Morram de inveja!

Você já foi chamado(a) de humilde por outras pessoas? Já usou essa palavra para se descrever? Sim? Ótimo, este texto é para você.

Muito me estranha quando alguém é elogiado pela sua humildade. Está sendo elogiado exatamente por qual motivo? Eu entendo se uma pessoa é elogiada pela beleza, pela inteligência, pelo esforço, pela habilidade em alguma tarefa… Mas, humildade?

Quando eu penso em humildade, eu logo imagino uma pessoa que viveu a vida inteira em estado semi-miserável e nunca sequer teve chance de influenciar a vida de outras pessoas. Uma pessoa humilde, pelo menos na definição correta do termo, é uma pessoa simples que acata sua irrelevância e desiste da corrida pela evolução de sua qualidade de vida. Humilde é o pobre desistente, seja por falta de força-de-vontade, seja por falta de oportunidades (caso mais comum).

Chamar alguém de fracassado resignado é elogio?

“Ah, Somir, você sabe que se dizer humilde não tem nada a ver com essa idéia.”

E é exatamente por isso que eu estou falando sobre o assunto. O “golpe” por trás dessa coisa de valorizar humildade é muito maior do que parece. E é exatamente por isso que eu já começo o texto explicando o significado da palavra. Ele foi levemente alterado por séculos de “indústria do controle de população” até chegar nessa forma elogiosa dos dias de hoje.

E como o nome da coluna é Flertando com o Desastre, comecemos agora:

“Humildade é a qualidade de quem não as tem.” – Somir

Essa “virtude” se tornou uma escapatória segura para se elogiar alguém que não merece outros elogios. Já perceberam que todo mundo é humilde hoje em dia? Com exceção, é claro, daquelas pessoas horríveis que reconhecem suas qualidades e são taxadas de convencidas. Dizer que uma pessoa é humilde é uma espécie de “passa lá em casa” dos elogios. Fala-se por falar. Virou festa.

A cena é genérica, mas aposto que você vai se lembrar de vários casos parecidos: Um apresentador de televisão recebe um cantor ou cantora (daqueles horríveis) e vai logo sapecando um discurso sobre como Fulano ou Beltrana não se esqueceram de suas origens e são, acima de tudo, ô loco meu, humildes! A tecla SAP para mentiras sociais traria algo como: “Essa pessoa aqui é tão merda, mas tão merda, que eu tenho que apelar para a bosta do menor denominador comum, uma qualidade que até uma pedra poderia ter: Humildade”.

Repetindo: Humilde é um fracassado resignado. Uma pessoa humilde não sobe na vida e não faz sucesso, ou deixaria de sê-lo. Mas foda-se o significado real, não? Dizemos que a pessoa humilde é aquela que não tenta se impor sobre as outras, que não tenta receber o crédito pelo que faz e que sabe ficar no seu canto sem chamar a atenção.

Novamente, qualidades que até uma pedra poderia ter.

Humildade é mais ou menos como as medalhas das olimpíadas especiais ou as taças de campeonato carioca: Um prêmio de consolação para quem não consegue ganhar mais nada. Todo mundo pode ser humilde. Uma qualidade livre para quem quiser assumi-la.

Você é feio, burro, preguiçoso, pobre e covarde? Nada tema! Você ainda pode ser humilde e criar uma falsa presunção de que na verdade está escondendo o jogo de suas diversas qualidades. Nessa sociedade onde todo mundo é “especial” (Aposto que você está nos olhando aí de cima, Carlin…), todo mundo tem que se valorizado independentemente do que conquistou. Afinal, faz mal para a auto-estima das pessoas perceberem que precisam de sorte e muito esforço para serem admiradas por algum motivo real.

É mais fácil inventar um elogio inútil e distribuir medalhas paraolímpicas para os aleijados emocionais. Que Deus nos livre de percebermos que acordar cedo e trabalhar o dia todo para enriquecer outras pessoas não vai dar em absolutamente NADA no final das contas. Você é um monte de merda inútil, mas pelo menos é humilde. *sorriso condescendente*

Deve ser horrível ser uma pessoa reconhecida pela humildade. E tem muita gente por aí que se agarra nisso com todas as forças e se vangloria (ah, a ironia!) dessa característica! Eu adoro quando alguém diz que “acima de tudo é humilde/modesto”. Acima de tudo? Será que ninguém pensa antes de falar? (Pergunta retórica, ninguém pensa antes de falar.)

Essa idéia cretina de que humildade e modéstia são motivos de orgulho está tão imbuída na cabeça das pessoas controladas por ela que nem mesmo o significado ALTERADO da expressão faz mais sentido. As pessoas que se dizem humildes com orgulho já começaram a usar a idéia como escudo para sua ostentação “de nada”.

Não basta mais ser humilde, tem que ser mais humilde do que os outros. Essa maluquice causa situações onde as pessoas começam a brigar para ver quem é mais pobre, para ver quem sofre mais. É uma disputa doentia para ver quem é menos digno de outros elogios para poder ficar com a maior fatia da presunção de humildade. Numa sociedade escrotamente desigual, é o que resta para muita gente. Alienados, dopados, desanimados e segregados, esses párias modernos acabam sendo obrigados a disputar ferozmente o osso que sobra da refeição de seus “donos”.

Essa disputa maluca para ver quem que fode mais na vida é reflexo direto da “indústria de controle da população” que eu citei no começo do texto. Humildade como qualidade tem raízes religiosas, uma “virtude” cristã (e de várias outras religiões) que prega que você não deve cobiçar e tentar alcançar o poder instituído para ser humilde e ter suas recompensas “espirituais”.

“Deixe aqueles otários aproveitarem todo o dinheiro e conforto que você proporciona para eles, assim que você morrer, vai rir por último. Vale a pena obedecer. Ser humilde é uma maravilha! Quanto mais, melhor.”

Mas nem um ateu chato como eu teria coragem de dizer que só religião influencia nessa idéia nefasta. O método dos amigos do amigo imaginário calha de ser um dos mais eficientes, mas passa longe de ser o único atuante.

Para quem tem dinheiro e poder, em geral, é uma garantia de paz que as pessoas enxerguem humildade como uma valorosa contribuição para o mundo. Tem coisa melhor para quem está mandando do que ver seus comandados se resignando ao fracasso e não tentando subverter a ordem das coisas? As instituições no poder incentivam o culto à humildade. Pessoas como eu e você, que dizem que tal pessoa é pobre, mas é muito humilde e trabalhadora, também fazemos parte disso. O quê? Achou que estava livre? Quero só ver algum auto-proclamado humilde de classe média ou alta esvaziar a conta e vender suas posses para dividir o dinheiro com os mais necessitados. Eu não faria isso, mas eu não sou humilde.

Humildade é prêmio de consolação para quem não pode ou não tem capacidade de ser reconhecido por outra coisa. É uma ferramenta de controle para deixar a vida um pouco mais aturável para quem não está satisfeito com o rumo das coisas.

E é por isso que eu comecei o texto falando sobre o significado real da idéia de humildade. Não é uma qualidade, não é um elogio. É um “cala a boca” que usamos em diversas situações.

Eu perguntei se você já tinha sido chamado de humilde por outra pessoa para te avisar que essa pessoa provavelmente não enxerga outras qualidades em você, ou pior, tem receio de dizer que não te admira.

Eu perguntei se você usava a expressão para si para te avisar que você está tentando ser reconhecido por não fazer nada. É basicamente a mesma coisa que chegar numa mesa de bar e dizer que pegou uma gostosa numa festa e broxou no motel, cheio de orgulho. A diferença é que a ostentação de nada na forma de humildade te rende olhares e frases de aprovação.

“Mas, Somir, quer dizer que certo mesmo é sair por aí ostentando tudo o que faz para os outros?”

Sim, da mesma forma que se eu te disser que é perigoso pular num lago semi-congelado, eu na verdade estou defendendo que você se jogue dentro de um vulcão. Largue de ser humilde e comece a pensar um pouco, sua anta.

Humildade não é qualidade. Deixar de reconhecer suas verdadeiras qualidades, atuais ou potenciais, não vai te trazer nenhuma vantagem.

Para dizer que eu sou um convencido, para dizer que todo seu sofrimento vai ser recompensado assim que você não puder mais voltar e reclamar se for mentira, ou mesmo para dizer que é mil vezes mais humilde do que eu: somir@desfavor.com

Recentemente a questão foi levantada pelo Presidente da França, Nicolas Sarkozy e agora o assunto voltou à moda novamente com o episódio do médico (está mais para monstro) que estuprou dezenas de pacientes anestesiadas: o que fazer com estupradores?

Já disse isso aqui outras vezes e vou repetir: costumamos ser menos tolerantes com os criminosos que cometem crimes que nós achamos que não cometeríamos. Nosso senso de justiça costuma estar atrelado a nossos valores pessoais. E com base nesses critérios, o estuprador vira um dos criminosos mais rejeitados pela sociedade, afinal, poucos de nós se acham capazes disso. Não que um estupro mereça qualquer justificativa ou atenuante, porque realmente não merece. É um crime horrível que com toda razão causa repulsa social. Só estou querendo deixar claro que damos um tratamento diferenciado em função de valores próprios, sobretudo nós mulheres, que nos identificamos com as vítimas.

Pois bem, dito isto, vou direto ao assunto. Algumas pessoas vem levantado a possibilidade de se punir o estupro com a castração química do estuprador. É uma castração realizada mediante a aplicação de medicamentos (salvo engano, hormônios femininos) que diminuem drasticamente os níveis de testosterona no organismo do homem, tornando-o incapaz de ter uma ereção. Na forma como ela é proposta seria supostamente reversível, ou seja, a impossibilidade de sexo dura o tempo que durar o “tratamento”. Confesso que não tenho conhecimento das consequências a longo prazo – mas também não é intenção discuti-las aqui.

Se fosse algo irreversível como é a castração física, eu nem viria aqui falar sobre o assunto, porque acho uma barbárie (apesar de saber que sempre tem uma meia dúzia de almas exaltadas que querem que prenda, castre e mate, deixo esses radicalismos para o Somir). Portanto, vamos falar da castração apenas no caso dela ser reversível.

No Brasil é expressamente proibida a aplicação de penas corporais, ou seja, punições que afetem a integridade física do condenado. Em tese, né? Porque quem já visitou um presídio ou uma carceragem de delegacia sabe que na prática as coisas podem ser diferentes. Em tese, a castração química não poderia ser utilizada no nosso país. Mas, com um pouco de debate e alguns ajustes, talvez seja até mesmo possível argumentar que não se trata de uma punição corporal. Também pode ser alegado que, entre a violação dos direitos de uma pessoa de não ser estuprada e a violação do direito do estuprador à integridade física, os primeiros devem prevalecer. Tudo muito controverso, mas possível de se argumentar. A questão é: vale a pena? queremos isso?

O grande problema das discussões sobre estupro é que as pessoas se exaltam e a indignação não lhes permite pensar na complexidade do que está sendo debatido. Falando assim, sem aprofundar o tema: “Você acha que deveriam aplicar castração química a estupradores?” a gente tende a dizer que sim, claro, e que ainda tem que bater, prender, matar, etc. Pensamos com presunção de culpa. Por isso, vou reformular a pergunta para que vocês entendam onde eu quero chegar: VOCÊS ACHAM QUE EM UM SISTEMA JUDICIÁRIO COM FALHAS COMO O NOSSO É ADEQUADO IMPOR CASTRAÇÃO QUÍMICA PARA OS CONDENADOS POR CRIME DE ESTUPRO?

Que estuprador deve sofrer castração química eu não tenho dúvidas. Assino embaixo. Mas o que se discute aqui não é isso. O que se discute é se deve ser dada autorização ao Estado para aplicar a castração química aos condenados pelo crime de estupro, que nem sempre são de fato estupradores. Acredite em mim, se me levarem para algumas das delegacias do Rio de Janeiro, até eu confesso crime de estupro.

Durante muito tempo eu pensei de forma equivocada sobre estupradores. Eu presumia que para uma pessoa ser capaz de estuprar alguém, ela deveria necessariamente ser doente mental, ter alguma psicopatia, algum problema de cabeça. Conversando com especialistas, fui advertida de que não é o caso. Existem pessoas que o fazem por opção, que poderiam muito bem controlar seu impulso e ainda assim optam por fazer. Existe a maldade, a maldade pura e deliberada como escolha. Isso me fez pensar que estas pessoas não são passíveis de tratamento psicológico ou psiquiátrico, porque não são doentes.

Se não podem ser tratados, como garantir que retornarão ao convívio social e não repetirão o mesmo crime? E se for o caso de uma pessoa de fato doente, será possível tratá-la para evitar que ela repita o erro? Geralmente não. Os índices de reincidência no crime de estupro são altíssimos: 75% faz novamente.

No caso ocorrido da França, que levou o Presidente Nicolas Sarkozy a defender a castração química, um pedófilo que havia cumprido pena de dezoito anos e assim que colocou o nariz na rua, estuprou um menino de cinco anos de idade. Não adiantou porra nenhuma de nada passar dezoito anos enjaulado. O que fazer com pessoas assim? É tentador recorrer à castração química.

Existe um projeto de lei sobre introdução da castração química no Brasil, mas dificilmente será aprovado, porque da forma como foi escrito é inconstitucional. Eu sei que todos que estão lendo estão pensando favoravelmente à castração química, mas peço que deixem sua indignação de lado por um segundo, se desarmem e procurem ler as próximas linhas com racionalidade.

A lei brasileira sacaneia o homem por demais. E olha que para que EU (que acho que toda sacanagem com homem é pouco) diga uma coisa dessas, a injustiça deve ser enorme. O homem só se fode. Por causa de meia dúzia de babacas todos pagam o preço. Não discuto se isso é necessário ou não, apenas estou dizendo que as leis são extremamente protecionistas com mulheres, que ultimamente não andam tão indefesas.

Vocês sabem o que vem acontecendo com a Lei Maria da Penha, a lei contra a violência doméstica, né? Praticamente TUDO que um homem faz e desagrada uma mulher pode virar violência doméstica. Quem tiver curiosidade de ler, procure no Google a lei 11.340 e leia o artigo 5º para constatar o que o legislador definiu como sendo “âmbito doméstico” (não precisa nem morar junto, ta?) e o pior de todos, o art. 7º, que nos diz o que configura violência doméstica. Os incisos que descrevem o que é violência psicológica e violência moral englobam praticamente tudo, por essa lei, Somir comete violência doméstica contra mim todo santo dia.

Resultado? O que era para impedir que um marido violento dê umas pancadas na esposa porque ela queimou o feijão virou arma de Patricinha mimada para se vingar de namorado que a largou ou de homem que a rejeitou. Mesmo quando não chega a virar um processo, tem sempre aquela mulherzinha barraqueira que vive de blefe com o discurso ameaçador no canto da boca “Olha que eu vou te processar, hein”. E o homem responde ao processo preso, ok? Antes mesmo de ser condenado. O bicho pega.

Eu sou a favor de homem bater em mulher? NUNCA. Mas eu sou a favor da Lei Maria da Penha? Não, obrigada. Entendem o paralelo? Já tive amigos presos sem jamais encostar um dedo na ex-namorada. Eu trabalho com isso, acabo vendo essas injustiças todo santo dia. Entendem meu medo?

Se for liberada a castração química, será mesmo que vai ser usada contra estupradores? Ou será que vai ser usada apenas nos estupradores pretospobresfavelados e contra homens que rejeitaram mulheres histéricas e vingativas? Quem se safa sempre, vai continuar se safando, não importa quão duras sejam as leis. Não é a intensidade da pena que coíbe o crime, é o real temor de ter que cumpri-la.

Quando a gente pensa naquele estuprador padrão, tipo maníaco do parque, fica fácil desejar a castração química. Mas quando a gente pensa no nosso pai, irmão, primo, filho ou amigo que aborreceu uma vadia qualquer que só de raiva resolveu acusá-lo de estupro para vê-lo castrado (e, meus amigos, vocês não tem noção da baixaria que algumas pessoas são capazes de fazer para se vingar), a coisa muda de figura. Alguém aqui põe a mão no fogo que a justiça não erra?

Pensemos em um processo por estupro, contra seu pai, irmão, primo, filho ou amigo. Estupro não precisa de testemunhas, e geralmente não as tem. É a palavra da mulher contra a do homem. Adivinha quem tem presunção de vítima? O estuprador PODE ser condenado SEM EXAME DE CORPO DE DELITO, ok? A mulher diz que foi para casa, porque estava traumatizada, e depois de vinte dias criou coragem e denunciou. Os vestígios já eram. E ainda assim, ele pode ser condenado.

Quantos de vocês, homens, nunca tiveram um LOUCA no caminho capaz de tudo (inclusive de queimar o próprio filme) para ficar com você ou se vingar depois de ter sido rejeitada? Imagina se uma lei desse a essa louca o poder de te castrar, ainda que temporariamente? Imagina ela fingindo choro em uma audiência, comovendo os presentes e dizendo “ele me estuproooooouuuu!” e você sendo condenado a ficar por anos e anos broxa. Estamos falando de vinte ou trinta anos sem uma ereção. Ainda está tão certo da castração química?

Não pensem nos bandidos quando falarem de uma lei criminal. Pensem que pode chegar em todos nós.

Mas Sally, é reversível”. Sim, mas e se você não conseguir provar a sua inocência? Vai gostar de ter passado vinte anos broxa? E se 19 anos depois se comprova que você é inocente, quem te devolve esses anos todos que você passou broxa? Não sou homem, mas acho que se fosse, preferiria ser privado da minha liberdade do que da minha ereção. Opinem.

Mas Sally, você não gostaria que um homem que te estuprou fosse castrado?”. Sim, castrado e morto. Gostaria sim. Mas não é assim que se fazem leis, pensando em revanche. Se fazem pensando no melhor para a sociedade. E nosso sistema penal não tem por objetivo a vingança, como por exemplo nos EUA, onde das famílias das vítimas vão bater palminhas para a execução do assassino. Se fosse comigo é claro que eu ia querer tudo de ruim para a pessoa, mas a pergunta é: eu quero viver em um país onde o Estado pode fazer tudo de ruim a um condenado? Minha raiva pessoal não deve virar lei. Se virar, será um perigo. (afinal, eu sou RITLER, né?)

Por outro lado, eu tenho plena consciência que é foda ficar alimentando vagabundo que estupra a rodo e saber que depois de no máximo trinta anos (provavelmente antes) ele vai sair e fazer tudo novamente. É uma questão delicada. Entendo quem defenda a castração química. Eu sou contra, mas não acho um argumento descabido. Para uma mulher é muito fácil dizer “castra mesmo!”, porque não podemos nos identificar com a figura do agressor, nunca que essa merda vai feder na gente. Talvez os homens me entendam melhor.

Não tem jeito, pena corporal não entra na minha cabeça. Se resolvesse, minha gente, eu até pensava com carinho nessa birra que eu tenho com penas corporais… Mas não resolve, meu povo. Sem querer ser grossa, ainda que se aplique castração química, a pessoa continua tento dedos, língua e boca. Não é só com um pênis que se molesta alguém.

Por favor, opinem. Mas opinem com civilidade.
Para me dizer que é foda mesmo, que só podia ser eu para ficar defendendo estuprador, para me perguntar se eu não gostaria de que a pessoa que me estuprou fosse castrada, torturada e assassinada e para usar qualquer outro argumento de gente pobre de espírito: sally@desfavor.com

ATENÇÃO: Esta postagem é um DEBOCHE com o estilo de postagem do Somir. O tema é propositalmente absurdo e não será defendido nos comentários.
Mentira!!!

Olá. Meu nome é Tiago Somir. Eu convenço as pessoas na base do grito e manipulação partindo de premissas falsas e empurrando resultados equivocados. Vim aqui provar por A + B que cigarro não faz mal à saúde, muito pelo contrário, faz até bem. E quem discordar de mim não teve cultura e inteligência suficientes para entender os argumentos e está passando atestado de burro.

Cigarro é o produto de consumo mais vendido no mundo. A população mundial cresce de forma exponencial. Se cigarro matasse, a raça humana estaria caminhando para a extinção. É lógica pura, qualquer pessoa com um mínimo de inteligência percebe! Um produto que mata seus consumidores jamais cresceria em seu mercado de vendas porque ficaria sem compradores. Simples assim.

Eu mesmo sou uma prova viva de que cigarro não faz mal. Eu estou ótimo. Tem como contestar? Não tem! Eu fumo faz dez anos e minha saúde vai muito bem, já minha CARA colega de blog, que prega vida saudável e exercícios, já teve um tumor, de onde se depreende facilmente que exercícios físicos causam tumor, mas isso é tema para outro Flertando com o Desastre.

O cigarro é injustiçado. Ele foi responsável por diversos avanços na sociedade que nunca lhe foram devidamente creditados. Para minha CARA colega de blog e suas amigas igualmente mal amadas e feministas, cito um exemplo: a porta de entrada para a liberação feminina foi o cigarro. Foi a partir do cigarro e do direito a fumar também que as mulheres começaram a se igualar aos homens. O cigarro permitiu a revolução feminista.

Basta ler sobre as principais causas de mortalidade no mundo todo, e em especial no Brasil, para ver que essa histeria sobre cigarro é puro modismo. Morrem mais pessoas em conseqüência de sobrepeso (diabetes, infarto por artérias entupidas de gordura e etc) do que em função do cigarro. Não seria o caso do Ministério da Saúde colocar uma foto bizarra atrás das embalagens de batata frita dizendo “Batata frita pode matar”? Mas agora é moda bater na indústria do tabaco.

Desde sempre tribos das mais diferentes culturas dos mais diferentes lugares do mundo fumam os mais diferentes tipos de erva. A raça humana sobreviveu muito bem a isso. Se fumaça no pulmão fosse tão ruim assim e matasse todos mundo, o ser humano já teria percebido e parado com isso faz muitos séculos, ou por acaso se tem notícias de alguma tribo que comia cianureto e persiste até os dias de hoje? Nos últimos vinte anos é que se criou essa histeria suspeita. Se você ainda não percebeu do que se trata, leia as próximas páginas e vai entender, se não for BURRO, porque afinal, quem discorda de mim é IMBECIL E IGNORANTE (e se eu perder um dedo vou me candidatar à Presidência da República)

O marco para essa histeria foi uma sentença prolatada pela juíza americana Gladys Kessler (uma baranga mal amada, basta uma rápida conferida no Google Imagens e isso pode ser constatado) em um processo movido pelo Estado Americano contra a Philip Morris. Em uma sentença de mais de 1.700 páginas (se fosse tão claro que fumar é nocivo à saúde não precisaria enrolar tanto) ela começou a campanha histérica e mentirosa. Contraditória esta preocupação em um país que não tem um sistema de saúde pública preparado para atender a população! O maior índice de obesos do mundo vem dos EUA, entretanto, eles focam no cigarro enquanto o elefante branco (com trocadilhos) continua no meio da sala.

Sempre que se fala em cigarro se fala em “aumenta os riscos”, “propensão” e outras ambigüidades. A verdade é que médicos e cientistas são TODOS uns incompetentes que dizem e desdizem certezas o tempo todo. Margarina era melhor que manteiga com certeza… mas, pensando bem, agora margarina é uma merda para a saúde e manteiga é melhor. Ovo faz mal, aumenta colesterol mas… pensando bem, ovo é um alimento ótimo e pode ser ingerido todos os dias. Foi assim com os mais diversos assuntos e vai ser assim com o cigarro. Notem que a credibilidade foi para o espaço depois de tantas contradições. Não dou dois anos para vir um comunicado choroso pedindo desculpas à indústria do tabaco.

Você confia em médicos e cientistas? Os mesmos que diziam que o baço era um órgão inútil e agora, um zilhão de anos depois, descobriram que é um órgão importantíssimo para o sistema imunológico? Se contradizem a respeito de um órgão do corpo humano. A ciência ainda está engatinhando, não tem condições de afirmar nada.

No meio de tantas contradições, como se pretende provar que o que causou câncer a uma pessoa foi o cigarro? E se amanhã descobrirem que o que causa câncer é comer frutas e legumes? Existe uma histeria para divulgar que fumar é prejudicial à saúde mas ninguém nunca explicou como são feitos esses estudos e essas estatísticas. Não é possível provar que o fumo é o causador de doenças. Quem garante que não é a alimentação da pessoa ou qualquer outro hábito?

Tabagismo pode ser prejudicial a alguma pessoas e a outras não. Todos nós conhecemos casos de pessoas que fumaram uma vida toda sem apresentar qualquer problema e outras que levaram uma vida saudável e morreram de câncer. Só porque PODE causar problemas em ALGUMAS pessoas não quer dizer que se deva fazer todo esse alarde. Açúcar pode causar problemas e morte em algumas pessoas e nem por isso virou vilão e ganha fotinho bizarra no verso da embalagem de chocolate.

Muito se fala também da nicotina. Balela. Por acaso você sabia que muitos legumes contém nicotina, como tomate, berinjela e a casca da batata? Você é viciado em tomate?

Também se argumenta que a indústria do tabaco é cruel e desumana e pega no ponto fraco do consumidor para fazê-lo comprar. Não sejam Bambis, TODA publicidade estuda sua vítima e a induz a consumir. Mas só a de tabaco é recriminada por isso. Táticas para aumentar a venda do produto sempre foram utilizadas, desde remédios para verme até fraldas para bebês. Porque só batem no cigarro?

E vamos, apenas por um segundo, aceitar essa baboseira de que cigarro faz mal à saúde. E daí? Eu tenho o sagrado direito de fazer mal à minha saúde. Se for retirar do mercado TUDO que faz mal à nossa saúde, então temos que começar pelas centenas de alimentos industrializados que são um VENENO e fechar todos os Mc Donalds, que, segundo pesquisas, causam mais mortes do que cigarro.

Também tem que parar de vender álcool que causa milhares de mortes diretas e indiretas e que a longo prazo é mais nocivo que o cigarro (só em acidentes de trânsito, mata quase o dobro). Então, fica clara a perseguição contra o fumo. Se o argumento é que faz mal à saúde do usuário e dos outros, outras causas nocivas como as que foram citadas acima deveriam ser igualmente atacadas. Isonomia. Se cercarem das mesmas proibições tudo que faz mal à nossa saúde, só compraremos alimentos com fotos assustadoras na embalagem.

Se você for inteligente deve estar concordando comigo. Fica a pergunta: quem estaria interessado em denegrir o cigarro e porque? Eu tenho a resposta, afinal, eu sempre tenho resposta para tudo. Esse modismo contra cigarro não passa de um complô da indústria do fitness para vender outro tipo de droga muito pior: anabólicos e suplementos.

Pessoas que param de fumar engordam. Pessoas gordas são pressionadas pela sociedade para que? PARA QUE? Exatamente! Para cair nas garras da indústria da atividade física. Essa foi a forma que eles encontraram de conquistar novos adeptos: denegrindo o cigarro e prometendo uma suposta vida saudável que não passa de uma mentira inescrupulosa.

As contradições saltam aos olhos. Fato: todo marombeiro é broxa. No entanto, fazem questão de colocar nas embalagens de cigarro que ele pode causar impotência. Vamos reunir todos os fumantes e avaliar a porcentagem de broxas e depois fazer o mesmo com os marombeiros?

A indústria da atividade física quer acabar com o cigarro, de modo que o consumidor pare de fumar e migre para uma vida miserável e excruciante diante daqueles aparelhos de tortura, na esperança de ter “saúde”. Porém, ocultam da população que a atividade física causa muito mais riscos à saúde do que o cigarro.

Quando se pratica atividade física, há liberação de radicais livres no seu organismo. Radicais livres são moléculas promíscuas que se ligam com qualquer porcaria que passa junto delas e acabam provocando, entre outros males, a oxidação de células saudáveis.

Com a prática de exercícios físicos, há aumento de oxigenação no corpo e esse aumento de oxigênio nos tecidos desencadeia a formação de radicais livres. Outro processo nocivo se dá com o desvio de sangue dos órgão para os tecidos musculares (isquemia-reperfusão), com isso uma parte do corpo sofre uma deficiência em oxigênio. Quando o exercício termina, o sangue volta aos órgãos que até então eram ignorados gerando liberação expressiva de radicais livres. Em resumo, você sofre, sua, sente dor e ainda prejudica sua saúde mais do que se estivesse fumando.

Mas isso ninguém conta, não é mesmo? Porque a campanha da moda é contra o fumo. Isso só virá à tona quando a população largar o cigarro e for se exercitar e, dentro de vinte anos, 80% da população estiver com câncer. Espero que meu texto seja lembrado, ainda que seja tarde demais.

Evidente que, como sempre, a massa burra se deixa manipular. Hoje é considerado quase criminoso fumar um cigarro. Em um esquema de corrupção que chegou até o judiciário, vemos estipuladas normas censuradoras dignas de ditadura militar. A campanha histérica encontra apoio da mídia. Atores e atletas vão a público falar dos malefícios do cigarro e quando você investiga melhor, descobre que eles são donos de academias de ginástica.

Você quer ter câncer? Não? Então não deve se exercitar. Simples assim. Se quer se deixar manipular pela imprensa corrompida e pela histeria científica sem provas conclusivas, pode parar de fumar, mas com certeza problemas piores surgirão ao abandonar o cigarro. É FATO que cigarro traz benefícios: acalma, relaxa, aumenta pode de concentração, alivia a ansiedade e dá prazer. Se você não tem controle emocional como eu e precisa de um cigarro para se acalmar, sua vida pode ficar extremamente desagradável se te tirarem o cigarro.

Além destes benefícios indiretos, cigarros também trazem benefícios diretos comprovados pela ciência. Um estudo do Centro de Distúrbios Motores do Centro Médico da Universidade Duke, na Carolina do Norte, publicado na revista Arquivos de Neurologia , concluiu que as pessoas que fumam cigarros têm menos probabilidade de desenvolver a doença de Parkinson. Alguém fala disso? NINGUÉM FALA DISSO.

Se quiser ser alienado com a sua saúde e a sua escolha, PROBLEMA SEU, continue se rendendo a modismos. Eu sou um ser pensante e não engulo essas teorias histéricas fomentadas pela indústria da atividade física. Eu fumo, vou continuar fumando e vou enterrar todos vocês.

Para me dizer que está com medo por ter concordado com boa parte do texto, para passar atestado de idiota e me criticar por defender o cigarro e para dizer que, mesmo sendo brincadeira, este texto não deveria ser publicado: sally@desfavor.com

Não me chama de boneca!

Esta semana vi uma entrevista que me chocou e me fez pensar. Pensei, ou ao menos tentei, e não achei respostas, então, trago o tema a debate aqui, para tentar chegar a uma conclusão com a ajuda de vocês. No Flertando com o Desastre de hoje, vou falar sobre os Assexuados.

Vem surgindo um grupo de pessoas que não tem a menor vontade de fazer sexo e também não tem a menor vontade de ter vontade de fazer sexo. São chamados de Assexuados. Dizem que vivem muito bem, obrigado, sem fazer sexo e que sexo é hipervalorizado por nossa sociedade.

A princípio, os médicos classificaram esse comportamento como uma doença chamada Desordem do Desejo Sexual Inativo (Hypoactive Sexual Desire Disorder) e recomendavam tratamentos à base de hormônios e outros remédios. Entretanto, um número crescente de pessoas vem recusado o tratamento alegando que está muito melhor sem sexo, que sexo acaba escravizando e que sua vida tem outras coisas boas pelas quais elas podem se realizar.

Na entrevista, a mulher se defendia dizendo que a escolha de não fazer sexo era personalíssima, que apenas afetava a ela e não prejudicava ninguém e mesmo assim, todos se voltavam contra ela, tentando convencê-la de que isso era uma loucura. Ainda segundo a moça, mesmo amigos seus que costumavam respeitar escolhas pessoais controversas, como uso de drogas ou traição, não respeitaram essa escolha que ela fez de ser assexuada.

Perguntas: será que todas as pessoas que são ou optam ser indiferentes ao sexo tem alguma desordem bioquímica ou psicológica? Será que quem não liga para sexo é necessariamente anormal? Será que quem não quer fazer sexo tem que ser tratado clinicamente como uma pessoa portadora de um distúrbio? Alguém tem a pretensão de responder? Porque eu não tenho resposta.

Faz pouco tempo se dava aos homossexuais o mesmo tratamento que se está dando hoje aos Assexuados. Eram tidos como pessoas doentes, que tinham algum distúrbio a ser corrigido, usando inclusive o argumento cruel de que o natural é o ser humano procriar em nome de perpetuação da espécie. Mas, com o tempo, aprendemos a respeitar a escolha sexual, ainda que ela seja diferente da nossa. Seria a coisa correta a fazer com os Assexuados? Não fazer sexo apenas mais uma preferência sexual?

Será que existe vocação legítima para ser Assexuado ou isto é fruto de uma disfunção bioquímica ou algum trauma de origem psíquica? A decisão de não fazer sexo estaria inserida na possibilidade de escolha de alguém? Ao renunciar ao sexo, se estaria renunciando também à possibilidade de manter uma relação afetiva com alguém?

A sexualidade humana tem DE TUDO. E para quem duvida, basta pedir para o Somir enviar uns vídeos que ele tem naquele computador sinistro dele. Tem de tudo MESMO. Não me espanta que existam assexuados e me choca menos uma pessoa assexuada do que uma pessoa que come o cocô do parceiro, fresquinho, assim que ele sai do fiofó. E olha que comer cocô é uma das coisas mais lights que tem nesses vídeos bizarros que circulam por aí!

Mas, há quem pense diferente. Segundo o, psicólogo e diretor do Centro de Saúde Sexual e Medicina na Universidade Johns Hopkins “É um pouco como as pessoas dizerem que não têm apetite por comida, sexo é um desejo natural, tão natural quanto o desejo por alimentos e água para sobreviver. É um pouco difícil considerar essas pessoas como normais”. Essa é a parte chata deste tema: as opiniões de ambos os lados fazem sentido.

Parte dos Assexuados respondem dizendo que lidam com sua sexualidade de outra forma. Por exemplo, se masturbam. Só não querem fazer sexo com outras pessoas. Outra parte diz que não sente a menor vontade de porra nenhuma e isso não faz deles uma aberração ou uma anormalidade. O curioso é que eles se dizem interessados em envolvimentos emocionais profundos, relações longas e duradouras, e até mesmo em criar filhos, claro, que eles não tenham que fazer. Eu pergunto: como conciliar as necessidades emocionais com a falta de necessidade física? Será que os Assexuados estão condenados a só se relacionarem com outros Assexuados?

Na China, por exemplo, há um site de relacionamentos destinado apenas a Assexuados, chamado “Casamento para Assexuados”. Tem mais de dez mil pessoas inscritas. O criador disfarça com a velha tática do amigo, dizendo que a idéia surgiu com a intenção de ajudar “um amigo” que ficou sexualmente incapacitado após um acidente, de forma irreversível. Ok, temos mais um grupo que pode ser relacionar com os Assexuados, além dos próprios Assexuados: pessoas que sofreram algum acidente e perderam sua capacidade sexual. É mais barato que tomar Viagra todo dia.

Também há grupos de homens com disfunção erétil que procuram parceiras Assexuadas! Eu jurava que era trollagem, mas era verdade. Eles dizem que estão cansados de fazer tratamentos, de que o sexo seja um esforço. Em um depoimento bizarro, um broxa me confessou que a única razão pela qual tomavam “agulhadas no pênis” (sim, eu tive que ouvir isso) era para conseguir ter uma relação afetiva. Mas, com a difusão dos Assexuados, é possível manter uma relação afetiva sem sexo, coisa que lhes é plenamente satisfatória. Olha aí! Mais um grupo que pode se relacionar com os Assexuados! Eles estão melhores do que eu, que só tenho um grupo alvo: heterossexuais.

Para minha surpresa, existem mais de mil comunidades sobre Assexuados no Orkut. Claro que muitas delas envolvem piadas. Também existem fóruns a respeito, e todo tipo de comunidade virtual. Uma coisa me chamou a atenção: em todos os pontos de encontro virtual os Assexuados se mostram muito sozinhos e querem muito um parceiro do sexo oposto, igualmente assexuado, com o qual não tenham a obrigação/compromisso de fazer sexo. Entrei em vários lugares camuflada e fiz a mesma pergunta: Se não fazem sexo, que diferença faz que seja um parceiro do sexo oposto? Não bastaria que fosse um ser humano bacana?

Fui terrivelmente xingada em alguns lugares e em outros concordaram comigo. Mas no geral me deram pedradas. Um deles até mandou um “Tá achando que só porque eu não faço sexo eu sou viado?”. Gente, deu um nó na minha mente! Alguém desata? Um relacionamento sem qualquer cunho sexual pode ser considerado homossexual? Namorar assexuadamente alguém não é o que chamamos comumente de amizade? Meu neurônio… meu único neurônio, está ofegante em um canto da minha caixa craniana, não posso mais desenvolver esta controvérsia.

Na minha “pesquisa” (cof! cof! trollagem), constatei que a maior reclamação deles em relação à sociedade é a não aceitação, mas não no que diz respeito ao preconceito, e sim a tentar convencê-los a fazer sexo. Ninguém chega para um homem gay e diz “Poxa, Fulano, vai lá, come uma bucetinha, é gostoso, você vai ver!”. Podem até dar porrada, podem excluí-lo do convívio social, podem discriminar, mas não tentam entrar no mérito da escolha. E esta é a grande mágoa dos Assexuados. Eles dizem que querem ser deixados em paz, que preferem a marginalização e o preconceito do que pessoas tentando ensiná-los o que fazer com sua vida íntima.

Alguns reclamam do termo, dizem que não são assexuados, já que eles tem pênis ou vagina. Dizem que o termo correto é Assexual e não Assexuado. Quando a discussão está no nível da terminologia politicamente correta a ser adotada, é sinal que o grupo veio para ficar!

Outra polêmica que debati (bati boca) diz respeito a pessoas que se descobrem assexuadas quando já estão em um relacionamento. Sim, os Assexuados também saem do armário, é possível, segundo eles, que um dia “caia a ficha” e você, mesmo tendo feito sexo toda sua vida, perceba que não gosta muito daquilo e que fica melhor sem. Todos os Assexuados com os quais conversei (e não foram poucos) disseram que, se o parceiro ou a parceira amar de verdade, fica a seu lado, mesmo sem sexo. Ousei perguntar se eles liberariam parceiros para fazer sexo com outras pessoas e todos foram categóricos ao dizer que não, que não toleram infidelidade.

Isso me fez refletir. Se você ama uma pessoa, se você está em uma relação maravilhosa com uma pessoa e se um dia essa pessoa vem te dizer que se descobriu Assexuada e não quer mais fazer sexo mas quer continuar com você, o que você faz?

Os Assexuados dizem que tem representantes famosos. Dizem que personalidades como Bach, Kant, Chopin e outros seriam comprovadamente Assexuados. Não tenho como concordar ou discordar, me faltam fontes.

Foi muito difícil chegar a uma conclusão neste texto, e a tentação de acabá-lo em aberto foi muito grande. Mas, acho que tenho o dever de me posicionar, o mínimo que posso fazer é emitir uma opinião, ainda que idiota. Pois bem, acho que existem pessoas Assexuadas sim, mas também existem pessoas que se dizem Assexuadas, que se acham Assexuadas e que tiram onda de Assexuadas (três coisas diferentes).

Enquanto não trouxer sofrimento e frustração para a pessoa, não vejo porque ela não possa viver sem sexo, quer viva. Mas se isso traz algum tipo de sofrimento, deixa de ser escolha e passa a ser um problema.

Não tenho a pretensão de classificar aquilo que me é estranho ou diferente como errado ou anormal. Não tenho a arrogância de pressupor que, porque eu não entendo, não devo aceitar. Eu, pessoalmente, acho que sexo bem feito é um prazer do qual ninguém deveria abdicar, entretanto, não vou ficar por aí tentando convencer ninguém.

Para me dizer que não existe essa coisa de gente Assexuada, para me dizer que é um Assexuado e para me perguntar o quão baixo se pode descer nos comentários desta postagem: sally@desfavor.com

Um assunto desses tem que ser tratado com muita sensibilidade. Por isso imagino que vai dar merda… Flertarei com o desastre, de qualquer forma.

Imagine uma sala com pessoas das mais diversas idades, religiões, orientações sexuais, etnias e nacionalidades. Um dos poucos assuntos que vai unir a todos é pedofilia. O ódio pelo pedófilo é um dos mais universais que conhecemos.

E, é claro, faz muito sentido. Uma pessoa que usa uma criança para satisfazer seus desejos sexuais é criminosa e repulsiva, por qualquer ângulo que se olhe. Pesquisando um pouco você descobre casos HORRÍVEIS de abusos contra crianças cujo único “crime” foi nascer na casa errada.

Não é nesse conceito de quão errado está o pedófilo no qual vou basear meu texto. Está e ponto final. Também não estou interessado em discutir a função da legislação específica, a brasileira é muito boa. (Ao contrário da americana, que é um desastre dependendo do estado. Lá tem gente tachada de pedófilo para a vida toda porque fez sexo com a namorada de 17 anos. Ou garotas de 16 anos processadas por pedofilia depois de mandar uma foto dos PRÓPRIOS peitos para um paquera…)

Hoje eu quero falar sobre um problema sério na internet. Um problema causado pela histeria punitiva da população geral em relação ao assunto pedofilia.

A quantidade de vídeos e imagens de crianças em situações sexuais explícitas trocadas pela internet desde que você começou a ler este texto não caberia no seu HD. A coisa é séria assim. Hoje em dia é fácil demais conseguir esse material, e não exatamente pelo talento dos pedófilos em fazer isso debaixo do nariz da sociedade. E sim por “culpa” de pessoas que não tem nada a ver com os objetivos deles.

A sociedade nunca viu com bons olhos a sexualização muito precoce de uma criança. Mesmo em culturas mais liberais nesse assunto, existia uma certa linha limite. (Por exemplo: Podia se casar com 10 anos de idade, mas não com 7. Não precisava estar escrito em lugar nenhum, as pessoas definiam com base na sua percepção o quão cedo era “cedo demais”…). Evoluímos e percebemos que era saudável para todo mundo dar valores definidos para essa linha. Pedofilia passava a ser um conceito claro. Estava errado todo cidadão que mantivesse relações sexuais com pessoa menor do que a idade definida por aquela linha. Errado e igualmente execrado.

Novamente, não é isso que discuto. Faz sentido que exista uma linha, o Estado não pode avaliar caso por caso e tem seus motivos pra lá de lógicos de não dar a uma criança o poder de consentir sexualmente. (Uma criança é indefesa contra a vontade de um adulto mal intencionado.)

Com o tempo, nos acostumamos com essa linha definida. E com isso, o rótulo de “pedófilo” só foi ficando mais poderoso. Não se via tamanha ofensa generalizada há algumas gerações atrás. Oras, evoluímos, não?

Sim, evoluímos. Mas criamos um monstro. Aliás, vários. Qualquer pessoa que tenha relação com pedofilia é um monstro instantâneo. Não existe meio-termo. Se jogarem um cidadão no meio de uma multidão e disserem que ele é pedófilo, a chance dele ser linchado é grande. Quem gosta de pedófilo? Eu que não.

Mas… por que a pessoa prestes a ser linchada era pedófila? Segundo a legislação brasileira, essa pessoa poderia ser pedófila por ter em seu computador uma revista em quadrinhos japonesa onde desenhos de crianças fazem sexo. Não estou inventando isso. Atualmente punimos a posse de qualquer material que remeta à pedofilia.

Esse material é nojento? É. Essa pessoa é pedófila? Não há a menor garantia. É melhor mudar a lei? Não. Ela tem mesmo que cobrir o máximo que puder. Vai que um daqueles filhos-da-puta que produzem conseguem escapar por uma brecha?

O problema não é a lei. O problema é a demonização de qualquer coisa relacionada à atração sexual de adultos por crianças. Ah, terreno arenoso esse…

Existem criminosos, existem doentes, existem idiotas que baixam qualquer coisa do emule, existem pessoas que nem imaginam que aquela foto era de uma menor de idade… Mas o que fazemos com todas essas pessoas no caso de serem pegas? Chamamos de pedófilos.

E o pedófilo, como dito no começo do texto, é um dos maiores inimigos públicos. E isso foi usado por pessoas que queriam controlar melhor o que acontecia na internet. Quer motivo mais nobre para vigiar de perto o que é escrito e publicado na rede do que pegar pedófilos? Quem que vai discutir?

Eu vou.

Essa sanha de botar regras e registrar tudo o que se diz no ambiente virtual NÃO inibe a distribuição de pornografia infantil em larga escala. E foi justamente essa histeria punitiva virtual que incentivou pessoas que NADA tinham a ver com o crime em questão a desenvolver formas de comunicação anônimas (muito seguras) para não ceder aos desejos de censura de seus governos. Tudo bem que em muitos países a perseguição é política, mas aqui o assunto principal quando se fala em vigiar a internet é mesmo pornografia infantil.

Essas pessoas que desenvolveram sistemas como TOR, freenet e tantos outros para poder se expressar à vontade acabaram criando ambientes perfeitos para a troca de arquivos entre os que queriam apenas mais material para saciar seu fetiche criminoso.

E eu não vejo ninguém indo nos lugares onde a coisa realmente está feia. Dar chilique com o orkut dá visibilidade e é bem mais fácil. A pessoa que publica fotos de pedofilia num dos maiores sites do Brasil seria pega de qualquer jeito. O escroto que troca gigabytes de pornografia infantil pelos cantos mais obscuros da internet normalmente sabe se proteger muito bem. Precisa de MUITO esforço para pegá-lo.

E sabem o que é pior? Enquanto safernet e similares pressionam o orkut para tirar as postagens anônimas, os pedófilos estão trocando informações para ficarem cada vez mais seguros. Oras, eles foram “varridos” para debaixo do tapete ao invés de caçados pelos crimes que cometeram. Conseguiram juntar quase todos nos mesmos lugares, com pouca ou nenhuma supervisão.

A forma como se caça essas pessoas na internet SELECIONA os mais fortes. É pego aquele que não paga (não movimenta o mercado) e que não tem nenhuma capacidade de se proteger da investigação. (Que tirando os casos que vão para a mídia, é uma porcaria. Não pela qualidade de quem investiga e sim pela falta de mão-de-obra especializada. Tem gente se safando porque os poucos peritos certificados não tem tempo de analisar tudo o que recebem…)

Um argumento batido é que se deve pegar primeiro os que produzem. Batido, mas racional. Os que produzem estão fazendo mal para crianças diretamente. Isso é urgente. Mas… como esse clima todo sobre pedofilia é uma excelente desculpa para “moralizar” a internet, estão caçando com afinco o (cretino, escroto, pústula) que baixa e guarda esses arquivos, mesmo sem produzir.

O produtor é alvo difícil. Ele sabe que está fazendo algo completamente ilegal, seja por ser doente (pedófilo) ou por ser um explorador (faz pelo dinheiro). Essa pessoa tenta se cobrir por todos os lados.

O consumidor que paga pelo material também não é amador. Complicado ir atrás dele. Quem sobra? O lado mais fraco da corda. Aquele que tem pouco ou quase nenhum papel DIRETO na produção e comercialização. Aquele que baixa um arquivo por curiosidade estúpida ou realmente é um doente “sob controle”.

Todos pedófilos incorrigíveis, de acordo com o que pensamos. É a generalização do grau de culpabilidade que fazemos em nossa cabeça que dá poder para o Estado fechar portas na internet “habitual” e por consequência criar esconderijos perfeitos para quem deveria ser pego de verdade.

Sim, pegam muita gente. Mas se pararmos para pensar no tamanho do problema da pornografia infantil, é pouco.

Escutem o que eu digo: Vão atacar pesadamente a liberdade de expressão na internet nos próximos anos. E pedofilia vai ser um ponto forte da argumentação. (Como já é.) É muito difícil se levantar contra isso, mas não se enganem, podem estar pegando muita gente mas a sujeira grossa está sendo jogada debaixo do tapete. No mundo todo.

E não pensem que eu estou só reclamando por reclamar. Muita gente denuncia os lugares onde a pornografia infantil circula livremente. Eu já fiz isso várias vezes. Continua tudo no ar.

(Se não bastasse o motivo óbvio para não gostar deles, os pedófilos ainda estragam lugares de liberdade total de expressão e espantam quem está por lá.)

Acho que estão muito ocupados defendendo a honra virtual das pessoas para investigar a fundo… Afinal, deve ser muito trabalhoso ficar apagando comunidades do orkut que tiram sarro de tragédias…

Quando ficamos muito sensíveis com um assunto, acabamos não percebendo quem se aproveita disso para nos tirar liberdades.

Para me perguntar como achar esses sites e ser jogado numa armadilha da PF, para dizer que eu só estou com medo de me pegarem ou mesmo para falar que eu sou um monstro: somir@desfavor.com