

19:22

Na comunidade Nova Esperança…

KELLY: Alô? Claro que sim. Já estou indo. É só bacana mesmo, Tonhão? Pediram por mim mesmo? Hoje eu tiro a barriga da miséria! Ele? Ah, ele arranjou um bico de professor… Hihihihihi… Professorinha, é? Tá bom, um beijinho lá. Lá onde? Hihihihi… Depois eu te mostro.

Kelly toma um banho rápido, veste suas melhores roupas (de baixo) e sai feliz e saltitante de casa. Distraída, esquece de deixar uma chave escondida debaixo do vaso, como combinado com Olavo.

DRAMA! CAPÍTULO 11, CENA 1:

19:10

Na casa dos Somir…

SALLY: Já está pronto, princesa?
SOMIR: Calma!
SALLY: Você está no banho há mais de uma hora. Você nunca foi disso, porcão.
SOMIR: Tem outro banheiro, caga lá.
SALLY: Quem disse que eu queria fazer isso?
SOMIR: Então por que caralhos você está me enchendo o saco da porta do banheiro?
SALLY: Porque estamos atrasados, seu grosso!
SOMIR: Já vai se vestindo então que eu estou quase saindo.
SALLY: Por que tanta demora?
SOMIR: Xô! Fora! Xispa! Vaza! Desaparece! Dá linha! Pega o caminho da roça! Vai procurar tua turma!
SALLY:

Quinze minutos depois, Somir finalmente sai do banheiro.

SALLY: O que aconteceu com você?
SOMIR: Nada. *acelerando o passo e escondendo o rosto*
SALLY: Volta aqui! Volta! Deixa eu ver isso!
SOMIR: Já vai passar…
SALLY: *segurando Somir pelo braço* MEU DEUS! SUA CARA! TÁ TODA VERMELHA!
SOMIR: O barbeador estava cego…
SALLY: E você se barbeou com uma lixa?
SOMIR: Há há! Já já passa. Deixa pra lá…
SALLY: O que você fez na cara, Somir?

Somir suspira e olha para baixo.

SOMIR: *murmurando* Usei um creme seu de depilação…
SALLY: NA CARA?
SOMIR: Pele de macho não tem ponto fraco.
SALLY: MALUCO! TÁ PARECENDO UM MORANGO!
SOMIR: E eu lá ia saber que você se depila com ácido sulfúrico?
SALLY: Por que não me perguntou se podia usar?
SOMIR: Eu que paguei mesmo por ele, não preciso de permissão…
SALLY: Ah é? Boa sorte então. Você tem 10 minutos para se aprontar.
SOMIR: Você quer que eu vá ASSIM?
SALLY: PELE DE MACHO NÃO TEM PONTO FRACO!
SOMIR:

Somir finalmente se apronta. Seu rosto está ainda mais vermelho.

SALLY: A gente vai comprar uma pomada para queimadura para você.
SOMIR: Que bom que você percebeu a gravidade, Sally. Fico esperando aqui…
SALLY: Ah, não mesmo! Vamos comprar no caminho!

CONTINUA…