As pedras do meu caminho – Parte 4

CAPÍTULO 9 – A HORA DE IR PARA O HOSPÍCIO

Aos 15 anos cansaram de verdade das merdas do Pilha e decidiram interna-lo em um hospício para tratar sua dependência química. Isso mesmo, um hospício, cheio de malucos com problemas psiquiátricos gravíssimos. Um péssimo exemplo para os malucos.

A coisa funcionava mais ou menos assim: Pilha tinha que ficar na moral. Cada vez que o Pilha cometia uma impertinência, era dopado com uma injeção, sendo fácil de deduzir que ele passava quase todo o tempo dopado. Ele reclama de viver sedado com calmantes fortíssimos. Apanhava de malucos, levava eletrochoque regularmente e não havia a menor perspectiva de conseguir fugir. Revoltado, ele quebrou uma janela, pegou um caco de vidro e fez da sua perna um sashimi. Resultado: 50 pontos. No meio desse inferno, parece que havia clima para sedução também.

Mas, nosso Pilha é tão macho alfa que mesmo dopado, com choque, costurado e apanhando de maluco, surpreendentemente, encontrou uma brecha para cortejar. A psiquiatra-chefe da clínica, que normalmente não atendia pessoalmente os pacientes, decidiu dedicar um tempinho ao Pilha, que, em retribuição, revelou o nome dela no livro: Dra. Elizabeth. Realiza que bacana agora, décadas depois, com o nome da clínica e da médica em mãos os filhos de Elizabeth poderem constatar que a mãe deu para o Pilha. Juro, eu botava no meu currículo.

Segundo Pilhão, ele batia uns papos a título de tratamento com Dra. Elizabeth e, apesar de apanhar, ser torturado, ser violentamente dopado e atentar contra o próprio corpo, reservou a oportunidade para falar sobre como estava difícil a abstinência sexual. Ele percebeu que ela de alguma forma dava em cima dele, e como macho alfa que é, partiu para cima e agarrou Dra. Elizabeth. Nas finas palavras do Pilha, “o clima esquentou e acabamos fazendo sexo ali mesmo no consultório”. Um minuto de silêncio pela reputação profissional de Dra. Elizabeth, que até o final do capítulo, será soterrada.

O casinho continuou e por conta disso, Pilha ganhou privilégios como sair escondido da clínica para passar noites na casa de Dra. Elizabeth. Dentro da clínica a coisa não era diferente, como relata nosso discreto gentleman: “até quando era dia de consulta a gente transava ou ficava de sacanagem. Ela adorava! E isso durou até o fim da minha internação”. Parabéns Elizabeth pelo profissionalismo de fazer sexo em vez de terapia com o paciente e parabéns Pilha por conseguir uma ereção tomando calmantes pesados em doses cavalares.

Quanto mais o caso durava, mais liberdade Pilha ganhava. Em uma das noites que foi dormir na casa de Dra. Elizabeth ele decidiu pegar dinheiro dela e seu carro e sair para usar drogas e beber. Segundo o Pilha, “ela soube mas não se importou, deixou de me controlar, não agia mais como minha psiquiatra, estava apaixonada!”. Pilha, querido, vamos conversar sobre o conceito de paixão?

Olha, se o Somir pegasse meu dinheiro e saísse com meu carro para beber e usar drogas, ele poderia ser o último homem na face da Terra que eu matava ele de porrada do mesmo jeito. Mas Pilha estava acostumado a associar amor com permissividade e tirou proveito da situação até o fim. Obviamente, depois de um tratamento à base de sexo, álcool e drogas, saiu da clínica pior do que entrou. Dra. Elizabeth só reforçou nele que ele podia manipular as pessoas como quisesse.

CAPÍTULO 10 – NOVE OVERDOSES E QUATRO PARADAS CARDÍACAS

Após Dona Sylvia e Dra. Elizabeth descacetarem de vez o coitado do Pilha, ele continuou indo de mal a pior.

Pilha começa o capítulo contando, puto da vida, como armaram para cima dela em uma famosa foto onde ele foi flagrado desacordado, tendo uma overdose, no colo de uma amiga. Porque apesar de ter nove overdoses, aquilo só pode ter sido uma armação. O repórter que fez a foto nega qualquer armação, diz que receberam uma ligação contando que o Pilha estava na casa dessa amiga, drogadão, fazendo o maior escândalo e ele foi lá para cobrir o caso.

Convenhamos que Pilha não é conhecido por ser discreto quando resolve tocar o terror. Se suicidar quietinho ligando o gás ou tomando remédios é para os fracos, os fortes cortam a garganta aos berros dentro do elevador. Em todo caso, vamos dar o benefício da dúvida ao nosso herói.

Essa não foi a única overdose pública, foi a única fotografada. Pelo que é narrado, Pilha vira e mexe tinha uma overdose por aí. Uma vez teve uma dentro da igreja. Parece que ele já chegou lá drogado, mas estava pouco, então, foi para o banheiro da igreja e resolveu injetar cocaína. Errou na quantidade e começou a ter uma overdose, e com ela, um surto de religiosidade: “comecei a pedir ajuda a Deus”.

Parece que Deus estava meio ocupado e Pilha convulsionou batendo com a cabeça no vaso sanitário, nas paredes, no chão, sujando tudo de sangue. Em meio a alucinações de pessoas rindo e arrastando correntes, ele gritava: “Deus, não me deixe morrer aqui”. Como de praxe, fez um tremendo escândalo, berrou, berrou e berrou.

Acabou que encontraram ele no banheiro (mais pelos berros e escândalo do que por intervenção divina) e o resgataram a tempo. Pilha tem certeza de que foi uma experiência mística, que o uso de drogas abriu uma porta para outra dimensão, algo relacionado a “níveis inferiores de espiritualidade”.

Aliás, Pilha, sem noção alguma de química, parece explicar os fenômenos estranhos que aconteceram nas suas overdoses com espiritualidade. Narra que em sua primeira overdose, aos 15 anos, sua alma saiu do corpo e ele assistiu a tudo de cima, enquanto Dona Sylvia tentava reanima-lo. Do nada, sua alma voltou ao corpo e ele acordou.

Em outra overdose, desta vez de crack, Pilha estava fumando suas pedrinhas como se não houvesse amanhã, quando sentiu que errou a mão e que ia ter uma overdose. O que ele fez? Teve a brilhante ideia de subir em sua moto e tentar dirigir até o hospital. No meio do caminho, apagou. Acordou estendido no asfalto com sua moto debaixo de um ônibus, enquanto tentavam reanima-lo.

Pilha considera que sobreviveu graças à intervenção divina, mas eu deixo uma pergunta no ar: se Deus fosse mesmo tão bom e misericordioso, não teria sido mais prático impedir que ele fique viciado em drogas? Pilha sobreviveu porque é um sobrevivente. Ponto final. Nada de delegar mérito para Deus, o mérito é todo do Pilha!

CAPÍTULO 11 – POLEGAR NUNCA MAIS! É A VEZ DA CASA MÁGICA

No meio dessa confusão toda, o novo Polegar Marcelo, que havia sido colocado para cobrir o Pilha temporariamente, acabou efetivado, já que nosso herói só piorava e não tinha a menor condição de viajar com a banda. Gugu então procurou ocupar o Pilha de alguma forma resolveu unir o útil ao agradável: pegou um programa que o Alan Sem Carisma apresentava e estava meio morto e passou para o Pilha. Lógico que Alan, O Enxotado, hoje diz que ele cedeu heroicamente programa para o amigo, pois seria uma forma de mantê-lo ocupado permitindo que ele continue seu tratamento. Duvido.

Óbvio que quando Pilha assumiu o programa, a audiência explodiu. O carisma dele fez toda a diferença, mas, infelizmente, do nada, um dia o cenário pegou fogo. Era um cenário importado, que não poderia ser refeito. Isso encerrou o programa no auge do seu sucesso. Sei não, Pilha fala da armação na foto da overdose, acho que ele não está vendo onde realmente teve armação.

Mas, de todas as baixarias contra o Pilha, a mais nefasta foi perpetrada pelo escroto do Ricardo. Se vocês nunca entenderam porque, desde os primórdios, desde que eu escrevo publicamente (e isso tem mais de dez anos) eu xingo o Ricardo sempre que posso, vão entender agora.

Já havíamos contado aqui que o escroto do Ricardo tinha feito uma gravação do Pilha confessando usar maconha. Diz ele que foi a pedido de Manoel, o pai do Alex. Pois bem, essa fita teve desdobramentos.

Muito tempo depois, Ricardo descobriu que a senhora sua mãe, Marcia, pegava seu carro escondido para sair com um segurança com o qual ela estava tendo um caso. Ele teve uma briga feia com ela por causa disso e a mãe resolveu pegar a fita e chantageá-lo. Ligou para a Promoart, informou do conteúdo da fita e disse que precisava fazer uma cirurgia para a retirada de um tumor e como o filho estava negando ajuda, ou a Promoart dava dinheiro a ela, ou ela levava a fita para a imprensa.

Resultado: a Promoart cedeu à chantagem de Mamãe Ricardo e o clima no Polegar azedou de vez. Verdade seja dita, sem o Pilha, a banda já estava morta. Mas saber que tinha um canalha, escroto, traíra e baixo nível capaz de gravar um colega para sacaneá-lo fez com que todos ficassem chocados. Também ficaram chocados pela sugestão de fazer essa babaquice partir do pai do Alex. Definitivamente, não tinha mais clima. Em três meses a banda acabou de vez.

Mamãe Ricardo embolsou o dinheiro da chantagem, mas parece que, assim como o filhão, que fala em suicídio em rede social por estar sem dinheiro, ela não soube administrar bem a quantia. “Ela não passou por nenhuma cirurgia, não tinha nenhum problema de saúde. Na verdade comprou um carro novo, encheu a cara com o namorado, bateu o carro, deu perda total e ainda ficou toda arrebentada no acidente. Então, é assim: aqui se faz, aqui se paga!”, disse Ricardo sobre sua própria mãe. Não me admira que ele seja um traíra sem princípios, criado por uma mulher assim, não podia ser diferente mesmo. Alias, nada me tira da cabeça que foi um plano conjunto e eles dividiram o dinheiro.

Destaque para a parte final do capítulo onde o Pilha fala do fim do Polegar: “Fui convidado a voltar, muito tempo depois, quando tentaram ressuscitar o Polegar, mas não topei. Era um capítulo encerrado na minha vida”. Porra, Sonia Abrão! Com uma madrinha como você não precisa de inimigos, hein? Pouco tempo depois de escrever o livro Pilhão encabeçou uma ressurreição do Polegar circulando por todos os programas de TV. Precisava desmoralizar o rapaz assim? Custava suprimir essa porra dessa frase do livro? Custava? Precisava colocar o título da porra do capítulo POLEGAR NUNCA MAIS, com ponto de exclamação?

Olha, vai tomar no cu, não sei como o Pilha não virou gay, só teve mulher fodendo ele durante sua vida. Dona Sylvia proporcionou aquela infância maravilhosa da qual falamos nos primeiros capítulos, depois a médica que deveria trata-lo o usa de boy toy e sua madrinha o expõe a contradição e ridículo em sua biografia. Não tá fácil para o Pilha não…

Até mês que vem.

Para dizer que essa história está mal contada, para dizer que lembra da foto da overdose no perfil Rafael Pilha no Orkut ou ainda para dizer que o Pilha faz Siago Tomir parecer um anjo: sally@desfavor.com

Se você encontrou algum erro na postagem, selecione o pedaço e digite Ctrl+Enter para nos avisar.

Etiquetas:

Comments (14)

  • Que isso, Pilha, deixa de ser mentiroso. Tava com o diabo no corpo, aí foram fazer o descarrego e vai botar a culpa nas drogas. Essa história de convulsão na igreja não me convenceu não.

  • No meio do caminho, tinham...

    Só consigo (multi-)frasear…

    * Sim, esse livro está de preço jus(tíssimo) !

    *Não sei como o Pilha não virou gay, mas também não sei como não “misantropou”…Caramba, Ricardo !

    * Essa releitura “tá highlander” também ! Como assim, um dia será a última ?
    (Michael Bay feelings – hahahahaha)

    DSVS

  • “Em outra overdose, desta vez de crack, Pilha estava fumando suas pedrinhas como se não houvesse amanhã, quando sentiu que errou a mão e que ia ter uma overdose. O que ele fez? Teve a brilhante ideia de subir em sua moto e tentar dirigir até o hospital. No meio do caminho, apagou. Acordou estendido no asfalto com sua moto debaixo de um ônibus, enquanto tentavam reanima-lo.”

    praticamente um higlander!!

  • Acho isso tão engraçado “Deus me livrou das drogas”, “Deus curou meu filho do câncer”, “Fulano ficou 30 anos em coma, mas graças a Deus acordou”. Que Deus bom e misericordioso é esse que te salva de sofrimentos que ELE mesmo causa e podia ter EVITADO né.

    • Sim. Sensacional esse Deus que primeiro te fode todo e depois é tão bom que APENAS não te deixa morrer, mas contempla passivamente seu sofrimento por anos.

      Mas, bem, o que esperar de Deus? Ele matou o próprio filho, imagina o que não faria com a gente…

      • Já que estamos falando de livros, e falou-se de religião , recomendo fortemente a leitura de O Evangelho Segundo Jesus Cristo. Sendo Saramago o autor (que era ateu), o livro é maravilhosamente escrito com uma ironia muito sutil, onde os personagens bíblicos, apesar de constantemente afirmarem sua fé, a questionam implicitamente.

        Ps.: Consigo imaginar Rafael Pilha como JC em uma adaptação de Jesus Cristo Superstar, com muito lsd para homenagear os anos 70.

  • MDS, mas esse livro é uma delícia. Sally, tu tens toda a razão: Preciso comprá-lo. Não é à toa que está tão caro, só tem pérolas nele.
    No momento nem sei o que dizer, apenas sentir. Mais tarde comento direito.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Relatório de erros de ortografia

O texto a seguir será enviado para nossos editores: