O estado de Kerala, no sul da Índia, fechou algumas escolas, escritórios e transportes públicos nesta quarta-feira, em busca de impedir a propagação do vírus mortal Nipah, que já matou duas pessoas nos últimos dias. Um adulto e uma criança ainda estavam infectados no hospital, e mais de 130 pessoas foram testadas para o vírus, transmitido através do contato com fluidos corporais de morcegos, porcos ou pessoas infectadas, disse uma autoridade estadual de saúde. LINK


Alerta de pandemia? Não, nada indica isso agora. Alerta de não aprenderam nada com a última? Aí o perigo aumenta. Desfavor da Semana.

SALLY

Situações difíceis e erros podem significar duas coisas na vida de uma pessoa: danação ou aprendizado. Quando a situação difícil ou o erro apenas causa dor, sofrimento e prejuízo, temos a danação. Mas, quando há uma mudança de comportamento/pensamento para melhor, temos aprendizado.

Vocês passaram e ainda estão passando por uma pandemia de mãos dadas com a gente, você, que é leitor do Desfavor, certamente passou por algum aprendizado nesse período. Talvez esteja chegando a hora de todos nós exercitarmos esse aprendizado de três anos de pandemia de Covid-19.

Parte do estado de Kerala, na Índia está em lockdown (lockdown de verdade, não essa bizarrice que fizeram no Brasil) para tentar conter um surto do vírus Nipah (NiV, para os íntimos).

Vamos falar o pouco de informação disponível sobre este vírus, mas, como pessoas que alcançaram algum aprendizado no assunto, vocês sabem como é esse começo: muita informação desencontrada, muita informação que países ocultam, muita possibilidade de que o vírus tenha sofrido alguma mutação que relativize o que está sendo dito. Então, leiam com isso em mente.

O Nipah é um vírus zoonótico, ou seja, é um vírus que era originalmente de animais selvagens e acabou se adaptando e infectando seres humanos. O vírus foi isolado pela primeira vez em 1999, na Malásia, em um povoado chamado “Kampung Sungai Nipah” e é daí que vem o seu nome. Já tivemos surtos anteriores na própria Malásia, em Bangladesh e na Índia. Todos foram controlados.

Os principais reservatórios deste vírus são os morcegos, porém, acredita-se que o primeiro surto tenha ocorrido através do contato de porcos com seres humanos: o vírus foi do morcego para o porco, se adaptou ao porco, que tem o organismo muito mais parecido com o nosso, e daí foi para humanos.

As formas mais comuns de contágio são consumir frutas mal lavadas (ou o suco delas) que ainda contenham restos de saliva ou urina de morcegos contaminados ou consumir carne de porco malcozida. Obviamente o contato direto com outro ser humano contaminado também é um risco, mas não creio que nenhum de nós tenha ido a Kerala recentemente.

Então, por ser um surto (= contaminação de uma área controlada) e não uma pandemia (= vírus circulando pelo mundo todo), a contaminação de humano para humano é mais improvável. Em todo caso, é nosso dever falar sobre ela: a contaminação de pessoa para pessoa se dá pelo contato com secreções (lágrima, saliva, etc.) e excreções (urina, fezes, etc.) do doente. Até onde se sabe, o contágio não ocorre pelo ar, apenas pelo contato com secreções e excreções.

O período médio de incubação, isto é, o tempo que leva para uma pessoa apresentar os primeiros sintomas depois que foi contaminada, costuma ser entre 4 a 15 dias, porém já ocorreram relatos de prazos mais longos, chegando até 45 dias. O que isso nos diz? Conhece alguém que voltou da Índia ontem e a pessoa está ótima? Ainda assim ela pode estar contaminada. Só depois de 15 dias estamos entrando em território seguro.

Se a Covid-19 tinha predileção pelo sistema respiratório, este vírus costuma apontar para o sistema nervoso, o que, como vocês podem imaginar, é um pouco mais grave.

Os sintomas iniciais costumam ser febre, dor de cabeça, náuseas, vômito, confusão mental, desorientação, convulsões e alteração dos níveis de consciência. Se evoluir mal, costuma causar encefalite, que nada mais é do que uma inflamação no cérebro. Se na covid a taxa de letalidade (mortes) era de 1%, neste é de 75%. Não existe tratamento contra este vírus nem prevenção (vacinas), o máximo que se pode fazer é tentar controlar os sintomas dos doentes.

A boa notícia é que, se nenhuma mutação desgracenta aconteceu, as chances do vírus se espalhar são menores. Outra boa notícia é que em 2019 a região (Kerala) teve um surto deste mesmo vírus e conseguiu contê-lo de forma eficiente, já no primeiro caso. Mais uma boa notícia é que farmacêuticas que trabalham com vacinas de RNA (como é o caso da Pfizer), já estão tentando desenvolver em uma vacina para este vírus.

“Mas Sally, se está tão tranquilo como você diz, por qual motivo este é o Desfavor da Semana?”. Pelo mesmo motivo de sempre: as pessoas não aprenderam nada. Tem gente indo pro extremo “vamos todos morrer” e tem gente indo para o outro extremo “certeza de que não vai acontecer nada”. E ambos cometem o mesmo erro.

Não parece ser nada preocupante, se a situação se mantiver como está agora. Porém, não sabemos se a situação vai se manter como está agora. Vírus sofrem mutações. Ainda que o SARS-CoV-2 (vírus responsável pela covid-19) tenha sido muito camarada conosco e não tenha sofrido uma mutação que escape às vacinas ou aumente a letalidade, não quer dizer que teremos sempre a mesma sorte.

Vírus se tornam mais contagiosos, vírus encontram formas de se espalhar de forma mais rápida e mais eficiente, vírus se tornam mais letais. Não é para ter medo, é para ter atenção, consciência e cuidado.

Sofrer antes do tempo e ignorar riscos são o mesmo tipo de problema: uma desordem interna na hora de mensurar a realidade. Por enquanto, nada aponta para o caminho de que esse vírus se espalhe pelo mundo, mas não é possível descartar qualquer perigo.

Quando falamos de um país superpopuloso, pobre e com hábitos de higiene questionável, temos que ligar um sinal de alerta e observar. Quando falamos de um vírus com letalidade de 75%, temos que ligar um sinal de alerta e observar. Não precisa se desesperar, não precisa mudar nada na sua vida (a não ser não ir a essa região da Índia), mas é uma coisa você deve fazer: se manter informado, por bons curadores de conteúdo.

Ignore mensagens de WhatsApp repassadas, ignore informação de rede social, ignore qualquer coisa que não esteja perfeitamente alinhada com a ciência (como teorias da conspiração, por exemplo) e mantenha-se informado. Vocês têm a obrigação de saber melhor agora.

Sejam melhores. Não caiam no medo nem na negligência. O ser humano está invadindo o habitat de animais selvagens e, uma das consequências disso é ter contato com os vírus que eles carregam. Não foi o primeiro e não será o último a pular de bicho para gente, é esperado que isso aconteça, temos que estar preparados, inclusive emocionalmente, para lidar com esses sustos, pois eles serão recorrentes.

Curiosamente, em janeiro de 2020, também em um Desfavor da Semana, fizemos um texto similar sobre covid-19: era preciso ter cuidado. Nem histeria por achar que vamos todos morrer (não todos morremos), nem total descaso achando que nada vai acontecer (aconteceu coisa para um caralho).

Vamos relembrar? Tenham em mente que isso foi escrito meses antes da OMS decretar pandemia e do vírus chegar ao Brasil:

O que falei de positivo:

“Minha opinião pessoal (que pode estar errada), por puro achismo, é de que ainda não vai ser dessa vez que um vírus dizima boa parte da humanidade. Mas, quando essa hora chegar, o Brasil vai tomar no cu com tanta força que é capaz do país ir parar ao lado da Groenlândia no mapa. O fato de não acontecer uma enorme epidemia e morrer meio mundo não apaga a imbecilidade e arrogância do país em lidar com questões sérias.”

O que falei de negativo:

“Para piorar, os sintomas do Coronavírus são razoavelmente comuns: tosse, febre, falta de ar. Por hora, o diferencial é que a pessoa tenha sido exposta a alguém que esteve no local onde a doença surgiu, mas, se isso virar uma epidemia mundial, esse critério não será mais relevante: todo o mundo será um local de risco. Me diz que brasileiro procura um médico por causa de febre e tosse? Talvez 1%? Vão morrer como moscas.”

É isso, enquanto muitos diziam que nunca chegaria no Brasil ou que o vírus não sobreviveria ao calor e outros diziam que iria dizimar a humanidade, Desfavor passou um panorama bastante compatível com a realidade. Vem com a gente, que você estará bem-informado. Assim como foi e vem sendo com Covid-19, vamos fazer o possível para trazer a melhor informação da forma mais ágil.

Então, para quem for leitor, ninguém solta a mão de ninguém, tudo que você precisa saber estará aqui. Respira fundo, segue a vida e fica atento.

Para dizer que não vai dar em nada, para dizer que vamos todos morrer ou ainda para perguntar se já botaram a culpa no Bill Gates: sally@desfavor.com

SOMIR

Às vezes o Desfavor da Semana bate com o tema mais falado na mídia, às vezes ele funciona para jogar luz no que foi esquecido. Hoje deixamos Lula e Bolsonaro em seus respectivos chiqueiros para olhar para o vírus Nipah. Sally já fez um resumo sobre a situação, então eu vou ficar mais livre para falar sobre a nossa forma de lidar com informação.

Se tem uma coisa que não podemos criticar sobre a reação global na pandemia do Coronavírus foi a atenção dispensada ao tema. Sim, atenção por muitas vezes negativa, com negadores saindo de todos os bueiros e politização absolutamente inútil do tema, mas atenção do mesmo jeito. Gerou cliques, visualizações e números superlativos em geral para a mídia.

Mesmo com tanta atenção, ainda foi caótico para o cidadão médio. Muita gente percebendo que era sério só quando ficava doente ou quando um parente morria. Cada país reagindo de um jeito, alguns governados por completos malucos de teoria da conspiração do Zap. A vacina funcionou, mesmo com uma taxa de adoção abaixo do ideal, e mesmo com milhões de mortes, a humanidade pode dizer que ganhou a batalha.

Não a guerra. A guerra provavelmente vai continuar enquanto formos formas de vida biológicas. A natureza continua fazendo seus experimentos aleatórios em todas as formas de vida, e em alta velocidade nas microscópicas. Novas doenças vão surgir, doenças antigas podem reaparecer, não tem nada decidido ainda.

E é sobre a guerra que eu quero falar. O Nipah é um vírus com alta letalidade e demanda atenção, mas talvez mais importante agora seja analisar o mundo no qual ele está inserido. Eu argumento que a ciência resolveu o pior do Coronavírus na base da força bruta mesmo, se a pessoa entendia ou concordava não mudava nada: a vacina gerou capacidade de resistência ao vírus ao redor do mundo. Quem foi se vacinar acabou ajudando quem não quis do mesmo jeito.

Mas a primeira pandemia da era da globalização perdeu a força antes das pessoas acharem uma solução para o terrível problema de desinformação que a internet trouxe a tiracolo. Entramos e saímos do momento mais grave da pandemia sem uma lição sobre como disseminar informação de qualidade na cultura moderna.

Os negacionistas não atingiram massa crítica para impedir o funcionamento da vacina, mas como a doença não era mortal o suficiente, a maioria deles ainda está aí. Realmente achando que foi só uma gripezinha, que não foram protegidos pelos que foram tomar a vacina e tomaram cuidados para não espalhar ainda mais a doença.

Quando você segura uma criança prestes a atravessar uma rua movimentada, é difícil definir se ela entendeu que podia morrer ali e se aprendeu a lição. Evitar que ela faça isso uma vez não significa que você pode deixar de se preocupar quando ela estiver diante de carros em movimento no dia seguinte…

E esse é o ponto fraco na armadura da humanidade contra as próximas epidemias e pandemias: salvamos os negacionistas. Claro, salvamos nossa pele e por tabela salvamos eles também, mas não muda o fato de que é bem provável que essas crianças não tenham conectado os pontos. Eu não duvido que elas vão correr na rua da próxima vez.

E isso cria um problema de comunicação: qual deve ser o tom numa próxima questão de saúde pública? Sensacionalismo para fazer as pessoas reagirem com mais força contra os negacionistas? Mas será que isso não dá munição para os malucos se alimentarem do pânico? Ou será que o certo é ir na calma e na racionalidade para não deixar eles se alimentarem do caos? O problema seria que os chiliques deles seriam muito mais chamativos em comparação.

Estão quase todos aí prontos para decidir aleatoriamente qual é a verdade sobre qualquer crise de saúde e estúpidos o suficiente para arriscar a própria vida por causa disso. Não só a vida deles, mas a sua também. Bolsonaro deveria estar sendo julgado por crimes contra a humanidade, Pazuello, Yamaguchi e afins, todos preocupados com décadas de cadeia. Mas não deu em nada. A CPI não deu em nada. O plano de saúde que deu cloroquina para velhos porque era mais barato que entubar está aí, inteiro, ganhando dinheiro como se nada.

O crime compensou. Quase todo mundo que arriscou a vida de milhões de brasileiros sem fundamento científico nenhum foi recompensado. O presidente que atrasou as vacinas de propósito está ameaçado por roubar relógio, mas não pelo negacionismo genocida. O povo parece que esqueceu tudo o que aconteceu, ou pior, achou normal.

Se tivermos que lidar com uma doença perigosa no futuro, próximo ou distante, quais serão as repercussões para a humanidade? Pode errar, por burrice, por ganância ou teimosia, pode errar à vontade que não tem punição. Os malucos vão ser mais malucos da próxima vez. E se por algum motivo a ciência não conseguir atropelar a estupidez de novo, se a gente ficar dependendo só de racionalidade e boas informações… bom, é possível que a gente tenha que enfrentar a doença e uma parcela cada vez maior da humanidade na batalha que vier.

Para politizar isso ao invés de lidar com a burrice imensa do ser humano médio, para dizer que seria a mesma merda com o Lula (não muda o argumento em nada), ou mesmo para dizer que vai continuar não querendo ir para a Índia: somir@desfavor.com

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Comments (16)

  • Eu espero que o vírus não se propague fora de Kerala, mas também espero que as farmacêuticas desenvolvam uma vacina pra ele o mais depressa possível. A Índia é bem grande, uma pequena parcela da população de lá é bastante gente. Não acho que Nipah vai ser o último vírus a nos dar problema, mesmo que não chegue no grau que a covid chegou.
    Talvez a melhor forma de nos prepararmos seja justamente investir em manter saúde física e mental em dia. Nenhum prejuízo em fazer isso, mas evita tanto problemas hipotéticos quanto problemas que já são parte da “rotina” de várias pessoas.

    • É preciso conscientizar as pessoas que, pelo estilo de vida atual da humanidade, vamos ter vários problemas com surtos e até pandemias de vírus zoonóticos. Assim, quando for necessário impor restrições, não fica esse bando de bebê chorão esperneando, achando “muito estranho” e criando teoria da conspiração. Existe uma boa chance de que essa seja uma realidade frequente nas próximas décadas, então, as novas gerações tem que estar preparadas.

  • Virus com indices tao altos de letalidade nao se espalham bem por que a pessoa morre. Epidemiologia é uma ciencia linda, mas pouco prestigiada.

      • Teoricamente sim, mas nesses casos em geral o número de contatos é menor…por que a pessoa está morrendo, oras. Em casa ou no hospital, tanto faz.
        Claro que isso é uma generalização, mas é meio que padrão da teoria epidemiológica. Virologistas se cagam de medo de vírus com mortalidade e 1-5% e disseminação fácil. Tipo SARS-CoV2.

  • Des Qualificado

    Sem querer ser alarmista mas…Lularápio e Esbanja voltaram da Índia agora,faz o que,uma semana?Tomara que o casal 171 e sua comitiva não tenham trazido na bagagem nada além de umas canetas,uns incensos e a tradicional diarréia,essa já inclusa,compulsoriamente,em qualquer viagem para a terra de Shiva.

  • Meua migo, para um vírus conseguir fazer efeito no povo que nada no Rio Gânges atulhado de lixo, cadáveres e dejetos de tudo que é animal; caga na rua e limpa com a mão; e ainda tem o hábito de comer carne estragada e grãos mofados (disfarçados com o seu “tempero exótico”, que é entupir os alimentos de ervas e pimentas até encobrir o gosto do estragado)… se um brasilóide que não vive na Bahia ou no Hell de Janeiro pegar isso, é direto pro caixão.

    • Brasileiro não é muito diferente: nada em esgoto, come comida de rua mais suja do que sola de sapato, sai chupando a boca de qualquer pessoa em eventos…

  • Quando a mortalidade é muito alta é mais difícil de espalhar, não? Talvez acabe “flopando” que nem o ebola (alguém se lembra da varíola do macaco?)

    • Sim, é mais difícil, porém, se a gente lembrar, na história da humanidade tivemos doenças com alto índice de mortalidade que se espalharam gostoso. Nunca duvide do ser humano.

      • Exatamente. Peste bubônica quase dizimou a Europa no fim da Idade Média, e é tão letal quanto contagiosa. Ainda é endêmica em alguns lugares, não tem uma vacina com 100% de cobertura, mas tem tratamento. A prevenção é feita com higiene básica. Tipo, o suficiente para que o lugar em que você vive não seja tomado por ratos e pulgas, que são os vetores da bactéria.
        O pior é que levou séculos até que percebessem que talvez não fosse muito recomendável dormir com ratos e passar meses sem banho. A Igreja ainda dizia que tomar banho abria os poros e tornava as pessoas mais suscetíveis à doença… me pergunto quem precisa de um inferno, se as condições de vida eram assim.

        A humanidade está cheia de exemplos de desastres causados por doenças mortais que poderiam ser prevenidas só com um pouquinho de higiene e bom senso, mas parece que as pessoas não aprendem. Como a Sally disse em um texto anterior: “Infelizmente, o pior precisa acontecer para que as pessoas entendam que o pior pode acontecer.”

        • Sim, se a gente analisar bem de pertinho, na maior parte das tragédias envolvendo doenças, o ser humano tem grande parcela de culpa.
          Pandemia de AIDS é um belo exemplo: é só usar camisinha, e nem assim as pessoas fazem. Passou da hora de compreender que podemos acabar extintos por um vírus em algum momento e começar a levar mais a sérios as restrições que nos são recomendadas. Tudo isso pode ser ensaio geral para algo realmente devastado que pode surgir em algum tempo, e ninguém parece estar aprendendo nada.

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