Hardoooooo Gay!Advertência: este texto não pretende ser ofensivo aos gays, e sim aos heteros que praticam condutas homossexuais e falam mal dos gays, ou seja, dedicado aos hipócritas mal resolvidos.

Ainda não falamos sobre nenhum tema desagradável nesta semana. Já estava na hora de ser desagradável, não é mesmo? Vamos lá. Vamos falar de forma leviana sobre a sexualidade alheia. O que é considerado gay e o que é considerado hetero nestes dias de hoje? Com certeza o conceito social de homossexual não é o mesmo de trinta anos atrás e, consequentemente, isso reflete no conceito de hetero. Por mais errado que seja, é utopia pensar que podemos viver sem estes conceitos.

Sejamos grossos: o que te dá o direito de chamar alguém de “viado”? NADA. Excelente resposta. É medíocre classificar um ser humano por sua sexualidade. MAS… vivemos em um mundo escroto onde neguinho classifica mesmo, então, que pelo menos classifiquem de uma forma mais correta, pode ser? Vejo uma enorme confusão na cabeça dos brasileiros acerca de rótulos envolvendo sexualidade.

A facilidade com que muitas vezes se chama alguém que não é gay de viado e a dificuldade em aceitar que uma pessoa notoriamente homossexual seja de fato homossexual me deixam confusa algumas vezes. Por exemplo, existe um consenso implícito entre algumas pessoas de que se um homem faz sexo com outro homem e é o ativo, ele não é considerado homossexual, gay, bicha, viado ou o termo que se queira usar. Não compreendo esta lógica. Fez sexo com uma pessoa do mesmo sexo e pelo visto gostou, porque se não, não tinha procurado por alguém do mesmo sexo ou não tinha consumado o ato. Não é viado por causa DE QUE? Na verdade, eu acho até que o ativo é mais viado que o passivo. E ainda tem marmanjo que come o rabo de outro homem e fica esculhambando a comunidade gay!

Não entendo o critério do brasileiro para determinar quem é “tecnicamente viado”. Ao que parece, retirado o lacre do cu, a pessoa vira viado. Se comer o rabo de outro macho mas permancere com seu brioco intacto, não é viado. O critério para se considerado socialmente viado seria apenas o dar o cu? Complicado, né? É uma teoria falha. Um homem estuprado seria viado então? Um homem que tenha feito sexo uma única vez com outro homem para experimentar e não tenha gostado é viado? Um homem que tenha enfiado um vibrador no seu próprio rabo é viado? Um homem que peça para a namorada fazer fio-terra é viado?

Eu sei, eu sei. Não adiantra repetir que sexualidade não é algo tão simples que se possa classificar usando um ato isolado. Mas, já que existe um grupo que classifica com esta facilidade tirando o seu da reta, fiquei com vontade de praticar um exercício argumentativo para mostrar que, mesmo dentro da lógica desse grupo, seu argumento não se sustenta. Se estão partindo da premissa que quem dá o cu é viado e ponto final, eu respondo dizendo que quem come é muito mais. É uma argumentação audaciosa, já que eu não tenho pênis, mas vamos lá: Para dar a bunda o homem não precisa estar com vontade de dar a bunda. Não precisa estar excitado. Não precisa sentir atração sexual pelo outro homem. Basta ficar parado e, literalmente, tomar no cu. Não prova nada, não indica nada.

Mas, em contrapartida, quem come precisa gostar do que está fazendo, caso contrário não terá uma ereção (eu avisei que o texto seria incômodo e desagradável – e vai ficar pior). Olhar para uma bunda masculina cabeluda e ficar de pau duro indica muito mais afeição pelo mesmo sexo do que simplesmente ficar parado e levar uma trolha no fiofó. Hoje em dia tá cheio de vagabunda querendo dar em tudo quanto é canto, o homem que recorre a outro homem o faz por preferência (excetuando situações atípicas, como presídios ou prostituição, por exemplo). Trabalhemos com a regra geral: hoje há disponibilidade de mulher, mesmo que se tenha que pagar, apesar de achar que sempre tem uma vadia doida para dar de graça.

Mesmo sem ser um homem, até onde eu sei, é preciso que exista um estímulo sexualmente atraente para que ocorra uma ereção. Ver outro homem nu, sentir o cheiro de macho suado, ouvir uma voz grossa e como reação ter uma ereção e MANTER esta ereção enquanto faz sexo com esse homem me parece mais prova de viadagem do que simplesmente ser penetrado. O grande problema da minha teoria é que teriamos muito suposto machão sendo classificado de viado. Talvez por isso aqueles que fazem sexo de forma ativa com outros homens sejam “absolvidos”: porque são muitos! Até mesmo heróis nacionais, como Pelé, por exemplo, que confessou que sua primeira vez foi com um homem. Perigoso, né? Vai ter muita gente quicando com esta teoria.

“Mas Sally, homem mete em qualquer coisa, em bananeira, em galinha e em cabra, para eles tanto faz, qualquer homem é capaz de comer outro homem”. Para começo de conversa, não acredito que isso seja verdade. Eu conheço histórias de pessoas que tentaram fazer sexo com outros homens e simplesmente não conseguiram. Suas palavras forma esclarecedoras: “Não adianta, Sally, não sobre”. Depois, ainda tem o fato da escolha, porque um homem escolheria fazer sexo anal com outro homem com tanta mulher disponível?

Já que nossa sociedade insiste em classificar a sexualidade de alguém, não seria mais óbvio adotar o critério do INTERESSE SEXUAL? Não é um daqueles textos onde eu afirmo algo porque acredito nisso, é um daqueles textos onde eu pergunto porque não sei a resposta.

Não custa esclarecer que a intenção aqui não é rotular, e sim aprender a identificar. Com a crescente aceitação social da homossexualidade, mais e mais homossexuais estão se assumindo e com isso, eventualmente se faz necessário aprender a identificá-los para fins de flerte. Tanto para saber com quem flertar como para saber com quem não flertar. Sem contar que sempre podemos cruzar com um parceiro que está, digamos, indeciso ou que ainda não percebeu sua própria homossexualidade. Chegamos ao ponto de confusão em que homossexualidade é relativa, o que é gay para uma pessoa pode não ser gay para a outra. E agora, comofas, miguxos?

O que é gay para você? O limite é muito pessoal. Se o seu namorado te fala que sente atração sexual por outro homem, você acha gay? Se ele pedir para enfiar um vibrador no seu roscofó você vai achar ele gay? Se ele pedir para fazer sexo a três com outro homem e ficar se esfregando pelado neste outro homem ele é gay? Se ele pedir para te chamar por um nome masculino durante o sexo ele é gay? Se ele tiver um orgasmo por estimulação anal você vai achar ele gay? Bissexuais são gay + hetero ou são uma categoria separada que não tem nada de gay? Metade dessas eu não sei responder, mesmo pensando bastante sobre o assunto.

Antes tinhamos o preto e o branco, o gay e o hetero. Hoje tem essa enorme zona cinzenta com várias derivações difícieis de assimilar. Conheço uma pessoa casada com um homem que dentro de casa se veste de mulher (salvo engano, cross-dresser), com direito a batom e tudo. Eu não sei se eu suportaria isso e eu não sei se isso é ser gay. Ele gosta de mulher, só faz sexo com mulher, não tem atração por homem, mas se veste como mulher: cabelos longos, saia, meia calça, depilação e batom. Mesmo sem fazer sexo ou sentir atração por outros homens ele é gay? Eu acho que não, mas com certeza muita gente vai discordar.

Na minha cabeça faz mais sentido se observar o que desperta a atração sexual da pessoa para tentar dizer se é ou não gay. Se um homem se sente sexualmente atraído por outros homens, faz sexo com mulheres fantasiando estar com homens, se masturba pensando em homens mas nunca teve coragem, por preconceito, se fazer sexo com outro homem, ele seria gay? Este homem me parece mais gay do que um que eventualmente tenha feito sexo com outro homem e não tenha gostado. Mas o fato de também fazer sexo com mulheres, mesmo sem gostar tanto, o tira da categoria gay e o coloca na categoria hetero? É o fazer sexo com ambos ou o gostar de sexo com ambos que classifica alguém como gay ou bi?

Confesso que estou confusa e que não tenho uma opinião fechada sobre o assunto. Atualmente penso que o determinante para dizer se homens ou mulheres são gays é a atração sexual: se sente por ambos os sexos é bi e se sente apenas pelo sexo oposto é gay. Mas posso (e acredito que vou) mudar de idéia, ainda estou refletindo sobre isso e quero a opinião de vocês.

Nesta linha de se levar em conta a atração sexual, minha teoria de que é muito mais gay comer do que dar encontra validação. Para dar o fiofó não é preciso se sentir sexualmente atraído por outro homem, ao menos não naquele exato momento. Para comer é preciso que algo desperte excitação sexual. Para procurar um homem para fazer sexo, quero dizer, para fazer a opção de um homem em detrimento de uma mulher, é preciso que a idéia de fazer sexo com um homem seja, no mínimo, convidativa. Para manter uma ereção durante todo o ato, enquanto roça em outro homem suado, é preciso que aquilo não cause repulsa.

O que acontece, e, mais uma vez, é apenas uma teoria minha, não tenho a pretensão de ter razão (não desta vez) é que muitos homens tem tanto pavor de admitir que podem ser gays, bissexuais ou tantas outras classificações que não sejam o padrão Hetero Machão, que criam as desculpas mais esfarrapadas para se convencer e convencer os outros de que, apesar dos pesares, existe outra explicação para esta preferência. Com o tempo, falsas premissas que incobrem viadinhos, como a de que quem come é macho e quem dá é gay acabou sendo socialmente aceita e até mesmo tida como verdadeira. Está na hora de refletir sobre esses conceitos e atualizá-los, não importa a idade que você tenha. Só muda de idéia quem as tem.

Neste ponto você deve estar se perguntando qual é a razão de ser de uma classificação. Não seria mais fácil cada um fazer o que quer e o que se sentir bem? Não seria mais simples amar seres humanos independente da forma como estas pessoas escolhem para ter prazer sexual? Seria, mas infelizmente para viver em sociedade é necessário estabelecer algumas classificações. Em um mundo ideal isso não seria necessário, mas vivemos em um mundo de merda, não em um mundo ideal.

Existe ex-gay? A pessoa pode ter interesse sexual em pessoas do mesmo sexo em parte de sua vida e depois mudar sua preferência sexual e passar a se interessar apenas por pessoas do sexo oposto? Essa pessoa que já teve interesse por pessoas do mesmo sexo mas que atualmente só se relaciona com pessoas do sexo oposto é tecnicamente gay apenas por causa do seu passado?

Anseio pelo dia em que os documentos de identidade conterão apenas um quadradinho no que diz respeito ao gênero da pessoa: ser humano. Mal posso esperar que esses conceitos de masculino ou feminino se tornem obsoletos, quem sabe assim passamos a reparar em outros aspectos mais importantes das pessoas, em vez dessa fixação de saber se ela goza metendo no cu ou na buceta. Sério, o que isso diz sobre alguém? NADA.

Para dizer que pela minha teoria, “tem um amigo seu” que é viado, para se incomodar tanto com o assunto a ponto de nem comentar ou ainda para dizer que gosta de textos que trazem respostas, porque de dúvidas sua vida já está cheia: sally@desfavor.com

Simply?

SEMANA DO AVESSO:Durante esta semana, meu objetivo é explorar alguns elementos da minha personalidade que são mais comuns à Sally. “Mas, Somir, você vai imitar o que ela posta?” Não, anta, o objetivo não é debochar dessa forma, ainda sou eu escrevendo, só que menos… pau no cu. O lado positivo é que ela vai ter que seguir minha linha de respostas nos comentários e muitos cavalos ficarão sem ouvir bom-dia.

Com um título desses, só pode ser uma autobiografia, certo? Ha! Velhos hábitos são ruins de abandonar. Um deles em especial: Ser do contra. Apesar dessa minha vertente elitista, tenho uma birra das grandes com esse conceito social/sacal do “melhor”.

Pra tudo quanto é lado tem gente dizendo que sabe definir o melhor carro, a melhor roupa, a melhor música, a melhor comida… Como se essa fosse uma porra de uma medida universal! Essa gentinha babaca não quer informar o mundo para fazer melhores escolhas, eles querem mesmo é continuar essa punhetação ridícula e SE divulgar como único mensageiro de um deus misterioso. Esse tipo de elitista quer definir seu gosto como se fosse a manifestação profética de seu próprio valor.

Quão loser tem que ser uma pessoa para tentar emprestar credibilidade de um objeto inanimado para parecer mais interessante? Se você se acha especial por conseguir identificar qual garrafa de uvas podres vale mais, sinto te informar que você é peso morto neste planeta. Sério, outras pessoas só fingem acreditar que você vale alguma coisa porque querem fazer parte do mesmo clubinho na expectativa de não ficarem tão sozinhas assim. Podia ser vinho ou mijo de mula manca (mijô di mulá). A categoria na qual você se excede foi inventada mesmo…

Como eu não sou eunu… enólogo, tenho uma opinião bem particular sobre vinho: O melhor é aquele que faz ela dar para você antes de vomitar. Disse isso uma vez numa mesa de bar para um babaca que falava sobre as diferenças sutis entre as uvas de diferentes regiões da França. O pessoal riu, ele ficou com cara de bosta. Percebendo o problema, complementei dizendo que obviamente aquela era minha opinião e se ele gostava que elas vomitassem durante o sexo, era ainda melhor porque o vinho podia ser mais barato. Até disse que respeitava a opção dele, cada um com suas taras, certo? Não melhorou o clima.

E vinho é só um exemplo. O que não falta é gente se juntando para sessões de masturbação coletiva (que não são gozadas) para apreciar características únicas e especiais de porcarias banais, tem especialista em café, tem especialista em charuto (não me surpreende), tem especialista em praticamente tudo o que pode ser categorizado por preço e raridade. Até porque o segredo é esse, apontar “o melhor” costuma andar de mãos dadas com a falta de coisa melhor para fazer de gente endinheirada.

O panaca poderia estar gastando seu dinheiro honestamente cheirando cocaína sobre o corpo nu de uma prostituta de luxo, mas prefere fungar uma xícara de café e inventar termos boiolas para explicar a diferença placebo entre um tipo de grão e outro. E, sério, a maioria absoluta desses especialistas em pouca porcaria só acredita que sabe analisar, porque acabam simplesmente imitando as opiniões dos raríssimos seres humanos com paladares e olfatos extremamente sensíveis. E no final das contas, foda-se: Dá mais status ter algo caro do que algo bom.

Tem várias marcas que aumentam o preço dos seus produtos sem nenhuma razão aparente só para atrair consumidores. Na falta de sentidos super desenvolvidos, a etiqueta com o preço serve. Vivemos num mundo onde aquelas bolsas de nome francês frescurento são vendidas por milhares de dólares e tem OTÁRIA que compra! Compra porque é cara. Compra porque pode… ostentar.

A busca pelo “melhor” é uma busca por ostentação. Não adianta ter o melhor se ninguém souber que isso te torna superior. Publicidade trabalha com esses conceitos a torto e a direito porque funciona. O “melhor” não existe, e se existisse, a nossa economia moderna jamais poderia ter se formado. Se fosse consenso inabalável que a Ferrari é o melhor carro, o cara de meia idade e meia bomba não ficaria em dúvida entre que ralo de gasolina o faria parecer mais deslocado da realidade e as empresas não poderiam enfiar preços exorbitantes neles. Sem insegurança, sem lucro.

Mas não ouse dizer para esses elitistas da insegurança que eles são os maiores otários em toda a cadeia produtiva. Eles estão presos num ciclo vicioso e inabalável de auto-convencimento.

O divertido dessa turma é que eles se levam a sério. Sérião. Gosto é uma coisa muito democrática, alguns são realmente mais educados que outros, mas nenhum te torna intocável. Porra, um mínimo de senso de humor é pedir demais? Eu sou elitista, chatonildo e deixo de gostar de coisas que o povão começa a gostar, mas eu pelo menos tenho bolas de botar isso NA MINHA CONTA e saber rir quando sou sacaneado. Esses malas que se acham medida inquestionável de qualidade precisam de aprovação externa para gostar de alguma coisa.

Porra, já passei horas brigando com a Sally por causa de nossos gostos musicais… Ela é a candidata perfeita: Tem o gosto totalmente oposto ao meu (exceção honrosa: Skylab) e não se furta de brincar com isso. Eu dizia que as músicas que ela adorava pareciam o som de milhares de crianças retardadas passando por um moedor de lixo enferrujado. Ela dizia que as minhas músicas preferidas a faziam imaginar um tetraplégico em coma depois de uma crise depressiva. Tudo muito leve, tudo muito divertido.

Ninguém queria impor seu gosto como “o melhor”. Nunca houve a necessidade de se valorizar por isso (até porque ela não é maluca de tentar se valorizar através daqueles abortos sonoros… hahaha). Essa é a chave.

Adoro quando encontro alguém com gostos musicais parecidos, mas detesto me deparar com o “porteiro do clubinho”, sabem aquela figura filha-da-puta que começa a te testar para saber se você faz parte da “elite”? Duzentos nomes de bandas obscuras depois, essa pessoa tenta te convencer que seu excesso de tempo livre é alguma medida válida de iluminação musical. E isso não é exclusividade de fãs de um estilo ou do outro, sempre tem o maldito “connoisseur” que acha que finalmente achou o sentido da vida numa melodia qualquer.

Ah, vai tomar no cu! Sua opinião abalizada jamais seria a mesma se não tivesse uma presunção agradável para você por trás disso. Se você só quer as características de personalidade atreladas ao estilo musical que defende de forma tão elitista, não é uma vírgula menos fútil e vazio que uma fã de Justin Biba.

E como opiniões diversas ameaçam o equilíbrio do universo umbigo do elitista, sobra para todo mundo. Ele sempre acredita que está sendo alienado pela plebe ignorante, mas na verdade não passa de um mala-sem-alça. Como diria Gezuiz: “Cansei de pregação!”

E nessa área, música não é o único meio de encher a paciência alheia, se tem alguma forma de arte envolvida, tem alguém querendo empurrar seu conceito de “o melhor” para cima dos outros. E é o mesmo processo de aferir qualidade placebo a produtos que podem ser vendidos por preços absurdos. Especialistas em arte decidem que um bando de rabiscos vale mil vezes mais do que outro de forma flagrantemente aleatória e sempre tem uma besta que paga o preço para ter essa ostentação.

Boa parte dessas obras de preços milionários jamais seria vendida se não fosse a assinatura do quadro. Se é raro e custa caro, deve ser “o melhor”, não? O ser humano é tão tarado pela figura do especialista que faz qualquer coisa para se sentir mais próximo de um. Valor por associação. É impressionante quanta gente empurra para frente idéias sobre qualidade artística sem nem concordar com elas.

Resolve-se definir o melhor como valor histórico. Tem obra mais MALA que a Mona Lisa? Aquela baranga aleatória obviamente drogada é provavelmente a obra de arte mais famosa da história. Pode ter dado muito trabalho, pode ter um sorriso enigmático, mas é um quadro chato que só ganhou significados profundos pela vontade das pessoas. Eu já vi painéis de histórias em quadrinhos MELHORES que a Mona Lisa. Se para apreciar um quadro eu preciso inventar significados, eu olho para a minha parede com o mesmo efeito.

Se você vai estudar cinema, já enfiam goela abaixo “Cidadão Kane” como o melhor. Novamente, valor histórico. Não é um filme ruim, longe disso, mas eu acabei de ver O Gladiador pela terceira vez na TV e acho um filme BEM melhor. Ei, Rocky I e II são melhores. Loiras Lésbicas 3 bate todos eles com uma mão só. As pessoas (metidas a elitistas) parecem envergonhadas de apontar que seus gostos nem sempre combinam com o que parece mais cult no momento.

Tudo enfiado dentro de um conceito muito pessoal. Dois elitistas dificilmente vão pensar exatamente da mesma forma. Uma mudança que seja na criação e muito da visão sobre o que é bom ou não vai para as cucuias.

A verdade é que é MUITO difícil definir o que é qualidade de forma abrangente o suficiente para agradar a todos. “O melhor” pode ser um golpe publicitário, uma ilusão de importância, resultado de momento histórico, necessidade de aprovação… “O melhor” pode ser tudo, menos “o melhor”.

A postagem de hoje não aluna minha crítica aos ecléticos. Não ter opinião ainda é vergonhoso.

Por isso que eu digo que entre os elitistas, eu sou o… Erm…

Para dizer que esse foi o melhor texto que eu já escrevi, para dizer que o melhor que eu posso fazer é me calar, ou mesmo para dizer que já está se culpando por ter elogiado ontem: somir@desfavor.com

Oh Grande Desfavor!

SEMANA DO AVESSO:Nesta semana tenho a árdua tarefa de soltar o “Somir” que existe dentro de mim e alimentá-lo. Serei seu “Somir” nesta semana, o que significa que serei de arrogante, escrota, elitista, e, como conseqüência, não responderei a perguntas nos comentários, não atenderei a nenhuma sugestão, não usarei palavrões e escreverei menos páginas do que costumo escrever. Mas tenho uma boa notícia para vocês: Somir terá que soltar seu lado “Sally”, ou seja, terá que ser amável, solícito e sociável, OU SEJA, terá que responder A TODOS OS COMENTÁRIOS DIRIGIDOS A ELE em seus textos. Por favor, COMENTEM, comentem qualquer merda, mas comentem dirigido a ele. Quero ver ele tendo que atender aos leitores… hahaha

Hoje vou falar do nosso blog, o Desfavor. Desfavor contém tudo que você precisa: humor, informação, fofoca, política, atualidades, ciência e diversidade de opiniões. Onde mais se encontram todos estes ingredientes juntos? Desfavor é tudo que você precisa, não há mais necessidade de ler jornais, revistas e notícias no geral, está tudo aqui, condensado e mastigado para o leitor. Em um mundo moderno onde o que importa não é mais a informação em si, porque informação abunda na internet, e sim uma fonte confiável e um olhar crítico esmiuçando aquela informação, o Desfavor veio fazer a diferença. Se eu tivesse que recomendar uma única fonte de informação a uma pessoa sem tempo, seria o Desfavor.

O blog como meio de comunicação estava sendo utilizado de forma banal antes da chegada do Desfavor. Era praticamente uma reedição de quadrinhos, onde desenhos ou fotos de rápida e fácil compreensão levavam lazer a usuários ávidos por dez segundos de refresco mental. Na era do descartável, do imediato, pessoas usam blogs para os propósitos mais idiotas porque é essa a demanda: piadinha, pornografia, desabafo ou futilidades. Mas Desfavor não pensa na demanda e sim na qualidade. Curvar-se à demanda é igualar-se a ela. Aqui todo mundo estudou e tem diploma, ninguém precisa abaixar as calças para patrocinador, demanda ou modismos. Desfavor é aquilo que nós queremos que ele seja, não aquilo que a sociedade espera que ele seja.

Onde se encontra outro blog com postagens diárias de, no mínimo, quatro páginas, tratando dos mais variados assuntos? Lanço um desafio ao leitor: vá ao Google e procure um assunto razoável + desfavor e me diga se não há pelo menos uma postagem falando sobre isso ou citando o assunto. Somos ecléticos, somos versáteis. Não fazemos essa setorização de temas, não temos limitações de assuntos: “blog sobre política”? “blog sobre celebridades”?, “blog sobre beleza”? Não, nós somos um blog sobre TUDO. Não há como classificar o Desfavor. Desfavor é tudo, Desfavor é nada.

Além de não ter limitações de assuntos, também não temos limitações na forma de abordar os assuntos. Nada é sagrado no Desfavor. Criticamos tudo, inclusive nós mesmos. Não se trata de ser sempre a favor do contra, pois também temos postagens onde elogiamos e postagens neutras, onde apenas explicamos. O benefício maior é disponibilizar uma fonte crítica, mesmo que ela sirva para que se leia e se pense “Não concordo com o que esses panacas estão dizendo!”. Desfavor não quer convencer, Desfavor quer te mostrar um outro lado. Se você vai aderir, não faz diferença. O importante é conhecer outro ponto de vista, refletir, ponderar e formar a sua opinião com base em dois pontos de vista: o que você vê na sociedade, na TV, na revista e o que você vê aqui. Desfavor sai do básico e dá um passo além, onde poucos meios de comunicação chegam – e sobre qualquer assunto.

Então, em vez de procurar o melhor blog sobre política, o blog mais crítico sobre futebol, o blog mais imparcial sobre eleições, o blog com linguagem mais acessível sobre biologia, o blog mais engraçado sobre subcelebridades etc etc, o leitor tem a opção de encontrar tudo em um único lugar. É por isso que sempre dizemos que o Desfavor é um dos poucos, se não o único blog de texto que vale a pena ler de cabo a rabo. Se uma pessoa ler o Desfavor desde sua primeira postagem até hoje, não será perda de tempo. Ganhará conhecimento e se divertirá. Salvo raras exceções, nossas postagens são atemporais. As postagens de 2008 poderia ser publicadas em 2011 sem qualquer problema. Que blog consegue isso? E postagens atemporais sobre tudo quanto é assunto, quem consegue isso? Os blogs não conseguem nem mesmo postagens atuais sobre tudo quanto é assunto…

Passeie pelos blogs e contate a triste realidade: charges, desenhos, fotos, frases rápidas. Ou então coisa pior: blogs-desabafo (na linha “querido diário”), blogs sexistas, blogs políticos, blogs sobre beleza, blogs sobre entretenimentos… Informações fracionadas. Tudo ao mesmo tempo agora, só no Desafvor. E com imparcialidade, digo, sem pressões externas de patrocinadores ou de qualquer outro tipo. E sem pudores, sem dogmas religiosos, sem moralismo. E com a participação dos leitores, em debates nos comentários, com uma troca de idéias ou ofensas em tempo real.

E a dedicação dos autores? Porque neguinho tem blog para desabafar quando quer, quando se sente sozinho. Ou então neguinho faz postagem diária visando um objetivo egoístico, como dinheiro, número de acessos ou fama. A gente não quer nada. A gente só quer escrever do Desfavor, dizer o que pensa. A gente não almeja dar entrevista, bater recorde de acessos ou vender canequinha com a nossa cara. Aliás, a gente não mostra nossa cara. Nesta era de evasão de privacidade que faria Andy Warhol se levantar do túmulo apontar e gritar “Eu disse!”, Desfavor vai na contramão (com muito orgulho) e prioriza o conteúdo do blog, deixando os autores de forma secundária. Ninguém aqui quer sentar no sofá do Jô Soares, ninguém aqui quer posar para a Playboy, ninguém aqui quer ter programa de televisão. O que a gente quer é escrever o Desfavor.

E a quem interessar possa, somos bonitos. Somos muito bonitos. Somos lindos. Quão mais fácil seria posar de casal de comercial de margarina e encher isso aqui de fotos nossas? Mesmo sendo lindos, ambos estudamos, nos formamos, porque queríamos ser mais do que um rosto bonito. Porque gente feia quando se forma não faz mais do que obrigação, mas gente bonita quando se forma é porque gosta de trabalhar mesmo, já que o que não falta são atalhos para os belos. Sim, gente bonita que se forma tem mais mérito. Apesar da beleza, fazemos questão de que o foco aqui seja apenas o conteúdo do nosso blog, mesmo sabendo que beleza vende e compra. Desfavor não é imagem, é conteúdo. Evasão de privacidade é coisa de gentinha desesperada por atenção, com baixa auto-estima e carente. Não evadimos a nossa privacidade nem a privacidade daqueles que nos cercam. Não apelamos, escrevemos opiniões embasadas por fatos e dados.

Todo ignorante “acha”. Pessoas esclarecidas sabem. O que mais tem por aí são blogs onde ignorantes manifestam a sua opinião e “acham” alguma coisa. Arrogantes são eles de pensar que suas opiniões são tão interessantes a ponto de valer um blog. Sim, aqui temos opiniões mas também temos subsídios, informações, que permitem ao leitor ler a informação, a nossa opinião e discordar. Desfavor dá informações + opiniões. Nós pesquisamos antes de escrever algo, nós consultamos especialistas na área, nós mastigamos a informação para o leitor. É isso que nos diferencia da maioria dos autores de blog que estão por aí: nós temos amor ao conhecimento, uma constante busca por mais conhecimento.

Quem dá camisetinha com logotipo do blog leva a fama de que se importa com seus leitores. Nós não damos brindes, não tratamos leitor como cachorrinho que recebe petiscos de recompensa, não queremos comprar ou subornar um leitor para ter audiência. Mas nos importamos com nossos leitores, cada um a seu modo. Eu atendo sugestão de temas, respondo comentários sempre que posso e pesquiso muito para escrever sobre determinados assuntos. Somir está sempre trabalhando em um novo layout, formatando postagens, pesquisando as postagens mais populares, perfil dos leitores etc. Tudo isso sem ganhar um centavo, e sem querer ganhar um centavo com o blog.

Neste ponto alguém deve estar pensando que se fossemos assim tão bons seriamos o blog mais acessado e estaríamos sendo citados na mídia. Pois bem, em um país onde a maioria vota em Tiririca, assiste Faustão e lê Paulo Coelho, não é mais do que uma prova de qualidade que o Desfavor agrade apenas a uma minoria. Desfavor é como uma música do Rogério Skylab: é incômodo, é desagradável, é inconveniente e por vezes é até mesmo escatológico, mas é verdadeiro. É aquela verdade que a gente não gosta de pensar nem de lembrar que existe. No Brasil não se aprecia muito a verdade se ela não for socialmente agradável e conveniente.

Lembro quando o Desfavor começou e muitas pessoas apostaram que não conseguiríamos manter o ritmo de postagens por muito tempo. Os mais otimistas nos deram seis meses de vida. Bem, estamos a poucos meses do nosso terceiro ano mantendo a mesma dinâmica. É relevante? Pode apostar que no mesmo dia ou no máximo no dia seguinte, vai estar no Desfavor. Vai estar explicado e também comentado. Algo que virou natural aos olhos de quem lê mas que demanda muito esforço nos bastidores e que permite concluir que somo o melhor blog de textos do Brasil. Fazemos algo muito difícil parecer fácil aos olhos de quem lê, sem ficar tirando onda com isso.

A conseqüência natural de não almejar fama nem dinheiro seria se acomodar naquele feijão com arroz básico, naquelas quatro ou cinco colunas semanais que deram certo e ficar na zona de conforto. Mas não fazemos isso. Estamos constantemente atualizando nossas colunas (semana que vem teremos o lançamento de diversas colunas novas, por exemplo). Sim, nós somos melhores do que muita gente que é paga para escrever em um blog e não consegue mantê-lo sempre atualizado e renovado. Aqui o leitor sabe que de tempos em tempos terá uma novidade: semana temática, semana comemorativa, colunas novas ou plantões em tempo real sobre assuntos que merecem maior destaque.

E tem ainda o aspecto pessoal, que a maior parte de vocês desconhece. Somir e eu somos ex-namorados e escrevemos juntos um blog de postagens diárias há quase três anos e fazemos isto funcionar. Tem gente que não consegue nem jantar no mesmo restaurante do ex. Independente do fato de ser ex, tem gente que não tolera um décimo das críticas que fazemos um ao outro aqui e começa a se vitimizar em um misto de vaidade e infantilidade. Somir e eu estamos aqui, mais unidos do que nunca. A gente segura o rojão e divide as ofensas, os elogios, os sucessos, os fracassos. Nestes três anos enfrentamos de tudo um pouco em nossas vidas pessoais: doença, cirurgia, viagens, novos empregos etc. E nada afetou o Desfavor. Todo santo dia a postagem estava lá. Não nascemos para ser vítimas, nascemos para fazer bem feita qualquer coisa que a gente faça. Mesmo que seja de graça.

Muitos de vocês não sabem, mas um período do Desfavor eu escrevi hospitalizada, em um notebook. Outro período o Somir escreveu e editou com o braço quebrado. Quem faz isso? Mesmo quando estão sendo remuneradas as pessoas adoram ter a possibilidade de parar por um tempo e colocam uma notinha dizendo que não vão poder escrever por problemas de saúde. Nós não. Quem faz isso? Pessoas que amam fazer o Desfavor. É isso que nos diferencia desse bando de blogs de texto que existem por aí: o comprometimento, a seriedade, a dedicação. O leitor sente isto, ainda que de forma indireta.

Não é arrogância dizer que os blogs de texto que estão disponíveis hoje não chegam nem aos pés do Desfavor, é mera constatação. Pesquisem e me avisem se eu estiver errada. Encontre um blog que fale sobre tudo, com o mesmo nível de informação e ousadia do Desfavor e que mantenha postagens consistentes diariamente, que esteja sempre atualizado e que seja feito por apenas DUAS pessoas em total sintonia e harmonia. Hoje em dia as pessoas se vangloriam de postagens diárias do Twitter: “escrevi duas linhas, meu cérebro dói, estou exausto.”

Impossível encontrar outro blog similar. Para que o Desfavor exista ocorreu uma confluência de fatores improvável de se repetir: duas pessoas extremamente perfeccionistas se encontraram, criaram laços, compartilharam pensamentos semelhantes e criaram um blog. Duas pessoas que postam quaisquer que sejam suas condições pessoais e quando recebem xingamentos, ofensas ou indiferença como resposta à postagem, não se importam e continuam postando. Aqui ninguém escreve pelo holofote e sim pelo prazer em fazer o blog.

Somos um blog à frente do seu tempo. Hoje somos incompreendidos (ou seria incompreensíveis?) mas tenho certeza que seremos publicados e lidos como referência depois de nossa morte. Não acho humanamente possível que alguém consiga fazer um blog como Desfavor. Aproveitem, esta é uma experiência única que ficará melhor dia após dia. A tendência é que com a falta de tempo e a rotina estressante, as pessoas busquem seu conhecimento em uma única fonte. Desfavor vai virar modelo de blog e este modelo será o principal provedor de conhecimento nas próximas décadas. Contem aos seus netos: “Foram o Somir e Sally que inventaram esta nova forma de transmitir informação, condensando tudo em um único lugar”.

Para dizer que como arrogante eu dou uma ótima dançarina de axé, para dizer que concorda com tudo mas não vai nos dar essa moral e para dizer que não vai dizer nada pois está guardando todos os comentários para o texto do Somir: sally@desfavor.com

Essa pesquisa de imagens foi traumática...Antes que alguém levante a questão de forma pouco educada, vou declarar mais uma vez que NÃO TENHO FILHOS (*batendo três vezes na madeira) e que nunca convivi ou estive perto de criar ou educar crianças. Porém acho que isso não me desautoriza a fazer alguns comentários sobre o assunto, afinal, mesmo que você não saiba dirigir e não tenha carteira de motorista, você sabe que não se deve dirigir de costas para o volante, bêbado e batendo palminhas.

Sim, os erros que os pais vem cometendo são tão graves quanto. Existem condutas que dependem de crenças pessoais, de convicções íntimas e estas escolhas eu respeito. Mas tem coisas que são senso comum, tipo permitir que seu filho assoe o nariz no casaco de veludo de uma mulher que está no metrô indo trabalhar (sim, era eu). Inaceitável. É muito mais fácil dizer sim do que dizer não, educar dá trabalho, e a grande verdade é que a maior parte das pessoas simplesmente NÃO TEM tempo nem dinheiro para criar adequadamente um filho e mesmo assim insiste em procriar. Deu no que deu.

Você pode pensar “Sally, sua filha da puta, o que você tem com isso?”. Eu te explico o que eu tenho com isso. Graças a essa horda de crianças mal educadas o mundo está se tornando um lugar insuportável. Então, cada filho mal educado me afeta indiretamente. Além de paunocuzar pessoas em locais públicos serão adultos carentes, em crise, despreparados e que votarão no Tiririca. São crianças mal educadas, criadas pela Babá, pela creche, pela rua, pela TV ou pelo computador, já que os pais quase não passam tempo com seus filhos. E por “mal educado” não me refiro apenas aos mimados sem educação, falo também dos negligenciados, dos traumatizados e de todos os demais resultados se pais sem preparo.

As pessoas fazem filho mas não estão dispostas a todas as renúncias necessárias, inerentes a uma criança. Querem ter um filho e querem levar uma vida mais ou menos igual à que levavam antes, fazendo apenas pequenos ajustes. Impossível, a menos que você seja muito rico. Uma criança vai demandar sacrifícios que muitos pais não se mostram com vontade de fazer: parar se sair por um longo período de tempo para curtir sua vida pessoal, saindo apenas em situações excepcionais, cortar algumas atividades de sua rotina porque elas não comportam crianças (em vez de levar criança de três anos de idade para shopping e restaurante de modo a que ela paunocuze não apenas os pais como todos a sua volta) e tantas outras que não teria espaço para citar. Mas não. Neguinho não quer parar, daí ou leva a criança para um programa absurdamente incompatível ou larga a criança com terceiros.

O que eu vejo são pais burros velhos largando o filho com a mamãe para sair para beber. Vejo mulheres com filhos pequenos levando namorados para suas casas, namorados que elas conhecem há poucos meses! Caralho, como pode uma mulher ser tão PIRANHA de enfiar homem dentro de casa tendo uma criança pequena! Acho que eu só levaria um homem depois de ANOS de um relacionamento muito estável! “Mas Sally, se for assim ninguém namora”. Então que não namore, minha filha. Usasse camisinha. Faz filho quem quer. Engravidar por acidente acontece, TER FILHO por acidente não. Ter filho é uma escolha e se você a fez, honre esta escolha fazendo os sacrifícios inerentes. Quer ter um filho pequeno e ter uma vida amorosa em dia? NÃO DÁ. Seu bebê vai te tomar tempo demais. Sossega o fogo no rabo e honra seu compromisso. Você abriu mão da sua vida pessoal quando pariu, ninguém te avisou não? Se for por falta de aviso, estou te avisando agora. Sua prioridade é cuidar do seu filho, EDUCÁ-LO, alimentá-lo.

Mas não. Nego chega em casa e empurra uma lasanha congelada da Sadia goela abaixo da criança. Empurra qualquer merda congelada. “Mas Sally, ninguém tem tempo de cozinhar hoje em dia, se fosse assim ninguém teria filhos”. E NÃO DEVERIAM TER MESMO. Eu sempre repito aqui: filho é para POUCOS. Quase ninguém tem maturidade emocional + dinheiro suficiente + disponibilidade de tempo para criar um filho. Quer fazer filho? Arrume essas três coisas primeiro. Mas neguinho se auto-perdoa e dá comida congelada para criança. Dá doces em troca de obediência (que deveria ser natural), do tipo “te dou uma bala se você tomar banho” – que vergonha alheia eu sinto disso! Pior, neguinho dá FUCKIN´ COCA COLA, que é um veneno, para o filho! Mulher que dá Coca-cola para uma criança em uma mamadeira deveria ter a buceta costurada com arame farpado!

O resultado? Crianças obesas. Crianças são obesas POR CULPA DOS PAIS. Mesmo que venham me paunocuzar dizendo que nem sempre quem é gordo come muito, eu respondo: se a criança está obesa sem uma dieta que justifique isso, porque estes pais não a levam a um médico? Negligência do mesmo jeito. Daí vemos essa geração de filhos que mais parecem bezerros. Isso vai afetar a saúde daquele ser humano para o resto da sua vida. Custa colocar os filhos para se exercitarem? Custa servir uma comida que não venha em lata ou em pacote? Custa promover uma alimentação regrada de três em três horas? CUSTA. Mas quem mandou ter filhos? Ter filhos dá trabalho, se não queria trabalho comprasse um hamster que morre em dois anos. Se seu filho está obeso, VOCÊ É UM PÉSSIMO PAI OU MÃE. Corra atrás, faça por onde ele não começar a vida com uma condição tão precária, ele é sua responsabilidade.

E gente que larga filho com babá, na creche ou com os avós o dia todo? Adoro estes pais maravilhosos que passam aproximadamente 10% do dia da criança com ela. Duas horas antes de sair para trabalhar e duas horas depois que volta. Sério que alguém acredita que este tempinho basta para educar uma criança? Transmitir valores, ensinar? HÁ! A pessoa não tem a menor idéia do que o filho faz durante o dia. A criança pode estar vendo o que quer na internet, na televisão ou ainda na rua. Se bobear tá até lendo o Desfavor. A criança cresce com os valores da BABÁ!

É isso que querem para o filho? Não adianta dizer que tem que trabalhar e blá blá blá, como se tudo fosse inevitável, porque se não tem tempo de dedicar boa parte do seu dia ao filho, melhor não o fizesse. Parece aquelas pessoas que compram um cachorro para não se sentirem sozinhas depois saem para trabalhar e deixam o cachorro o dia todo sozinho chorando. O que importa é que nas duas horas em que passar em casa, a pessoa não estará mais sozinha, né? Foda-se o cachorro. Aliás, chega a ser engraçado… eu já vi pessoas que dizem que não querem comprar cachorro porque não teriam tempo para cuidar porque trabalham demais fazerem filho! Tipo… não tem tempo nem para cuidar de um cachorro (passeio de dez minutos + dar ração + dar água + dar banho) mas acham que tem tempo de criar um FILHO! SOCORRO! “Mas Sally, hoje em dia todo mundo deixa o filho na creche”. Hoje em dia todo mundo está errado então. Criança que fica o dia todo na creche é criada pela creche. Você não sabe o que ela está ouvindo, aprendendo. Você não sabe quais valores ela está incorporando. Botar filho pra dormir e dar café da manhã NÃO É SER MÃE. Não sei como as pessoas não tem vergonha! Impressionante os mecanismos que encontram para se auto-perdoar.

E criança que vê televisão e/ou joga video-game o dia todo? Porque tem pais que mesmo estando em casa dão graças a Deus quando seus filhos param quietos, foda-se o que estão fazendo. Deve ser reconfortante fazer esses animaizinhos ficarem em silêncio, mas porra, quem quer ter filhos abre mão de paz e silêncio dentro de casa, então, calar o boca dos pequenos com uma quantidade de horas não recomendada destas atividades (ou com qualquer outro suborno) não parece ser a atitude de bons pais. Sentar com a criança várias horas por dia, ler um livro, jogar um jogo, praticar uma atividade física ninguém faz, né? “Mas Sally, se for seguir tudo que você recomenda, só 1% da população teria condições de ter filhos hoje!”. Exatamente. Agora você está começando a entender meu texto.

E pais que dizem “não” e quando a criança pergunta porque dizem “porque não” ou similares do tipo “porque eu quero” ou “porque eu sou seu pai e mando em você”? Muito bom. Exercitando a tirania e a impaciência. Faça isso mesmo, assim seu filho não aprende a dialogar, a associar causa e conseqüência e a negociar. E pais que permitem escândalos estilo se jogar no chão e gritar? Eles acham que se ignorar vai passar. Talvez passe, mas… e as outras pessoas que, como eu, tomam regularmente seu anticoncepcional para NÃO TER QUE ESCUTAR GRITO DE CRIANÇA e tem que ser obrigadas a aturar grito da prole alheia? Bonito, hein? Não tem vergonha não? Eu teria. E filhos que gritam com os pais? E filhos que xingam os pais? E mãe que responde “Fulaninho, não fala assim que a mamãe fica triste”? É o fim do mundo. Se você não tem tempo nem paciência de dar esporro um milhão de vezes até a criança aprender, não faça filho.

Fazer filho nesse esquema que as pessoas estão fazendo hoje em dia é FÁCIL. Nesse esquema eu teria até dois ou três filhos. Mas infelizmente sou muito responsável e tudo que faço na vida gosto de fazer bem feito (semana passada fiquei um dia sem postar e não consegui dormir porque me senti mal), então, eu teria VERGONHA, CULPA E REMORSO de colocar uma criança neste mundo para vê-la poucas horas por dia, dar comida congelada e sair para me divertir deixando-a com a minha mãe. Aliás, as avós não merecem isso, elas já criaram seus próprios filhos, sacanagem empurrar uma segunda rodada!

Provavelmente você que faz estas coisas narradas no texto vai encontrar trocentos mecanismos para se auto-confortar e se auto-perdoar: “sou mãe solteira, o que eu posso fazer?” Ou ainda “meu filho é feliz assim” ou ainda “hoje em dia a realidade é outra, todo mundo cria filho assim”. Uma coisa eu te garanto: todas as desculpas esfarrapadas que venham a ser ditas orbitam em torno de uma premissa falsa: a de que TEMOS QUE TER FILHOS. Não, não temos. Ter filho porque quer ter filho mesmo sem condições de ter filho é uma das coisas mais escrotas que um ser humano pode fazer. E a maior parte deles faz. Nesse ponto, a culpa é muito mais das mulheres do que dos homens, porque quem decide se tem filho ou não acaba sendo a mulher e ela sabe que a responsabilidade maior na educação da criança vai caber a ela (é ela quem amamenta, é ela quem via de regra fica com a guarda da criança em caso de divórcio, etc).

Então, cabe a aquele que será o principal responsável pensar bem e decidir. Tem que começar a pensar no assunto a partir da primeira menstruação. Tem que parar de comprar essa lógica do capitalismo que romantizou ter filhos porque precisa de excedente de população. Tem que ter autonomia para se perguntar se ter filho é mesmo esse sonho dourado que vendem. Tem que saber que às vezes por mais que queira, não dá para ter e aprender a sublimar a frustração.Tem que ponderar RACIONALMENTE se efetivamente tem condições de ter um filho.

Quem se deixa guiar por hormônio é bicho, gente pensa, ou deveria pensar. Se bater um furor uterino para ter um filho tem que pensar RACIONALMENTE se há condições de criá-lo e não ligar o foda-se e pensar que vai dar um jeito. “Mas Sally, não tenho tempo, muito menos dinheiro e ainda assim ter um filho é meu sonho!”. Meu sonho é ter um castelo e eu sei que nunca vou poder realizá-lo, porque castelo se herda, não se compra. Comprar castelo é brega. As pessoas tem que deixar de ser mimadas e aprender a ajustar suas expectativas. Eu quero um monte de coisas que não posso ter. De dois um: ralo até criar condições para ter e só então tenho ou busco novos objetivos. Ter a qualquer preço é egoísmo, irresponsabilidade e escrotidão.

Colocar uma criança no mundo para ficar fora de casa o dia todo trabalhando é egoísta demais. Se você não pode ver isso, seu desejo e seu egoísmo te cegaram. Se você acha normal sair de casa às nove da manhã e voltar às sete da noite e acha que dedica tempo suficiente a seu filho pequeno, eu te acho uma FILHA DA PUTA EGOÍSTA. Se você acha normal levar seu namorado recente na sua casa ou sair com seu namorado todo sábado à noite tendo um filho pequeno em casa, eu te acho uma PIRANHA MUITO DA ORDINÁRIA e ele provavelmente também, mas não vai falar na sua cara – apenas nunca terá um filho com você. Se você se dá ao luxo de ficar chorando pela casa por causa de homem tendo um filho pequeno para criar eu te acho uma IMBECIL DESPREPARADA que deveria saber quais são as prioridades da sua vida.

A palavra é essa: PRIORIDADE. Filho tem que ser PRIORIDADE. Não trabalho, não namorado, não vida pessoal, não você. Isso aí. VOCÊ fica em segundo plano. É a única hipótese onde eu acho necessário amar alguém mais do que a você mesmo. Se você não puder deixar você mesmo, trabalho, namorado, vida pessoal, vida afetiva em segundo plano, faça um favor ao mundo: não procrie. “Mas Sally, se eu deixar minha vida profissional de lado eu morro de fome!”. Ahhh… você depende do seu trabalho para sobreviver? Lamento. A menos que você trabalhe em casa ou em uma carga horária muito pequena, VOCÊ NÃO VAI TER TEMPO PARA CRIAR UM FILHO. Toda mãe vai FALAR que seu filho é sua prioridade, mas poucas vão mostrar com ATOS que isto é verdade.

Infelizmente a maior parte da população brasileira tem filho no “a gente dá um jeito”. É o jeitinho brasileiro… até mesmo na hora de criar sua prole. Como pode uma coisa séria dessas ser tocada aos trancos e barrancos? E não falo de pessoas pobres não! Tem muita gente classe média que se comporta de forma irresponsável também, mas se auto-perdoa porque hoje em dia “todo mundo cria filho assim” e “se não for assim, não dá para ter filho”. NÃO TENHA, CARALEO! QUAL É A DIFICULDADE? QUER QUE EU DESENHE?

O planeta está superlotado. Não vai ter água nem comida para todos em um futuro mais ou menos próximo. Pense bem se você precisa contribuir com isso. Ter um filho é obrigação para o resto da vida e as restrições que você vai ter não é você quem escolhe e não podem ser negociadas. TENHA A DECÊNCIA E A VERGONHA NA CARA de não botar um filho no mundo se não tiver tempo, dinheiro e disponibilidade para criá-lo. Foda-se se é seu sonho, arrume um sonho novo.

Não dá para ter filho sem abrir mão de quase tudo na sua vida. Tudo vai cair de produtividade: sua vida profissional, sua vida amorosa, etc. E você tem que ESTAR FELIZ com isso. Tem que só ter olhos para a criança, só pensar na criança. Colocar a criança em primeiro lugar. Nem sonhar em viajar um final de semana com namorado, mesmo que seu filho tenha dez anos de idade. Nem sonhar em dormir fora de casa. Nem sonhar em fazer muita coisa que você fazia. Porque vai por mim… toda a negligência que você praticar na infância você vai pagar com juros e correção na adolescência. Custa caro, muito caro. Mas tudo bem, advogados precisam sobreviver, né? Nenhum cliente solta dinheiro com tanta facilidade do que pais classe média que querem tirar o filhão da delegacia ou do presídio. Pagam melhor que rico. Pagam adiantado e em dinheiro. Vendem o carro, pegam dinheiro emprestado *barulho de caixa registradora. Pensando bem, continuem criando seus filhos desse jeito de merda mesmo. Não tá mais aqui quem falou!

Para me xingar, para me xingar mais e para me xingar mais ainda achando que se me detonar meus argumentos perdem credibilidade: sally@desfavor.com

ALELUIA!Você já se arrependeu? Eu também não, mas aparentemente ainda temos tempo. Dia 21 de maio deste ano começa o Julgamento! Gezuiz descerá à Terra com seu caderninho de anotações divino e vai decidir se você foi um bom ou mau menino. Ou menina. Mas se eu fosse mulher não teria muitas esperanças, a religião cristã tende a jogar a culpa de tudo nelas.

E se você está achando que eu sou maluco, devo te informar que não sou apenas eu que estou dizendo, a informação é quente e foi retirada diretamente da Bíblia através de complexos cálculos matemáticos que não fazem o menor sentido. Pelo menos é o que diz um grupo de lunáticos americanos que cravou a data sem a menor sombra de dúvida. E isso gerou uma razoável atenção não só de fanáticos como da mídia sem nada melhor para comentar.

Se você quiser se divertir, aqui vai o link que te explica melhor. Mas eu te aconselho a fazer como eu e esperar para vê-la dia 22. Vai ser mais engraçado.

Evidente que eu não vou sequer me dar ao trabalho de discutir os buracos na teoria, seria bater palma para maluco dançar. Mas esses assuntos de Dia do Julgamento e Fim do Mundo sempre rendem uma análise mais complexa sobre a fascinante habilidade humana de não fazer a porra do menor sentido.

Tem muita gente nesse mundo que realmente acredita que um dia desses sua divindade preferida vai fazer uma entrada triunfal pelos céus para punir os infiéis e premiar as ovelhinhas obedientes. E não estou falando apenas de quem vai passar o dia 21 todo na expectativa, até mesmo pessoas um pouco mais racionais (nesse caso, até um poste é mais racional) nutrem essa idéia de Dia de Julgamento.

E não é só a baboseira típica da religião, é uma das fundações dela: A TARA que o ser humano tem por ser julgado. Somos seres sociais com a noção, mesmo que inconsciente, que nossa percepção da realidade não passa de uma ilusão. De uma certa forma, o olhar externo é o que valida nossa existência. Sem a opinião alheia, você é a árvore que caiu no meio da floresta. E ninguém parece gostar da idéia de que ninguém vai ouvir o som…

A idéia de divindade observando e julgando nossas ações é o que protege a maioria absoluta da humanidade do pensamento enlouquecedor sobre o propósito da nossa existência. Talvez não seja verdade para você como indivíduo, mas para o grupo como um todo existir é ser julgado. E é muito por isso que religião demora tanto para sumir, mesmo com o aumento exponencial do conhecimento médio do ser humano. A divindade que julga é o dedo tapando o buraco na represa.

Só que a humanidade não está tão preocupada assim com questões filosóficas. Não é apenas a segurança de ter um parâmetro externo para validar sua existência, é muito mais a vontade de buscar a felicidade em forma de vantagem e recompensa (SPOILER: O sentido da vida é gostar dela.).

A pessoa acredita que esse julgamento “maior” vai favorecê-la. Ela quer ser julgada desde que seja considerada inocente. Cada maluco religioso que espera o “fim dos tempos” o faz para ser salvo enquanto outros sofrem punições horríveis. O ser que tudo pode e tudo sabe está obrigado a julgar suas criaturas de acordo com um conjunto de regras arbitrário o suficiente para ser questionado por uma criança.

Mas não é a lógica que interessa. A lógica não permitiria nem a existência de tal “juiz” para começo de conversa. O que realmente está em jogo aqui é uma razão para que um ser humano possa segregar outro. A jogada é transformar as idéias desconexas no cerne de cada religião em base de comparação entre duas ou mais pessoas.

O Dia do Julgamento é o dia em que as pessoas esperam receber uma sentença inapelável de que são melhores do que os outros. O ser humano precisa de parâmetro externo. Não basta acreditar que é melhor, alguém tem que chancelar.

A ironia aqui é que a mera expectativa de um julgamento cósmico sobre quem é bom ou ruim é de um egoísmo e crueldade que jamais teriam lugar num Paraíso. Se é essa gente que vai subir, GRAÇAS A DEUS que eu sou um dos que fica. Imagina só passar a eternidade com um bando de gente com complexo de superioridade sem nenhuma qualidade para bancá-lo?

E se eu falo de crueldade, é pela idéia de que muitos dos condenados jamais tiveram chance de se adequar às regras incoerentes pelas quais esse julgamento se pautaria. Se baixasse um ser mágico dizendo que essa existência era um teste e somente quem enxergasse além da estupidez da religião humana poderia receber a recompensa de felicidade eterna, eu ficaria furioso com ele. Seria absurdamente injusto considerando que quase todo mundo nesse planeta nasce em berço pobre e dificilmente tem acesso ao estudo. Se a pessoa nasce condenada, não é julgamento!

Aliás, é de doer que eu, ateu convicto, tenha mais fé nesse deus do que a maioria dos seus seguidores. Porque eu, mesmo aceitando sua existência por pura diversão argumentativa, o coloco num patamar de inteligência e ética incrivelmente mais elevado do que a ovelha média. Parece que as pessoas imaginam a Terra como uma espécie de cassino cósmico onde seu deus aposta utilizando almas como fichas. O Dia do Julgamento seria o momento onde ele decidiria que ganhou (ou perdeu) o suficiente e voltaria ao caixa para descontar o que conseguiu acumular.

Se o ser infalível fizer seu julgamento em QUALQUER dia que não for o que ele tiver conquistado TODAS as almas possíveis, ele não é infalível. Ou admitiu a derrota ou ficou com medo de perder o que já conquistou. Não deveria mais ser surpreendente, mas não deixa de me impressionar como esses deuses são reflexos perfeitos dos seres que os inventaram. O ser mais poderoso do universo tendo crise de insegurança e botando para foder a maior parte dos seus filhos queridos só para não dar o braço a torcer. É de uma mesquinharia e falta de caráter nauseante. Eu tenho padrões mais elevados até para escolher colegas… Ô povinho para se contentar com pouco.

Mas como seu deus é um babaca, as pessoas ganham passe livre para serem, elas mesmas, tão ou mais babacas quanto. Deus é desculpa para segregar e se sentir superior. Impossibilitados de expressar essa opinião por repressão social (falar vale mais do que agir) ou pela incapacidade de dar sustentação (sua maior qualidade é ser humilde? parabéns, você não tem qualidades… anta!), buscam refúgio na suposta concordância de um ser imaginário.

Caralho… o que foi que deu errado? A mente humana é capaz de muito mais do que uma asneira egoísta dessas.

Bom, essa foi uma pergunta retórica. Eu sei o que deu errado: A mente humana é capaz de muito mais que uma asneira egoísta dessas. A necessidade de aprovação externa está presente na maioria dos seres vivos que se reproduzem sexualmente. Um besouro também compete com seus iguais dentro de uma série de parâmetros pré-definidos para ser visto como o melhor de todos. Isso não é tão especial assim.

O que fizemos com essa necessidade é que é impressionante, e às vezes, horripilante. Criamos toda uma indústria de parâmetros de julgamento. O gorila precisa ser mais forte, o pavão precisa ser mais bonito, o pinguim precisa ser mais resiliente… Mas o ser humano cria novos parâmetros para ser julgado a cada dia que passa. O mercado comporta mais do que meia dúzia de julgamentos baseados apenas em pré-disposições genéticas.

A grande jogada é criar quantos padrões de julgamento quanto forem necessários para todo mundo poder ganhar alguma coisa. TODA a indústria de supérfluos é baseada nisso. “Você se sente uma merda? Nós criamos uma nova categoria para julgar pessoas onde você vai ser o melhor!”

É isso que vende carro esportivo, é isso que vende roupa de grife. A noção de se adequar a um conjunto de regras que te permitem ser julgado de forma mais favorável que outro ser humano. É por isso que eu digo e repito tantas vezes que publicidade te vende problemas. Cada produto que te mostram como a oitava maravilha do mundo nada mais é do que um novo conjunto de regras pelas quais você vai ser julgado. Ter o produto é ser julgado de forma favorável.

A publicidade e a religião não jogam nesse campo à toa. O que ambas desejam é fazer pessoas acreditarem que precisam convencê-las a serem inocentadas. E, Gezuiz, como o povo abraça a causa.

Por incrível que pareça, o cara que compra um carrão para se sentir mais jovem e o que vai à igreja para se salvar no Dia do Julgamento estão fazendo a mesma coisa: Falando o que juiz quer ouvir.

O julgamento é o fetiche humano mais comum. Quase qualquer atividade que envolva o conceito atrai atenção. Seres humanos definindo padrões de aceitação para outros seres humanos (seja um show de calouros com jurados ou um reality show com votação pública… é o julgamento que vende).

Um dos esquemas mais bem planejados nesse sentido (não à toa um dos mais antigos) é o que o exemplo do texto de hoje trata. Para entrar no rol de beneficiados pelo julgamento religioso, basta acreditar no que ela prega. E se quiser ser inocentado no último minuto, independentemente do crime, basta se arrepender. E muito mais do que a graça de ser salvo, é a graça de saber que outros vão ser culpados. Essa é a verdade inconveniente que poucos religiosos vão ter coragem de assumir.

Se todo mundo é especial, não tem nada demais nisso. Pode acreditar que no fundo das almas puras que esperam a salvação está o desejo de ver outros indo para o inferno sofrer pela eternidade. Esse povo que acha o máximo dizer que Jesus voltará para julgar as pessoas quer mesmo é ver o circo pegar fogo por acharem que apostaram no número certo. Igualzinho o deus apostador no qual acreditam.

Até porque se forem se concentrar nas possíveis benesses de estar do “lado certo”, a coisa começa a ficar difícil de apreciar. Num paraíso, todo mundo é feliz pela eternidade. Todos são iguais. Essa mesma humanidade que SE CONSTRUIU em volta do conceito de vender parâmetros de julgamento, contentando-se com igualdade? Faz-me rir.

E se o ser mágico que toma conta desse paraíso apelar tirando a humanidade de seus beneficiados, vai estar admitindo erro no projeto inicial. Se precisamos ficar dopados para apreciar o paraíso, que merda de paraíso é esse? Bacana mesmo é ver os outros se fodendo.

Religião depende 99% do inferno e 1% do paraíso. E no final das contas, é isso que vende. O Dia do Julgamento vai continuar chegando vez após vez, ele é ÓTIMO para os negócios.

Para fazer o seu papel nessa sociedade e julgar o meu texto de acordo com padrões que reforcem sua noção de que vai ser inocentado neste grande tribunal imaginário que é a vida: somir@desfavor.com