![](http://boingboing.net/images/pig-kisserwegweg.jpg)
SOMIR: E aí ele vomitou em tudo… Vergonhoso.
SALLY: Hahahaha…
SOMIR: Pior que foi azar mesmo do pessoal ter chegado àquela hora. Ele quase saiu ileso.
SALLY: Ué, ia vomitar em tudo do mesmo jeito.
SOMIR: Mas sem testemunhas não existe nojeira.
SALLY: Discordo.
SOMIR: Poderia me dizer seus argumentos?
SALLY: Claro, em primeiro lugar…
*uma hora depois*
SOMIR: É a sua! Maluca da porra!
SALLY: Seu ridículo! Escroto! Nojento!
SOMIR: Bom, preciso dormir. Tenha uma boa noite.
SALLY: Você também. Isso vai virar “Ele disse, ela disse”, viu?
SOMIR: Presumi… Beijo!
SALLY: Beijo! Porco…
SOMIR: …
ASSUNTO DA SEMANA: A TEORIA DA RELATIVIDADE SUÍNA DE SOMIR
Só existe porquice se alguém estiver vendo?
Imagino que pelo teor da fúria da Sally depois de tomar (mais) um nó argumentativo meu, isso vá desencadear uma série de ofensas em suas coluna de hoje. Imagino também que nosso público vá preferir a versão mentirosa dos fatos que ela vai contar, já que é a mais engraçada. (E eu admito que é…)
Se uma pessoa solta um peido numa floresta e não tem ninguém para presenciar, ele fede?
A humanidade é extremamente porca. A única coisa que nos impede de cutucar o nariz, arrancar uma meleca enorme e grudar na parede é a reprovação social. Pode vir fazer alarde nos comentários, dizendo que não faz nenhuma coisa nojenta quando está sozinho(a), não faz diferença. Todo mundo faz, todo mundo diz que não. É assim mesmo que funciona.
Não importa o que você diga, você sabe que faz coisas horríveis quando ninguém está observando. Eu posso quase imaginar o sorriso que está brotando no seu rosto agora, leitor ou leitora. Um sorriso que mistura aquela sensação de “não estou mais sozinho(a) no universo” misturado com uma boa dose de prazer proibido. Relaxe. Todo mundo é porco.
Aposto que até a Sally deve estar com esse sorriso criminoso em sua face agora.
Mas, se tiver mais alguma pessoa do seu lado agora, lendo isso junto com você, eu aposto que esse sorriso vai mudar para um olhar de desaprovação. Opa! Não faz bem para sua imagem social admitir que masca o chiclete após brincar com ele entre os dedos, que eventualmente olha para o papel higiênico, que limpa o nariz sem usar um papel, que gosta do cheiro do próprio peido, que adora a sensação de acordar com aquele fio de baba saindo do travesseiro, que dá aquele “confere” no sovaco mesmo sabendo que a situação está calamitosa, que cutuca seu umbigo e não resiste a tentação de saber qual o odor daquela pelotinha de fibra de tecido que caprichosamente se instala por lá, que não se toma de pudores desnecessários quando precisa se aliviar em locais que não são apropriados para tal…
E isso é para ficar na escala das porquices mais leves.
“Nossa, Somir, você faz tudo isso e mais?”
Claro que não. Assim como a Sally e você, leitor ou leitora, eu não tenho NENHUM comportamento nojento. Jamais! Nunca! Mas alguém… outras pessoas… fazem isso o tempo todo. Todo mundo é porco menos a gente, certo?
Talvez você não faça nada do que eu mencionei. Talvez você faça tudo isso e ainda faça esculturas de merda escondido(a) no banheiro. Se tem uma coisa na qual nós humanos somos ótimos é apontar e jogar pedras nos outros para nos safarmos de nossos próprios pecados.
Eu não quero defender que as pessoas DEVEM ser nojentas, eu quero defender o ponto de que as pessoas SÃO nojentas. Já reparou no seu corpo? Você excreta todo tipo de substância nojenta e mal-cheirosa, desde o nascimento até a morte. E você é fascinado por elas… Isso começa na mais tenra infância e se não for combatido durante sua criação, não desaparece magicamente.
Higiene não é apenas questão de saúde, mas também é questão social.
Na China as pessoas nunca foram incentivadas a parar de cuspir na rua até pouquíssimo tempo atrás. E não são poucos os relatos de ocidentais enojadas por este hábito deles. Ninguém precisa esconder isso, ninguém precisa se controlar, é socialmente aceitável.
Índia? As pessoas nadam no rio Ganges e acham lindo. O rio é o esgoto e cemitério de uma das cidades mais populosas do mundo. As crianças não são punidas se entrarem ali. As pessoas urinam e defecam naquele rio, a céu aberto. Nada demais.
Na Europa os banhos não são tão populares assim. Principalmente nos países mais frios. Hoje em dia as coisas são bem melhores, mas na Idade Média algumas pessoas passavam a vida toda sem tomar um banho de verdade. Simplesmente não havia nenhuma pressão social para fazer isso, muito pelo contrário.
“Mas isso é nojeeeento, Somir!”
Claro que é! Nadar num rio cheio de merda ou passar anos sem tomar banho é sabidamente algo perigoso, a maioria das pessoas com um mínimo de educação sabe disso. Agora… Cheirar o próprio chulé é perigoso para a saúde? Mijar no vaso daquela samambaia da vizinha vai matar alguém? Grudar um chiclete embaixo da mesa do McDonald’s transmite alguma doença?
São coisas reprováveis SOCIALMENTE. Por uma série de motivos que me custariam mais do que duas páginas para definir. Nem todas as coisas nojentas são insalubres. E essas, justamente essas, são as que todo mundo faz quando ninguém está olhando.
Desde que você finja bem e consiga jogar pedras em outra pessoa (leia o texto abaixo), as pessoas vão acreditar que você é um bastião da higiene e dos hábitos socialmente aceitáveis.
(Até mesmo se você acha suuuuuper normal que um cachorro lamba sua cara depois de ter limpado o próprio ânus.)
Só existe porquice com testemunhas. Irresponsabilidade com a própria saúde cobra sua dívida de qualquer forma. São duas coisas diferentes.
Eu deixo uma sugestão para nossos leitores e leitoras: Postem anonimamente dizendo o que vocês fazem de nojento quando ninguém está olhando.
Claro, puro exercício de imaginação… Porque NINGUÉM aqui JAMAIS, EM TEMPO ALGUM fez alguma coisa porca e reprovável.
Para me chamar de porco nojento, para dividir histórias escabrosas sobre seus hábitos solitários, para perguntar porque eu queria chamar essa coluna de “bunda suja falando do rabo mal-lavado”: somir@desfavor.com
![](http://i363.photobucket.com/albums/oo74/desfavor/ass_sally.png)
Acho bom quando as pessoas resolvem mostrar a carinha. Madame hoje resolveu começar a mostrar um pouco da sua verdadeira personalidade. Se aqui ele parece de bem com a vida, engraçado e piadista, na vida real não é bem assim que a banda toca. Tirano, ranzinza e dado a surtos de isolamento, essa teoria trazida a debate reflete muito bem o seu dia a dia: ele vive na Somirlândia, um mundinho todo especial, só dele.
Nada contra, se ele não obrigasse quem entra na sua vida a entrar na Somirlândia também. Se quiser conviver em paz, você deve não só entrar na Somirlândia, como aprender e respeitar as regras que valem por lá, completamente diferentes das regras do mundo real.
Pois então… uma das regras da Somirlândia é essa: se não tiver ninguém olhando, você pode fazer a nojeira que for, porque ela não é condenável e você não é porco. O que é considerado ruim, não é a nojeira em si, e sim você SER VISTO fazendo. Caiu um brigadeiro no chão, cheio de pêlos de gato? Se não tiver ninguém olhando, pode comer sem problemas! (afinal, se você passar mal depois, vai ter uma imbecilóide para cuidar de você). Não tem ninguém olhando? Mije na pia em vez de mijar na privada! Só é errado se alguém te flagrar, foda-se se no dia seguinte a pessoa vai lavar o rosto naquela pia!
Se ninguém viu, não existe. Noções básicas de higiene nem pensar, né? Madame não deixa de fazer as nojeiras porque é anti-higiênico ou até mesmo prejudicial para a saúde, ele deixa de fazer só para os outros não reclamarem. Logo, se ninguém presenciar, pode fazer sem problemas.
Em primeiro lugar, a gente nunca sabe quem está nos vendo, ainda mais hoje em dia, onde tudo quanto é canto é cheio de câmeras. Em segundo lugar, mesmo que ninguém esteja olhando, por uma questão de higiene pessoal e até mesmo de saúde, muitas coisas não se fazem nunca. Em terceiro lugar, existem grandes chances de você repetir o comportamento porco na frente de terceiros um dia que esteja mais relaxado ou desatento (vide o grande-arroto-na-cara-do-chefe, que eu já contei aqui para vocês).
Ocorre que, na Somirlândia, a população local (um habitante) peca pelo excesso de confiança. Você pode ACHAR que ninguém está te vendo, mas alguém pode estar vendo sim. Foi assim no sofrido episódio da pia, onde eu levantei no meio da madrugada para tomar um copo de água e me deparo com Madame, de porta entreaberta, mijando na pia do banheiro. Isso rendeu bastante e até hoje essa fama o acompanha. Fama de porco do caralho.
A pessoa que faz uma coisa porca, é porco, independente de platéia. Ou por acaso alguém aqui duvida que uma pessoa que tire melecas do nariz e depois as coma, trancado no banheiro, no escuro, deixa de ser porco? É porco. Se o sujeito come o cu do porteiro, depois limpa o pau na cortina e vai comer uma mulher, ele deixa de ser porco só porque a mulher não sabe?
Ser porco é bem mais do que alguns atos isolados. Ser porco é um estilo de vida, que, mais cedo ou mais tarde, deixa pistas, por mais que a pessoa pratique suas porcarias escondido. A porcaria em si pode até passar despercebida, por ter sido praticada na encolha, mas suas conseqüências não. Porco, porco, porco.
Lembrei agora do avestruz, que quando acha que está em perigo enfia a cabeça em um buraco no chão. Tadinho, ele tem um cérebro tão pequenininho que não percebe que só porque não está vendo nada, não está imune às conseqüências. Ele acha que o não ver protege e basta. Uma pena que alguns seres humanos também pensem assim.
É o mesmo raciocínio que alguns retardados emocionais aplicam para chifre: se ela não viu, não tem problema algum. Ora… tem problema SIM! É escroto SIM! Quer dizer que pode sair fazendo merda desde que a pessoa não saiba? Que falta de consideração do caralho, hein?
“Mas Sally, o chifre afeta diretamente minha parceira, se eu for porco não, o problema é só meu”. Meu CARO, sua parceira beija você, faz sexo com você, bebe no mesmo copo que você, etc. Afeta sim, intimidade com gente porca é complicado. Mais complicado ainda quando você achava que a pessoa era higiênica e descobre depois de um tempo quão porco ele é (mijando na pia em que você lava o rosto, por exemplo).
Um ou outro hábito considerado porco, todo mundo tem. A questão é não se acomodar com esse habito se auto-enganando com pensamentos do tipo “vou continuar fazendo sem problemas, afinal, se ninguém viu, não é porcaria”. Validar a própria nojeira é o cúmulo do auto-perdão!
Para chamar o Somir de porco do caralho, para me perguntar sobre outras nojeiras que ele fazia e para sugerir temas: sally@desfavor.com