Hã? Cowboy Bebop?Existe um mecanismo de negação doentio que acomete o brasileiro com tal intensidade como eu jamais vi em qualquer outro lugar do mundo. É uma espécie de auto-preconceito velado. É um mecanismo de defesa e de negação envolvendo, na maior parte das vezes, sua raça, cor ou condição social. Fico com muita vergonha alheia quando vejo este tipo de demonstração: uma “minoria” discriminando a própria minoria, achando que não pertence a ela. O preconceito vindo do próprio objeto discriminado. Uma espécie de corrente do mal: preconceito, passe adiante, algo como “se me discriminam por se pobre, vou discriminar o Fulano que é ainda mais pobre do que eu!”. Um horror.

Quem nunca viu , por exemplo, uma pessoa de pele negra esculhambando outra pessoa de pele mais negra ainda? “Tinha que ser preto!” ou “Crioulo fdp!”. Ignorando o absurdo que é julgar alguém pela cor da pele, vamos analisar apenas a contradição deste evento. Eu fico olhando e me perguntando se o autor da frase não tem espelho em casa, se não percebe que ele TAMBÉM é negro. Em outros lugares do mundo os negros se unem e se respeitam porque sabem que já basta o preconceito dos “não-negros” contra eles. Aqui não, aqui neguinho (sem trocadilhos, por favor) é tão merda que se você é um pouquinho menos preto que seu colega, já aproveita para dar uma pisadinha nele!

Algumas pessoas parecem sentir tanta vergonha da própria raça que ficam tentando se dissociar dela, contra todas as evidência físicas. É patético e não convence. Querem um exemplo? Neymar, minha mais nova birra, que em uma entrevista disse a seguinte pérola: “Nunca fui vítima de racismo, até porque não sou preto, né?”. Não, não é não. Você é branquinho, Neymar. Nórdico. Escandinavo. Uma bonequinha de porcelana.

Muito feio isso. “Se o branquelo me discrimina, então vou aproveitar e discriminar quem é mais preto do que eu”. Uma babaquice de ficar passando o racismo adiante somada a uma tremenda falta de semancol. Deve ter alguma doença estilo anorexia, só que em vez de se ver gorda, a pessoa se olha no espelho e se vê branca. Só pode! Gente, coisa mais ridícula discriminar os outros pela cor de pele e muito pior quando você TAMBÉM tem essa cor de pele! Além de preconceituoso e babaca, ainda é BURRO! Por acaso é vergonha ser negro?

E aquelas pessoas da raça negra que dizem que odeiam negros? “Odeio preto!”. Fico atônita olhando. Dá vontade de perguntar “Você se odeiaaaaa?”. E quanto mais próximo fisicamente do objeto de crítica, piores ficam os comentários. Como é que um país que exerce massivamente esse tipo de auto-racismo camufado pode querer que respeito e erradicação do racismo? Que porra é essa de negar uma verdade que está, literalmente, estampada na cara? As pessoas acham que falando mal de negros automaticamente se excluem da categoria? Depois ainda dizem que os branquelos oprimem os negros. Não concordo. Muito pelo contrário, as loirinhas branquelas ADORAM, não só não oprimem como ainda costumam é acasalar com os negros. Os próprios negros, pardos, mulatos e cia (vulgo “não-brancos”, expressão horrível) é que oprimem os negros.

No Brasil acontece um estranho fenômeno: o preconceito de classe supera o de cor. Se você fica rico, você fica branco aos olhos da sociedade. Vê se alguém considera Obama negro! E Beyonce? É ruim! Ocorre uma especie de vitiligo social. Com isso, ninguém mais fala mal de negros ricos. Muito triste morar em um país onde se compra o respeito. Parece que só é preto quem é pobre.

No outro dia estava conversando com uma pessoa que trabalha no censo do IBGE. A pessoa me contava que a pesquisa é feita com base apenas na resposta das pessoas, sem qualquer juízo de valor do recenseador, que é obrigado a anotar o que lhe respondem. Quando perguntam a cor de pele e a pessoa diz “branca”, eles são obrigados a anotar, ainda que a pessoa seja azul marinho. Daí foram constatadas algumas discrepâncias: 80% da população é branca, porém mais de 80% pede ingresso na faculdade através de cotas para negros. De onde eu presumo que o complexo de vira-lata que o brasileiro sofre vem de dentro para fora, nasce aqui mesmo, não é consequencia de repressão externa. O brasileiro não se aceita e se auto-discrimina, a menos, é claro, que ele possa obter alguma vantagem com isso, como no caso das cotas. Aí é marrom bombom africano desde criancinha, com o maior orgulho. Que nojinho que me dá esse tipo de coisa.

Mas por incrível que pareça, me aborrece mais quando o fenômeno é de cunho social. Por mais que muitos discordem de mim, eu acho que o preconceito contra pobres não vem dos ricos, e sim dos menos pobres. Não tem raça pior, mais escrota e mais preconceituosa do que classe média baixa, quase pobre. Esses, no geral, são os que enchem a boca para falar que odeiam pobre.

Eu adoro pobre, pobre não me incomoda. Mas a classe média baixa se incomoda profundamente, talvez por se ver refletida ali e precisar desesperadamente desvincular sua imagem daquilo: “eu odeio pobre, consequentemente isso me faz não ser pobre”. Dái você vê aquela GENTALHA que não tem um pingo de cultura meteno o pau em funk, dizendo que odeia funk PORQUE é música de pobre. Filho, você é o que??? Você lê Nietzsche? Você assiste ópera e balé? Você janta em Paris? Cala boquinha e volta para a frente da TV, assistir novela, BBB e Zorra Total, porque você é tão massa quanto aquele funkeiro, só que mais chato e arrogante.

Vejam bem, não estou dizendo que as pessoas não possam desgostar de funk. Podem e DEVEM. O que eu critico é essa desculpa de que desgostam porque “é coisa de pobre”. Para poder dizer que desgosta de algo “porque é coisa de pobre”, Meus Queridos, vai desculpar mas você tem que ser MUITO CHIQUE, MUITO FINO E MUITO SOFISTICADO, se não soa ridículo, soa como mecanismo de defesa bobo para tentar esconder que também é um pobre ou quase pobre. No entanto, o que mais se vê é gente BREGA, SEM BERÇO, CAFONA e SEM CULTURA tirando onda de como odeia coisa de pobre. Dica: odiar coisa de pobre não te faz automaticamente rico, muito pelo contrário, delata que essa aversão é, na verdade, um medo tremendo de ser classificado como pobre.

Dentro dessa categoria de odiar coisa de pobre temos várias derivações. Por exemplo, as pessoas que odeiam tal comida por ser “comida de pobre”. Bota um escargot, um foie gras ou alguma comida “de rico” e vê se essa gentalha come! Come porra nenhuma! Desdenham dobradinha e rabada mas adoram uma feijoada, strogonoff e bife com batatas fristas. Finesse. Crasse. Catiguria. São tão pobres que nem sabem que as comidas que eles gostam também são de pobre!

Tem também aqueles que não usam roupas de grandes magazines ou de determinadas marcas porque seria “roupa de pobre”. Daí os babaquaras vão e compram roupas “de marca” que são o auge do atestado de mau gosto e pobreza, tipo Victor Hugo. Não tem coisa mais de pobre, suburbana e gentalha do que bolsas Victor Hugo. Não é porque custa caro que é de bom gosto. Porque gente fina usa bolsa Fendi ou Channel, sapato Jimmy Choo ou Manolo Blahnik. Mas os infelizes compram uma bolsa Victor Hugo e se acham phynos. Se você quer tirar onda, tem que ser top, não basta ser melhor do que o seu vizinho.

Impressionante como as pessoas não sentem constrangimento em arrotar pouca merda. Acham que estão tirando onda e na verdade estão passando atestado justamente do contrário do que pretendem. Nunca esqueço uma ocasião onde uma nova rica tirava onda de que ia comprar um castelo e uma pessoa lhe deu o seguinte totozinho: “Castelo não se compra, Querida, castelo se herda”. Podia dormir sem essa, né? Eu mesma dei uma patadinha esta semana, quando me escutei que chocolate da Cacau Show é coisa de pobre e que chocolate de “catiguria” é da Kopenhagem. Quase engasguei. Só porque custa vinte pratas mais caro? Vai se foder, quer tirar onda? Então vamos conversar de Pierre Marcolini para cima. Não fode.

Esse equívoco de que o TER significa o SER vem gerando uma massa de superendividados que pretendem status social com bens de consumo. Sem sacanagem, eu trabalho diariamente atendendo pessoas com renda familiar entre zero e cinco salários mínimos e TODOS tem um celular melhor que o meu – porque celular que não tem internet e não é “touch screen” é coisa de pobre. Adianta ter um mega-celular multifuncional se nem tem crédito para ligar? Não me conformo.

E quando chega a parte dos julgamento ético e moral? Ai do pobre que rouba uma galinha ou uma balinha, neguinho mete o pau dizendo que tem que pagar pelo que fez porque não é o valor e sim o ato em si e que tem que ser punido. Os mesmos que tem gato em casa, que é crime de furto de energia elétrica, os mesmos que tem gatonet, igualmente crime, os mesmos que subornam o guarda para não levar multa, enfim, os mesmos que incorrem em crimes tão ou mais graves diariamente, porém se acham no direito de escolher quais leis querem cumprir. Aquele imbecil (porque não tem outro nome para quem faz isso) que sai, bebe, dirige e entra no seu celular para descobrir no twitter onde está sendo feita uma blitz e desviar o caminho se sente no direito de cobrar rigor da justiça e de cobrar um comportamento ético dos demais. Dois pesos e duas medidas. Esse tipo de pessoa é tão ou mais incorreta que o “pobre” ,que ela rapidamente condena em seu discurso.

Além disso, onde está escrito que uma coisa é pior por ser “de pobre”? Eu prefiro mil vezes diversas coisas tidas como “de pobre” do que coisas classificadas como “de rico”. Quando você é bem resolvido não tem medo de transitar em todos os círculos nem de ser rotulado. Você pode gostar de uma coisa “de pobre” sem “ser pobre” ou ainda ser pobre sem ser medíocre.

Pior do que esse “medo de parecer pobre” é a falta de auto-crítica ao não perceber que, no conjunto da obra, a maior parte dos brasileiros se porta como pobre MESMO, e não acho isso demérito. É o que eu sempre digo, ser suburbano é estado de espírito, existem pessoas finas nos bairros mais afastados e existem suburbanos morando em bairros nobres. Achar que é fodão porque é um pouquinho mais fino que seu vizinho é deprimente. Joga qualquer um de nós em Milão e somos todos macaquitos mal vestidos. Se manquem, o mundo vai muito além do seu bairro! Humildade já!

Por favor, SE OLHEM NO ESPELHO ANTES DE FALAR. É muito vergonhoso desdenhar um grupo ao qual você pertence mas finge desesperadamente não pertencer. Ser esbobe, ser arrogante e ser prepotente tem seu charme quando a pessoa efetivamente tem potencial para isso. Quando não tem, é patético, antipático e ridículo.

Para dizer que não consegue calcular quantos grupos diferentes eu ofendi nesta postagem, para dizer que meus conceitos portenhos são equivocados e que no Brasil qualquer um que seja mais claro do que um carvão não é considerado negro e para dizer que nada pior do que um pobre esnobe: sally@desfavor.com

A idéia por trás da imagem é genial. Ou não.A minha habitual falta de paciência com outros seres humanos acentua-se consideravelmente quando tenho que lidar com esse povinho que acha o máximo se dizer eclético em seus gostos artísticos, principalmente quando o assunto é música.

Pois bem, vamos logo ao objetivo: Se o seu gosto é eclético, você NÃO tem gosto. Você deveria ter vergonha dessa preguiça mental, e não orgulho. Uma PEDRA é eclética, já que também não demonstra escolha/preferência em relação aos impulsos externos.

Ser eclético é tão característica vazia quanto ser humilde. E da mesma forma, uma infinidade de seres humanos preguiçosos cismam que isso os torna especiais. Se falamos de música, o eclético é aquele que escuta qualquer coisa que tocar na rádio sem nenhuma objeção. Escuta basicamente o que as gravadoras pagam para ser tocado, e gosta do que lhe é dito para gostar.

Embora a tentação seja grande, não é meu objetivo dizer que o MEU gosto musical específico deveria ser generalizado, a questão é que ser chamado de elitista intolerante e preconceituoso por um bando de pessoas que nem mesmo GOSTAM de música enche o saco. E nem é por ter problemas com o papel de vilão… Imagina-se que uma discussão deva ocorrer entre pontos-de-vista diferentes, mas quando se trava uma conversa musical com um eclético, fala-se com as paredes.

Imagino que alguns de vocês, os que enchem a boca para propagandear uma característica presente em objetos inanimados, devam ter se incomodado com a minha afirmação sobre ecléticos não gostarem de música.

Pois bem, reproduzirei algumas frases clássicas da turma que gosta de tudo:

“Não tenho preconceito, escuto o que tiver tocando…”

Ok, em primeiro lugar, essa frase é idiota. A não ser que você seja surdo, você vai escutar o que estiver tocando. Se uma pessoa aprecia por igual QUALQUER estilo de música, devemos reduzir todos eles ao menor denominador comum: Ritmo. Uma sinfonia tem seu ritmo, um rock tem seu ritmo, até mesmo o funk carioca tem um ritmo. E por ritmo eu quero dizer algum elemento sonoro minimamente repetitivo reconhecível como um padrão pelo cérebro humano. Um relógio de corda tem ritmo.

Está programada na sua mente a capacidade instantânea de captar e tentar prever padrões. Como isso está intimamente ligado ao funcionamento geral do raciocínio humano, era de se esperar que qualquer tipo de som repetitivo fosse processado com razoável prioridade. Ritmos chamam nossa atenção.

E se você está pensando que vai dizer que ninguém fica escutando relógio de corda achando que é música, deveria escutar mais música eletrônica. O que diferencia é a complexidade do padrão… Um tic-tac se torna muito previsível em pouco tempo, uma música (por pior que seja) tem muito mais “entulho sonoro” para manter o cérebro ocupado.

A pessoa que acha qualquer música interessante está presa na forma mais simplória do processamento de informação possível nesta situação. Não é gosto musical, é a busca de padrões.

Se você escuta o que estiver tocando, não é por gostar de música.

“Música tem que ser boa de dançar!”

Não, não tem. Dançar é uma atividade à parte. Música é para ser ouvida. Quem trata música como trilha sonora para uma atividade esportiva está simplesmente se aproveitando do ritmo para organizar melhor sua coordenação motora.

Se uma música não pode ser apreciada da mesma forma com o ouvinte em repouso, nada mais é do que um “ritmo com entulho”. E eu nem estou reclamando do povo que gosta de dançar… É um esporte que pode exigir níveis altíssimos de coordenação e concentração nas suas variações mais complexas.

Ah sim, alguém pode estar estranhando… Dança é esporte e não arte. A lógica é bem simples: A forma física dos praticantes é DIRETAMENTE PROPORCIONAL à qualidade do resultado final. Da mesma forma que uma partida de futebol seria terrível só com balofos em campo, um grupo de dança de obesas também não agradaria aos espectadores.

Claro, pode-se argumentar sobre dança interpretativa, mas a comparação permanece: Se dança “comum” são as olimpíadas, dança interpretativa são as paraolimpíadas.

Depois desse leve desvio, voltemos ao foco:

Você não está fazendo uma afirmação de qualidade musical ao dizer que gosta de dançar. São coisas diferentes que combinam em situações específicas.

“Tem muita música boa em estilos diferentes…”

É uma afirmação vazia se você não tem referenciais do que NÃO é música boa.

Atenção para o (raro) fato de eu não estar excluindo a possibilidade de gostos diferentes terem o mesmo nível de profundidade. Um fã de sertanejo tem a sua linha para definir o que é melhor e o que é pior, mesmo que alguém como eu vá dizer que todas são ruins. Mas essa pessoa pelo menos GOSTA de alguma coisa em detrimento de outra. É uma opinião com conteúdo (mesmo que seja um conteúdo pra lá de corno…).

Depois de dizer que há qualidade em todos os estilos musicais, deve-se ter pelo menos a capacidade de reconhecê-la. E o eclético só escuta o que mandam ele escutar… Quem garante que a música “paga para tocar” que ele conhece é mesmo de qualidade?

Não é possível que alguém que simplesmente não se importa em escolher o que vai ouvir GOSTE de música. Não é uma função fisiológica inescapável, escolha está no âmago da questão. Se nem isso você quer fazer, não deveria fazer juízos de valor sobre as decisões de outros. Tipo da pessoa chata sem opinião que quer que os outros também não tenham… Sabe aquele ser IRRITANTE que interrompe discussão alheia para dizer que acha o assunto chato?

Esse povo gosta mesmo é da reconfortante sensação de não ter de sair de cima do muro para evitar críticas. Afinal, duvido que alguém consiga apontar falhas numa opinião inexistente.

“Eu me divirto em muito mais situações…”

Eu também me divertiria em muito mais situações se fosse bissexual, mas isso não é argumento para que eu comece a dar a bunda! Uma pessoa não precisa vivenciar todo o leque de opções oferecidas pela vida. Principalmente se isso for resultado direto de se tornar uma massa amorfa de gostos guiados pela aceitação alheia.

Seus gostos são resultado direto de opções e histórico de vida. A graça do mundo está nas diferenças entre as pessoas. É muito mais interessante conhecer e conviver com quem não está simplesmente fingindo que é mais agradável do que realmente é.

Sem contar que essa postura “gosto de tudo” evita uma das melhores formas de formar laços com outras pessoas: Desgostos similares. Eu já conheci muita gente bacana com gostos parecidos, mas as mais interessantes sempre foram as que não gostavam das mesmas coisas que eu não gosto.

Gostar de algo é muito complexo de se definir. Não é incomum que uma pessoa não consiga explicar por que algo lhe agrada. Mas no sentido oposto ocorre o inverso: Quem não gosta de alguma coisa quase sempre sabe explicar o motivo. A comunicação flui muito melhor quando se reclama em conjunto.

A pessoa eclética, na sua ânsia de não se comprometer, torna suas relações mais superficiais. É fácil se divertir em mais situações se o cérebro ficar sempre no “automático”. Não consigo enxergar isso como vantagem…

Se você quer apenas “fazer uma social”, não precisa gostar de música.

A lista de chatices vai longe, mas são apenas iterações dessas idéias.

Assim como eu disse num texto anterior que humildade é a qualidade de quem não tem qualidades, estendo: Eclético é o gosto de quem não tem gostos.

Então vamos fazer o favor de parar de pentelhar as pessoas que ASSUMIRAM O RISCO de decidir o que acham bom ou ruim com essa idéia babaca de que só está certo quem gosta de qualquer porcaria composta de “ritmo e entulho sonoro”.

A pessoa só gosta de rock e acha samba uma porcaria? Ela tem uma opinião. A pessoa gosta de pagode, rock e odeia música eletrônica? Ela tem uma opinião. A pessoa gosta de “pop” e não tem o menor interesse no resto? Ela tem uma opinião. A Sally gosta de axé, funk e odeia as “músicas de nerd” que eu gosto? Ela tem uma opinião (que me mata de desgosto).

A pessoa escuta qualquer coisa sem diferenciá-las? Então não enche o saco! Você não queria ser agradável a qualquer preço? Faça por onde e aceite que não tem nada de especial nisso.

Nem o Goiaba, meu gato, é eclético: Se eu tacar um Cannibal Corpse no som aqui, ele sai correndo. Fresco, mas pelo menos tem uma opinião! Já a parede parece encarar tudo numa boa.

Para dizer que gostou do texto porque gosta de todos os textos que lê, para dizer que só não vai comentar porque pode ser criticado(a) depois, ou mesmo para dizer que eu pratico crueldade animal musical: somir@desfavor.com

Eu não fui um eeeerrooooo!Se você gosta de crianças, parabéns, você é uma pessoa muito mais espiritualizada e tolerante do que eu e suas chances de ser feliz são muito maiores do que as minhas. Parabéns mesmo, de coração. Eu não gosto de crianças.

Eu te respeito por gostar de crianças, você pode me respeitar por não gostar de crianças? Adoraria que as pessoas pudessem respeitar isso e que a parcela da população (que não é tão pequena) que não gosta de crianças pudesse falar abertamente no assunto, sem ser taxado de pessoa sem caráter, escrota ou satanista.

Vejam bem, crianças me incomodam. Nada contra se você quer ter dez filhos, se acha crianças lindas, criaturas de luz e abençoadas. Eu não tenho nada contra as crianças em si, elas apenas me irritam e me incomodam. Não faço campanha contra quem quer ter filhos nem os acho inferiores por causa disso, só quero distância das crianças. Já disse que elas me incomodam? Elas me incomodam mais do que cães e gatos, por exemplo.

Considerando o incômodo que crianças podem provocar, ainda mais as crianças brasileiras (que, como regra geral, são especialmente mal educadas) e considerando também que não sou só eu, que muitas pessoas se sentem incomodadas com elas, não me parece uma idéia absurda que algumas áreas de lazer sejam divididas em áreas onde se permitam crianças e áreas para uso exclusivo de adultos. Explicarei melhor, mas preciso que você abra sua mente e tire o ódio que está sentindo de mim do seu coração para que possa entender.

Ter filhos implica em renúncias. Provavelmente você, leitora que tem filhos, tem alegrias que eu jamais vou sequer sonhar em ter caso desove um pequeno anticristo buceta afora. Em compensação, da mesma forma que proporciona alegrias, também acarreta em restrições. Infelizmente as pessoas não entendem isso. Pessoas tendem a querer o bônus sem ter que pagar o ônus e acham que podem fazer os mesmos programas de uma pessoa sem filhos com uma criança debaixo do braço.

Por mais que meu pensamento soe egoísta, acredito que acabe por beneficiar as próprias crianças também. Vamos combinar que alguns lugares não são adequados para crianças, até mesmo porque ELAS detestam e se aborrecem. Os pais não querem abrir mão de freqüenta-los e acabam indo com a criança junto. Se estes locais tivessem áreas onde se permitem crianças e áreas onde não se permitem crianças tudo seria mais simples para todos nós.

Restaurantes, por exemplo. Lembro que quando meu pais me levavam a restaurantes, um deles comia enquanto o outro brincava comigo, me dava comida e me mantinha quieta. Quando um deles acabava de comer, trocavam: o outro comia enquanto o que já estava alimentado cuidava de mim, continuava me dando comida, brincava e me mantinha quieta. Se houvesse uma área só para pessoas com crianças eles não precisariam fazer este malabarismo com medo de incomodar as outras pessoas.

Tudo bem que isso não é o que se costuma vez hoje em dia. Crianças levadas a churrascaria rodízio, jogadas na cadeirinha ou no carrinho enquanto os pais comem por horas é uma cena comum. Evidente que essa criança vai se aborrecer e abrir o berreiro. Daí a mãe olha de ladinho e fala “João Vítor, fica quietinho que a mamãe tá comendo…” enquanto a criança continua berrando, tacando coisas no chão e fazendo todo tipo de inconveniência. A realidade atual é essa. A mamãe não para o que está fazendo para calar a boca do seu pimpolho, porque “agora a mamãe não pode, a mamãe ta comendo”. aff

A realidade é essa. O incômodo que crianças geral é enorme e não é injusto ou desproporcional adotar providêcias. Não estou pedindo que proíbam a entrada de crianças em restaurantes, isso não seria democrático. Estou pedindo que reservem uma área separada para quem não quer aturar tudo aquilo que implica uma criança mal educada. “Mas Sally, não seria mais fácil se os pais educassem seus filhos?”. Sabemos que isso não vai acontecer, e não temos como obrigar que pais eduquem seus filhos, mas temos como obrigá-los a levar seus filhos mal educados para longe de nossas mesas.

Além disso, crianças educadas também podem incomodar. Um milhão de desculpas a todos os pais do mundo, mas VOZES de criança são extremamente irritantes. Elas falam alto, de um jeito irritante, falam coisas chatas de um jeito chato. Crianças cantam músicas sacais, idiotas e repetitivas à exaustão e eu vou te dizer que eu estou no humor de ficar ouvindo isso depois de 12h de trabalho. Crianças cutucam, choram, cagam nas calças, tem melecas escorrendo pelo nariz. Em resumo, são tudo que eu quero distância quando estou me alimentando. Você não vai ver muitas pessoas com culhões de verbalizar isso, mas muita gente concorda comigo.

Não vejo prejuízo em criar duas áreas, como se fazia com fumantes e não fumantes: crianças ou não-crianças. Assim todos ficam felizes. Porque crianças são chatas mas são espertinhas, elas sabem, elas sentem quando estão sendo hostilizadas ou rejeitadas. Com esta separação por áreas seus pais poupariam seus pimpolhos de pessoas como eu, que lançam olhares assassinos para crianças que fazem barulho e comentam em voz alta coisas como “Se é para ter filho e não educar, costura logo a buceta dessa vagabunda que está sentada ali deixando o filho gritar com arame farpado”. Já vi pessoas irem além: vão na mesa onde está a criança em questão e dão esporro nos pais e às vezes até na própria criança. Isso não é bom para ninguém.

E cinema? E quando inventam de levar criança de colo em cinema? E quando inventam de levar criança de colo em cinema em filme legendado e ficar lendo as legendas? CUSTA estipular que depois das 22h não pode entrar criança, ao menos em ALGUMAS salas? Custa criar UMA ÚNICA sala que seja onde não pode criança? Não é proibir criança de entrar no cinema, é limitar um pequeno número de salas onde só podem entrar adultos! É uma norma que nem deveria ser necessária se os pais tivessem bom senso! Quando eu vejo mães entrando com crianças de colo, começo uma contagem regressiva em voz alta depois do apagar das luzes, porque eu sei que a criança vai começar a chorar quando tudo ficar escuro e aquele som ensurdecedor do filme começar. Não tem erro, em menos de dez segundos começa a choradeira. E tem mãe que não sai da sala não, tá?

E quando você pega seu suado dinheirinho, viaja para um chalé ou uma pousada afastada, no meio do nada, para descansar e ao lado tem pais com um bebê que chora a noite toda? Não é justo. Vai me desculpar mas não é justo. Deveria ter uma área livre disso. Silêncio é pressuposto desse tipo de programa e sem silêncio e sossego ele não se justifica. O bebê não tem culpa, bebês choram. É uma das únicas coisas que eles sabem fazer. A culpa é dos pais que não se mancam. Já que as pessoas não tem o semancol de presumir que seu filhote incomoda a todo mundo menos a elas, a situação tem que ser normatizada. Cria duas áreas, uma para crianças e a outra para pessoas sem crianças.

E vamos combinar que não estamos apenas falando de bebês aqui. Existem muitas crianças e até mesmo pré-adolescentes que são tão ou mais inconvenientes que bebês. Brincam aos berros, correm, acordam os outros, gritam, enfim… fazem tudo o que o brasileiro acha que uma criança “normal” faz. Adoro a frase “Que que tem, ele é criança!” como ser o fato de ser criança justificasse tudo. Eu fui criança e nem por isso fazia certas coisas. Daí você está lá, tentando descansar nas suas únicas férias no ano todo, enquanto tem que ver uma criança chamando a mãe de filha da puta aos berros e cuspindo nela. Ninguém merece.

Já que eu tive um cuidado absurdo por toda a minha vida para não engravidar (e paguei um preço caro por isso, muito caro por essa escolha), eu mereço usufruir do lado bom da minha escolha e ter PAZ, e poder dormir até duas da tarde se quiser, ter silêncio, ter sossego. Eu e todas as outras pessoas que não estão com vontade de conviver com criança merecemos uma área separada. Tivemos o ônus de não ter filhos, MERECEMOS O BÔNUS, PORRA!

“Mas Sally, estaria segregando as crianças, seria crime de preconceito!”. Cale a boca e estude antes de falar da lei. Se quer levar para o lado da “segregação”, então pense que estaríamos segregando que NÃO tem filhos. Pode deixar a área para crianças como a área principal, com tapete vermelho e toda pompa e faz um puxadinho sem luxo para quem não quer crianças, não tem problema. Eu só quero um ambiente livre dessas criaturas chatas pra caralho. Aceite, você ama seu filho, eu acho ele um porre. E isso não me faz má pessoa.

Repito o que eu sempre digo aqui: filhos são como peidos, você só aguenta os seus – e olhe lá. Não me falem em preconceito ou segregação, quem tem preconceito são os PAIS. Nesta república das bananas tupiniquim, sob o comando de Voça Magestadi Çilava I, que recompensa cada filho feito com uma bolsa-esmola, parece desaforo não ter filho. Quem é segregado e discriminado é quem opta por não ter filhos. Você ganha presunção de ser frio, insensível, má pessoa, emocionalmente comprometido e outros. Tente ser argentino, ateu e não ter filhos no Brasil e daí a gente senta para discutir segregação e preconceito, ok?

Uma vez, expondo esta idéia se áreas separadas para crianças, uma pessoa muito frustrada (sim, eu sei que você está lendo, e eu sei que você está infeliz e SIM, eu estou rindo disso) soltou a seguinte pérola: “Vai me punir? E eu por acaso tenho culpa de ter filhos?”. SIM, tem sim. Ora, a cegonha não traz um filho de surpresa na sua casa, faz filho quem quer. Não quer ter filhos? Faz que nem eu, se entope de hormônio, fode teu corpo, aumenta suas chances de ter câncer e todos os demais ônus que isso acarreta. Daí você dificilmente vai ter filho. Pague o preço e não tenha se não quiser. Filho não é destino, é escolha. Ter filho por medo de se arrepender mais tarde ou por pressão social é covardia e SACANAGEM com a criança. Áreas separadas não são “punição” para quem teve filho, são a preservação de um direito de quem não teve. Não há prejuízo para quem tem filhos, a pessoa não será barrada, apenas terá uma restrição de área.

Nesse ponto a gente entra naquele tema muito bem abordado pelo Somir no último Desfavor da Semana (02/10/2010): ninguém quer ser o otário por último. Em uma analogia com trote da faculdade: o último que se fodeu quer que o próximo se foda. O fundo do poço é mais suportável se não for solitário. Eu vejo MUITOS pais de SACO CHEIO dos seus filhos, porém repetindo que eles são a melhor coisa da sua vida e que ta tudo lindo, tudo ótimo, porque simplesmente não conseguem admitir (talvez por filho ser uma coisa irreversível, talvez pelo medo da reprovação social) que a tarefa é muito mais árdua do que imaginaram e muito frustrante em alguns momentos. Muitos pais tem uma inveja secreta de quem é livre e pode dormir até a hora que quiser e fazem questão de deixar seus filhos incomodarem essas pessoas felizes. Não são todos, mas que eles existem… ahhh existem.

Quem for bem resolvido consegue ver de cara que a idéia de ambientes com criança e sem criança é benéfico para todo mundo, inclusive para as crianças. Isso estimularia os centros de lazer a investir na infraestrutura das áreas para criança e elas teriam mais liberdade para fazer o que querem. Os pais teriam mais liberdade de deixar seus filhos mais à vontade, porque saberiam que seus vizinhos de mesa estão ali por escolha, não sentiriam constrangimento de ter que manter seus filhos em silêncio para não incomodar os outros (se é que alguém se preocupa com isso) e as pessoas sem filhos teriam a paz e o sossego que tanto merecem.

Quem me conhece sabe que eu não choro em público. Uma das únicas vezes que não me contive e chorei em público foi por um evento envolvendo o incômodo provocado por uma criança. Certa vez eu jantava em um lugar muito formal em Buenos Aires com um grupo de brasileiros. Na mesa ao lado havia um casal com uma criança de uns dois ou três anos. No meio do jantar a criança começou a fazer um escarcéu e os pais não se deram ao trabalho de tomar uma atitude.

Não deu outra: passados alguns minutos o gerente do local se aproximou e os convidou a se retirar, pagando um semi-esporro que restaurante NÃO É lugar para criança e que eles estavam incomodando os presentes. Foram imediatamente escoltados até a porta, tendo inclusive que pagar a conta do lado de fora, sob olhar de reprovação de TODOS os presentes, que até bateram palmas. Exceto os brasileiros, que ficaram indignados. Nessa hora, ao ver o sentimentalismo barato para parecerem boas pessoas, permeado por frases ignorantes do tipo “Gente, que que tem, é só uma criança” meus olhos se enchem de lágrimas e eu efetivamente chorei em público naquela noite, ao pensar O QUE MERDA eu estou fazendo aqui, se meus valores são todos de lá. Chorei ao pensar “eu pertenço a este país, aqui as pessoas me entendem e pensam como eu” e chorei por pensar que teria que voltar para cá e aturar trocentos remelentos chiando nas mais diversas áreas de lazer. Eu sou mais sofisticada do que isso, eu mereço MAIS do que isso. Eu e todos os demais que se sentem incomodados com crianças mal educadas. Só que a solução não é mudar de país, é mudar O PAÍS. Áreas restritas para crianças djá!

Por isso hoje eu vim aqui bater no peito e dizer: NÃO, EU NÃO ESTOU ERRADA, NÃO, EU NÃO ESTOU MALUCA, nós, que nos sentimos incomodados por crianças, merecemos ter o DIREITO DE EVITÁ-LAS, sobretudo nas áreas de lazer onde sua presença por si já é inconveniente. Isso não me faz má pessoa como muitos querem fazer parecer. Não me faz intolerante. A verdade inconveniente é que isso é um DIREITO e que os errados são os pais das crianças, seja por não educá-las, seja por levá-las a ambientes inapropriados por não querer abrir mão dos hábitos dos tempos em que não tinham filhos.

Quando uma pessoa incomoda outra com atos inconvenientes em áreas de lazer não hesitamos em criticar e até mesmo pedir para que a pessoa seja expulsa. Mas com crianças ficamos frouxos, por medo da reprovação social. “Mas Sally, a criança não tem culpa!”. Concordo. MAS OS PAIS TEM, e são eles que devem ser retirados ou colocados em uma área própria para quem está com crianças. Pelo amor de Deus, não estou pedindo para alimentar leões com bebezinhos, estou pedindo para que me seja facultado não ser forçada a conviver com um incômodo. Por mais que te doa, seu filho querido maravilhoso que VOCÊ acha lindo, pode sim ser um incômodo para outras pessoas!

Eu ia comentar de um episódio onde uma criança cagou nas fraldas na mesa do lado, espalhando cheiro de merda no ambiente e a mãe disse “Agora estou comendo, quando EU acabar de comer eu troco a fralda”, que me obrigou a jantar cheirando merda da prole alheia, mas acabou meu espaço, estou na quinta página…

Só para concluir, muita gente vai me xingar, sabe porque? Porque vai doer. E só aquilo que é muito verdadeiro dói e incomoda. Tenha pena de mim o quanto quiser, isso não apaga o fato de que a maior parte das pessoas que sai sem crianças (tendo filhos ou não) se sente profundamente incomodada com o filho dos outros. Não é uma ofensa a você ou a seu filho, é um sagrado direito de quem quer PAZ E SOSSEGO.

Para dizer que filho dá trabalho mas se justifica porque você tem medo de ficar sozinho na velhice, para dizer que não te surpreende ver que eu continuo uma escrota sem coração ou ainda para perguntar se esta é a “semana aborto” no Desfavor: sally@desfavor.com

Nunca nesse país?Depois de muito discutir ao longo dos meses o DESAFORO que é a atual prestação de serviços público no Brasil, sobretudo quando comparada ao que nos é cobrado em matéria de imposto, a revolta dentro de mim foi canalizada para uma idéia que jamais vai ser aceita a menos que seja objeto de uma pressão violenta por parte da sociedade. Não que o Desfavor possa fazer essa pressão, porque vamos combinar, quem lê o Desfavor? Meia dúzia de malucos (que chegaram até a gente procurando “como comer o cu de um pônei sem levar um coice”). Mas não custa lançar a idéia no ar, porque vai que um dia, depois que Somir e eu morrermos, as pessoas passam a dar valor ao blog? Sabe como é brasileiro, né? O passe da pessoa valoriza depois que ela morre.

Você sabia que o brasileiro trabalha cinco meses por ano para pagar impostos? Isso mesmo. Dos 12 salários que você recebe por ano, cinco, FUNCKIN´ CINCO são tirados de você e vão para o Governo. Praticamente metade do seu salário anual vai para o Governo e não para sua conta bancária. Para que? Para investimentos que supostamente deveriam melhorar a qualidade de vida do cidadão: fornecer escolas decentes, faculdade para todos, assistência médica de qualidade, transporte público adequado, segurança pública eficaz e tantos outros que não tenho nem coragem de escrever aqui porque soaria como escárnio

A Constituição da República, lei de grau máximo na hierarquia, garante a todos no seu art. 6º, a EDUCAÇÃO, SAÚDE, TRABALHO, MORADIA, LAZER, SEGURANÇA, PREVIDÊNCIA SOCIAL, PROTEÇÃO À MATERNIDADE E À INFÂNCIA E ASSISTÊNCIA AOS DESAMPARADOS. Ou seja, se você não tem, o Estado tem que assegurar. (pausa para risos, e quando eu falo em risos, é rir para não chorar)

A Constituição da República também diz, em seu art. 7º, IV que o SALÁRIO MÍNIMO, FIXADO EM LEI, NACIONALMENTE UNIFICADO, DEVE SER CAPAZ DE ATENDER ÀS NECESSIDADES VITAIS BÁSICAS DO TRABALHADOR E DE SUA FAMÍLIA, COMO MORADIA, ALIMENTAÇÃO, EDUCAÇÃO, SAÚDE, LAZER, VESTUÁRIO, HIGIENE, TRANSPORTE E PREVIDÊNCIA SOCIAL, COM REAJUSTES PERIÓDICOS QUE LHE PRESERVEM O PODER AQUISITIVO. (pausa para risos II, e quando eu falo em risos, é rir para não chorar II)

Depois desta longa introdução, eu chego à seguinte conclusão: o Governo toma METADE DOS NOSSOS RENDIMENTOS e não garante nem um por cento do que deveria garantir, porque rouba, investe errado, tem prioridades equivocadas ou até mesmo por pura incompetência. Não adianta reclamar, não adianta espernear, nem mesmo adianta votar em outro partido, porque quem quer que seja, se conseguir chegar lá, já vendeu a alma faz tempo. Então… como resolver a questão?

E aqui vai minha sugestão: Políticos e parentes até terceiro grau de políticos (esposa, filhos, pais, tios primos e etc) tem que ser OBRIGADOS POR LEI a APENAS USAR SERVIÇOS PÚBLICOS. Vamos ver se assim os filhos da puta não pensam duas vezes e começam a investir nos serviços coletivos.

Existem formas de controle que viabilizariam esta norma, ainda mais hoje em dia, onde tudo é informatizado. Finalmente a informatização seria utilizada para fazer justiça em vez de controlar o coitado do cidadão que vive sendo arrochado pelo Governo. Ao ser eleito, a condição para tomar posse seria encaminhar o nome do político e de seus familiares, previamente declarados, aos órgãos responsáveis pela emissão de documentos (DETRAN, Receita Federal e etc) para que fossem feitas as devidas ressalvas, constantes em um banco de dados, que estas pessoas só poderiam usufruir de serviços públicos, ficando PROIBIDAS de utilizar hospitais particulares, escolas particulares e etc.

E caso se descubra que algum nome foi omitido (e isso se descobre fácil quando se tem toda a população fiscalizando), o político perderia o cargo e ficaria inelegível para sempre por causa da gracinha, persistindo a penalidade de não poder usufruir de serviços particulares. Dava para meter uma pena de prisão também, transformando este tipo de sonegação de informação em um tipo penal. Diante da perspectiva de ser preso, ficar sem cargo, sem salário e sem serviços particulares, garanto que neguinho ia pensar duas vezes antes de sonegar informações como estas, que podem ser facilmente averiguadas por inimigos. E se tem uma coisa que político coleciona, são inimigos.

Pensem comigo que BACANA: um político, seus filhos, sua esposa e seu pais tendo que andar todo dia de ônibus lotado. Tendo que esperar quarenta minutos na chuva até o ônibus passar. Visualiza que delícia a filhota de 15 anos de um político levando sarrada de homem de pau duro no metrô. Olha que didático o filhão de 17 anos de um político tendo não podendo pegar o carrão importado para dar um rolé porque na sua carteira de motorista consta uma cláusula suspensiva dizendo que até o final do mandato do papai só pode andar de transporte público.

Já pensou a filhotinha querida do Papai Prefeito ou do Papai Governador tendo que encarar uma escola pública, sem cadeiras, sem merenda, sem ar condicionado e sem aulas por causa de greve? Olha o desespero do pai em pensar “Fudeu, minha filha nunca vai passar no vestibular assim!”. Garanto que as verbas para educação iriam aumentar. Aliás, em verdade, nem é esse o caso, porque nem precisam aumentar, se neguinho parar de roubar já dá para manter uma educação de nível. Vislumbrem o filho de um Deputado ou Senador sabendo que não vai poder se socorrer da Estácio de Çá e vai ter que fazer trocentos vestibulares, sem direito a cursinho, até passar em uma das poucas faculdades públicas! Ou escolhe fazer faculdade de Oboé (segundo período, noite) ou papai vai ter que dar um jeito de assegurar ensino universitário gratuito a todos, sem essa peneira cruel e ridícula que é o vestibular.

“Mas Sally, isso não fere uma série de direitos e garantias constitucionais?”. NÃO. Sabem porque? Porque NINGUÉM TE OBRIGA A SER POLÍTICO, é escolha livre da pessoa se candidatar. Aliás, seria também uma bela peneira para que esses aventureiros baixo nível estilo Tiririca pensem duas vezes antes de se propor a mamar nas tetas do Governo. Tá muito fácil ser político, tá muito atraente, qualquer zé buceta quer. Na na ni na não. Quer o ônus vai ter que levar o bônus.

Imagina a esposa de um Senador tendo que realizar seu parto pelo SUS. DELÍCIA! Quero ver se não criam unidades neo-natais de última geração com aparelhagem moderna e serviços de ponta. Realiza os filhos de um Deputado com o bracinho quebrado depois de cair no play de seu condomínio de luxo esperando seis horas na fila de um pronto socorro público para serem atendidos, chorando de dor e até com o risco de perder o braço. Quero ver se não criam mais unidades médicas, uma em cada esquina, com profissionais bem remunerados e materiais de primeira linha.

Pensa no Presidente da República sofrendo um acidente de carro, com um machucado na perna, daqueles que se não operar em X horas gera amputação (sim, isso existe, tem prazo para operar em alguns casos), jogado em uma maca de um hospital público com um bando de enfermeiras grossas e mal educadas dizendo que não tem previsão para a realização de cirurgia, e ele olhando para seu relógio de ouro e rezando para alguém ter a boa vontade de atendê-lo, pois faltam 40 minutos para que ele ainda possa tentar salvar sua perna e escapar de uma amputação. Alguém duvida que os hospitais seriam um luxo só, com dez vezes mais médicos que o necessário, com o triplo da aparelhagem? Hospital ia ser que nem Estácio de Çá: um em cada esquina.

Não é possível obrigar alguém a só utilizar serviços públicos, mas é possível condicionar um cargo a este ônus, porque assim você não estaria obrigando ninguém, a pessoa optaria por cumprir esta condição caso realmente deseje se candidatar. Faltariam políticos? Nada disso, filtraríamos os oportunistas e só ficaria quem realmente deseja melhorar estes setores.

Desconheço se existe algum país no mundo que coloca isto em prática. O Somir já sugeriu algo parecido em um de seus vários ataques de ditador, mas pra variar não se aprofundou sobre o assunto. Peguei a idéia e resolvi dar a atenção que ela merecia. Por isso vou passar a chamá-la de Sistema Sally de Moralização: “Porque só a porrada constrói. Chegamos a um ponto de descaso, escárnio, bagunça, falta de vergonha e prostituição política, que só uma medida extrema estilo tapa na cara para “remoralizar” este país. Se é que um dia tivemos alguma moral. Quem sabe um dia fazemos uma chapa Somir – Somir e botamos ordem neste galinheiro? Votem em mim e eu implemento o Sistema Sally de Moralização, promessa. Porque roubar pode até ser bom, mas trollar é muito melhor.

Como viabilizar isso? Bom, meu primeiro impulso é dizer que seria na porrada, com uma grande revolução, guilhotinando metade dos políticos e destruindo a marretadas aquelas construções bregas de Brasília, porque não tem nada mais horrendo e cafona neste mundo do que as construções de Oscar Niemeyer. Mas como eu sei que vivemos no meio de um bando de ovelhas mansas que só tem culhões para xingar juiz de futebol, apelo para o art. 61, parágrafo 2º da Constituição da República, que fala de leis por iniciativa popular: A INICIATIVA POPULAR PODE SER EXERCIDA PELA APRESENTAÇÃO À CÂMARA DOS DEPUTADOS DE PROJETO DE LEI SUBSCRITO POR, NO MÍNIMO, UM POR CENTO DO ELEITORADO NACIONAL, DISTRIBUÍDO PELO MENOS POR CINCO ESTADOS, COM NÃO MENOS DE TRÊS DÉCIMOS POR CENTO DOS ELEITORES DE CADA UM DELES.

Já que vocês (e quando falo vocês, me refiro aos brasileiros, e não a meus leitores) já se deram ao trabalho de assinar leis de iniciativa popular por assuntos menos importantes, como majorar a pena em alguns casos de homicídio quando Daniela Perez foi assassinada, não custa nada se mobilizar para algo que refletirá diretamente beneficiando toda a nação. Feito isto, por mais assustador que seja este projeto e por mais que tentem embarreirar, a sementinha está plantada. Com a devida pressão (qualquer pressão que seja necessária), mais cedo ou mais tarde vai acabar passando.

Pode dar errado? Pode ser que não seja implementado? PODE, CLARO. Mas pode ser que dê certo também. Basta que essa massa de ovelhas que dá seu salário integral cinco meses por ano para o Governo acorde para a vida e se levante, sem esperar por um salvador, sem esperar que as coisas venham se cima para baixo. CARALHO, GENTE, o que mais tem que acontecer para que comecemos a nos mexer?

Mexa-se. Dilma vai ser Presidente da República e além dela teremos outros ignóbeis no poder, como Tiririca, Crivella, Romário e tantos outros medonhos. Mexa-se, ou para fazer as malas e abandonar essa República das Bananas que caminha irremediavelmente para o abismo ou para arregaçar as mangas e começar a limpar tanta merda que já soterra a gente até o pescoço.

O que mais tem que acontecer para que todos nós apresentemos um grau raivoso de indignação? E para que essa indignação se transforme em atos?

Ok, Dilma vai ganhar. Desfavor já aceitou isso. Ela ganhou nas urnas, porque na prática, espero que saia perdendo. Nós vamos fazer tudo que estiver ao nosso alcance, o possível e o impossível, para transformar a vida dela um INFERNO. Se depender da gente, essa mocréia vai desejar nunca ter vencido as eleições. Junte-se a nós, assim, em poucos anos podemos gritar: GANHOU É O CARALHO, DILMA!

OBS: Bin Laden, tem mais duas torres aqui, viu? Joga um Boeing 767 em cada uma delas, o brasileiro e o bom gosto agradecem, viu? Faz melhor, joga logo um Concorde que é para não ter erro.

Para dizer que é só avisar onde é que tem que assinar, para dizer que votaria na chapa Somir – Somir por trollagem ou ainda para dizer que não vê a hora dessas eleições acabarem para a gente voltar a falar de peido, sexo e violência: sally@desfavor.com

O que você pensaria de uma gorda horrenda que se olha no espelho e, ao se ver gorda e horrenda, fica com raiva, culpa o espelho e ainda chuta e quebra o espelho? É justamente isso que eu penso do brasileiro quando mete o pau no funk. Essa é a realidade do nosso país. Não gostou? Não chute o espelho. Faça por onde mudar esta realidade. Entendo quem expressa não gostar de funk como opinião pessoal, o que eu não entendo é quem desmerece o funk carioca como expressão legítima da cultura brasileira. Goste você ou não, é uma manifestação da nossa cultura, não tem como negar. Chupa essa manga!

Funk tem o mesmo valor cultural de MPB, Bossa Nova ou qualquer outra “música popular brasileira”. É uma música que surgiu para relatar a realidade de um certo grupo social. Enquanto a realidade de uns é “gosto muito de te ver, Leãozinho”, a de outros é “No mundo que eu vivo não vale a pena ser fiel, quem vive de amor é dono de motel” (Mc Loscar, Dono de Motel). Ambos são pessoas que relatam suas realidades através de música. Se você gosta mais de uma realidade do que da outra ou se você se identifica mais com uma realidade do que a outra, direito seu. O que não pode é achar que MPB é cultura e funk é lixo. Funk é uma expressão cultural legítima, gostando você ou não, sendo musicalmente bom ou não.

Todos tem o direito de expressar sua realidade através da música ou da arte. Só faltava essa! Além do sujeito viver em um estado de segregação miserável, sem os mínimos subsídios, ainda lhe é negado o reconhecimento de sua expressão cultural! Dá uma tela com todo tipo de pintura e pincéis e anos de aula de pintura a uma pessoa e manda pintar um quadro, depois pega outra pessoa e dá uma folha de papel, uma aquarela e manda pintar com o dedo e depois compara um com o outro! Covardia comparar quem nunca teve instrumentos para se aprimorar, né? Quando Marisa Monte canta “Molha eu! Seca eu!” é licença poética, quando Mc Roba Cena canta “Mas É EU que vou escolher, a melhor posição” (MC Roba Cena, Catucadão) é um imbecil, ignorante, analfabeto.

Funkeiro é tudo bandido sem noção e promíscuo, né? Quando Chico Buarque é flagrado beijando uma mulher casada em plena praia do Leblon é um homem sedutor e irresistível, fosseum funkeiro a sair com uma mulher casada é baixo nível mesmo. Não se pode julgar em condições de igualdade quem está em condições fáticas desiguais. Vamos parar de meter o pau no funk e pensar que, dentro do que é possível na vida dessas pessoas, eles até que estão mandando bem, porque mesmo sem ter porra nenhuma de nada, alguns conseguem até sucesso internacional.

Funk é diferente de MPB. DIFERENTE. Não sei de onde as pessoas tem a pretensão de dizer se é melhor ou é pior. Você pode dizer se você gosta mais ou gosta menos, mas não pode afirmar que é melhor. MPB tem romantismo, sutilezas e poesia (coisas que eu abomino), enquanto funk tem realidade nua, crua e sangrando, não raro palavrões e conotação sexual em suas letras. Acho honesto. O morador da periferia não tem condições de elaborar jogos de palavra, metáforas ou qualquer outro tipo de escrita sofisticada, ele se expressa como sabe e como pode. Então, quando Gilberto Gil expressa seus sentimento mais íntimo dizendo “Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria, Que o mundo masculino tudo me daria, Do que eu quisesse ter, Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara, É a porção melhor que trago em mim agora, É o que me faz viver” e quando Mc Luan canta “Quer fidelidade, arruma um cachorro, Quer romance, compra um livro, Quer amor, Volta a morar com seus pais mulher, É só pentada violenta, pentada violenta, na hora do amor, o Luan te arrebenta” (Mc Luan, Pentada Violenta) está igualmente expressando seus sentimentos, diga-se de passagem, muito mais macho que Gil.

Essa coisa vira-lata de brasileiro que achar erudição sinônimo de superioridade, qualidade e cultura. Ora, tem letras de MPB que se você parar para analisar, parecem ter sido escritas por uma criança de cinco anos de idade, assim como existem letras de funk que se fossem inseridas em uma melodia mais palatável estariam estourando nas rádios (porém estas não vem ao caso, afinal, estamos na Semana Baixo Nível). O ponto é: baixo nível ou não, funk é uma manifestação legítima, muito mais verdadeira do que muita música de MPB. Da mesma forma que Raul Seixas diz: “Amor só dura em liberdade, O ciúme é só vaidade. Sofro, mas eu vou te libertar, O que é que eu quero Se eu te privo Do que eu mais venero Que é a beleza de deitar” Valesca Popozuda diz “Fiél é o caralho, você é empregadinha! Lava, passa e cozinha mas a pica dele é minha!!!” (Gaiola das Popozudas, Fiel é o Caralho) ou ainda Mc Leandro e as Abusadas cantam “Prepara sua cabeça, que lá vai um par de chifre”. Eu gosto das coisas assim, sem rodeios nem floreios. Isso me faz uma ignorante? Talvez (vem escrever diariamente textos sobre tudo para ver se você faz melhor…). Mas isso não apaga o fato de que funk é tão Música Popular Brasileira quando bossa nova.

O fato de ser considerado “baixo nível” não quer dizer que não seja uma manifestação cultural legítima. Muito conveniente pensar que tudo aquilo que é baixo nível está automaticamente excluído da categoria “arte” ou “cultura”. O ser humano tem necessidade de falar ou expressar sua realidade para elaborar seus sentimentos. Em tempos de ditadura militar, a MPB expressava seu sofrimento com a repressão através de músicas como Cálice. Em tempos de guerra nos morros, violência, tráfico, assassinatos diários, crimes, tortura e outras barbáries, o funkeiro expressa seu sofrimento em letras como “Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci, E poder me orgulhar e ter a consciência que o pobre tem seu lugar” (Cidinho e Doca, Rap da Felicidade – a letra é uma forte crítica social, vale a pena ler).

Quando sofrem por amor, os românticos da MPB cantam sua musa em prosa e verso, com toda a instrução que lhes foi permitida, em bons colégios com acesso a literatura, estímulo e oportunidade para estudar. Quando fala de amor, o funkeiro retrara sua realidade brutalizada, discriminada. Por que? Porque ele é promíscuo, safado, galinha? Não, as pessoas simplesmente esquecem que essa forma de se expressar não é uma escolha. Se vocês tivessem nascido e se criado no meio de uma favela barra pesada provavelmente também se expressariam assim.

Ouviram? NÃO É UMA ESCOLHA, essa é a realidade deles, quase que em um sistema de castas, à qual a maior parte está condenada e apenas uma minoria conseguirá sair – e tarde demais, porque sua personalidade já estará formada, moldada neste padrão tosco. Então, quando Caetando canta “Um amor assim delicado, você pega e despreza” todo mundo suspira e quando Valesca canta “E aí seu otário, Só porque não conseguiu fuder comigo Agora tu quer ficar me difamando né? Então se liga no papo No papo que eu mando Eu vou te dar um papo Vê se para de gracinha Eu dô pra quem quiser Que a porra da buceta é minha” é execrada, sem levar em conta a realidade social e brutalidade do meio onde ela se criou.

“Mas Sally, eu conheço pessoas de baixa renda que não tratam sexo com tamanho desrespeito, banalidade e vulgaridade, não é porque a pessoa é pobre que tem que ser assim”. Depende do meio onde ela foi criada. Porque pobreza é uma coisa, marginalização é outra. Uma criança criada em uma casa de um único cômodo onde os pais faziam sexo na sua frente, onde muitas vezes o pai fazia sexo com as filhas, onde existiam estupros recorrentes na comunidade, onde a relação homem-mulher está associada a tudo, menos a afeto, talvez não tenham escolha em pensar e se expressar assim. Fácil julgar quando se está de fora, quando se teve todos os subsídios para uma existência digna. Que bom que nem todos sejam contaminados por esse “baixo nível”, mas compreendo perfeitamente aqueles que sucumbiram. É cruel exigir aquilo que a pessoa dificilmente pode te dar, não por culpa dela. Em vez de meter o pau no funk, vamos votar certo, que tal?

Porque endeusar tanto a sofisticação? Sofisticação é uma coisa brega, meio anos noventa ou coisa de gente esnobe tipo o Somir. Vivemos em um mundo de aparências onde a putaria está comendo solta, os valores estão indo para a casa do caralho, a ética está agonizante e Dilma vai ser Presidente da República. Eu quero mais é escutar “Deixa, deixa, deixa arder” do que fingir que está tudo bem, tudo phyno e fica ao som de “caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento, aos sol de quase dezembro…”. MPB representa uma parcela mínima do país. O funk sim é a cara do Brasil. E não digo isto com orgulho não! Mas se você não gosta que o funk seja a cara do Brasil, faça sua parte para mudar a realidade do seu país, ou mude a SUA realidade (aeroporto djá!) O que não vale é negar a representatividade do funk. Só porque ele não TE representa não quer dizer que não represente a maior parte das pessoas do seu país. Chora neném, o Brasil é a cara do funk.

Curioso que, via de regra, as pessoas que se mostram mais incomodadas com as baixarias do funk e pagam de finas são as que tem as maiores baixarias em suas vidas pessoais e profissionais. Porque, vamos combinar, se incomoda TANTO, é porque tem algo que reflete e dói. Nada incomoda a toa.

Pior ainda quando o discurso é para tentar convencer que quem dança funk leva má fama. Sempre tive uma teoria: só tem medo de parecer vagabunda a mulher que efetivamente o é. Quem é segura de si e sabe que jamais passará por vadia, não tem medo de dançar funk. Talvez não dance porque não gosta (respeito e admiro), mas jamais se recusará a dançar porque não quer que achem que é piranha. Eu me garanto, eu posso colocar a mão no joelho ao som de “Sou cachorrona mesmo, late que eu vou passar, agora eu tô solteira e ninguém vai me segurar – Daquele jeito!” que bastam dez minutos de conversa comigo e qualquer pessoa saberá que eu não sou uma vagabunda. Caso a pessoa não se preste a conversar e fique com a impressão de que eu sou uma vagabunda apenas porque me viu dançando funk, bom, que fique mesmo longe de mim, gente assim não me interessa e quem quer distância sou eu.

Não estou pedindo para GOSTAREM de funk, estou pedindo para que o aceitem como modalidade de música popular brasileira, como manifestação cultural legítima de um grupo da sociedade. Seria ideal que este grupo tivesse melhores condições e fizesse músicas refletindo uma realidade menos baixo nível? Claro! Mas infelizmente nossa realidade atual é essa. Negar o status de manifestação cultural legítima só porque não é do SEU GOSTO é arrogância.

Atenção chegô chatuba, hein
Atenção chegô chatuba, hein
Vâmo esculachá

Para dizer que isto é ainda pior do que peido, Dilma e zoofilia juntos, para mandar o Somir filtrar melhor o que publica aqui e para dizer que se funk é cultura uma meleca sua na parede é arte: sally@desfavor.com