13 anos de… relacionamentos.

Relacionamentos são basicamente um acordo de vontades entre duas ou mais pessoas onde não existe “certo” ou “errado”, existe um combinado entre as partes que, naquele momento, é bom para ambos, mas que pode e deve ser revisitado e/ou reajustado de tempos em tempos para confirmar se ainda está bom para ambos.

“Mas Sally, se essa é a sua definição de relacionamentos, nada mudou de 2008 para cá, continua sendo o combinado das pessoas. Você é burra, Sally, escolheu um tema que não rende um texto”.

Sim, a dinâmica é a mesma, por incrível que pareça, o grande desafio é o acordo de vontades. E é sobre isso que vamos conversar hoje.

Em 2008 as pessoas ainda tinham algum tempo/saúde mental/hábito de fazer reflexões, de olhar um pouquinho para dentro, de tentar se conhecer melhor e conhecer o outro. Havia mais nuances, variedade e diversidade. Você podia ser contra o aborto e votar na esquerda ou ser a favor do aborto e votar na direita. Você podia ser vegano e pisar em uma churrascaria. Você podia divergir de outra pessoa e continuar a admirá-la e conviver com ela.

Em 2008 as pessoas eram melhores em se conhecer melhor, em conhecer os outros melhor e em estipular aquilo com o qual querem/podem ou não querem/não podem conviver. Em 2008 não havia um sistema de castas mental onde a maioria das pessoas aderia a um “pacote” e ficava preso a ele vendo todos os demais como burros e/ou inimigos.

Então, como vocês podem imaginar, a dinâmica dos relacionamentos continua a mesma, mas, graças à mudança nas pessoas, ele está se tornando cada vez mais difícil.

E, que fique claro, quando falamos em “relacionamento”, falamos de qualquer relacionamento: amizade, amoroso, familiar ou que mais se queira classificar. Se em 2008 a gente via pessoas com uma expectativa irreal de que outros supram toda sua listinha de desejos, hoje vemos pessoas com uma expectativa irreal de que os outros as façam felizes sendo uma listinha de desejos.

Em 2008 uma pessoa poderia pedir à outra monogamia, carinho, amizade, presença, cordialidade ou o que mais lhe fosse essencial para uma relação. Atualmente, salvo honrosas exceções, as pessoas não pedem que os outros cumpram o combinado no que diz respeito às regras de uma relação, as pessoas querem que os outros SEJAM o que elas consideram o “certo”.

“Com bolsominion eu não me relaciono”. “Com petralha eu não me relaciono”. “Com gente que come carne eu não me relaciono”. “Com gente que não é do signo de libra eu não me relaciono”. Gente, tem um enorme mal-entendido acontecendo: o objetivo de um relacionamento não é o outro, é o que vocês podem construir juntos.

A automação, o crescimento tecnológico exponencial e os smartphones nos tornaram imediatistas e menos tolerantes a frustrações. Se você quer lembrar o nome de algum lugar ou famoso e o nome não vem à sua mente, o que você faz? Procura online. Estamos (mal) acostumados a ter a vontade atendida imediatamente. E isso tem uma série de desdobramentos complicados, entre eles pensar que a interação humana oferece a mesma facilidade de uma busca online.

Cada vez que temos uma “vontade atendida” o cérebro fica feliz, ativa um centro de recompensa e sentimos bem-estar. E, quem não gosta da sensação de bem-estar? Por isso, a tendência é que busquemos cada vez mais essa recompensa imediata: publiquei uma foto, fulano curtiu! Fiz um comentário, teve muitas curtidas! Queria uma camiseta azul, comprei online!

Hoje, em 24h, temos muito mais gratificações imediatas do que tínhamos em 2008. Virou quase que um modo de funcionar. E tendemos a repetir esse padrão nos relacionamentos, demandando gratificação imediata o tempo todo, algo que não é humanamente possível. Relacionamentos tem outra dinâmica e se tiverem que dar infinitas gratificações imediatas, serão exaustivos.

Gratificações imediatas são legais, mas são superficiais. Para construir algo significativo, o caminho é um pouco mais longo, um pouco mais demorado e o caminho não é um mar de likes, massagens no ego e recompensas rápidas. Quem está acostumado (ou até viciado) em gatilhos de bem-estar durante o dia, basicamente procura isso na sua vida, mais e mais.

E, dentro do rol de coisas que podem gerar uma recompensa rápida, não está construir uma relação sólida, profunda e duradoura. E estaria tudo bem, se as pessoas entendessem e decidissem abrir mão disso, aceitando que na vida não se pode ter tudo. É uma escolha: viver na base de gratificação imediata e construir outro tipo de relação ou abrir mão de um pouco de gratificação imediata e investir em um processo/projeto longo e trabalhoso para criar relações profundas e fortes. Ambas as escolhas são válidas.

O que não é uma escolha: achar que pode construir uma relação profunda, sólida e forte usando a dinâmica de gratificação imediata, pois não é possível e gera frustração.

Minha geração, que é pré-internet, sabe o caminho para fazer as coisas da forma lenta e artesanal. Tivemos o privilégio de viver os dois lados: vida sem e vida com internet. Mas, essa nova geração que começa a se relacionar nasceu e cresceu sob o guarda-chuva do imediatismo, sem ter as ferramentas ou o conhecimento para cultivar algo de crescimento lento e a longo prazo sem que isso os incomode e seja um esforço.

E, por mais que leiam a respeito ou alguém ensine, não parece uma coisa atraente, pois onde não há uma boa quantidade de gratificação imediata frequente, parece haver perda de interesse. Entretanto, sociedade, mídia e cultura continuam endeusando aquela relação sólida, duradoura, cúmplice e profunda como o modelo correto a se adotar. É como se te dessem sementes de morango e falassem: “vai lá, planta até nascer um abacaxi”. Aí viram o país que mais consome Rivotril no mundo e não sabem o porquê.

Minha opção de vida é cultivar relações sólidas, duradouras, profundas. É um projeto longo que demanda trabalho e atenção, mas que tem uma recompensa muito boa lá no final. Só entra e fica na minha vida quem tá comigo para o que vier, quem não vai soltar a minha mão, quem vai ser meu parceiro/cúmplice/confidente, quem eu posso confiar de olhos fechados, quem com certeza absoluta vai estar lá para quando eu precisar, em todos os momentos.

Por motivos de preservar a privacidade dos que me cercam, vou usar meu exemplo com o Somir, que vocês já conhecem. Hoje eu afirmo sem medo algum de errar que eu posso contar com o Somir para absolutamente tudo e que, não importa o que aconteça comigo, ele vai me ajudar. Não importa quais sejam nossas diferenças, podemos sentar, conversar e resolver. Não importa qual seja a contrapartida, ele nunca vai me trair, me deixar na mão ou fazer qualquer coisa que sabidamente me prejudique.

Hoje eu posso afirmar que nossa relação transcende qualquer nome que vocês queriam dar. Eu não tenho nome para isso. O laço que nos une, nossa dinâmica, nosso cuidado mútuo e nossa parceria chega a ser incompreensível para muitas pessoas. Foi fácil? Não. Foi rápido? Não. Dá para se acomodar? Não. Vale a pena? Sim. Muito. Minha vida ficou muito melhor.

Longe de mim dizer que esse é “o certo”. Isso é apenas o que eu quero, sem juízos de valor. A intenção é dizer que, para conseguir isso, não dá para tomar o caminho da superficialidade, da recompensa imediata, da impaciência, da pressa, do ego e do pouco investimento. Quer isso? Vai demorar, vai ter que cultivar, vai ter que saber escolher, filtrar, vai ter que ceder, fazer concessões, perdoar, acolher e, acima de tudo, se comunicar (e muito) de forma clara, sincera e aberta.

Já falamos desse conceito antes, mas vale relembrar. Os gregos tinham dois termos diferentes para “tempo”: Chronos e Kairós. Chronos é o tempo como o conhecemos, o tempo do relógio, do calendário (“o filme que eu quero ver começa às 18hs). Kairós, por sua vez, é um termo indeterminável, subjetivo, que não podemos antever ou mensurar. É o tempo justo e necessário. É o tempo que uma fruta vai demorar para madurar, é um momento que vai acontecer quando tiver que acontecer.

Quando a gente cresce sabendo que pode controlar “tudo” (os principais aspectos do dia a dia) com um clique, fica muito mais difícil entender e aceitar que existe outro tipo de tempo, o tempo necessário, que não podemos mensurar com precisão o quanto demorará e o que não controlamos. E os relacionamentos, meus amigos, não se regem por Chronos, se regem por Kairós. Não dá para acelerar esse tempo, não dá para prever esse tempo e não dá para mudar esse tempo.

Isso causa muita confusão. Tendo em mente um tempo de relógio (Chronos) as pessoas acabam jogando fora um relacionamento que ainda poderia amadurecer ou permanecendo em um relacionamento que já apodreceu faz tempo, justamente por se guiarem por um calendário. O tempo justo para que um relacionamento amadureça e se torne essa coisa bacana que todo mundo quer, onde você pode confiar cegamento no outro, contar com ele para tudo e conhecê-lo como a palma da sua mão, não é mensurável em dias, meses ou anos.

Como se não bastassem os critérios de escolha tortos (não é mais sobre o que a pessoa te dá, é sobre o grupo/tribo que ela pertence), o erro na execução (se você procura quem te dê gratificação imediata, virá uma relação superficial), ainda tem um outro problema mais complicado: como recalcular a rota? Quero dizer, se você quer um relacionamento sólido, de confiança e cumplicidade, como chegar lá?

Novamente, voltamos a aquela palavrinha de terça-feira: mindstet, ou seja, a forma de pensar, a premissa, a estrutura. Se você nasceu e cresceu sob a premissa do imediatismo, da internet, das redes sociais, dos smartphones, talvez você nem saiba como cultivar um relacionamento para a vida, como construir uma parceria de confiança e cumplicidade inabaláveis.

E é muito difícil de explicar, primeiro por ser algo extremamente subjetivo e abstrato, segundo por faltarem conexões neurais para integrar a informação a quem nunca a exercitou. Mas, vamos lá, vamos tentar.

Quer esse tipo de relacionamento que eu descrevi? Quer um parceiro para a vida com total confiança e cumplicidade? Vai demandar tempo. Tempo para construir e, antes disso, tempo para entender como construir.

Meu primeiro conselho é: compre uma sementinha de qualquer planta (lícita) e plante. Mas, como você vai descobrir na prática, plantar uma semente não é apenas jogar ela na terra e regar. Você vai ter que estudar sobre a semente. Você vai ter que descobrir como se planta, qual é a terra apropriada, qual o tamanho do vaso. Vai ter que descobrir quanta água demanda, quanto sol demanda, se gosta de frio ou calor, se precisa de luz ou de sombra, em quanto tempo cresce, se está crescendo direito, se precisa de adubo e muitas outras coisas.

E também vai descobrir que às vezes o que em tese é o certo, na prática não funciona. Vai ter que observar a plantinha crescendo todo dia e entender quando ela está murcha por falta d’água ou quando regou demais, mesmo seguindo as instruções que você achava corretas. Como plantas não falam, você vai exercitar bastante seu poder de observação, de tirar o foco de você e colocar em outro e de investir tempo e energia nesse outro.

Depois que a plantinha começar a crescer (e, acredite, vai demorar muito mais do que você gostaria), você vai ter que continuar aprendendo e se adaptando. Precisa de poda? Em que época do ano se poda? Como saber quando a terra já não nutre essa planta tão bem? O que fazer para adubar? Quando é hora de trocar para um vaso maior? Quando proteger do frio? Quando proteger do sol? Quando está doente ou com uma praga e precisa de tratamento?

É constante observação, constante investimento emocional e constante manutenção. E é apenas uma planta. Com uma pessoa é mil vezes mais demandante. Esta dinâmica te apavora, te desespera e te desanima? Você começa de boa e depois vai abandonado a dedicação ao projeto? Bem, talvez os relacionamentos profundos não sejam para você. E tá tudo bem, digo isso sem julgamento. Talvez seu caminho seja apenas ajustar suas expectativas e investir em outro modelo de relacionamento. Nem todos tem a disponibilidade emocional para doar tanto a ponto de construir algo inquebrantável.

Outro ponto que precisa ser entendido: amor é um só. Não importa se é amigo, namorado ou a classificação que você queira dar, um relacionamento assim transcende os títulos sociais. Amor é um só e pode adotar diferentes formas, transitar por elas, mas sempre estará lá. Se você troca a placa de um carro, ele passa a ser outro carro? Aos olhos da sociedade sim, em essência não. Repito mais uma vez: amor é um só, não importa a alegoria social que você decida dar a ele, o que importa é o amor que está lá.

Por fim, diálogo. Mas não sobre você, sobre o outro. E com uma escuta empática. Deixe o outro falar e estimule-o a falar sobre como ele se sente. Eu disse sobre como ele se sente, e não quais alegorias sociais ele veste. Foda-se se a pessoa vota em X, vota em Y, gosta de programa Z, come ou não come determinado alimento, milita ou não milita, é de signo tal ou tem a profissão tal. Isso são meras alegorias sociais que de forma alguma são a essência da pessoa. Olhe para a essência, é ela que importa.

Este momento de conversa sobre como o outro se sente é sagrado. Faça a conversa ser sobre como o outro se sente e dê espaço para a pessoa desenvolver isso. Foda-se o carro que ele quer comprar, a roupa que ele acha bonita, a viagem que quer fazer. É sobre como o outro SE SENTE. Tenha paciência, muitas pessoas nem sequer conseguem entender como se sentem e precisam de tempo e várias tentativas.

Obviamente, em qualquer relação você também terá sua hora de falar sobre como se sente, mas, faça a sua parte e estimule o outro a falar sobre como ele se sente. Sobre qualquer coisa. Várias vezes por dia. Deixe que a pessoa reflita, olhe para dentro, tome seu tempo.

Não julgue o que ela falar, não tente empurrar soluções, não “explique” a ela por qual motivo ela se sente assim. Escuta empática. Escute, escute, escute. Procure compreender. Spoiler: é possível respeitar mesmo sem concordar. E, nesse momento dedicado a ouvir como a pessoa se sente, tente só intervir se te for solicitado.

E, se você for uma pessoa muito evoluída, use a dupla de ouro em relacionamentos: elevar autoestima e retirar do medo, o que quer que a pessoa compartilhe. Não estou mandando mentir, estou mandando dizer o que a pessoa tem de bom de verdade e oferecer um ponto de vista verdadeiro que tire a pessoa do medo.

Alguém faz isso? Poucos, muito poucos. As pessoas estão sempre se defendendo, sempre pensando em como se venderem melhor para o outro (preocupadas com que imagem passar), em diminuir o outro para supostamente reduzir os riscos de que ele “vá embora” ou de se diminuir para caber na pequenez do outro, em criar personas que acham mais atraentes do que elas mesmas, em brigar, em ter razão, em competir ou em chamar a atenção. O fabricante do Rivotril agradece.

Então, se somarmos todos os fatores deste texto, temos uma conclusão muito triste: do jeito que as pessoas querem as coisas hoje em dia (rápidas, nichadas e do jeito delas), só será viável um relacionamento para a vida e inquebrantável com um robô, programado exatamente do jeitinho que elas querem. No dia em que for possível fazer sexo com robô, metade da humanidade desiste de um parceiro humano. Mas isso é tema para o Somir…

Juro para vocês, eu nunca vi tanta gente que não se ama junta e tanta gente que se ama separada como no Brasil. Obviamente algo não vai bem. Se vocês estão no vasto rol de pessoas que não conseguem construir o relacionamento que desejam, revisitem o que vocês querem em um relacionamento e o que estão fazendo para chegar lá, provavelmente um dos dois vai ter que mudar.

Para dizer que meu relacionamento com o Somir é exemplo do que não fazer, para dizer que adoraria um robô programado para fazer e dizer exatamente o que você quer ou ainda para dizer que a culpa é sempre dos outros pelo seu relacionamento não dar certo: sally@desfavor.com

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Comments (18)

  • Se critica os que delimitam seus relacionamentos pelo que os outros são, por que se orgulha tanto (a ponto de declarar de forma enfática) que excluiu inúmeras pessoas de sua convivência por ser negacionistas? É só a incoerência habitual?

    • Não, é questão de sobrevivência mesmo. Quando há um vírus respiratório que pode ser letal no ar, é questão de sobrevivência não se aproximar de quem não se vacinou e pode transmiti-lo.

      E, já que estamos falando em coerência, não é bastante incoerente vir aqui ler o que uma pessoa que você julga ter “incoerência habitual” escreve? Pior: ainda perder seu tempo deixando comentário? Por qual motivo você não investe seu tempo e energia em coisas boas e em pessoas que você julga coerentes?

  • Ser mãe implica em ser responsável por outros seres que não somos nós mesmas.
    Ser mãe é ficar com o coração na mão a cada choro, a cada queda, a cada febre, a dor dos filhos doi mais na mãe que neles mesmo.
    Ser mãe realmente é bastante trabalhoso, muito mais que ser pai.
    Amar os filhos nada tem a ver com ser mãe,
    Ser mãe com pai presente e ausente da partilha nos esforços que envolve a responsabilidade de criar seres humanos acima da média, com cobrança de responsabilidade com tudo que faz um ser humano capaz de se virar na vida com independência e sucesso não é para todas que se envolve no processo cansativo da criação.
    É chato cobrar, é chato ensinar, é chato fazer arrotar, é chato correr para o médico, é chato ir na reunião da escola, é chato tudo que envolve a criação dos filhos, mesmo assim amamos demais esses filhos trabalhosos.
    Fora isso, devia ter usado preservativo.
    Filhos, como sabê-los sem tê-los?

  • De uma pessoa que já plantou feijões e tomates cereja: não é porque você tentou plantar algo e falhou que vá ser sempre assim. Muitas variantes podem atrapalhar sua plantação, mas ainda assim não significa que ela esteja completamente perdida. E com certeza as melhores colheitas são as das melhores semeaduras, e sim, requer paciência e atenção. Se deu ruim, pode ser que você tenha plantado na época errada, na forma errada ou se dê melhor com outros tipos de plantas. Vale a pena tentar de novo, até acertar. A satisfação de comer os frutos do seu trabalho compensa.

  • Vivemos uma realidade que normaliza o narcisismo e o materialismo. Sei que idealizar relacionamentos é prejudicial, mas acho uma aberração esses artigos de mulheres, com foto e nome real, falando que se arrependem de serem mães, esses artigos de pessoas admitindo que traíram e pregando a normalização disso. Pessoas narcisistas e materialistas que não dão a mínima pros sentimentos dos filhos e dos parceiros, imagina você entrar na internet e ver sua mãe dizendo pra todo mundo que te odeia, ou ver seu parceiro dizendo que você não é suficiente e que precisa de mais parceiros.

    Propagou-se no mundo a ideia que é preciso ter para ser.
    Ain eu preciso ter 5 diplomas, depois conhecer o mundo, depois pegar todo mundo, depois comprar um carro top, um apartamento de luxo, roupas de grife, celular de última geração da maçã, preciso mostrar pra todo mundo que não sou “medíocre”, preciso “aproveitar a vida”.
    É aquela mentalidade de querer viver em um filme High School na adolescência, viver em Friends na juventude e terminar achando que família é Keep Up with the Kardashians.
    Quer viver uma vida baseada em ter para ser e se frustra quando encara a realidade, então é mais fácil culpar uma criança ou o cônjuge porque sua vida não é Hollywoodiana.
    Materialismo gera imaturidade.
    Materialismo gera individualismo.
    Faz você pensar que é o(a) mocinho(a) do seu filme favorito e começar a se vitimizar porque pensa que todos estão contra você e o que você merece é o que aprendeu erroneamente sobre liberdade.

    • “Vivemos uma realidade que normaliza o narcisismo e o materialismo. ”
      Principalmente o narcisismo feminino, você quer dizer. Vai lá um homem falar na internet que não gosta dos filhos e não queria ser pai…

    • Eu me arrependo profundamente de ser mãe.
      Não tenho pudor nenhum em admitir.
      Quer dizer que destruo o psicológico do meu filho? Não, porque trato a questão com a responsabilidade afetiva necessária e da maneira mais madura possível.

      Ps: apesar de ser clichezão “eu amo meu filho, apenas detesto ser mãe”.

      • Se arrepender de ser mãe não é sinônimo de 1) desgostar do filho; 2) tratar mal o filho ou 3) ser uma péssima mãe. Mas vai demorar até que as pessoas entendam isso…

  • Homens: não tem como pegar uma Juliana Bonde ou similares sendo pobre, feio e desconhecido.

    Mulheres: vocês não irão achar um homem lindo, rico e destacado que seja fiel.

    Boa tarde.

  • Texto para fazer pensar, Sally. Como muita gente é inconstante e nunca sabe bem o que quer, é de se imaginar que, depois de algum tempo, um eventual relacionamento de alguém com um robô programado para só fazer e dizer exatamente o que a pessoa quer também ficasse monótono, tedioso e empobrecedor. Desentendimentos e discussões não são agradáveis, claro, mas podem tanto ser a “causa mortis” de uma relação quanto o “tempero” que a torna humana. Tudo depende de como os envolvidos resolvem suas diferenças – como adultos maduros e respeitosos ou como crianças mimadas e birrentas – e do que se aprende no final das contas para se “calejar” o espírito e se tornar pessoas melhores.

    • Tenho minhas dúvidas se esses eguinhos inchados e essas personalidades inseguras achariam monótono ter um relacionamento com um robozinho programado para dar dependência e adulação.

    • “um eventual relacionamento de alguém com um robô programado para só fazer e dizer exatamente o que a pessoa quer”

      Exato. Mas nem precisa de robô. Outro dia assisti uma reportagem sobre um japonês que vivia na bigamia. Ele, a mulher e uma boneca. Com a mulher numa casa e com a boneca, em outra (com a mulher sabendo, é claro…afinal, é Japão). A boneca custava dezenas de milhares de dólares, e o fabricante garantia uma anatomia fidedigna…

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