O Manual do Nerd

Você sabe como tratar um nerd? Se não sabe, aqui vão algumas dicas. Não que todos os nerds sejam iguais, mas existem tendências. E a tendência nerd é que sejam pessoas muito difíceis de ler, muito introspectivas quando falamos questões pessoais e muito confusas quando falamos de sentimentos. Por isso, esse grupo pode ser bastante desafiador de se compreender e comunicar. Se você não entender a melhor forma de tratá-los, só vai receber resistência e desprezo.

“Mas Sally, você acha que tem que tratar alguém diferente?”. Não, ninguém tem que nada, mas se você quiser ou precisar manter uma boa relação com qualquer pessoa, sempre existirá uma forma de tratamento que pode ajudar. É a isso que me refiro, e não a ter cuidado para não ferir os delicados sentimentos nerds. Aprendemos como tratar diferentes grupos sociais em nome da diplomacia, da convivência e da cooperação, por qual motivo seria diferente com os nerds?

Por serem um grupo que evita socialização, fica mais difícil entender como tratá-los. Eles mesmos não discutem como querem ser tratados, é quase um exercício de adivinhação ou tentativa e erro. É preciso estudá-los tal qual um ornitólogo observa pássaros com cautela e delicadeza, para não assustá-los. Como eu tenho vasta experiência nisso, posso compartilhar um pouco do que aprendi com vocês e, com um pouco de sorte, uma ou duas dicas deste texto acabam sendo úteis, não importa qual seja o tipo de relação que exista (amizade, familiar ou amorosa).

Antes de mais nada, vamos aprender a reconhecer um nerd. O termo “nerd” acabou popularizado e deturpado de modo a dar a entender que é um grupo excêntrico, exótico e charmoso, mais ou menos como fizeram com o termo “bipolar”. Mas, assim como um mero aborrecimento não te torna bipolar, uma mera excentricidade não te torna nerd.

Durante algumas décadas, calhou dos nerds terem interesse por computação, internet e eletrônicos. Era um mundo novo e complexo, perfeito para que eles busquem refúgio do mundo real e suas assustadoras interações sociais reais. Assim, se convencionou estipular que quem tem esse tipo de interesse é nerd.

Mas, o mundo evoluiu e estes interesses banalizaram: hoje a maioria sabe mexer em um computador, navega com facilidade online e domina a maior parte dos eletrônicos. Infelizmente, o mundo evoluiu, mas muita gente não: continuam atrelando o nerd a estes interesses, criando um enorme mal-entendido.

“Mas Sally, então como chama quem, hoje em dia, tem esses interesses?”. Geek. A principal diferença do geek para o nerd é que o geek não tem problemas de socialização: não sofre com isso, não a evita e, por prazer, tem um espaço na sua vida reservado para ela. Portanto, a forma como se trata um geek não deveria ser a mesma forma como se trata um nerd.

Também é preciso ter cuidado para não confundir um nerd com outros grupos avessos à socialização: tem ódio de mulher? Não é nerd. Tem ódio de algum outro grupo? Não é nerd. Nerd não tem ódio, nerd tem apenas desprezo silencioso e no máximo uma condescendência rebuscada, que nós, reles mortais, provavelmente não vamos entender, devido às referências, pouca explicação ou verbalização truncada.

Nerd não é incel, não é teorista da conspiração, não é MGTOW. Nerd não é necessariamente cientista, fundador de startup de tecnologia ou TI. Nerd é uma pessoa que demonstra uma clara preferência por viver em um mundinho próprio ou paralelo, avesso à socialização e com interesses elitistas (geralmente intelectuais) que servem como aval para que ele evite socialização: o que o resto do mundo está fazendo, discutindo ou procurando não lhe interessa.

Então, não importa se você adere ao conceito de nerd do Somir usando como critério o hiperfoco (vide o texto de segunda-feira) ou ao meu, usando como critério os interesses, a forma mais fácil de reconhecer o nerd é procurar por estes componentes: 1) desinteresse por outras pessoas e por socialização sem qualquer vestígio de ódio; 2) interesses elitistas que poucas pessoas têm ou conseguem compreender.

Estas características compõe a premissa para lidar com um nerd da melhor forma possível, possível, portanto, elas serão o nosso fio condutor no texto de hoje. Vamos ao que interessa.

A primeira coisa que eu recomendo ter em mente ao se lidar com um nerd (não importa que tipo de relação seja) é: não é sobre você. A forma como ele se comporta, as escolhas que ele faz, as prioridades que que ele tem, etc. Nada disso é sobre você ou decidido tomando você como referência. Se ele não te dá atenção que você acha que merece, não é sobre você (não gostar o suficiente de você, não ter interesse em você), é sobre ele: uma pessoa com dificuldade em socializar e construir laços nos padrões que convencionamos chamar de “normais”.

O que não quer dizer que você deva suportar todo e qualquer tratamento. Você tem o sagrado direito de considerar aquilo insuficiente e ir embora, afinal, nem todas as pessoas do mundo são compatíveis umas com as outras. Mas faça isso: avalie se é ou não suficiente e, se não for, vá embora. Ficar na esperança de uma mudança ou solicitando uma mudança é a maior furada.

Em tese esse conselho valeria para qualquer relacionamento, mas é especialmente útil aqui por um motivo: para que o nerd mude seu comportamento, muito provavelmente será necessário que ele se violente.

Todos nós temos dificuldades, problemas e limitações. Algumas são socialmente aceitas outras não. Dificuldade de socialização não costuma ser socialmente aceita e é taxada de preguiça, de maluquice de má vontade.

Da forma como eu vejo, é quase que uma deficiência: assim como tem pessoas com muita dificuldade em aprender matemática ou com coordenação motora para dançar, o nerd tem essa deficiência na parte social. Não é que ele tem essa deficiência por ter escolhido não socializar, ele escolheu não socializar por ter essa deficiência.

Então, quando você tem uma deficiência e alguém te pede para praticar justamente aquilo que você não sabe, não gosta e não quer, te coloca quase que inevitavelmente em uma situação de violência.

É bem diferente do que pedir para alguém te acompanhar em um projeto pelo qual a pessoa não tem muito interesse (como planejar uma festa de casamento ou ir acampar). É bem além disso, é pedir para que alguém passe a exercitar algo que lhe é difícil, algo a que ela tem resistência.

Pense em algo que você não gosta, em uma atividade que te desagrada. Pode ser qualquer coisa: lavar a louça, um esporte, ir ao dentista. Agora imagine que todo mundo gosta disso e que a estratégia de socialização no seu entorno depende disso. Você faria um tratamento de canal cada vez que quisesse uma oportunidade de socializar com alguém? Dependendo do tipo de pressão do que está em jogo, vai ter quem ceda, mas… qual será o nível de felicidade e de bem-estar que essa pessoa terá?

Onde está escrito que é preciso socializar nos moldes atuais para ser “saudável”? Na cartilha do socialmente aceito, que não serve nem para limpar a bunda. Então, não é quem uma pessoa nerd não seja saudável, ela não é vista como saudável por uma sociedade que, francamente, é menos saudável ainda. Mas isso deixa marcas: escutar que algo não é saudável faz mãe pressionar filho para ser diferente, faz esposa cobrar de marido, faz com que essas pessoas tenham um histórico de cobranças que, com razão, as deixa muito reativas.

Não é um problema, é uma característica. Se você se relaciona com uma pessoa que prioriza a parte intelectual, você não pode se surpreender quando ela tirar a camisa e não tiver nenhum músculo aparente. Se o seu filho tem baixa estatura, você não pode se surpreender quando ele não quiser jogar basquete. Se estamos falando de nerds, não espere socialização nos termos que se convencionou chamar de “normal”. E tá tudo bem, é só não se importar com o que o entorno pensa e deixar a pessoa ser feliz assim.

“Mas Sally, isso não pode mudar? A pessoa não pode passar a gostar de socializar como todos nós?”. As pessoas mudam se quiserem e se puderem. Não basta querer, a pessoa tem que ter as ferramentas internas necessárias para articular essa mudança. Então, mesmo que a pessoa queira, nem todos tem essas ferramentas. E, sempre válido lembrar: a pessoa tem o sagrado direito de não querer. É escolha, não adequação à normalidade.

Outra coisa que precisa ser estabelecida é que o perfil nerd vem com o ônus (ou o bônus, como se queira encarar) de isolamento emocional periódico. Existe um termo muito bom em inglês para isso: “me time” (algo como “tempo só para mim”). Todos nós precisamos de “me time” em algum momento, mas, na personalidade nerd costuma ser mais frequente e mais acentuado.

Normalmente, esse perfil de pessoa precisa de períodos de isolamento por diferentes motivos: para se reestruturar, para lidar com alguma pressão ou para buscar algum interesse, só para citar alguns exemplos. Não quer dizer que a pessoa vá para o alto de uma montanha, mas, o resultado final é quase o mesmo: distanciamento, desinteresse por tudo à sua volta e pouquíssima interação.

Novamente, não é sobre você. Não é desinteresse em você. Não é desgostar de você. Existem duas formas de encarar isso: você pode tentar participar do que quer que esteja gerando o isolamento, se unindo à pessoa nessa jornada ou você pode aproveitar esse tempo abençoado sem demandas para você mesmo, um respiro que muitas vezes é extremamente bem-vindo.

E aqui surge outra questão: é muito válido que se dê um tempo para quem precisa dele, mas nerds tendem a se perder no tempo. Existe uma linha tênue entre respeitar a individualidade do outro e alimentar um hábito autodestrutivo.

Então, dar um tempo para a pessoa é necessário para um relacionamento saudável, porém, dar todo o tempo que a pessoa quiser pode não ser. Também é um gesto de carinho e cuidado chamar a pessoa de volta para a realidade, para o presente, para o agora, quando sua ausência começar a se tornar pouco saudável.

E, quando isso acontece? Impossível dar um prazo. Dias? Semanas? Meses? Depende de cada realidade, de cada conjunto de valores e de muitos outros fatores. Como qualquer outra questão subjetiva, esta se resolve com diálogo: é preciso chegar a um consenso de quando o “me time” deixa de ser saudável e passa a ser um sintoma e de qual é a melhor forma de chamar a pessoa de volta.

O que nos leva a um novo desafio: conversar com um nerd. Dificilmente quem não socializa é bom com palavras, sobretudo quando o tema é emoções. Não é que a pessoa queira te esconder nada ou mentir, às vezes nem ela se entende. Muitas vezes ela vai se compreendendo à medida que vai verbalizando e falando com você. Vai sair bagunçado mesmo, com o tempo você se acostuma a decodificar. E com o tempo o próprio nerd começa a ordenar melhor o que fala. Se este for o caso, sua melhor ferramenta é uma escuta empática, sem julgamento, sem oferecer solução para tudo e sem cobrar uma linha temporal coerente.

“Quer dizer então que eu tenho que concordar com tudo que o bonito fala?”. Não, Pessoa Quer Dizer, não quer dizer isso. O ponto é evitar confronto na interação, nerds não reagem bem a isso e se fecham, não escutam uma única palavra do que você vai falar, vão apenas se defender. Tem um componente muito infantil nessa reação: assim como crianças, eles não exercitaram a socialização o suficiente para ter um amadurecimento das reações/emoções, portanto, se tratar como criança de cinco anos o resultado será melhor.

A forma como você vai se expressar são determinantes para a reação que vai obter. As palavras, os termos que você vai usar são determinantes para o grau de atenção que você vai conquistar. Lembre-se: você está entrando em um campo que a pessoa não sabe e não gosta, portanto, qualquer didática para prender sua atenção joga a seu favor. O interesse em resolver questões é de ambos, mas você é a pessoa com mais ferramentas para conduzir essa solução, então, recomendo que as use.

Dois pontos chave que normalmente permeiam a vida de um nerd: culpa e autoestima. Ainda que isso não esteja escancarado, estes sentimentos costumam povoar suas cabeças – e de forma muito truncada. Talvez eles nem mesmo saibam dar nome ao que sentem, mas, geralmente, está relacionado a culpa ou autoestima. Culpa por não fazer o que a sociedade espera deles, autoestima abalada por sentirem que tem algo de errado com eles por se portarem diferente da manada.

Então, se puder nortear qualquer interação removendo a culpa e alimentando a autoestima, as chances de surgir um terreno fértil para diálogo, dos escudos baixarem, de você ser descartado(a) como ameaça, são maiores. Esta dica é especialmente útil para as mães de nerd, façam o teste. Não é para mentir. Não é para ficar puxando o saco da pessoa. É para ser verdadeiro dentro dessa premissa de remover a culpa e elevar a autoestima.

E, com mais frequência do que se imagina existirá a impressão de que a pessoa não se importa, não se abala ou não liga para nada do que você está falando. Provavelmente isso não é verdade, é apenas um escudo de defesa de quem tomou muita paulada na vida por não atender a expectativas, de quem não teve sua dificuldade no rol das “dificuldades socialmente aceitáveis”, de quem presume que conversa é sinal de problema, crítica e cobrança. Mostre que não é, pois só a partir desse entendimento é que as portas vão se abrir.

Tenha sempre em mente que, por mais brilhante e inteligente que seja uma pessoa, existem diferentes tipos de inteligência – e a inteligência emocional dos nerds não costuma ser grandes coisa. Portanto, assim como você não gostaria que alguém te emaranhe em uma discussão profunda com indagações constantes sobre física quântica, não o jogue em um turbilhão avançado de discussões sobre questões emocionais. A gente aprende a andar de bicicleta usando rodinhas.

Fale simples, não presuma que a pessoa está no mesmo patamar que você e não recrimine eventuais confusões ou desconhecimentos em matéria de emoções. Muito menos presuma que o outro não as tem. É muito comum, ao não ver reação do outro, bater um pouco mais forte até conseguir a reação. Não faça isso.

O problema de magoar uma pessoa que não demonstra que está sendo magoada é que você continua até a pessoa explodir, o que geralmente é um ponto de não retorno, quando o estrago é grande demais para ser reparado. Pode parecer que você não está causando dano, mas está. Não teste isso prosseguindo com o dano só para conseguir uma reação da pessoa, não é decente se portar assim. Isso é mais seu ego querendo constatar que você é importante do que ajudar o outro.

Seja leal, seja fiel, seja parceiro (a), no sentido de alguém com quem você pode contar. Já reparou que toda história que desperta o fascínio do nerd tem um componente de lealdade? Frodo tinha o Sam e na Sociedade do Anel eram todos parceiros que podiam confiar uns nos outros. Ser nerd é uma jornada muito solitária, ter um parceiro para a vida significa muito. Seja rede de apoio não pedrada. Pessoas com essa sofisticação intelectual não reagem bem a estímulo na porrada, na grosseria, na violência.

“Mas Sally, se a pessoa não é boa nem de conversa, nem de grosseria, como interagir?”. O mais próximo do mundo dela que você conseguir. Usando exemplos que lhe sejam familiares, metáforas que pertençam ao seu mundo e coisas no estilo. E não presumindo que suas reações, sentimentos e motivações são aquelas “padrão”, que outras pessoas teriam. Na dúvida, pergunte. Sempre pergunte.

Entenda que é uma pessoa com tendências a desconexão da realidade e, para todo o sempre, você será seu aterramento, o fio do balão que o impede de voar e se perder por aí. E só fique se estiver ok com esse “papel”. Para quem é muito pé no chão, pode ser uma relação complementar muito boa: a pessoa te equilibra, contrabalanceia. Não é tão grave quanto parece, apesar de ser considerado socialmente terrível. Tem tendências muito piores por aí que não são tão recriminadas. Seja o porto seguro para a pessoa poder divagar, se ausentar, voar com a mente sabendo que ela tem um farol para olhar caso se perca e queria voltar.

Encontre interesses em comum. Nerds vão muito além de ficção científica e internet. Existem atividades que dão esse gatilho gostoso que eles procuram, esse mix de desconexão, elitismo e cócegas na mente. Existem até esportes que são capazes de despertar esse fascínio: xadrez, curling e outros. Meu ponto é: para se conectar com um nerd não é necessário aderir a aquelas atividades clássicas como RPG, existem infinitas formas. Você pode até escrever um blog com a pessoa, é possível que dê tão certo que dure mais de 15 anos!

Vencida a resistência inicial, fruto de inaptidão social, desconfiança e traumas, um nerd é um companheiro fiel que tem muito a acrescentar na sua vida. Não se deixe enganar pelo julgamento social que o coloca como inapto. Todos nós somos inaptos em algumas áreas da vida, só que calha de a maior parte das pessoas serem inaptas em áreas nas quais está “socialmente autorizado” ser deficiente.

Acho que, em resumo, o que quero dizer é: não é preciso ser nerd (ou virar nerd) para ter uma bela e construtiva relação com um nerd. Espero ter ajudado.

Para dizer que eu sou nerd, para dizer que você não é nerd mas tudo que foi dito se aplica a você ou ainda para dizer que não esperava tanta consideração da minha parte (as pessoas evoluem): sally@desfavor.com

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Comments (16)

  • De acordo com o que foi escrito no texto, as vezes penso posso também ser classificado como nerd, embora não goste lá dessas coisas de star wars e gadgets (até a página 2 rs). No caso, as vezes tenho certa dificuldade em me socializar mesmo, e tenho interesse em “assuntos elevados”, eruditos e acadêmicos, como discutir Dostoiévski ou qualquer autor ou filósofo num café…

    • Também sou assim. Mas, pra muita gente, “ter interesse em ‘assuntos elevados'”, infelizmente, é ser chato. Só que, como diria a Sally: “observe eu não me importar”.

  • Esqueceu de dizer que tipo de comida dar, como dar banho…e como se limpar com os dois braços quebrados.

    Afinal de contas, Sally e Somir são a mesma pessoa. Por isso todos os nerds são iguais.

    Piadas à parte, excelente texto, parabéns, muito obrigado. Mas o CDG (na dúvida se seria melhor OCDG) ainda é o top da semana.

  • Às vezes a pessoa pode até querer se socializar, mas como costuma vir uma avalanche de julgamentos, a pessoa desiste. E claro, julgamentos geralmente acompanhados de sugestões de como a pessoa poderia “resolver” esses “defeitos”.

    “Nossa, já ouviu falar em aparelho pra corrigir esses dentes tortos?”, “Como assim nunca beijou na boca? Não gosta de mulher?”, “Você ainda mora com a mãe? Nunca fez nada sozinho na vida, não?”, “Todo mundo fez faculdade e você parado aí, você gosta de ser burro?”, “Nossa, você é muito quieto, isso é coisa de atirador de escola, procura ajuda” e afins.

    Então, uma pessoa que já se sente alienada, distante e com pouca energia para interagir, sente o pouco que tem de autonomia ainda mais ameaçado com tanta pressão implícita, ainda no começo de um relacionamento (se o começo já é tudo isso, imagina levar adiante). Não é de se surpreender que a energia será direcionada para outro foco mais acessível.

    Uma pessoa só se conhece bem se observando todos os dias. Às vezes, a pessoa só não tem tempo. Às vezes, ela foi socializada de outra forma em que ela acha que tá tudo bem só se falar de vez em quando e não todo dia.

    Às vezes, ela tem mesmo algum transtorno, e talvez um que não seja reversível, e nem por isso a vida dela é um fracasso ou está acabada. Às vezes os “extrovertidos” quem são inconvenientes, invasivos, evadem de sua privacidade, são sufocantes e afastam a pessoa.

    • Concordo 100%
      Inclusive o brasileiro tem essa crença de que extroversão é positiva e introversão é ruim. Eu penso exatamente o oposto. Prefiro uma pessoa mais calada, mais comedida, do que alguém esfuziante, que fala alto, abraça desconhecidos e batuca.

    • Não acredito que essas características sejam flutuantes em autistas: períodos de total atenção e contato físico intenso com família e namorada, por exemplo. Até onde eu sei, eles ficam constantemente em um isolamento maior do que o das pessoas consideradas comuns.

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