SOMIR: E aí ele vomitou em tudo… Vergonhoso.
SALLY: Hahahaha…
SOMIR: Pior que foi azar mesmo do pessoal ter chegado àquela hora. Ele quase saiu ileso.
SALLY: Ué, ia vomitar em tudo do mesmo jeito.
SOMIR: Mas sem testemunhas não existe nojeira.
SALLY: Discordo.
SOMIR: Poderia me dizer seus argumentos?
SALLY: Claro, em primeiro lugar…

*uma hora depois*

SOMIR: É a sua! Maluca da porra!
SALLY: Seu ridículo! Escroto! Nojento!
SOMIR: Bom, preciso dormir. Tenha uma boa noite.
SALLY: Você também. Isso vai virar “Ele disse, ela disse”, viu?
SOMIR: Presumi… Beijo!
SALLY: Beijo! Porco…
SOMIR:

ASSUNTO DA SEMANA: A TEORIA DA RELATIVIDADE SUÍNA DE SOMIR
Só existe porquice se alguém estiver vendo?

Imagino que pelo teor da fúria da Sally depois de tomar (mais) um nó argumentativo meu, isso vá desencadear uma série de ofensas em suas coluna de hoje. Imagino também que nosso público vá preferir a versão mentirosa dos fatos que ela vai contar, já que é a mais engraçada. (E eu admito que é…)

Se uma pessoa solta um peido numa floresta e não tem ninguém para presenciar, ele fede?

A humanidade é extremamente porca. A única coisa que nos impede de cutucar o nariz, arrancar uma meleca enorme e grudar na parede é a reprovação social. Pode vir fazer alarde nos comentários, dizendo que não faz nenhuma coisa nojenta quando está sozinho(a), não faz diferença. Todo mundo faz, todo mundo diz que não. É assim mesmo que funciona.

Não importa o que você diga, você sabe que faz coisas horríveis quando ninguém está observando. Eu posso quase imaginar o sorriso que está brotando no seu rosto agora, leitor ou leitora. Um sorriso que mistura aquela sensação de “não estou mais sozinho(a) no universo” misturado com uma boa dose de prazer proibido. Relaxe. Todo mundo é porco.

Aposto que até a Sally deve estar com esse sorriso criminoso em sua face agora.

Mas, se tiver mais alguma pessoa do seu lado agora, lendo isso junto com você, eu aposto que esse sorriso vai mudar para um olhar de desaprovação. Opa! Não faz bem para sua imagem social admitir que masca o chiclete após brincar com ele entre os dedos, que eventualmente olha para o papel higiênico, que limpa o nariz sem usar um papel, que gosta do cheiro do próprio peido, que adora a sensação de acordar com aquele fio de baba saindo do travesseiro, que dá aquele “confere” no sovaco mesmo sabendo que a situação está calamitosa, que cutuca seu umbigo e não resiste a tentação de saber qual o odor daquela pelotinha de fibra de tecido que caprichosamente se instala por lá, que não se toma de pudores desnecessários quando precisa se aliviar em locais que não são apropriados para tal…

E isso é para ficar na escala das porquices mais leves.

“Nossa, Somir, você faz tudo isso e mais?”

Claro que não. Assim como a Sally e você, leitor ou leitora, eu não tenho NENHUM comportamento nojento. Jamais! Nunca! Mas alguém… outras pessoas… fazem isso o tempo todo. Todo mundo é porco menos a gente, certo?

Talvez você não faça nada do que eu mencionei. Talvez você faça tudo isso e ainda faça esculturas de merda escondido(a) no banheiro. Se tem uma coisa na qual nós humanos somos ótimos é apontar e jogar pedras nos outros para nos safarmos de nossos próprios pecados.

Eu não quero defender que as pessoas DEVEM ser nojentas, eu quero defender o ponto de que as pessoas SÃO nojentas. Já reparou no seu corpo? Você excreta todo tipo de substância nojenta e mal-cheirosa, desde o nascimento até a morte. E você é fascinado por elas… Isso começa na mais tenra infância e se não for combatido durante sua criação, não desaparece magicamente.

Higiene não é apenas questão de saúde, mas também é questão social.

Na China as pessoas nunca foram incentivadas a parar de cuspir na rua até pouquíssimo tempo atrás. E não são poucos os relatos de ocidentais enojadas por este hábito deles. Ninguém precisa esconder isso, ninguém precisa se controlar, é socialmente aceitável.

Índia? As pessoas nadam no rio Ganges e acham lindo. O rio é o esgoto e cemitério de uma das cidades mais populosas do mundo. As crianças não são punidas se entrarem ali. As pessoas urinam e defecam naquele rio, a céu aberto. Nada demais.

Na Europa os banhos não são tão populares assim. Principalmente nos países mais frios. Hoje em dia as coisas são bem melhores, mas na Idade Média algumas pessoas passavam a vida toda sem tomar um banho de verdade. Simplesmente não havia nenhuma pressão social para fazer isso, muito pelo contrário.

“Mas isso é nojeeeento, Somir!”

Claro que é! Nadar num rio cheio de merda ou passar anos sem tomar banho é sabidamente algo perigoso, a maioria das pessoas com um mínimo de educação sabe disso. Agora… Cheirar o próprio chulé é perigoso para a saúde? Mijar no vaso daquela samambaia da vizinha vai matar alguém? Grudar um chiclete embaixo da mesa do McDonald’s transmite alguma doença?

São coisas reprováveis SOCIALMENTE. Por uma série de motivos que me custariam mais do que duas páginas para definir. Nem todas as coisas nojentas são insalubres. E essas, justamente essas, são as que todo mundo faz quando ninguém está olhando.

Desde que você finja bem e consiga jogar pedras em outra pessoa (leia o texto abaixo), as pessoas vão acreditar que você é um bastião da higiene e dos hábitos socialmente aceitáveis.
(Até mesmo se você acha suuuuuper normal que um cachorro lamba sua cara depois de ter limpado o próprio ânus.)

Só existe porquice com testemunhas. Irresponsabilidade com a própria saúde cobra sua dívida de qualquer forma. São duas coisas diferentes.

Eu deixo uma sugestão para nossos leitores e leitoras: Postem anonimamente dizendo o que vocês fazem de nojento quando ninguém está olhando.

Claro, puro exercício de imaginação… Porque NINGUÉM aqui JAMAIS, EM TEMPO ALGUM fez alguma coisa porca e reprovável.

Para me chamar de porco nojento, para dividir histórias escabrosas sobre seus hábitos solitários, para perguntar porque eu queria chamar essa coluna de “bunda suja falando do rabo mal-lavado”: somir@desfavor.com


Acho bom quando as pessoas resolvem mostrar a carinha. Madame hoje resolveu começar a mostrar um pouco da sua verdadeira personalidade. Se aqui ele parece de bem com a vida, engraçado e piadista, na vida real não é bem assim que a banda toca. Tirano, ranzinza e dado a surtos de isolamento, essa teoria trazida a debate reflete muito bem o seu dia a dia: ele vive na Somirlândia, um mundinho todo especial, só dele.

Nada contra, se ele não obrigasse quem entra na sua vida a entrar na Somirlândia também. Se quiser conviver em paz, você deve não só entrar na Somirlândia, como aprender e respeitar as regras que valem por lá, completamente diferentes das regras do mundo real.

Pois então… uma das regras da Somirlândia é essa: se não tiver ninguém olhando, você pode fazer a nojeira que for, porque ela não é condenável e você não é porco. O que é considerado ruim, não é a nojeira em si, e sim você SER VISTO fazendo. Caiu um brigadeiro no chão, cheio de pêlos de gato? Se não tiver ninguém olhando, pode comer sem problemas! (afinal, se você passar mal depois, vai ter uma imbecilóide para cuidar de você). Não tem ninguém olhando? Mije na pia em vez de mijar na privada! Só é errado se alguém te flagrar, foda-se se no dia seguinte a pessoa vai lavar o rosto naquela pia!

Se ninguém viu, não existe. Noções básicas de higiene nem pensar, né? Madame não deixa de fazer as nojeiras porque é anti-higiênico ou até mesmo prejudicial para a saúde, ele deixa de fazer só para os outros não reclamarem. Logo, se ninguém presenciar, pode fazer sem problemas.

Em primeiro lugar, a gente nunca sabe quem está nos vendo, ainda mais hoje em dia, onde tudo quanto é canto é cheio de câmeras. Em segundo lugar, mesmo que ninguém esteja olhando, por uma questão de higiene pessoal e até mesmo de saúde, muitas coisas não se fazem nunca. Em terceiro lugar, existem grandes chances de você repetir o comportamento porco na frente de terceiros um dia que esteja mais relaxado ou desatento (vide o grande-arroto-na-cara-do-chefe, que eu já contei aqui para vocês).

Ocorre que, na Somirlândia, a população local (um habitante) peca pelo excesso de confiança. Você pode ACHAR que ninguém está te vendo, mas alguém pode estar vendo sim. Foi assim no sofrido episódio da pia, onde eu levantei no meio da madrugada para tomar um copo de água e me deparo com Madame, de porta entreaberta, mijando na pia do banheiro. Isso rendeu bastante e até hoje essa fama o acompanha. Fama de porco do caralho.

A pessoa que faz uma coisa porca, é porco, independente de platéia. Ou por acaso alguém aqui duvida que uma pessoa que tire melecas do nariz e depois as coma, trancado no banheiro, no escuro, deixa de ser porco? É porco. Se o sujeito come o cu do porteiro, depois limpa o pau na cortina e vai comer uma mulher, ele deixa de ser porco só porque a mulher não sabe?

Ser porco é bem mais do que alguns atos isolados. Ser porco é um estilo de vida, que, mais cedo ou mais tarde, deixa pistas, por mais que a pessoa pratique suas porcarias escondido. A porcaria em si pode até passar despercebida, por ter sido praticada na encolha, mas suas conseqüências não. Porco, porco, porco.

Lembrei agora do avestruz, que quando acha que está em perigo enfia a cabeça em um buraco no chão. Tadinho, ele tem um cérebro tão pequenininho que não percebe que só porque não está vendo nada, não está imune às conseqüências. Ele acha que o não ver protege e basta. Uma pena que alguns seres humanos também pensem assim.

É o mesmo raciocínio que alguns retardados emocionais aplicam para chifre: se ela não viu, não tem problema algum. Ora… tem problema SIM! É escroto SIM! Quer dizer que pode sair fazendo merda desde que a pessoa não saiba? Que falta de consideração do caralho, hein?

“Mas Sally, o chifre afeta diretamente minha parceira, se eu for porco não, o problema é só meu”. Meu CARO, sua parceira beija você, faz sexo com você, bebe no mesmo copo que você, etc. Afeta sim, intimidade com gente porca é complicado. Mais complicado ainda quando você achava que a pessoa era higiênica e descobre depois de um tempo quão porco ele é (mijando na pia em que você lava o rosto, por exemplo).

Um ou outro hábito considerado porco, todo mundo tem. A questão é não se acomodar com esse habito se auto-enganando com pensamentos do tipo “vou continuar fazendo sem problemas, afinal, se ninguém viu, não é porcaria”. Validar a própria nojeira é o cúmulo do auto-perdão!

Para chamar o Somir de porco do caralho, para me perguntar sobre outras nojeiras que ele fazia e para sugerir temas: sally@desfavor.com


Se você tem um desfavor de texto e quer vê-lo postado aqui, basta mandá-lo para desfavor@desfavor.com
Se nós temos coragem de postar nossos textos, imagine só os seus…

CONSUMISMO PATOLÓGICO

Sou carioca, amiga pessoal da Sally e psicóloga. Fiz minha tese de mestrado e estou fazendo a de doutorado com o tema consumismo patológico e fui convidada para falar um pouquinho do assunto por aqui, afinal, consumismo patológico é um grande desfavor. Autorizei a Sally a editar meu texto caso fosse muito técnico, espero que esteja compreensível.

A relação de consumo mudou ao longo das décadas. Inicialmente as pessoas consumiam pelo prazer de ter, de possuir. O prazer da compra estava ligado ao valor que aquele objeto agregava à pessoa e a seu patrimônio. Mulheres se realizavam consumindo produtos de sua realidade: geladeiras e outros eletrodomésticos. Com o passar do tempo, o perfil de consumo da nossa sociedade foi sendo modificado. A mulher entra no mercado de trabalho e seus desejos de consumo sofrem modificações. Ela não cobiça mais a geladeira, cobiça bolsas, sapatos, roupas e jóias. Atualmente eu me arrisco a dizer que em matéria de consumo, o homem se afirma pelo carro e pelos eletrônicos e a mulher se afirma pela bolsa e pelos sapatos.

Acontece que hoje não se consome mais para ter. A nova moda do consumismo é ostentar. Não importa mais o ter e sim que os outros pensem que você tenha. Quando estava escrevendo minha tese de mestrado estourou a moda das lojas que alugam bolsas de marca. Fui investigar. Entrevistei donas e usuárias e o aluguel custa em média R$500,00, isso mesmo: quinhentos reais. Por quinhentos reais é possível comprar várias bolsas lindas, então, porque alguém gasta quinhentos reais para uma bolsa que vai ter que devolver?

Pela etiqueta. Pelo status de ostentar em uma festa ou em uma entrevista de emprego uma bolsa com a marca Prada, Fendi, e similares. A estas mulheres não interessa possuir estas bolsas, interessa que as outras mulheres — porque homem não repara nisso — pensem que elas as possuem. Não podem comprar uma bolsa dessas porque custam valores astronômicos, no entanto, querem que os outros pensem que podem.

O que isso nos conta sobre a sociedade moderna? Essa preocupação excessiva em aparentar o que não é mais uma busca inocente por aceitação. Cruzamos essa linha. Mais parece busca pela admiração e pela inveja alheias. É o novo mundo brega, onde todos querem ser celebridade, todos querem glamour, todos querem seus cinco minutos de fama. Então, para ser o centro das atenções, para ser invejada, eu alugo uma bolsa cara que nunca poderia pagar e desfilo com ela por alguns dias.

As pessoas estão tão insatisfeitas e vazias que precisam recorrer a esse tipo de transação insensata. Porque o olhar do outro sobre nós nos preocupa tanto? Somos o que somos e não o que o outro acha que somos. Mas atualmente as pessoas não tem muita certeza do que são e se buscam no olhar do outro. Quando se tem sua identidade condicionada ao olhar do outro, se faz tudo que for possível para conquistar e seduzir esse outro — não no sentido sexual — e com isso, se cria um efeito bola de neve onde nos vemos obrigadas a fazer uma constante manutenção de uma mentira que não somos, mas que queremos vender que somos. Partindo dessa premissa que só conseguimos nos ver pelos olhos dos outros e de que nosso Eu Social é mais importando do que o real, consegui entender porque tantas mulheres consomem de forma predatória, gastando mais do que ganham, se tornando o que os advogados chamam de superendividados. Culpar a mídia seria a saída mais fácil. Eu não sou mulher de saídas fácies. Sem dúvidas a mídia tem sua parcela de culpa, empurrando produtos cujo preço real e preço de mercado são absurdamente díspares — hoje se paga pela marca e não pela qualidade do produto — e convencendo mentes mais fracas de que precisam daquilo para serem felizes e completas. Mas a culpa não é só da mídia.

Buscar a felicidade em uma compra é muito fácil e cômodo. É uma fonte imediata. Quando compramos algo que desejamos se inicia uma série de reações químicas no cérebro muito similares à do usuário de drogas que consome a droga. Há liberação de substâncias que dão a sensação de prazer. Com este alívio imediato, poucas pessoas ainda procuram a felicidade da forma convencional: batalhando por uma relação afetiva saudável, aproveitando bons momentos com a família, curtindo seus filhos, batendo um papo com amigos, etc. Por quê? Porque essas formas convencionais tem uma demanda de manutenção muito maior do que uma compra! Levam tempo, esforço e trazem um risco de frustrações. Cultivar laços amorosos e afetivos é uma tarefa trabalhosa, árdua e muitas vezes dolorosa. Então, é muito mais simples pegar um cartão de crédito e comprar aquele vestido.

O problema é que o bem estar da compra passa pouco tempo depois de realizada a compra. E o cérebro pede mais. É preciso liberar substâncias de prazer de alguma forma. Vem a falsa sensação de que precisamos daquele sapato. Tudo um truque do nosso cérebro para se entorpecer. Claro que fatores externos podem piorar o quadro: pessoas carentes, frustradas, solitárias, com baixa auto-estima e outros problemas acabam fazendo das compras seu porto seguro, sua dose garantida de felicidade.

Todas as mulheres que entrevistei me passaram uma impressão de futilidade, de vida vazia. Não falo de cultura ou de grau de escolaridade, falo da riqueza individual de cada um, da experiência de vida, dos valores. Mal comparando, da mesma forma que o homem frustrado afoga as mágoas na bebida, a mulher frustrada afoga as mágoas nas compras. É uma forma de não ter que lidar com o problema, de varrer a sujeira para debaixo do tapete. As pessoas vítimas desse consumismo predatório chegam a apresentar sintomas similares aos apresentados pelos viciados em abstinência quando não podem comprar. Nos casos extremos as compras não são auto-indulgências ou caprichos, são uma necessidade patológica, vulgo doença.

O mais grave é que as pessoas acham inofensivo e estimulam o consumo. É engraçadinho dizer em uma roda de amigas que comprou algo muito caro ou que gastou metade do dinheiro no shopping:

– “Amiga, hoje fiz uma loucura!”.

Deveria ser vergonhoso perder o controle desta forma, no entanto, é socialmente aceito. Aceito e estimulado. Não adianta lutar contra, esses são os novos valores e eles já estão criando raízes na atual sociedade. As chamadas Indústrias do Luxo faturam milhões todos os anos. A Daslu compra vestidinhos de oito dólares feitos com a mão de obra escrava de crianças asiáticas, coloca a etiqueta deles e vende por R$800,00 e as pessoas compram, para mostrar para as mulheres que as cercam que usam uma roupa da Daslu.

A solução? Conversando com a Sally — como é bom ter amigas não-consumistas que ainda cultivam o cérebro e sabem conversar — chegamos à conclusão que não há solução. Por mais que tratem estas mulheres que sofrem de consumismo patológico como doentes — que o são — ameniza-se o sintoma mas não se alcança a raiz do problema, que só poderia ser alcançada com um tratamento psicológico profundo ao qual elas não estão dispostas a se submeter e mesmo que estivessem, não teriam condições de aprofundar, pois são, por sua essência, pessoas fúteis e superficiais, que não sabem ou não conseguem aprofundar nada em suas vidas.

Vamos todos refletir por cinco minutos que valores são esses que andamos cultivando. Vamos tentar passar isso para nossos filhos. Que sociedade é essa de aparências que estamos criando? De supermodelos, de bolsas no valor de um carro, de relações afetivas precárias e superficiais, onde você é o que você tem. A verdadeira riqueza do século XXI não será o dinheiro, os bens e nem tampouco a informação — banalizada pela internet — e sim o poder de adaptação a um mundo em constantes mudanças e quebras de paradigma. Quem for criativo e souber se adaptar sobreviverá, os demais, ficarão obsoletos. Devemos investir mais em nós mesmas, como pessoas, e menos nas compras.

Termino o texto com uma frase da Sally, em resposta às minhas sugestões de tratamento:

– “Elas não querem ser tratadas nem curadas e é melhor que não sejam mesmo, porque mulheres assim não vão conseguir achar felicidade em mais nada, se você tirar as compras, elas serão infelizes. O melhor que você faz por elas é arrumar um marido rico para cada uma!”

Será?

Odalisca da Comunidade CF VIP

A frase que intitula esta coluna foi cunhada pelo desfavor-mór Paulo Maluf há 20 anos atrás, durante uma campanha presidencial. É considerada uma das maiores gafes políticas da história brasileira, e isso quer dizer muito.

A Igreja Católica, representada pelo Arcebispo de Olinda – dom José Cardoso -, acaba de repetir a mesma argumentação ao excomungar todos os envolvidos no aborto (absolutamente legal e necessário) dos fetos carregados por uma criança de 9 anos de idade que foi violentada pelo padrasto. Repete porque o único que vai sair “ileso” das punições religiosas é justamente o estuprador.

Não há ninguém mais errado nesse caso do que o padrasto da garota. Casos como esse, infelizmente, são muito freqüentes no Brasil. Muitas crianças estão sofrendo abusos parecidos com esse, mas poucas conseguem se livrar dessa situação antes de chegar à adolescência. (Algumas nem assim.)

O caso de qual falamos hoje só chegou a uma conclusão porque a garota engravidou, de gêmeos, aos 9 anos de idade. Sentindo dores, foi levada pela mãe até um hospital, onde para surpresa geral, foi constatada uma gestação de quase quatro meses. Nem preciso dizer QUÃO arriscada é uma gravidez dessas numa criança, não? A menina corria risco de morte.

Não demorou muito até acharem o culpado. O padrasto. Diante de evidências inegáveis, ele já está preso e vai responder pelos seus crimes. De uma certa forma, foi uma conclusão mais rápida do que o de costume nesses casos.

O que não quer dizer que os problemas da menina terminaram. Ela ainda tinha dois fetos em seu ventre, os quais poderiam causar danos seriíssimos à sua saúde. Além de tudo, eram fruto de um estupro. Estavam delimitados os dois motivos legais para se fazer um aborto no Brasil. Preocupados com a VIDA da criança, realizaram o aborto. Atualmente a garota já recebeu alta e passa bem.

Esses são os fatos. Um monstro estuprou sua enteada, a engravidou colocando sua vida em xeque e foi preso. A mãe autorizou e os médicos responsáveis fizeram a operação necessária para protegê-la.

Mas esses não são os fatos para a secular e engessada Igreja Católica. Para eles, dois fetos inocentes foram brutalmente assassinados. Sem contexto, sem análise, sem coerência. Sejam bem-vindos à mente dos adultos que tem amigos imaginários.

Para quem não sabe, a Igreja Católica é montada em cima de vários dogmas. Dogmas nada mais são do que verdades absolutas e inquestionáveis. Com a santíssima Igreja não existe argumentação, as coisas são como eles querem que sejam e ponto final.

Vou tentar não entrar muito no aspecto teológico da coisa, cada um acredita no que bem entender, é direito pessoal, garantido pela constituição. Além disso, existe a liberdade de expressão, também protegida pela nossa Carta Magna.

O Arcebispo de Olinda tinha poderes para excomungar quem não seguisse um dos dogmas da religião que representa? Sim. Ele tem o direito de acreditar piamente nisso? Claro. Ele tem liberdade de fazer essa afirmação publicamente? Com certeza.

Mas a vida não é feita só de poderes e direitos. Essa liberdade traz consigo uma carga de deveres e responsabilidades. Sendo que muitos desses não estão escritos em nenhum documento legal. Qualquer pessoa com um mínimo de bom-senso consegue depreender a maioria dessas “regras” para uma convivência saudável com outros seres humanos.

Bom-senso que passou longe da Arquidiocese de Olinda. Ao fazer alarde sobre a excomungação da mãe da menina, dos médicos e de outros envolvidos no caso em represália ao aborto que se precisou fazer, dom José Cardoso não foi só de uma indelicadeza incrível com o sofrimento da família como fez parecer que queria se promover com o caso.

Nada cristão, hein? Punir alguém que já está sofrendo não me parece nada compatível com toda aquela história de amar o próximo. Mas o pior de tudo foi dar entrevistas para O MUNDO TODO cutucando a ferida e criticando a família e os médicos que salvaram a pobre garota.

Bom, imagino que seja padrão da Igreja Católica punir todo mundo e deixar Deus julgá-los depois. (Inquisição, Cruzadas…) Excomungue primeiro, pergunte depois. O homem que estuprou uma criança deve receber uma punição maior ainda, certo?

Errado. O problema dos dogmas é que eles não se adaptam a nada. Como a Igreja só consegue enxergar o assassinato de dois seres humanos, na escala de punições ele não merece ser excomungado. Nenhum dos dez mandamentos é muito específico sobre estupros. (Assim como todas as doutrinas religiosas existentes, a do catolicismo é cheia de buracos, incoerências e contradições.)

11º Mandamento: Estupra mas não mata.

Embora eu não consiga acreditar que o Arcebispo de Olinda ache que aquele ser humano desprezível que violentou a enteada seja inocente, eu ainda acho que ele poderia muito bem ter ficado quieto. Sujou (mais ainda) a imagem da instituição que representa, humilhou publicamente as vítimas e ajudou uma presunção de que diante dos olhos da divindade imaginária na qual ele e a maioria do mundo ocidental acreditam, abusar de uma criança não seja algo tão horrível assim.

Ah sim, seguindo a lógica religiosa: O estuprador poderá pedir perdão e ir para o Céu. A mãe da menina e os médicos já estão condenados a queimar no Inferno por toda a eternidade.

12º Mandamento: Estupra mas não ajuda.

A humanidade já é repulsiva naturalmente, custa não incentivar?

Para me excomungar, para inventar um novo mandamento ou para perguntar se o Maluf é um emissário dos céus: somir@desfavor.com


Por mim, este desfavor da semana nem precisaria de argumentação. Bastava colocar a manchete que estampou tudo quanto foi jornal e site e pronto, nada mais deve ser dito. Mas sou obrigada a escrever, então, me perdoem, não tem como não chover no molhado pelas próximas duas páginas.

Um estupro é uma coisa terrível. Um estupro em uma criança é uma coisa muito terrível. Um estupro em uma criança que começou quando ela tinha seis anos e se estendeu sistematicamente por três anos, até seus nove anos de idade, é uma coisa absolutamente terrível. Um estupro em uma criança que se estende por anos e praticado pro seu pai, é uma coisa escrotamente terrível. Um estupro em uma criança que se estende por anos, praticado por seu pai e que acarreta em uma gravidez aos nove anos é uma coisa absurdamente terrível. Um estupro em uma criança que se estende por anos, praticado por seu pai e que acarreta em uma gravidez de gêmeos ultrapassa qualquer limite de definição de palavras que eu possa expressar.

O que pode ser pior do que isso? A Igreja Católica dizendo que o aborto praticado foi PIOR do que tudo isso, e excomungando todo mundo que participou dele.

Os argumentos não se sustentam, e não entendo como é que até agora ninguém abriu a boca para levantar o que eu vou dizer: a Igreja condenou o aborto com base no direito à vida (“não matarás”). Ocorre que, se uma menina de nove anos levar uma gravidez de gêmeos até o final, provavelmente morrerá em decorrência de complicações, porque seu organismo não está preparado para isso. Cadê o direito à vida dessa menina? É argumento de advogado, eu sei, mas vocês tem que concordar comigo que faz sentido.

Como pode a Igreja vir falar que o aborto feito é mais grave do que todas as barbaridades narradas? Com base em que a Igreja pode fazer essa afirmativa, estilo “dona da verdade”? Talvez com base nos mandamentos DELES o aborto seja considerado mais grave (o que só mostra como é incoerente, Deus me livre de seguir esse tipo de ensinamento e valores), mas não podem sair afirmando isso como verdade absoluta.

O Arcebispo deve estar muito arrependido de ter dito isso. Foi no calcanhar de Aquiles, expôs em cores vivas toda a hipocrisia da Igreja Católica. Excomungaram até os médicos que participaram do procedimento. Curioso, o Judiciário não condena, mas o Arcebispo sim. Tudo que essa menina e as pessoas que a querem bem e zelam por ela não precisam é levar uma esculachada pública do Sr. Arcebispo de Olinda. Será que o Sr. Arcebispo de Olinda nunca infringiu nenhum dos mandamentos? Nunca realizou uma ponderação em relação a eles?

Criminalizar a vítima é uma conduta recorrente na Igreja Católica, desde os tempos da Santa Inquisição. Estou vendo a hora que Deus vai se cansar e voltar aqui para colocar ordem no galinheiro, como no filme “Stigmata”. Ele deve estar bastante revoltado vendo uma coisa dessas. Este tipo de pessoa representando-o deve embrulhar o estômago.

O que mais me dói é como o caso virou público. Ninguém respeita a dor e o momento difícil que essa família deve estar passando? Normalmente a Igreja não dá publicidade quando excomunga alguém. Mas o Sr. Arcebispo fez questão de colocar seu focinho (enrugado) nas câmeras de TV e dizer que todos os que participaram do aborto, com exceção da criança, estão excomungados. Se eu fosse católica, teria deixado de ser depois disso.

Qual é a mensagem que o Sr. Arcebispo está passando? Que Deus perdoa estupro, mas que aborto nem pensar, é cartão vermelho na hora?

Nem vou perder meu tempo falando desse pai que fez isso e da eventual responsabilidade dessa mãe. O tema é outro. A Igreja voltou sua ira e punição para as únicas pessoas que realmente fizeram algo para AJUDAR essa menina. Em contrapartida, reforçaram a tese de que o que esse pai fez é perdoável. Foi um desfavor duplo, um senhor desfavor.

Desculpem, tudo que eu disse foi muito óbvio, mas infelizmente, ao que parece, ainda não entrou na cabeça de muita gente. Seus superiores (desde Brasil até Vaticano) apoiaram o Arcebispo, ou seja, não foi uma opinião isolada dele, e sim a opinião da Igreja Católica (isso se não voltarem atrás quando a merda feder). Deus deve estar muito revoltado, até mais do que eu.

É desse tipo de instituição que vocês querem participar? Pensem com cuidado. Ser católico é ser tão canalha e babaca com esse Arcebispo. É assinar embaixo da afirmativa que esse aborto foi pior do que o estupro.

Para falar sobre o tempo, sobre batom e perfume e sobre sugestão de temas (porque sobre esse, não há mais nada a ser dito): sally@desfavor.com


ATENÇÃO! DR FOREVER É FICÇÃO.
VULTOS

Somir tenta melhorar a relação, chamando Sally para passar um final de semana romântico num chalé nas montanhas.

SOMIR: Pronto, chegamos!
SALLY: Que lugar lindo, dá pra ver o pôr-do-sol no lago pela janela…
SOMIR: Eu sabia que você ia gostar, comprei um champanhe também.
SALLY: Hmmmm… Hoje você vai se dar bem.

*risos

*champanhe

*sexo

*dormidinha

Algumas horas depois:

SALLY: Amor!!!
SOMIR: Hã? Quê? (baba escorrendo)
SALLY: Na janela!
SOMIR: O que tem na janela?
SALLY: Não sei!!!
SOMIR: Então me acordou por quê?
SALLY: Tem alguma coisa lá fora!
SOMIR: Ah… Não tem ninguém aqui por perto, a gente está longe de tudo.
SALLY: Eu vi!!!
SOMIR: Ai saco. (levantando da cama)
SALLY: Cuidado…
SOMIR: Ahã… Onde? Aqui?
SALLY: AAAAAAAAHHHHHHHHH!!!
SOMIR: QUE FOI?
SALLY: Você está apontando para a janela, e se virem a gente?
SOMIR: Putz… Não tem ninguém lá fora.
SALLY: Tá me chamando de maluca? Eu vi um vulto.
SOMIR: Ninguém está te chamando de maluca, eu vou sair e ver.
SALLY: AAAAAAAAHHHHHHHHH!!!
SOMIR: QUE FOI?
SALLY: Você vai lá fora!!!
SOMIR: Ai saco. Fica quieta que eu estou indo ver.
SALLY: Vai me deixar sozinha?
SOMIR: Quer vir junto?
SALLY: NÃO!!! (entrando debaixo das cobertas)
SOMIR: Ok. (abrindo a porta)
SALLY: Ave maria cheia de graça…
SOMIR:

Somir passa alguns minutos rondando o chalé. Retorna sem ter visto nada:

SALLY: Viu???
SOMIR: Não.
SALLY: Mas eu vi.
SOMIR: Foi impressão sua, não tem nenhuma pessoa aqui além da gente.
SALLY: Como assim “pessoa”?
SOMIR: Ai… (batendo na testa)
SALLY: Será que é… um… um… fan…
SOMIR: Porra!!!
SALLY: FANTASMA???
SOMIR: Larga de ser maluca, isso não existe.
SALLY: Minha tia Marina trabalha com isso, fantasma existe sim!
SOMIR: Aquela maconheira?
SALLY: Não fala isso!
SOMIR: Putz.
SALLY: Ai! Fecha todas as janelas!
SOMIR: E fantasma pára quando encontra janela fechada?
SALLY: Cala a boca!!!
SOMIR: Se eles são fantasmas, passam por qualquer lugar…
SALLY: AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH!!!
SOMIR: QUE FOI?
SALLY: E se eles estiverem aqui?
SOMIR: A gente chama os Caça-Fantasmas, agora sossega e dorme.
SALLY: Olha no banheiro! A janela ficou aberta!
SOMIR:(respirando fundo)
SALLY: E aí?
SOMIR: Nada.

*barulho da descarga

SALLY: AAAAAAAAAAHHHHHHHHHH!!!
SOMIR: QUE FOI?
SALLY: O banheiro está assombrado!
SOMIR: Eu aproveitei e dei uma mijada…
SALLY: Ah.
SOMIR: Louca. Vamos dormir.
SALLY: Eu nunca mais vou dormir na minha vida.
SOMIR: Pensa assim, se os fantasmas existissem e quisessem fazer mal para alguém, não precisariam vir para esse fim de mundo para conseguir. Sem contar que nós não somos as únicas pessoas do universo. Você pode ter visto uma sombra projetada, pode ter sido impressão da sua cabeça. Se acalma, se acontecer alguma coisa, eu estou aqui para te proteger, tudo bem?
SALLY: Sim… eu vou tentar dormir. (abraçando Somir)
SOMIR: Ótimo.

Cinco minutos depois:

SALLY: AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHH!!!
SOMIR: QUE FOI?
SALLY: E se forem alienígenas?
SOMIR:


PURO ROMANCE

Somir ao violão dedilhando a introdução de uma música

Sally: Que música linda…
Somir: Gostou? Então vou tocar toda pra você!
Sally: Toca sim, gostei
Somir: Tinha 25 anos de amores e sonhos… você era pra mim, o meu drops de anis… alecrim…
Sally: Que milagre, você finalmente está tocando uma música bonita!
Somir: Era meu rabo de saia, minha doce amada, linda linda, era tudo o que eu queria… Rosa e jasmim

Sally olha para Somir apaixonada

Somir: Mas o tempo foi passando, tempo é louco o tempo,é todo o tempo, tempo, come o tempo… Chegamos ao fim…

Sally faz cara de espanto

Somir: Te vi nos braços de um outro, revirei na cama, passei a noite em claro,mas no fim das contas, eu descobri…
Sally: ai..
Somir: Motosserra, motosserra, era a peça que faltava no meu quarto de dormir… Motosserra, motosserra, hoje entendo porque tu olhavas tanto pro jardim…
Sally: Hã?
Somir: Fui serrando seus pezinhos que eram para mim a coisa mais bonita que eu nunca esqueci… Prossegui…
Sally: QUE COISA HORRÍVEL, TIAGO!
Somir: Serrei suas duas mão que eram diamantes e quando rezavam pareciam conchas de marfim…
Sally: De onde saiu essa música NOJENTAAAA?
Somir: Serrei suas duas pernas, os seus dois bracinhos, você ficou sendo a Venus de Milo do meu jardim…
Sally: Para de cantar essa música!
Somir: Te serrei por dentro e fora, te serrei no meio, restou um toquinho, que eu serrei também! Serrei feliz!
Sally: Eu sabia, tava bom demais pra ser verdade!
Somir: Motosserra, motosserra,os pedaços manchados de sangue plantei no jardim…
Sally: PAAAAAARAAAAA!
Somir: Que foi? Você disse que tinha gostado!
Sally: Seu doente! Como você pode gostar de algo assim!
Somir: Doente é você que não gosta… é poesia pura!
Sally: Poesia é Carlos Drummond de Andrade!
Somir: Poesia de bicha, isso sim!
Sally: E por acaso você acha que isso ai é melhor que Carlos Drummond de Andrade?
Somir: Não eu não acho…
Sally: Ah bom…
Somir: EU TENHO CERTEZA! Motosserra… Motosserra…
Sally:

O Processa Eu de hoje vem falar de um grupo muito ridículo, brega e escroto. Existe desde muito tempo atrás, mantém uma média de 5 membros uniformizados, mas, de vez em quando o uniforme muda uma besteira para começar uma “nova temporada”. É composto de 3 homens e duas mulheres. Todo ano muda de formação mas continua sempre a mesma bosta. Quando começou alguns gostaram, a maioria mudou de canal, hoje em dia poucos acreditam que ainda exista. Tem componentes burros e descartáveis. Tem mais de uma musica tema na qual aparece o próprio nome. Tem um líder otário. Ninguém mais lembra o nome de todos os integrantes que já fizeram parte. Chutou Power Rangers? Errou. Desfavor de hoje vai falar de uma banda de axé suíça chamada Quer o Tchan.

“Mas Sally, você não dança axé? Você não gosta de axé?”. Meus queridos, eu tenho muitos defeitos, muitos mesmo, mas sou consciente. Gosto e danço, mas tenho a plena consciência de que é UMA MERDA e total capacidade de visualizar os defeitos. Não acreditam? Leiam até o final.

Quer o Tchan começou nos anos noventa, com letras de duplo (triplo, quádruplo, quíntuplo…) sentido, alusão a sexo, machismo e semi-pornografia. Evidentemente que em um país como a Suíça, uma merda dessas se tornou popular em um piscar de olhos. Até porque, tinha duas dançarinas gostosas que rebolavam suas bundas usando short-intra-uternino. Deixa eu fazer um parêntese: na Suíça mulher gostosa é mulher gorda, lipídica e celulitosa. Os suíços só se impostam com quantidade, não com qualidade. Se tiver um bundão, mesmo que seja mais furada que a superfície lunar e mais flácida do que a coxa da sua avó, os homens babam.

O desfavor continua. Além das duas celulitosas, sua formação original também continha um dançarino gay com nome de bicho, um vocalista que faz alusão a outro país e um vocalista que é um dos maiores desfavores que já andaram na face da Terra: Cumpadi Washitu.

É pra falar agora?

Lembro da primeira entrevista deles (sim, eu sou velha). Perguntaram para o Jeto Bamaica, que é o menos analfabeto deles, se ele não achava que essa erotização promovida pelas letras e pelas coreografias era nociva para a imagem das mulheres e para a sociedade como um todo. Jeto fez um longo discurso dizendo que não, que não tinha o menor problema. Dois meses depois casou com uma das dançarinas e proibiu ela de continuar fazendo “aquela pouca vergonha”. Coerência 1 x Jeto Bamaica 0. Ao tentar salvar seu amigo do vexame já consolidado, Cumpadi Washitu soltou uma de suas pérolas: “Ela saiu pelo motivo de que ela não quis ficar”. Um poeta.

Eu achei um bom motivo…

Parla Cerez, a dançarina loira da primeira formação, ficou muito conhecida por seu pequeno cérebro do tamanho de um caroço de uva e pelas burrices que protagonizou em programas de TV. Perguntada que lugar da Europa ela gostaria de conhecer, ela respondeu “Nova Iorque!”. Perguntada qual era seu hobbie, ela respondeu “É rosa, de cetim”. Depois que saiu do Quer o Tchan, toda a Suíça apostava que ela iria morrer de fome. Recebeu um convite para apresentar um programa de televisão medonho, de perguntas e respostas. Só que se esqueceram de alfabetizá-la, e ela protagonizou sucessivos vexames ao vivo. Por exemplo, em uma brincadeira de forca, o participante pediu a letra “i”. Ela disse: “i de iscola?” enquanto fazia o sinal da letra “i” no ar, com direito e pinguinho e tudo. No fim das contas, casou com um grande nome do axé music e teve filhos medonhos, porque como bem se sabe, filho não herda plástica.

O grupo se envolveu em algumas polemicas. Em uma das coreografias, as dançarinas dançavam com um bambolê e em uma briga nos bastidores pelo bambolê, Cumpadi Washitu se sentiu no direito de enfiar a porrada em Parla Cerez, a dançarina loira (cá entre nós, eu não o condeno). Não contente, ainda assumiu a porrada e disse que ela mereceu. Cumpadi Washitu é uma figura singular que merece destaque. Um ser humano fantástico.

O bambolê era meu! Ordinária!

Falemos de Cupadi Washitu. Eu respeito Cumpadi Washitu. “Mas Sally, você é maluca? Você comeu bosta?” Explico. Ele passou anos comendo uma das dançarinas, por sinal, a mais gostosa, Ceila Sharvalho, mesmo sendo casado e pai de oito filhos. Não contente em ser FEIO QUE NEM A FOME e comer a mulher mais cobiçada da Suíça, ainda tem outro feito histórico no curriculum: deu porrada na outra dançarina, Parla Cerez. Merece um busto de bronze esse homem. Cumpadi Washitu é aquele tipo de popular que de tão sincero e mal educado chega a ser hilário e despertar certa simpatia. Em um programa dominical da TV suíça estava sendo entrevistado sobre sua vida. O apresentados resolveu falar sobre um filho pequeno dele que havia morrido e criou todo um clima, com música de fundo e toda aquela comoção. Cumpadi Washitu não se fez de rogado, sacudiu os ombros e soltou a seguinte pérola da insensibilidade “Não tem problema, tem mais oito lá em casa”. Um poeta.

E, Minha Gente, o que é Cumpadi Washitu tocando seu pandeiro imaginário? O pandeiro imaginário de Cumpadi Washitu virou Cult.

PANDEIRO

IMAGINÁRIO

Suas frases de efeito cuspidas no meio da música viraram marca registrada. Porque vamos combinar, cantar ele não canta. Então, enquanto seu colega Jeto Bamaica fazia o trabalho de cantar, ele apenas soltava frases de baixo calão aleatoriamente: “Desce ordinária” era a favorita. Mas ele também possuía um repertório de frases temáticas. Por exemplo, quando estavam gravando uma coreografia do Quer o Tchan no Egito, ele gritava “Olha o Kibe!”. Cumpadi Washitu também é cultura.

Eu também falava “Olha a cobra!” na época do Quer o Tchan na Selva…

Cumpadi Washitu é um dos donos da empresa “Lixo da Cara Preta”, que possuí todos os direitos sobre o Quer o Tchan e sobre quase todas as demais bandas de axé da Suíça. Ficam com aproximadamente 80% dos lucros. Sem contar que no mundo do axé, impera a promiscuidade musical: todo mundo regrava todo mundo, é a maior festa da nuvem. Justamente porque todos pertencem ao mesmo dono.

A título de “renovar o grupo” rolou um entra e sai de dançarinas. Passaram 4 morenas e três loiras. Renovar é o caralho, para quem não sabe, o axé FODE O JOELHO e as meninas depois de dois ou três anos estão detonadas (mais ou menos como eu estou hoje). Na segunda leva de loiras e morenas, eles já estavam bem parados (entenda-se, tinham vendido mais de 3 milhões de CDs), por isso puderam cuidar melhor das meninas. Anabolizaram as duas, alisaram os cabelos e refinaram o figurino. A era das celulitosas lipídicas acabava aí.

Quer o Tchan passou por diversas fases temáticas: no Havaí, na selva, no Japão, no Egito e até mesmo no mundo funk. Como o público engolia isso? Com um figurino fetichista-temático nas dançarinas anabolizadas. A macharada simplesmente não conseguia mudar de canal, apesar da música sofrível e do pandeiro imaginário de Cumpadi Washitu. Acreditem, ninguém neste mundo odeia mais axé que o Somir, no entanto, nem mesmo ele conseguiu resistir ao apelo visual quando eu estava vendo um DVD do “Quer o Tchan”. Reclamou quando eu coloquei, disse que ia embora, e quando começou, ficou ali na mais bela inércia contemplativa, com olhar bovino, babando.

Quando o Quer o Tchan foi lançado, ninguém dava nada. Todo mundo achava que era um modismo de verão. As criaturas sobreviveram por dez anos. Depois decidiram se separar, pois quando Cumpadi Washitu e Jeto Bamaica deixaram o grupo, ele entrou em uma decadência maior ainda. Bandas de axé não sobrevivem sem pandeiro imaginário. Quando se separaram, foi cada um para seu canto. Um ano depois, todos constataram que eram um bando de incompetentes analfabetos e que não tinham capacidade para fazer mais porra nenhuma da vida. Decidiram ganhar mais uns trocados fazendo uma reunião de todas as formações do grupo em um DVD de Dez Anos do Quer o Tchan (como se houvesse algo para comemorar).

Pasmem. O DVD fez tanto sucesso que decidiram fazer uma turnê de um ano com shows por toda a Suíça para “se despedir”. Encheram os cornos de dinheiro. Fizeram shows, venderam CD, venderam DVD. Decidiram terminar a banda mais uma vez. Passou-se um tempo e agora estão querendo voltar novamente. Eles são como o Jason, quando você pensa que morreu e que está livre dele, aparece para te dar um último susto.

Nem preciso dizer que nesse período todo as dançarinas posaram nuas mais de um bilhão de vezes, não é? Não é novidade. A única novidade foi uma declaração da Playboy dizendo que Ceila Sarvalho foi a única mulher na história da Playboy suíça a não ter um pingo de Photoshop.

Atualmente eles tentam voltar pela milésima vez. Claro que Cumpadi Washitu, que sempre esteve à frente dos demais, tem um plus: vai fazer um filme pornô.

É isso mesmo que você leu, aquele feioso, emissário do demônio na Terra vai fazer um filme pornô. Aparentemente o filme se passa no Havaí, com uma loira e uma morena. Cumpadi Washitu estará praticamente em casa. Tenho fé que vai chegar lá, comer a morena e bater na loira.

Uma pena que acabou o espaço, queria citar algumas frases bacanas de Cumpadi Washitu e Parla Cerez.

Para me perguntar o que uma pessoa como eu faz dançando axé, para me esculhambar por isso e para sugerir mais temas para esta ou outras colunas: sally@desfavor.com