Letras do Engenheiros do Hawaii.

Sempre gostei de Engenheiros do Hawaii. E como toda pessoa que gosta de Engenheiros do Hawaii, sempre gostei muito. Não costuma haver meio-termo, quem gosta, gosta com força. Porém, eu nunca entendi muitas das letras das músicas deles.

Provavelmente me falte cultura e abstração. Nunca fui um poço de erudição. Amaldiçoo até hoje quem me recomendou ler “A Morte de Ivan Ilitch”. Não gosto de desgraçamento e profundidade. Não acho que arte precise incomodar para ser arte. Ou talvez sejam apenas eufemismos para constatar que eu sou burra mesmo. O fato é que os anos se passaram (muitos, por sinal) e eu continuo sem entender metade das letras dos Engenheiros do Hawaii.

Nunca me impediu de gostar deles, pois se emociona, atinge e conquista o público. Acho Humberto Gessinger uma espécie de Wes Anderson da música: você percebe que tem algo ali, uma estética diferente, talvez uma simetria, talvez um jogo de palavras equiparável ao jogo de cores, algo que eu não sei identificar muito bem, mas faz cócegas no meu cérebro e eu gosto.

Além disso, a parcela das letras que eu entendo, as melodias e a postura nerd/remando contra a maré da banda sempre me representou. Quase 40 anos depois, a juventude ainda é uma banda numa propaganda de refrigerantes.

Mas o jogo de palavras muitas vezes está acima da minha cognição. Talvez muitas das letras nem tenham um sentido fechado e sim um convite ao ouvinte a criar seu significado. Pois bem, nem isso eu consigo. Eu tentei. Não é como se eu estivesse pedindo ajuda logo depois de um disco lançado. Eu tentei, por muito tempo e abro meu coração: tem coisa além da minha compreensão.

Não acho que eles lerão isso, e sinceramente, espero que não leiam este atestado de burrice. Não pretendo importunar o Humberto Gessinger em redes sociais, por questões de adequação e vergonha, mas pretendo importunar você, leitor do Desfavor. É chegada a hora de vocês me retribuírem 15 anos de conteúdo gratuito me explicando o significado de qualquer letra dos Engenheiros do Hawaii (se você tem menos de 40 anos, está isento dessa obrigação).

Não é um texto para se levar o conteúdo a sério, mas as dúvidas são sérias: se alguém souber, por gentileza me responda nos comentários. Essas questões me atormentam há décadas.

Como tudo no Desfavor, há regras. Até para reclamar. São elas: 1) todas as letras foram retiradas do livro “Pra ser sincero”, biografia do Humberto Gessinger; 2) não vou perguntar todas as minhas dúvidas, vou escolher as minhas batalhas e focar em um trecho por música e 3) se você falar mal de Engenheiros do Hawaii eu não vou me dignar a te responder o comentário, apenas vou colar um trecho de música deles como resposta.

Dito isso, vamos para as principais músicas que eu não entendo. Se alguém aí compreende no todo ou parcialmente, por gentileza, me esclareça nos comentários.

PIANO BAR

A letra não é dumb friendly, ela é cheia de referências do começo ao fim. Eu tenho certeza de ter compreendido todos os demais trechos da música? Não tenho. Mas vou escolher minhas batalhas e focar em um só:

Versão do livro:
no táxi que me trouxe até aqui Julio Iglesias me dava razão
as últimas do esporte, hora certa, crime e religião
na verdade, “nada”
é uma palavra esperando tradução

Versão que tocava nas rádios:
“No táxi que me trouxe até aqui
Julio Iglesias me dava razão
No clipe Paul Simon tava de preto
Mas na verdade não era, não”

Eu fico olhando para isso como o Meme da Nazé Confusa. O que diabo uma pessoa pode ter feito nesse mundo de meu Deus para que Julio Iglesias lhe dê razão em um táxi? Quero supor que Julio Iglesias lhe deu razão pelo rádio do táxi através de alguma música e não que ele tomou um táxi com Julio Iglesias e trocou uma ideia com ele, certo?

Quando eu digo que eu realmente tentei, não estou de sacanagem. Vamos ver o que Humberto Gessinger explica sobre a música em sua biografia: “Em PIANO BAR, a cada show, mudo a música que estaria tocando no táxi. Nas gravações, já foi Julio Iglesias, Willie Nelson e Bob Marley. Em POUCA VOGAL, os dois irmãos são Kleiton e Kledir. Pelo bem da cronologia, o primeiro rádio de táxi que toca é o de ANOITECEU EM PORTO ALEGRE. Madrugada adentro, uma canção mal traduzida e um pastor que exorciza”.

A autoestima vai lá no pé, né? Não entendi porra nenhuma. A versão que mais tocou no auge da música, ou ao menos a que mais chegou aos meus ouvidos, foi a que citava o Paul Simon… Sobre Paul Simon, no clipe ele estava de preto, mas na verdade não era não… o que não era? Não era o Paul Simon? O Paul Simon não estava de preto? Não era um clipe? Daltonismo não é, pois daltônicos não confundem a cor preta, portanto, me parece que a confusão foi sobre a pessoa. Seria possível que um músico confunda outro músico? Nunca saberemos.

Por favor, alguém me ajude a compreender o significado, ao menos deste trecho. Digam a verdade, doa a quem doer (doem sangue me dem seu telefone! Ha!)

INFINITA HIGHWAY

Nessa eu me superei, não entendo nem o título! Eu sei que Highway é autoestrada em inglês e cheguei a cogitar da música traçar um paralelo entre a vida e uma estrada, mas, até onde me consta, a vida não é infinita. Talvez ele queira dizer que a estrada da vida é infinita, apenas acaba para cada um de nós, mas mesmo que não estejamos mais aqui, a estrada continua.

Vamos ver o que nos explicou HG em sua biografia:

“É um lugar-comum, o tema da estrada sem fim. Aqui e no country americano. Variações da mesma longa estrada da vida cantada por Milionário e José Rico. Nós, no RS, desde os anos 70 estamos acostumados com o termo freeway, acho que daí veio highway, mais do que de alguma música gringa.”

Beleza, lendo assim parece que é mesmo um paralelo entre uma estrada e a vida. Mas em diversos trechos da música a coisa não converge para esse ponto ou parece completamente desconectada dele;

“na boca, em vez de um beijo
um chiclete de menta
e a sombra de um sorriso que eu deixei
numa das curvas da Highway”

Isso quer dizer o quê? Que ele não pegava ninguém? Talvez na sua boca teria um beijo, Humberto, em vez de um chiclete de menta, se você falasse as coisas mais claramente, e não em enigmas cifrados. Mas não deve ser o caso, pois ele tem um relacionamento de longa data com sua atual esposa, que parece ser uma parceria muito feliz.

E se a esposa não o beijar por não entender o que ele está dizendo? E se em vez de pedir um beijo ele diz para “não usar a Highay para não causar impacto”? E se em vez de pedir um beijo ele diz que “a dúvida é o preço da pureza e é inútil ter certeza”? Talvez esteja faltando comunicação. Em todo caso, fico feliz que ele tenha dito apenas “você desliga o telefone se eu ficar muito abstrato”, se ele tivesse cantado “você desliga o rádio se eu ficar muito abstrato” ninguém nunca teria escutado uma música da banda até o fim.

1987. Esse é o ano no qual eu comecei a tentar entender essa música. Você acha isso justo, Humberto? Que tal lançar outro livro, além da sua biografia, explicando as músicas? Se o título da biografia foi “Pra ser sincero”, que tal lançar um livro chamado “Pra ser claro” e elucidar o significado dessas letras par a gente? Teria que ser tipo uma Enciclopédia Barsa, né Humberto? Um volume para cada música.

MUROS E GRADES

É uma das letras que mais gosto, ao menos as partes que eu consigo entender. Esta ele nem se deu ao trabalho de explicar na sua biografia, vai ver ele considera óbvia. Deve ser bem fascinante viver na cabeça do Humberto Gessinger. A parte que mais me intriga é essa:

“a violência travestida
faz seu trottoir
em armas de brinquedo
medo de brincar
em anúncios luminosos
lâminas de barbear”

A violência camuflada de outra coisa pavimenta seu caminho, consolida seu lugar, ocupa um lugar. Confuso. Do que a violência está travestida? de consumismo? De amor? De idolatria? Como a violência se infiltrou e se consolidou na sociedade com outro nome? O que está acontecendo? E o que já não estava fácil ganha uma nova camada de dificuldade.

Mas depois piora. O exemplo que ele dá de como a violência travestida trilha seu caminho na sociedade é: em armas de brinquedo, no medo de brincar, em anúncios luminoso e… LÂMINAS DE BARBEAR. Ah, para! Esse “lâminas de barbear” foi só para rimar, né? Ou alguém assaltou a banda com uma Gillette? (não, não, não pode ser é claro que não é! Será?)

Sabe aqueles exercícios didáticos que se faz com criança pequena pedindo que circule o item que não pertence ao grupo? Mostram um desenho de um cachorro, de um gato, de um canário e o de um abacaxi. Pois é, a lâmina de barbear é o abacaxi. Me explica o que tem em comum entre uma arma de brinquedo, um anúncio luminoso, o medo de brincar e lâminas de barbear!

ALÍVIO IMEDIATO

Essa é uma das minhas músicas favoritas do Engenheiros do Hawaii. E falar sobre esta música é cortar na carne, pois além de amar a música, ela é um tremendo earworm para mim. Só de ler a letra ela já ficou no meu ouvido e eu vou passar o resto da semana murmurando “que a chuva caia…”. Orem pelo círculo de pessoas próximas a mim que terão que ouvir que a chuva caia, que a noite caia e todo o resto.

Que seja, se servir para esclarecer essa dúvida antiga, vai valer à pena. Vamos abstrair que em um mesmo trecho eles falam sobre a Líbia, o vírus, a libido, o poder, o pudor e o batom. Vamos focar na parte mais crítica:

“que a chuva caia
como uma luva um dilúvio, um delírio
que a chuva traga
alívio imediato
que a noite caia
de repente caia
tão demente quanto um raio
que a noite traga
alívio imediato”

Música de 1989, né Humbertão? Não morava no Rio ainda. Se morasse jamais desejaria nem que a chuva caia, nem que a noite caia, de repente caia. Não seria um alívio imediato. No caso da chuva, seria enchente, esgoto transbordando, desabamento. No caso da noite, seria roubo, sequestro e troca de tiro. No Sul é outro nível.

Me pergunto como ele sobreviveu no Rio de Janeiro com essa sua personalidade de Golden Retriver. Talvez tenha sido poupado por, além de ser um fofo, gente boníssima, ter esse lado poeta fora da realidade. Talvez tenham tentado assaltar ele e ele tenha respondido com uma frase poética intangível. Imagina aquele ladrão carioca “Pérrrrdeu preibóóó passa a carrrrteira” e o Humberto fala algo sobre a Infinita Highway? Certeza de que o ladrão não só desiste de roubá-lo, como ainda entra em um processo imersivo que culmina em uma depressão.

A parte que intriga é pedir que a noite caia “tão demente quanto um raio”. Existe outro significado para a palavra “demente” que eu desconheça? Se não, o que seria um raio demente? E como, em nome de Deus, um raio demente pode trazer qualquer alívio imediato?

Em todo caso, fica a dica para os desavisados: a chuva e a noite não trazem alívio imediato em todas as cidades do Brasil. Melhor não desejar por elas.

PARABÓLICA

Eu tinha uma boa interpretação para essa música, até descobrir, pela boca do próprio Humberto Gessinger (em uma entrevista) que a música foi composta para sua filha.

Por mais que encha meu coração de amor a coragem de, no meio de uma onda grunge de bandas rebeldes que xingam, usam drogas e quebram tudo, lançar uma baladinha super fofa para sua bebê, a letra é questionável. Porra, Humberto, a música tem frases como “o pecado mora ao lado” e “pecados no paraíso”, se fosse hoje, em tempos de histeria extrema, o Conselho Tutelar tava batendo na porta no primeiro acorde.

Mas, a parte que mais me intriga é essa, com um pequeno bônus no final.

“Ela para e fica ali parada
Olha-se para nada
Paraná
Fica parecida, paraguaia
Para-raios em dia de sol
Para mim”

Eu consigo forçar alguma coisa na primeira parte: bebês de fato ficam parados e eventualmente olham para o nada. Talvez a criança, por estar no Rio Grande do Sul, se estivesse olhando em determinada direção, de fato poderia estar olhando para o Paraná. Faz sentido? Não faz nenhum sentido. Mas esse trem já partiu, não é mesmo?

Mas daí pra frente… Nem forçando eu chego a algum lugar. Como assim fica parecida paraguaia? Humberto, se juntar você, sua esposa e sua filha não enchem um dedal com melanina. Sua filha pode parecer tudo, mesno uma paraguaia. Como assim parecida paraguaia? Humberto, você já foi ao Paraguai? Se um dia for, se prepare, pois eu acredito que suas expectativas não vão condizer com a realidade.

Para-raios em dia de sol para mim? Um para-raios em dia de sol é basicamente uma coisa inútil. INÚTIL, HUMBERTO. É isso que você tem a dizer sobre sua filha? Eu sei que bebês não são muito produtivos, mas puta que pariu, não precisava. Não era nem necessário para a rima, Humberto. Podia ser “arco-íris em dia de sol para mim”, algo bonito, que alegra o dia. “Limonada em dia de sol para mim” (algo que refresca o dia). “Ar-condicionado em dias de sol para mim”, algo vital para existir.

E por fim, o último trecho, o bônus que eu citei, que talvez seja o mais inexplicável de todas as músicas dos Engenheiros do Hawaii:

Prenda minha parabólica
Princesinha Clarabólica
Paralelas que se cruzam
Em Belém do Pará

SÉRIO HUMBERTO? PARALELAS QUE SE CRUZAM EM BELÉM DO PARÁ?

VOCÊ ME ODEIA? A geometria com certeza você odeia. Você é arquiteto, Humberto. Uma geração inteira cantando “paralelas que se cruzam” e limpando a bunda com livro didático. E logo em Belém do Pará? Não tinha um lugar melhor?

E a mídia, cada vez que tem acesso a ele, faz sempre as mesmas perguntas: “a atual juventude também é uma banda numa propaganda de refrigerantes? Dããããã”. “Quem é Ana? Durrrrrrrr”. “Os Engenheiros do Hawaii vão voltar? HUEHUEHUE”. Sabe quando os Engenheiros vão voltar? Quando for completamente inesperado, inusitado e improvável que isso aconteça. No meio dessa modinha de revival? Não vão. Pergunta as porras das paralelas que se cruzam em Belém do Pará, desgraça!

Esse espaço do meu cérebro podia estar sendo utilizado para lembrar das minhas senhas (se eu ganhasse um real para cada vez que tenho que clicar “esqueci minha senha” não precisaria mais trabalhar), esse espaço do meu cérebro poderia ser usado para lembrar de comprar tudo que preciso no mercado (sempre me falta um item e tenho que voltar), mas não, a memória fica ocupada com esse tipo de coisa: “O que diabos quer dizer PARALELAS QUE SE CRUZAM EM BELÉM DO PARÁ”. Está feliz, Humberto?

Eu vou além: eu podia gostar de Paralamas, não é mesmo? A moça não se interessa pelo rapaz porque ele usa óculos. É simples, é fácil, metade da letra é “ô ô”. Eu podia gostar de Legião, aquelas letras deprimentes repetitivas. Eu poderia gostar de Titãs, polícia é para quem precisa de polícia. Eu poderia até gostar de funk, que basicamente repete “senta, senta, senta” sem qualquer sutileza sobre seu significado. Mas não.

Eu podia gostar de qualquer banda, mas tinha que ser a mais complicada, a mais difícil de entender, a que vai comer memória RAM do meu cérebro por décadas com questionamentos sobre a roupa do Paul Simon, o que é um raio demente e A PORRA DAS PARALELAS QUE SE CRUZAM EM BELÉM DO PARÁ, não é mesmo?

Obrigada, Humberto, por me gerar anos de câimbra mental tentando entender essas músicas!

Para me chamar de velha (verdade), para dizer que Humberto Gessinger nunca vai ler isso (verdade) ou ainda para dizer que essas músicas foram compostas sorteando palavras aleatoriamente no dicionário (mentira): comente.

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Comments (26)

  • Hosmar Weber Júnior

    Ufa, depois daquele texto lamentável sobre a polêmica do chat GPT no ensino, a Sally se redimiu, ok que EngHaw é minha banda preferida, e não pq sou gaúcho, até pq não ando tendo muito orgulho disso ultimamente, mas vamos lá.

    Hoje vou falar minha interpretação sobre uma dessas, pois é muita coisa para pensar, engenheiros não é pra qualquer um mesmo, Humberto faz questão de meter um monte de metáfora e os caralho para complicar o entendimento, estratégia muito usada por bandas que surgiram no contexto da ditadura, já enrolei de mais entao vamos falar de uma das minhas preferidas: Violência travestida faz seu trottoir:

    “a violência travestida
    faz seu trottoir
    em armas de brinquedo
    medo de brincar
    em anúncios luminosos
    lâminas de barbear”

    Eu não escuto essa música, eu vejo ela, e o que eu vejo é uma espécie de crítica social que Humberto faz sobre a prostituição nas ruas, o termo francês “trottoir” significa isso, anúncios luminosos remetem a noite, as luzes de neon de propaganda, de outdoors, até mesmo propagandas da Gillette.

    Bom essa foi a minha de hoje, em breve volto com mais contribuições, OBS: esse foi o melhor post feito pelo desfavor até hoje

  • Oi Sally,
    Obrigado por trazer esse tema.

    Acredito que passei mais tempo ouvindo o projeto Pouca Vogal do que os grandes hits da banda.
    Abraço.

  • “no táxi que me trouxe até aqui Julio Iglesias me dava razão
    as últimas do esporte, hora certa, crime e religião
    na verdade, “nada”
    é uma palavra esperando tradução”

    Humberto adora meter o louco nas músicas em shows e regravações, mudando as letras, as personagens…

    É muito comum (principalmente, naquela década), os taxistas de Porto Alegre escutarem a Rádio Gaúcha, uma rádio AM.

    “últimas do esporte” e “hora certa” são chamadas usadas durante a programação. Também havia programas sobre “crime” e “religião”.

    “Quero supor que Julio Iglesias lhe deu razão pelo rádio do táxi através de alguma música”. É isso mesmo.

        • Em alguns sites de letras online eles colocam outras versões.

          Por exemplo:

          “No táxi que me trouxe até aqui
          Julio Iglesias me dava razão
          (Yo soy un hombre solo)
          No clipe Paul Simon tava de preto
          Mas na verdade não era, não”

          Como Humbertão em cada show improvisa uma coisa, fica bem difícil saber…

    • Eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada, ieié.
      Lula e Bolsonaro tiram sarro de você que não faz nada, ieié.
      E começo a achar normal que algum boçal deixe um rastro de destruição na passeata, ieié. Uouou!

      • Hosmar Weber Júnior

        Humberto sempre fez críticas a polarização em suas letras, da uma olhada na música Vícios de Linguagem do álbum Simples de Coração

        “Tudo se resume a uma briga de torcidas
        E a gente ali no meio, no meio das bandeiras
        O jogo não importa, ninguém tá assistindo
        E a gente ali no meio, no meio da cegueira
        Tudo se reduz a um campo de batalha
        E a gente ali no meio
        Tudo se resume a disputa entre partidos”

        O cara é tão gênio que fez um paralelo entre torcidas organizadas que em vez de torcer ficam brigando e a polarização política que segue sendo atemporal, foda demais!

    • Supondo que a musica que Júlio Iglesias que tocava no rádio era “Me Olvidé de Vivir”, hit do fim dos anos 70, a suposição de Gessinger faz mais sentido.

  • Sally, não me xingue, mas para entender essas letras todas basta fumar um baseado. Ouvindo as músicas, claro.

    O lance do Pará na minha humilde opinião é só uma figura de linguagem, repetição do som. Não é pra ter tanto significado assim.

  • Interessante que eu saia cantando mas nunca me importei com significado. Os caras são gaúchos e gaúchos que conheço são meio sem sentido mesmo.

  • Mais um palpite meu:

    (…) “que a noite caia
    de repente caia
    tão demente quanto um raio”

    Quanto a esse trecho, acho que o Eu Lírico espera que, para aliviá-lo, a noite surja de repente, tão sem aviso e imprevisível quanto um raio durante uma tempestade. E o raio seria “demente” por não “escolher” lugar para cair, por não “medir as conseqüências” de sua queda e por ziguezaguear a esmo no ar sem nunca repetir sua trajetória até o chão.

  • Sally, te confesso que eu não sou exatamente um grande fã de Engenheiros do Hawaii. Deles, gosto apenas de uns poucos hits: “Pra Ser Sincero”, “O Papa É Pop”, “A Montanha” e da regravação de “Era Um Garoto, Que Como Eu, Amava Os Beatles E Os Rolling Stones”. Isto posto, dou agora a minha humilde contribuição a respeito deste trecho:

    “na boca, em vez de um beijo
    um chiclete de menta
    e a sombra de um sorriso que eu deixei
    numa das curvas da Highway”

    Considerando que a “Infinita Highway” do título seja mesmo uma metáfora para a “vida”, eu acho que aí o Humberto Gessinger quis falar sobre a saudade que o Eu Lírico da letra sente de alguém que fez parte de um passado cada vez mais distante mas que não consegue esquecer. O sorriso que um dia encantou esse Eu Lírico hoje é só uma lembrança difusa (ou seja, uma “sombra”) de algo deixado para trás em um momento, talvez turbulento, da vida (“numa das curvas da Highway”). As tais “curvas” também podem se referir aos desvios que todos damos vez ou outra porque a “estrada da (nossa) vida” nunca é perfeitamente reta. Sem falar que, muitas vezes, pessoas que cruzaram seus caminhos conosoco ficam para trás não por causa de desentendimentos, mas pelas próprias vicissitudes da vida. E esse “na boca em vez de um beijo um chiclete de menta” pode significar que: ou o Eu Lírico foi embora sem um último beijo de despedida, ou que sente falta de poder tocar os lábios da mulher amada com os seus próprios. E, por fim, para tentar minorar o amargo na boca que fica pela saudade, ele masca um chiclete de menta, cujo dulçor, claro, nem de longe substitui o dos beijos.

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