Uma mulher, identificada como Erika de Souza Vieira Nunes, levou o cadáver de Paulo Roberto Braga, de 68 anos, supostamente tio dela, até uma agência bancária do Itaú em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, nessa terça-feira (16/4). A intenção era pegar um empréstimo de R$ 17 mil no nome dele. Os funcionários da agência suspeitaram do caso, devido à aparência debilitada do homem, resolveram filmar a ação da mulher. Nas imagens, ela aparece segurando a cabeça do cadáver, que estava em uma cadeira de rodas. LINK


Todo mundo discutindo quando ele morreu, se foi golpe ou não… como se isso fosse o principal problema. Desfavor da Semana.

SALLY

Durante muito tempo eu chamei o brasileiro médio de bicho, mas eu estava errada. Bicho ainda tem a capacidade de cuidar de outro bicho quando ele está ferido ou incapacitado. Peço perdão aos bichos.

Quando vi o vídeo, foi inevitável chorar. Não apenas pela situação daquele senhor, mas por tudo. Tem muitas camadas de desfavor nesse tema, que vão muito além do que a mídia e as pessoas estão discutindo.

Vejo muito foco na hora da morte: ele estava morto antes de chegar ao banco? Minha resposta: foda-se. Não é relevante nem para o Judiciário (já que na hora de assinar o empréstimo ele estava claramente morto e a pessoa que o acompanhava insistia em que ele estava vivo). Não é relevante para questões humanitárias, pois a forma como ele foi tratado, vivo ou morto, é inaceitável sob qualquer ângulo que se olhe.

Infelizmente eu tenho muita experiência com doenças graves, estado terminal e cuidados paliativos. Nada naquele vídeo é aceitável por mais medicada, transtornada ou estressada que a acompanhante esteja.

Acompanhei minha mãe por uma longa e cruel doença até seus últimos suspiros, ela morreu nos meus braços, confortável, em uma cama, cuidada. E para que isso aconteça assim, eu removi montanhas. Abri mão de quase tudo na minha vida para me assegurar que fosse assim. Logo, acho que tenho experiência para falar.

Vou dizer para vocês o que disse ao Somir ontem: se, para cuidar da minha mãe, eu estivesse precisando muito de dinheiro, eu preferia me prostituir a levar a minha mãe naquelas condições para um banco para pegar um empréstimo. Muito menos me comportando daquela forma.

Poucas pessoas estão falando do aspecto mais importante dessa história: a dignidade, a compaixão, a empatia, a humanidade. Não se trata um idoso assim, não se trata uma pessoa doente assim, não se trata um idoso terminal assim. Não teria nem que ser cogitável fazer uma coisa dessas. As pessoas deveriam ter uma trava para nem cogitar fazer isso. A sociedade deveria reprovar isso com tanta força que quem sequer cogitasse fazer desistisse, por medo da reprovação social severa.

Mas o povo tá achando graça do “golpe”. O povo tá rindo da cara de pau, do senhorzinho estar com a cabeça pendurada, visivelmente morto, e a mulher socando a caneta em suas mãos gritando “Ele é assim mesmo! Assina!”. Os últimos momentos de vida de um ser humano, um momento sagrado, importante, que fecha o ciclo da vida, no qual a maioria está com muito medo e desconforto físico, na fila de um banco, sendo tratado dessa forma.

Eu não tenho palavras. Não só pela atitude da pessoa que fez isso, mas por todo o entorno, que não está indignado com o tratamento dado a um idoso gravemente doente e parece mais preocupado em saber se o homem estava vivo ou morto quando chegou à agência para decretar se houve crime ou não, como se levar um homem naquelas condições a um banco, tratando-o daquela forma, fosse ok. Spoiler: aos olhos da lei, de um jeito ou de outro, houve crime.

A forma como o brasileiro se trata sempre me causou mal-estar, desde criança, desde que comecei a frequentar a escola. Aquilo me era inaceitável, incompreensível, me fazia mal. O caso do idoso é um extremo, mas, em menor escala, todos se tratam alguns degraus abaixo da consideração, respeito, ética, empatia e amorosidade que se espera de um ser humano.

Vídeos do local mostram essa moça com o senhorzinho no dia da morte e no dia anterior e demonstram uma falta de cuidado desumana em diversos momentos. Por exemplo, o pé dele saiu do apoio da cadeira de rodas e estava arrastando no chão, a ponto da meia furar. Um segurança advertiu a mulher e ela disse que “ele não liga não” e continuou arrastando o pé dele no chão.

Vocês já pararam para pensar o que é estar nessa situação de vulnerabilidade, de depender dos outros não apenas para estar vivo, mas para estar digno? Depender dos outros para não sentir dor. Depender dos outros para não passar o dia com as calças cagadas. Depender dos outros para poder comer. Imagina estar em uma situação como essa e ser tratado como um pedaço de carne, com brutalidade, desumanizado, sem afeto, sem amor, sem empatia, sem compaixão.

Cuidar de uma pessoa doente cansa? Sim, eu passei muitos anos fazendo isso, então não venham ensinar padre a rezar missa. O ponto é: por mais cansada, medicada, estressada, exaurida que uma pessoa esteja, não tem nem que se cogitar fazer coisas desse tipo. Tem que ter uma barreira, um bloqueio. É o que nos torna humanos, essa trava dada pela empatia.

Dito isto, agora quero jogar um contraponto: uma pessoa com empatia, compaixão e humanidade, consegue sobreviver no Brasil? Uma pessoa que talvez não tenha tantos recursos financeiros e viva em um ambiente mais brutalizado, sem acesso ao mínimo, ao básico para uma existência digna, consegue manter sua humanidade ou, se a mantiver, adoece, tem Síndrome do Pânico, se deprime, enlouquece ou se suicida?

Quando eu digo que o tratamento dado a esse senhorzinho foi deplorável e inaceitável eu não estou dizendo que a mulher que o fez é uma filha da puta. Talvez ela seja uma sobrevivente, uma pessoa que precisou abrir mão da sua humanidade para conseguir sobreviver em um país no qual metade das pessoas cagam em vala e estão completamente ignoradas, desassistidas, brutalizadas enquanto Legislativo, Executivo e Judiciário nadam em regalias.

Como eu disse no começo do texto, não é sobre o caso em si. Não estamos aqui para julgar a mulher. Estamos aqui para perguntar se é possível manter a humanidade, a empatia e a compaixão quando se é um brasileiro médio e te falta a base da pirâmide de Maslow. Eu tendo a acreditar que não, que um pequeno grupo de heróis com uma estrutura psíquica muito mais forte que o normal até consegue, mas a maioria não.

O que nos leva a outra pergunta: dá para ter como projeto de vida viver em um país no qual boa parte das pessoas perde sua humanidade, seja por falta de uma educação decente, seja por abandono do Poder Público, seja pelas condições brutalizadas que vive, seja por estarem privadas de suas necessidades básicas?

Ser tratado como gente todo mundo que, todo mundo pleiteia. Quando uma atendente de telefonia trata mal a pessoa sobe nas tamancas. Mas tratar que nem gente ninguém quer, né? Assim fica difícil. O brasileiro precisa aprender a ser gente. E não é só em casos extremos. Em todos os momentos da vida, o brasileiro precisa aprender a ser gente.

Esse caso me entristeceu muito e reforçou minha certeza de que, com esse material humano, não há qualquer futuro bom para o Brasil. Estabeleceu-se um círculo vicioso de privações que obrigam as pessoas a se desumanizarem e pessoas desumanizadas criam outras pessoas desumanizadas e todo mundo se trata de forma desumanizada.

O máximo que se pode fazer é criar uma bolha de humanidade e viver ao lado de meia dúzia de pessoas humanizadas que você encontrou. Mas nãos e iluda, não dá para viver eternamente em uma bolha. Cedo ou tarde você vai precisar interagir com os que estão fora, e muitas vezes vai precisar da ajuda deles.

É um problema quase impossível de resolver. E se torna completamente impossível quando as pessoas, em vez de olharem para isso, estão discutindo se o senhorzinho estava vivo ou morto ao chegar à agência, como se isso fizesse alguma diferença, como se isso fosse a parte importante.

De verdade, estou triste por vocês.

Para dizer que não tem tempo de ficar triste se não não paga as contas, para dizer que está decepcionado pois esperava fúria e xingamentos ou ainda para perguntar se nossa meta é te deprimir todo sábado (quem faz isso é o Brasil): comente.

SOMIR

Virou meme. Eu não sou fiscal de piadas e não vou discutir se é engraçado ou não, afinal, é engraçado para quem acha engraçado e ponto final. O que me chama atenção é porque virou piada: porque todo o foco está no caso inusitado de uma golpista tentando usar um morto para conseguir um empréstimo, na cara de pau de tentar convencer os outros que uma pessoa obviamente morta estava viva.

Por esse ângulo, é um roteiro de humor. Tem até um filme relativamente famoso com essa premissa (“Um Morto Muito Louco”, clássico da Sessão da Tarde). Então, é óbvio que seria um sucesso na máquina de memes das redes sociais. Mas novamente, isso tudo deriva da forma como se olha para o caso: pelo ângulo da mulher.

Mas não sei se é fruto da idade e de experiências de vida, eu não pude deixar de fazer como a Sally e olhar para o ângulo daquele senhor que passou os últimos momentos de vida tratado daquela forma. No filme que eu mencionei antes, os roteiristas tiraram qualquer simpatia, fragilidade e conexão emocional do morto titular. “Limparam” a história para poderem fazer as piadas.

Aqui estamos falando de vida real, de uma pessoa que provavelmente foi tratada como um pedaço de carne antes de falecer. Que estava vulnerável e com sinais de maus-tratos em vida. Porque a parte do vilipêndio de cadáver, o crime de desrespeitar quem já está morto, foi o menos chocante. Não deixa de ser crime, mesmo que eu tenha zero preocupações com o que vai acontecer com o meu corpo depois de morto, eu entendo que é sobre os sentimentos de quem está vivo. Mas se fosse só andar com o morto numa cadeira de rodas por aí, talvez nem notícia fosse.

A graça da piada que fazem e o incômodo que dá em quem sente algo muito errado ali surgem da forma como a mulher tratava o morto: como se estivesse vivo. As memes falavam sobre a cara-de-pau da golpista, e como descobri na conversa sobre o tema, Sally e eu pensamos na hora o tipo de pessoa que age dessa forma, e retroagimos para como essa mulher tratava a pessoa antes dela morrer. Essa era a forma como ela enxergava essa pessoa antes também. ESSE é o problema.

Deveria existir uma trava mental em colocar na rua uma pessoa naquele estado. Me parece questão de humanidade básica. Mesmo que você não tenha uma relação afetiva forte com a pessoa nesse estado terminal, a percepção de que a exposição ao mundo exterior dessa forma é uma violência não deveria ser complicada de ter.

É muito complicado desenvolver uma sociedade decente com tanta gente que se enxerga como pedaços de carne, é a tal da brutalização que tanto falamos aqui. A mídia focada em descobrir a hora que o cidadão morreu para definir se a mulher estava tentando dar um golpe no banco ou não… isso é prova que vivemos num país de maioria emocionalmente incapaz. Isso chama atenção, isso é a notícia: o golpe.

Repito, eu não estou batendo em quem fez piada e meme, até porque humor pode ser uma forma de lidar com sentimentos, exorcizar dores e pensar nas coisas por ângulos diferentes. É o foco no golpe e não na ideia de que aquele homem viveu seus últimos dias (talvez anos) nas mãos de alguém que provavelmente nem entendia que outras pessoas também sofrem.

É um dos perigos de viver no Brasil ou em outros países com baixo índice de desenvolvimento humano: estar cercado por gente com sua humanidade atrofiada por fatores socioeconômicos, uma espécie de sociopatia por abandono que vai se alastrando de geração por geração. Gente que recebeu pouco dos pais e vai dar pouco para os filhos.

Se você não teve oportunidade de ser protegido da parte mais básica do sofrimento da vida como fome e violência, fica complicado mesmo entender o que vem depois disso. Não é sobre o senhor estar vivo na hora que entrou no Uber, é sobre levar esse senhor num banco para pegar um empréstimo. É sequer considerar isso. A mulher queria passear no shopping, não podia deixar ele sozinho, ela foi passear no shopping arrastando alguém prestes a morrer como se nada.

E eu sei que a defesa está dizendo que ela toma remédios, que tem seus problemas, mas… tem um diferença clara entre não ter noção do que está fazendo e fazer escolhas claras como levar alguém para pegar um empréstimo no banco. Problemas mentais existem e muita gente tem, mas ações deliberadas ainda são ações deliberadas. Ainda existe uma base mental na pessoa, afinal, quem está completamente fora de si é tão perceptível quanto quem está completamente morto como o senhor do vídeo.

Isso é fruto de brutalização, de gente que teve um atraso considerável na capacidade de sentir empatia pelo outro, muito provavelmente por viver num país cheio de outras pessoas brutalizadas, sem disponibilidade mental de sequer pensar no sofrimento alheio. Só reagem a gritos, tapas e chiliques, só conseguem entender alguma coisa do outro reagindo a algo berrante o suficiente.

Empatia quase sempre é algo ativo: você olha para o outro e sente o que ele sente. Você se coloca na posição dele sem ser forçado. E isso só se treina em ambientes onde as pessoas não são escandalosas, tem capacidade de se expressar de forma coerente, tem um mínimo de capacidade de olhar para dentro… vulgo o ambiente onde a maioria dos brasileiros parece não viver.

O que berrou foi o golpe que ela tentou dar, mas o que dependia de empatia era olhar para a situação horrível na qual aquele homem estava. Não porque a gente conhece o “Tio Paulo” e gosta especificamente dele (podia ser qualquer tipo de pessoa em vida), mas porque temos capacidade de nos colocar ou colocar uma pessoa querida no lugar dele.

E é aí que a coisa realmente fica triste. Estamos vulneráveis a esse tipo de gente, mesmo que no fundo eu não ache que esse tipo de gente seja culpada por ser assim.

Para dizer que Tio Paulo morreu pelas memes, para dizer que a gente está ficando mole, ou mesmo para dizer só ficou triste pelo banco não ter tomado o golpe: comente.

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Comments (34)

  • O caso do Tio Paulo repercutiu mais, mas não é o primeiro. Em 2020 una senhora levou um falecido ao Banco do Brasil, em Campinas, para tentar sacar o benefício dele. Se dizia esposa dele, e reclamou que a demora no atendimento estava fazendo ele passar mal Não tentou fazer empréstimo, não foi filmado, mas a desumanidade é a mesma. O Brasil vai mal há tempos, e não vejo chance de recuperação, infelizmente.

    • É que no caso do Tio Paulo foi filmado. Tem mais impacto quando a gente vê a brutalidade da cena, o homem morto, sendo sacudido pela mulher, recebendo gritos, tento a caneta pressionada contra sua mão.

    • “O Brasil vai mal há tempos, e não vejo chance de recuperação, infelizmente”. Tenho que concordar. A “lei da selva” impera por aqui há tanto tempo que esta latrina incivilizada já não tem mais salvação. Empatia e compaixão são apenas “frescurinhas inúteis” pra esse tipo de gente, tão abrutalhada. Os maiores absurdos são tidos aqui como coisa normal! Por isso, quem puder, suma daqui enquanto pode…

  • Não acredito que seja uma questão de pirâmide de Maslow não.

    É só ver que não depende de classe social. Sugiro ler a respeito das ocorrências de trabalho escravo. Outro exemplo: a violência policial, aceita por todas as classes. Mais um: o descaso por parte de médicos e outros profissionais de saúde.

    Uma justificativa que me parece mais condizente com isso é histórica e cultural. O Brasil foi um país de escravos e senhores por 400 anos. 120 anos não parecem ter sido o suficiente para que a gente se livre do que, como diria Joaquim Nabuco, seria o traço definidor do país.

    Comparações com outros países são difíceis. Não houve na história nenhum país com escravidão na mesma escala e porcentagem de população que o Brasil.

    Mudando de assunto. Se colocar o filho em creche já é um ato de fé, imagina o que é uma casa de repouso (vulgo asilo de velhos). Nós tivemos uma história triste com cuidadores de idosos na família da minha esposa. No caso da nossa mãe, fizemos como você, não desgrudamos dela até o fim. É um custo altíssimo, que não seria assim se houvesse uma rede de cuidado confiável.

    • Eu não sei se quem é rico tem a base da pirâmide de Maslow suprida no Brasil… Pode ser o Rio de Janeiro falando, mas acho que não tem segurança, não tem um descanso apropriado, não tem vários requisitos essenciais para não se brutalizar.

      Casa de Repouso, mesmo as mais caras, são um cenário de terror nos bastidores.

      • Pode ser a Região Metropolitana do RJ ainda me influenciando, entretanto… “Goiás atual = riodejaneirização do Centro-Oeste”.

      • Acho que isso também se deve ao fato de boa parte dos profissionais de saúde brasileiros entrar nessa área pela empregabilidade e pelo dinheiro, não há interesse em aprender medicina/enfermagem e ser um bom profissional, é necessidade de sobreviver num lugar com alto desemprego e, quando tem emprego, salários medíocres.

        Além disso, os melhores cérebros do Brasil já estão fugindo há décadas. Só os medíocres sobrarão.

        • Se a pessoa tem caráter e responsabilidade, pouco importa a razão pela qual escolheu aquilo, ela vai fazer o seu melhor, ela vai fazer conforme as regras. Se não é capaz de prestar cuidados dentro da ética e da lei, que mude de profissão.

        • Infelizmente isso é verdade. Tem orientados meus em Harvard, no Texas, em Paris, na Noruega, Austrália…poucas possibilidades aqui.

    • Ele estava desnutrido.
      E parece que a mulher tem uma filha que precisa de cuidados especiais. Imagina como ela não deve tratar…

  • Só se trata idoso mal no Brasil, é? Não sabia… Em canais de casos criminais, a maioria das histórias vem da gringa e em país bom, não é de país fodido não!

    • Esse é o problema do brasileiro: fica tão exposto à brutalidade que precisa negá-la para conseguir viver.

      Abuso a idosos acontece em qualquer país, mas, na quantidade e da forma como acontece no Brasil, só em país com IDH negativo.

  • “A forma como o brasileiro se trata sempre me causou mal-estar, desde criança, desde que comecei a frequentar a escola. Aquilo me era inaceitável”

    Essa semana um menino autista de 13 anos morreu depois de apanhar na escola aqui no litoral. Teve costelas quebradas. Já sofria há algum tempo com bullying.
    A diretora dizendo que não foi dentro da escola, o hospital mandou pra casa duas vezes sem fazer um exame sequer, os pais dos agressores ligando o foda-se para os filhos.
    Eu não teria filhos nesse país nem se fosse o maior sonho da minha vida.

  • Se o Brasil é cheio de barbárie, Rio de Janeiro é barbárie em dobro. Nas redes sociais você só vê carioca falando de morte, briga, violência, bala perdida, assalto, tiroteio, guerra de traficantes, com uma naturalidade assustadora. Vivem com medo de existir. Nem conseguem conceber que o resto do mundo, aliás, nem o resto do Brasil, não é assim (não na mesma proporção). E ainda culpam as vítimas porque “foi lerdo” “deu bobeira”. Tinham que exorcizar esse lugar.

    Onde envia currículo pra ser adotada pela Sally e sumir daqui?

    • Não envie currículo para mim, envie para os países que estão contratando brasileiros, toda semana a gente atualiza a lista na coluna “O Brasil Tem Saída”

      • Que tal aquele Ebook, de Amanda Corrêa, “Currículo Perfeito – Conquiste uma vaga no exterior estando no Brasil”?

        [ Aliás, ela tem site na lista daqui (co-dona com o marido Cláudio Abdo…também no podcast e no canal do YouTube), assessoria para LinkedIn…e ele também tem ebook. ]

    • As pessoas no RJ normalizam o absurdo. Fica parecendo que é a coisa mais banal do mundo ter e carregar um “celular do bandido”, por exemplo. Pqp

      • Quem está imerso nesse mundo acaba se acostumando e achando que não é tão ruim assim, que é exagero, etc.
        Só quando você sai é que percebe a real dimensão daquilo e o quanto fazia mal.

  • “Estamos aqui para perguntar se é possível manter a humanidade, a empatia e a compaixão quando se é um brasileiro médio e te falta a base da pirâmide de Maslow. Eu tendo a acreditar que não, que um pequeno grupo de heróis com uma estrutura psíquica muito mais forte que o normal até consegue, mas a maioria não.”

    Algum tempo atrás, vi uma moça dizendo que ter empatia e princípios é, para pessoas muito pobres, um luxo. Quem luta pela sobrevivência diariamente acaba se tornando mais bruto e frio, e ao perceber isso ela parou de deixar que os traumas de pobreza e dos pais, que tinham fugido de uma guerra, a definissem. É triste demais pensar que a nossa massa seja tão brutalizada, e que a maioria das pessoas nela nem consigam imaginar que as coisas podem ser diferentes. Ainda mais quando pequenos atos de bondade são punidos, há vários golpes e assaltos que começam com pessoas te pedindo ajuda ou comida.
    Eu nunca conseguiria sequer imaginar tratar uma pessoa assim, ainda mais alguém tão vulnerável quanto Tio Paulo. Não acho justificável o que essa moça fez, mas consigo entender as razões que provavelmente a levaram a isso. É estrutural, não dá pra resolver numa canetada.

    • Eu sempre tive medo dessas pessoas quando morava no Brasil, mesmo sabendo que não faziam por mal. Nunca deixei uma pessoa doente ou vulnerável um segundo sozinha em lugar nenhum. Um horror viver assim, com essa preocupação. Não sei como brasileiro tem coragem de deixar filho em creche.

      • Por que se algo acontecer de ruim a criança, quem responde é o pessoal da creche.
        E se você ficar se preocupando com o “e se”, você não vive e não tem condições de tocar seu trabalho.
        Até por conta disso e de outras coisas a postura do brasileiro médio tende a ser mais reativa que proativa.
        E falando em empatia, é importante citar que a roda dos influencers vivem de explorar isso em prol de suas “causas”, usando propositadamente do clamor gerado pela indignação pública pra efeitos de sinalização de virtude.
        E como sobreviver a isso? Reconhecendo esses golpes e saindo pela tangente deles.

        • Nem sempre os pais ficam sabendo das coisas ruins que acontecem, principalmente quando acontecem contra crianças pequenas, que não sabem falar ou elaborar o ocorrido. Não é viver no “e se”, é ter a responsabilidade de só colocar um filho no mundo se VOCÊ puder cuidar em vez de delegar os cuidados para terceiros.

          • Uma coisa é uma pessoa responsável como você pensar nisso é decidir racionalmente não ter filhos.
            Outra bem diferente é esse povo intestinal que vai, tem o filho ou os filhos e depois joga em creche, escoa ou o que o valha pra ter tempo livre pro trabalho ou o que for. De quebra o governo dá respaldo a institucionalização das crianças nas creches e mais adiante nas escolas a título de “socialização”.
            Não preciso dizer que por n motivos o que vale nesses ambientes é a lei da selva e os pais, bem, estão se virando como dá em empregos ou subempregos pra manter as aparências.

            • As pessoas acabam tendo filhos pelos motivos errados:
              – pressão do cônjuge (homem ou mulher) que quer muito ter
              – para não ficar soziho(a) (especialmente na velhice)
              – Por todo mundo ter e se sentir inadequado
              – Por medo de se arrepender
              – Por pressão da família
              – Por ego, para passar seus maravilhosos genes adiante

              Francamente, é hora das pessoas agirem de forma mais racional.

              • Eu acho ridículo demais todos esses motivos citados pra ter filho. Falta de noção das pessoas também, pelo amor… Será possível que não consideram que educar dá trabalho, e não falo só de educação formal, mas também de transmitir valores, moral etc? Já começa por aí, com o fato de que a pessoa tem que ser no mínimo equilibrada, sensata e estável pra ter filho, coisa que o br médio não é. E tem também, além de educar, toda questão de cuidados, higiene, saúde, tudo isso não só pesa no orçamento como também te dá um gasto mental, já que tu tens que abrir mão das tuas coisas pra ficar se preocupando com o outro.

                • E as pessoas menos capazes e/ou preparadas para criarem filhos são justamente as que mais botam criança no mundo…

                  • Concordo. Estou rodeado de pessoas assim, inaptas até pra cuidarem de si mesmas mas com pencas de filhos: vizinhos, conhecidos, parentes…

    • O livro “O Meu Pé de Laranja Lima” retrata muito bem a brutalidade que a pobreza extrema pode causar em uma família. Você passa o livro pensando “nossa, que bando de babacas” e “nossa, que pena deles” alternadamente.

  • Talvez ela seja uma sobrevivente, uma pessoa que precisou abrir mão da sua humanidade para conseguir sobreviver em um país no qual metade das pessoas cagam em vala e estão completamente ignoradas, desassistidas, brutalizadas enquanto Legislativo, Executivo e Judiciário nadam em regalias.

    Calma que é ainda pior. Nessa metade da população brasileira sem esgoto tratado, entra na conta não só o pessoal qie faz uso de fossa (a vala, como voce bem colocou) como as canalizações de grande parte dos municípios que lançam ou parte ou todo o seu esgoto nos rios ou mesmo no mar.

    E mesmo nas cidades onde tem estação de tratamento pra tratar o esgoto da cidade toda, ocorre do esgoto ser lançado nos cursos d’água em dias chuvosos porque um monte de gente foi lá e canalizações a água pluvial no esgoto, sendo que nem mesmo a água de piscina seria permitido de se lançar na canalização de esgoto, devendo ser lançada na canalização de água pluvial.

    Se quiser, mando essas e outras crocâncias no desfavor convidado.

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